Buscar

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 13 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 
Objetivos de aprendizagem 
• Compreender as raízes históricas de problemas do sistema educacional brasileiro, alguns dos quais 
prevalecem até os dias de hoje. 
• Entender a forma como as transformações políticas, económicas e sociais atravessadas pelo país, 
desde os tempos coloniais até a atualidade, influenciaram a educação. 
• Conhecer as permanências e as mudanças de objetivos, estruturas, métodos pedagógicos e 
conteúdos didáticos operadas na educação brasileira ao longo de sua evolução histórica. 
• Adquirir condições para participar do debate nacional em torno de propostas para a melhoria do 
ensino no pais. 
Temas 
 
1 — A educação no Brasil Colonial 
Neste primeiro tema, vamos acompanhar o trabalho de catequese dos índios, as escolas de primeiras 
letras e os conflitos de interesses entre os jesuítas e os colonos em torno da exploração da mão de obra 
escrava, lembrando que a Companhia de Jesus foi responsável pela educação brasileira nos tempos 
coloniais. Em seguida veremos a expulsão dos jesuítas e as consequências para a educação brasileira e 
mais tarde as mudanças provocadas pela instalação da Corte Portuguesa no Brasil. 
 
2— A educação no Império 
Esta segunda parte começa com a declaração da independência do Brasil. O país deixa de ser uma 
colónia para se tornar um império sob o comando da dinastia portuguesa dos Bragança. Após o reinado de 
D. Pedro l, temos o Período Regencial e, na sequência, o II Reinado, com D. Pedro II, que era um 
homem culto, patrono das ciências e das artes. Apesar da erudição do imperador, a educação continuou 
estagnada, principalmente o ensino básico. 
 
 
3 —O Brasil Republicano 
A era republicana é caracterizada por períodos democráticos, golpes de Estado e regimes 
autoritários. Nesta terceira parte, vamos ver como essas marchas e contramarchas politicas influenciaram a 
educação brasileira, enquanto acompanhamos a disputa relacionada à educação entre intelectuais católicos 
e segmentos laicos da sociedade. Com a redemocratização, ocorrem mudanças políticas e sociais e uma 
nova estrutura educacional se inicia no país. 
 
4— Educação a distância no Brasil 
Concluindo nossos estudos desta unidade, vamos acompanhar a evolução tecnológica dos 
meios de comunicação e a forma como essa evolução influenciou os métodos de ensino em nosso 
país. Desde o ensino por correspondência e da rádio escola, na primeira metade do século passado, 
passando pela TV educativa via satélite, nos anos 1 970, chegaremos à revolução das Tecnologias 
de Informação (TI). 
Introdução 
 
É claro que não poderíamos completar nossa viagem pelo passado da educação sem aportar 
em terras brasileiras. Afinal, os problemas educacionais de Pindorama nos interessam diretamente. 
E, se querermos 
ter uma compreensão melhor dos problemas que. ainda hoje afligem os profissionais do 
ensino e estudantes, precisamos de uma visão retrospectiva que nos permita acompanhar os 
percalços enfrentados 
pelo sistema educacional brasileiro ao longo da história. 
Nas unidades anteriores, fizemos uma jornada tempo e no espaço, partindo desde as 
milenares civilizações Orientais da Antiguidade até os dias atuais. Agora vamos conhecer sobre a 
história da educação no Brasil. Neste meio século de história, as marchas e contramarchas da política 
- que sempre exercem influência sobre a educação - foram se sucedendo com rapidez. Um bom 
exemplo disso é o século XIX, quando o Brasil passou de colónia para Reino Unido, em seguida para 
Império, e daí para República Federativa, sem falar na abolição da escravatura, outra importante 
transformação social. 
Vamos iniciar pelos tempos coloniais, com a chegada do jesuíta Manuel da Nóbrega ao Brasil, 
em 1549. A partir daí, vamos observar a atuação da Companhia de Jesus e as consequências de sua 
expulsão das terras brasileiras. Lembrar que as ações educacionais dos jesuítas foram substituídas 
pelas precárias aulas régias do período Pombalino. 
A vinda da corte de D. João VI para o Brasil, em 1808, trouxe importantes contribuições para 
nossa infraestrutura e cenário cultural, favorecendo o movimento da independência. Por outro lado, 
o ciclo imperial criou condições de melhorias para o setor educacional. 
No século XIX chegamos à República A fragilidade de nossas instituições fez com que o país 
ficasse alternando períodos de abertura democrática com regimes autoritários. À mercê das 
frequentes 
mudanças, a educação brasileira atravessava esses sobressaltos enquanto se repetiam os 
antigos embates: educação autoritária versus educação democrática, e educação elitista versus 
educação popular. 
E chegamos ao século XX. Em 1985, o Brasil reencontra o caminho da democracia, pondo fim 
a 21 anos de ditadura militar. A Constituição Cidadã e uma nova Lei de Diretrizes e Bases para a 
Educação (LDBN) é aprovada. No plano tecnológico, o advento dos computadores, da Internet e da 
comunicação móvel promove uma verdadeira revolução em diversos segmentos, que reflete também 
na educação. 
Educação no Brasil Colonial 
Durante o período colonial, a educação brasileira esteve nas mãos dos jesuítas, a quem coube o 
papel de converter à fé católica os gentios (povos nativos) das regiões conquistadas pelo império colonial 
português. Para isso, Portugal utilizou-se da atuação da Companhia de Jesus, fundada em 1534 por Inácio 
de Loyola, no contexto da Contrarreforma. 
Oficializada por bula papal em 1540, a nova ordem religiosa enfatizava uma cega obediência à 
doutrina da Igreja — perindeac cadáver ("disciplinado como um cadáver"). O rigor dessa doutrina levava as 
pessoas a substituir o raciocínio pela obediência. Não é difícil avaliar as consequências que esse 
obscurantismo traria para o desenvolvimento cultural dos povos que viveram sob a sua influência. 
 Veja a atuação da ordem dos jesuítas: em 1542, Simão Rodrigues criava em Portugal a primeira 
casa jesuíta — o Colégio de Santo Antão, o Velho, em Lisboa. Logo lhes foram entregues a Universidade 
de Évora e o Colégio das Artes em Coimbra. Era exclusividade da Ordem o ensino de latim e filosofia, curso 
preparatório obrigatório para o Ingresso nas faculdades da Universidade de Coimbra. Em pouco tempo, já 
controlavam o ensino primário e secundário de Portugal e disputavam com Coimbra a hegemonia do ensino 
superior. 
Foi nessa época que os jesuítas receberam do monarca português D. João III — O Piedoso — a 
incumbência de "converter à santa fé católica" os povos selvagens da colónia americana. Na verdade, como 
em tantas outras ocasiões, a "salvação de almas para o Reino de Deus" servia de pretexto para a busca de 
poder, glória e fortuna. 
Para satisfazer os interesses do colonizador, seria mais fácil subjugar o indígena e tomar suas terras 
apresentando-se como emissários de Deus, abençoados por Seus representantes terrenos. Para os 
jesuítas, seria mais fácil catequizar os índios contando com a "persuasão" das armas portuguesas. Assim. 
a realeza e a Igreja aliavam-se em tomo de seus objetivos convergentes na conquista e na dominação do 
Novo Mundo. 
A atuação dos jesuítas 
Os jesuítas desembarcaram no Brasil em 1549, junto com o primeiro governador-geral, Tomé de 
Souza. Liderados pelo padre Manuel da Nóbrega (1517-1570), logo se dedicaram à sua dupla tarefa — a 
pregação religiosa e a educação. Ao mesmo tempo em que salvava as almas, o trabalho missionário abria 
caminho para o jugo dos colonizadores. Ensinando as primeiras letras, o trabalho educativo facilitava a 
Imposição dos costumes europeus. 
Cientes de que a conversão dos índios só seria possível se eles tivessem noções básicas de leitura 
escrita, a ação educativa dos jesuítas foi intensa.Para se comunicarem com os indígenas, muitos jesuítas 
aprenderam os idiomas nativos. Em 1553, chegou ao Brasil José de Anchieta (1534-1597) (Figura 3.1) que 
viria a se destacar como o mais atuante entre os primeiros jesuítas nas terras brasileiras. Como educador, 
participou da fundação do Colégio Piraumnga, que deu origem à cidade de São Paulo. Dirigiu o Colégio do 
Rio de Janeiro e foi autor de uma importante obra literária, incluindo poemas, peças de teatro e uma 
gramática do idioma tupi. 
Em 1570, os jesuítas já haviam criado escolas de ensino básico em Porto Seguro, Ilhéus, 
Espirito Santo, São Vicente e São Paulo de Piratininga, além dos colégios no Rio de Janeiro, Bahia 
e Pernambuco. Seguindo as incursões dos colonizadores pelo interior do território. fixaram-se 
também em Goiás e Minas Gerais. Mais tarde, já no século XVIII, seriam fundados colégios em 
Paranaguá e na Ilha de Santa Catarina. No extremo sul do pais, na fronteira com Argentina e 
Paraguai, os jesuítas estabeleceram os Sete povos das missões, mais tarde destruídos em meio a 
disputas territoriais entre Portugal e Espanha. 
Desde os primeiros tempos, a atividade económica colonial foi marcada pela competição entre 
o colonizador e os jesuítas, que disputavam a mão de Obra Indígena. Nos primeiros anos da 
colonização. os religiosos levavam certa vantagem, graças à eloquência oratória e à habilidade 
política do padre Antonio Vieira. Os colonos protestavam contra a "concorrência desleal" das 
congregações religiosas, que utilizavam a mão de obra gratuita do índio e não pagavam impostos à 
metrópole sobre sua produção agropecuária. 
Os padres defendiam os índios da escravização do colono, mas eram também acusados de 
aproveitar do trabalho indígena, como uma escravização disfarçada. Eram frequentes as incursões 
armadas organizadas pelos colonos para a captura de índios nas missões. Durante esse período, os 
índios — os verdadeiros donos da terra — permaneceram "como os mariscos, entre o mar e o 
rochedo", reduzidos ao papel de coadjuvantes imprensados entre a cruel exploração do colonizador 
e a não menos exploradora do jesuíta. 
Em meados do século XVII, com a introdução do escravo africano no Brasil, esse conflito de 
interesses estaria, em tese, resolvido. A mão de obra do negro substituiria o índio na economia 
escravocrata. Na verdade, as desavenças encerram em 1759, quando os jesuítas foram expulsos 
das terras brasileiras e de outras colónias portuguesas por decisão do Marquês de Pombal, primeiro-
ministro de Portugal de 1750 a 1777. 
Vale lembrar que, por 210 anos, os jesuítas dominaram a cultura, a educação e a orientação 
religiosa da colônia. Ao final desse período, a Companhia de Jesus possuía 25 residências, 36 
missões e 18 colégios e seminários, além de seminários menores e escolas de primeiras letras 
instaladas em diversas cidades. Percebe a importância e a extensão do trabalho dos jesuítas na 
colónia brasileira? Quanto ao modo de atuação da Companhia de Jesus, é bom que você reflita e se 
aprofunde para se posicionar sobre o assunto. 
As escolas de primeiras letras 
Junto com a catequese, jesuítas organizavam escolas nas aldeias, onde ensinavam os 
Indígenas a ler e escrever. Aos que abraçassem a fé cristã e fossem batizados, era prometida a vida 
eterna no paraíso celeste. Os que resistissem eram ameaçados com as chamas do inferno. 
Movimentando-se com desenvoltura entre todas as camadas sociais, adaptavam-se às 
condições peculiares de cada grupo e levavam a educação religiosa à casa-grande dos senhores de 
engenho, à senzala dos escravos e às aldeias indígenas. 
O ensino secundário e superior 
A Companhia de Jesus organizou um método padrão para educar e catequizar, que era 
utilizado em todos os lugares onde os jesuítas atuavam. A Ratio Studiorum era composta por um conjunto 
de regras que abrangia desde a organização escolar e os métodos de ensino até a rígida observância da 
doutrina católica. Além das aulas de alfabetização, eram oferecidos três cursos: 
Letras — abrangia estudos de gramática latina, humanidades e retórica. Terminada a gramática, os 
alunos passavam para as aulas de humanidades, que incluíam o estudo de história, poesia e retórica. Ao 
todo, o curso de letras durava cinco ou seis anos. 
Filosofia e ciências — depois do curso de letras, começavam as aulas de filosofia e ciências, 
abrangendo estudos de lógica, valores morais, metafisica, matemática, ciências físicas e naturais, durante 
mais três anos. Somados, os estudos do nível médio tinham duração de nove anos. 
Teologia e ciências sagradas — de nível superior, e voltado principalmente para a formação de 
sacerdotes. 
Uma vez concluídos os cursos de letras, filosofia e ciências, os jovens que desejassem continuar 
seus estudos deveriam fazê-lo na Europa. A Universidade de Montpellier (França) desfrutava de grande 
prestigio na área de medicina, enquanto a Universidade de Coimbra (Portugal) era a preferida no campo 
das ciências teológicas e jurídicas. 
O método de estudos da Ratio Jesuíta era baseado em três atividades: estudar. repetir e disputar. 
Os exercícios escolares incluíam a preleção, lição de cor, composição e desafio, práticas pedagógicas que 
remetiam diretamente à escolástica medieval. 
Em seu nível elementar, a educação jesuítica limitava-se à alfabetização para a catequese e a 
evangelização. Acima desse nível, a educação proposta pelos jesuítas tinha como meta a formação do 
homem perfeito, do bom cristão. Centrada em um currículo de educação literária e humanista, era voltada 
para a formação dos homens brancos de uma elite colonial. As mulheres, os índios e os africanos estavam 
excluídos do acesso a esse grau de instrução. 
Figura 3.1 O jesuíta espanhol José de Anchieta foi o mais 
importante missionário e ficou conhecido como O Apóstolo do 
Brasil, sendo beatificado pelo papa João Paulo II em 1980. 
 
Fonte rook76'Shutterstock 
 
A Era Pombalina 
No final do século XVIII, Portugal era uma das nações mais atrasadas da Europa. Não 
produzia bens que suprissem sua população, até o trigo para a fabricação de pão e tecidos para 
vestuário vinham da Inglaterra, por força de um tratado que garantia a proteção contra a ameaça de 
vizinhos hostis, como Espanha, França e Holanda. E o que acontecia no Brasil Colonial nessa época? 
Nessa ocasião, a colónia brasileira já havia substituído as índias como provedoras de riquezas 
para a metrópole. Os métodos de colonização adotados aqui pelos portugueses não foram diferentes 
dos utilizados no Oriente. Aqui, como lá, os colonizadores simplesmente se apoderavam de todas as 
riquezas que pudessem carregar, sem qualquer preocupação com o desenvolvimento das terras 
ocupadas. Mas a situação económica de Portugal não era nada boa. As riquezas do Brasil só 
passavam pelo país, sendo seu destino final a Inglaterra. 
Foi em meio a essa crise que, durante o reinado de D. José I, emergiu a figura de Sebastião 
José de Carvalho Neto, o Marquês de Pombal (1699-1782). Marquês de Pombal adquiriu poderes de 
um "superministro", tomando nas mãos a administração do pais. Típico representante do "despotismo 
esclarecido", associava a monarquia absolutista ao racionalismo iluminista. Veja algumas medidas 
tomadas pelo ministro para modernizar a economia da metrópole: 
• incrementou a implantação de manufaturas em Portugal'; 
• na colônia brasileira, centralizou a administração, criou impostos e companhias de comércio 
de escravos; 
• transferiu a capital de Salvador para o Rio de Janeiro para facilitar o escoamento das riquezas 
minerais. O objetivo da política colonial portuguesa passava a ser a geração do capital-
financeiro e humano — necessário para que o país saltasse da economiamercantil para a 
industrial, seguindo o exemplo da Inglaterra. Não era tarefa fácil. 
A atuação da Companhia de Jesus — que originalmente seria a salvação de almas — estava 
envolvida em tudo que pudesse gerar poder e riquezas: educação, política e comércio. Os religiosos 
se valiam de privilégios como a isenção fiscal e o monopólio da mão de obra Indígena. 
Em 1759, os jesuítas foram expulsos sob a acusação de praticarem comércio ilegal e incitarem 
as populações contra o governo. Com a libertação dos índios da tutela religiosa, esperava-se que 
sua miscigenação contribuísse para um "povoamento estratégico" das ameaçadas fronteiras da 
América Portuguesa. Os bens dos jesuítas foram confiscados, e Pombal estendeu sua campanha a 
Roma. Em 1773, o papa Clemente XIV suprimiu a Companhia de Jesus na Europa. Na ocasião, a 
Ordem mantinha 578 colégios e 150 seminários em todo o mundo. 
As aulas régias 
Com a expulsão dos jesuítas e a desorganização do ensino, a educação ficou voltada aos 
interesses locais ou à formação de poucos, como os membros da elite, que iniciavam seus estudos 
na colônia e concluíam na Europa, pincipalmente na Universidade de Coimbra, Portugal. Mas como foi 
organizada a educação após a expulsão dos jesuítas? 
O mesmo alvará de 1759 que eliminou a sólida estrutura educacional construída pelos jesuítas 
instituiu as aulas régias de latim, grego e retórica, em substituição às disciplinas até então oferecidas. As 
aulas régias eram avulsas e isoladas entre si. Em menor escala, prosseguiam os estudos nos colégios e 
seminários de outras ordens religiosas, como os franciscanos e os carmelitas. Em 28 de junho de 1759, foi 
criado o cargo de diretor-geral, para "controlar" a educação, para que esta se desenvolvesse de acordo com 
os interesses da metrópole Promovia inquéritos para fiscalizar o uso de livros proibidos e professores que 
lecionavam sem a autorização do Estado. 
Essas providências não foram suficientes para assegurar a continuidade das escolas na colónia. 
Somente em 1772 ocorreu a implantação do ensino público oficial no Brasil, com a instituição do subsidio 
literário, Imposto colonial para manutenção da educação primária e secundária. Apesar de e laico, o novo 
sistema manteve o ensino religioso nas escolas. Com a morte do monarca D. José I (1777) Marquês de 
Pombal, acusado de corrupção, perdeu o poder foi o fim da Era Pombalina. 
O Seminário de Olinda 
Criado em 1798, o Seminário de Olinda foi instalado em 1800 pelo Bispo D Azeredo Coutinho, 
governador interno de Pernambuco. 
Inspirado pelos conceitos que o bispo aprendera como aluno na Universidade de Coimbra, o 
seminário logo se tornou um centro de difusão de ideias liberais. Seus programas pedagógicos davam 
ênfase ao estudo das matemáticas e das ciências naturais. Na área política, seus alunos e padres 
participaram de vários movimentos revoltosos, como a Revolução Pemambucana de 1817 e a Confederação 
do Equador de 1824. 
O Reinado Joanino 
O que ocorreu na Europa que provocou a vinda do príncipe regente e da família real para a longínqua 
terra brasileira? Por que "fugir" para a colónia brasileira? 
Com fim da Revolução Francesa e a ascensão de Napoleão Bonaparte ao poder, as rivalidades entre 
França e nações europeias se acentuaram. Em 1805, Inglaterra, Prússia, Áustria e Rússia uniram-se contra 
a França. Com suas poderosas forças terrestres, Napoleão derrotou a coligação com certa facilidade, 
mas a Inglaterra manteve-se inexpugnável, graças a sua situação de ilha e sua Imbatível marinha de guerra, 
vitoriosa na Batalha de Trafalgar. Em 1806, Napoleão decretou o bloqueio continental, determinando que 
nenhum país poderia negociar com a Inglaterra, numa tentativa de asfixiar sua economia. 
Problema é que o bloqueio contrariava também poderosos interesses comerciais no continente, o 
que provocou fortes oposições. As manufaturas francesas não eram capazes de suprir o vazio causado pelo 
boicote às exportações britânicas. Portugal, aliado e dependente dos ingleses, hesitava em aderir ao 
bloqueio continental. 
O país era governado pelo príncipe regente D. João VI (1767-1826), pois sua mãe, D. Maria I, era 
oficialmente considerada louca. Pressionado por Napoleão, e sem condições de lhe oferecer resistência 
militar, mas por outo lado sem poder abrir mão da aliança com os britânicos, D. João VI vivia um terrível 
dilema. Apoiar a parceira Inglaterra ou ceder aos interesses da França? 
A fuga para o Brasil 
Impaciente com a protelação portuguesa, Napoleão ordenou a invasão do pais ibérico. Sem 
meios de resistir ao ataque, D. João VI transferiu-se às pressas para o Brasil, sob a proteção da frota 
inglesa. Junto com a família real veio toda a Corte portuguesa, num total de 15 mil pessoas, entre 
nobres e serviçais. Agora imagine: o Brasil colonial recebe de uma hora para outra um contingente 
populacional acostumado à vida e aos costumes europeus. O choque foi recíproco. Assim, a capital, 
Rio de Janeiro, teve que se adequar aos interesses da nobreza de Portugal. 
Em meio à apressada mudança, que Incluía carruagens, mobiliário e obras de arte, os maiores 
intelectuais de Portugal trouxeram consigo 60 mil livros. A transferência da Biblioteca Real para o 
Brasil foi um passo Importante para a melhoria do nosso ambiente cultural. Entre multas 
consequências, destacam-se a ruptura da economia colonial e o ingresso definitivo na esfera de 
domínio da Inglaterra. Uma semana após sua chegada, D. João VI decretou a abertura dos portos às 
nações amigas. Era o fim do monopólio metropolitano que até então restringia drasticamente o 
comércio e as relações culturais do Brasil com o mundo. 
Com a instalação do governo português no Rio de Janeiro, o Brasil não poderia permanecer 
na condição de simples colônia. Em 1815, foi então elevado à condição de Reino Unido, ao lado de 
Portugal e do Algarve. Observe as mudanças que D. João VI promoveu para adaptar o Brasil às 
necessidades da Corte portuguesa: 
• No Rio de Janeiro, foram criados o Banco do Brasil (o primeiro do país), o Museu Nacional, a 
Biblioteca Real, o Jardim Botânico, a Academia Real da Marinha e a Academia Real Militar, o 
Curso de Agricultura, a Escola Real de Ciências e Ofícios, o Observatório Astronómico e o 
Museu de Mineração. 
• Em Salvador (Bahia), foram criados os cursos de cirurgia, economia, agricultura, química e 
desenho técnico. 
• Foi fundado o Colégio das Fábricas, para ensinar ofícios aos órfãos que vieram na comitiva 
real. 
 
Em 1816, a França já havia sido derrotada pelos ingleses, e D. João organizou a vinda de uma 
Missão Cultural Francesa ao Brasil. Entre os intelectuais escolhidos para a missão, estavam alguns 
que haviam apoiado Napoleão e viram ali uma boa oportunidade para escapar de represálias do novo 
governo que estava sendo formado no pais. Entre os 46 participantes da missão, destacavam-se 
Joachim Lebreton, um dos organizadores do Museu do Louvre e chefe da missão, Auguste-Marie 
Taunay, Zéphyrin e Marc Ferrez, criadores da estampa da primeira moeda brasileira. 
Você já deve ter visto, principalmente em livros de história, muitas imagens dos pintores Jean 
Baptiste Debret e Charles Pradier, que retratavam o Brasil daquela época. A influência da missão 
francesa deixou uma marca Indelével no cenário cultural brasileiro, e suas sementes acabaram 
frutificando. Um bom exemplo foi a fundação em 1816 da Escola Real de Ciências, Artes e Ofícios, 
no Rio de Janeiro (atual Escola de Belas Artes, ligada à UFRJ). 
Entre as benfeitorias do governo de D. João VI, o grande legado para a vida cultural foi a criação da 
Imprensa Régia, acompanhada do fim da proibição da imprensa no Brasil. O efeito dessa abertura foi 
imediato, coma fundação de tipografias privadas no Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Os livros — até 
então um produto importado e caro — tornaram-se acessíveis. A informação e a cultura reprimidas começam 
a circular. 
Você sabe qual foi o primeiro livro editado pela Imprensa Régia? Foi A riqueza das nações, de Adam 
Smith, considerado o pai do liberalismo econômico moderno. Além dos livros, era publicado o jornal diário 
A Gazeta do Rio de Janeiro. Apesar de Importantes, convém lembrar que essas medidas tinham o estrito 
propósito de atender à elite, formando uma casta de homens públicos destinados a dirigir o pais. O sistema 
educacional continuava a ter uma importância secundária na política nacional. É importante que você 
pesquise e aprofunde seus conhecimentos sobre esse período histórico, já que outras medidas foram 
tomadas por D. João VI e que iriam modificar o cenário da cidade do Rio De Janeiro e da colónia brasileira. 
Em 1821, uma vez afastada em definitivo a ameaça francesa e com a Revolução Liberal (ou 
Revolução do Porto), D. João VI retorna a Portugal. Para seu lugar, nomeia seu filho, o príncipe herdeiro, 
que havia optado por permanecer no país. Um ano e meio mais tarde, D. Pedro proclama a Independência 
do Brasil, em 7 de setembro de 1822, assumindo o título de imperador. 
 
Saiba mais 
D. João VI de Portugal 
“Põe a coroa sobre a tua cabeça, antes que algum aventureiro lance mão dela.” Com essa frase. D. 
João VI despediu-se do seu filho Pedro. ao retornar para Portugal em abril de 1821. No dia 7 de setembro 
do ano seguinte, seu filho seguiu o concelho, proclamando-se o primeiro imperador do Brasil. 
 
A educação no Império 
A Proclamação da Independência, em 7 de setembro de 1822, pouco alterou a precária situação da 
educação brasileira. Durante o curto reinado de D. Pedro I, merecem registro a fracassada experiência com 
o Método Lancaster de ensino e a promulgação, em 1827, da primeira Lei sobre o Ensino Elementar, cujos 
termos permaneceriam em vigor até 1889. No Segundo Reinado, não ocorre nenhuma mudança significativa 
na educação. Mesmo D. Pedro II sendo um intelectual respeitado, apaixonado pelos livros e pela cultura, 
isso não se refletiu em uma melhoria do sistema educacional, com exceção de esparsas inciativas no âmbito 
do ensino superior. 
O Primeiro Reinado 
Uma vez consolidada a independência, D. Pedro I (1798-1834) tratou de convocar uma Assembleia 
Constituinte, que foi dissolvida meses depois, em meio a disputas pelo poder entre o soberano e as casas 
legislativa e judiciária. Em 1824, foi outorgada a primeira Constituição do Brasil, influenciada pelas 
Constituições francesa de 1791 e espanhola de 1812. A forma de governo era monárquica, hereditária, 
constitucional e representativa, sendo o país dividido em províncias. A Assembleia Geral, órgão máximo do 
poder legislativo, era composta pelo Senado e pela Câmara dos Deputados. Estes últimos eram eleitos pelo 
voto dos cidadãos, enquanto os senadores eram Indicados pelo Imperador. 
Influenciada pelos ideais da Revolução Francesa, a Constituição de 1824 pregava o princípio 
da liberdade de ensino, sem restrições, e a intenção de "instrução primária gratuita a todos os 
cidadãos", mas seus termos eram vagos, sem propostas concretas para estruturar uma política 
nacional de educação capaz de melhorar o ensino. Apesar da retórica de boas intenções, de formar 
um sistema educacional popular e gratuito, na realidade o ensino continuava elitista. 
A questão sobre a educação foi mencionada na primeira Constituição do pais (1824), e 
resultou na elaboração do artigo nº 250: "Haverá no Império escolas primárias em cada termo, 
ginásios em cada comarca, e ginásios nos mais apropriados locais". 
A primeira proposta de criação de escolas primarias no Brasil foi o Projeto Januário da Cunha 
Barbosa (1826). Em 1827, foi aprovada a primeira lei sobre o ensino elementar, que Iria orientar a 
organização da educação brasileira até a proclamação da República, em 1889. Essa lei determinava 
a criação de "escolas de primeiras letras em todas as cidades, vilas e lugarejos" e "escolas de 
meninas nas cidades e vilas mais populosas". A seguir, você conhecerá o método adotado para 
solucionar os problemas referentes à educação. Com o objetivo de estender a educação a toda a 
população, de ambos os sexos, pincipalmente das massas trabalhadoras, o governo adotou o Método 
Lancaster de ensino monitorial (ou mútuo). Criado pelo britânico Joseph Lancaster (1778-1838), o 
método parecia a solução indicada para enfrentar a escassez de professores e recursos. Os 
monitores eram alunos mais adiantados que recebiam, separadamente, as lições de um único 
professor e depois repassavam os conhecimentos para os mais jovens, em grupos de dez. O 
processo permitia que um único professor lecionasse para um número enorme de alunos. As práticas 
pedagógicas baseavam-se na repetição oral e na memorização, na crença de que essa dinâmica 
aumentasse a disciplina mental e tisica. 
O plano fracassou por razões técnicas, políticas e principalmente económicas, em virtude da 
pobreza do pais. Desde as reformas pombalinas, já era uma tradição entre os membros da elite enviar 
seus filhos para estudar na Europa. Por outro lado, em um país basicamente exportador de produtos 
naturais, as profissões que exigiam escolarização ofereciam poucas perspectivas de carreira. 
Ensino público versus privado 
Diante da falta de recursos do governo para fazer cumprir o que rezava a Constituição — 
instrução primária gratuita para todos os súditos do imperador —, novas leis ofereceram total 
liberdade para o estabelecimento de escolas particulares por todo o país. Na prática, o governo 
estimulava a iniciativa privada para preencher o vácuo deixado pelo Estado. 
Além de seu caráter elitista, a medida não resolveu o problema. Mais preocupadas com os 
seus lucros, as escolas particulares não garantiam um ensino de qualidade. Os salários mais altos 
da rede privada afugentavam de vez os professores das poucas escoIas públicas. Os únicos 
beneficiados foram os membros da elite, que podiam deixar de enviar seus filhos para estudar na 
Europa. Apesar dessa melhoria, as classes mais abastadas reivindicavam um maior número de 
instituições de nível superior. 
Em 1827, foram criados cursos de formação jurídica, no Convento de São Francisco, em São 
Paulo (a Faculdade de Direito do Largo de São Francisco) e no Mosteiro de São Bento, em Olinda 
(Pernambuco). Além da graduação de advogados, esses cursos foram importantes centros de 
irradiação de ideias filosóficas, movimentos literários e debate; culturais, contribuindo para a formação das 
elites políticas brasileiras. Estamos salientando aspectos históricos e educacionais do século XIX — período 
do governo imperial —, e a formação superior no país reforçava uma característica marcante da sociedade 
que se refletia na educação brasileira: elitista e aristocrática. Caminhando pela história, vamos observar que 
essas características se tornarão perenes. 
Em 1831, D. Pedro I abdicou do trono brasileiro e assumiu o governo de Portugal, com a denominação 
de D. Pedro IV. Tem início o Período Regencial. Nesse período acontece o Ato Adicional, uma emenda à 
Constituição Brasileira. Fica determinada a descentralização do ensino. A Coroa fica responsável pelo 
ensino superior e as províncias administram as escolas elementar e secundária. Vale agora uma reflexão 
sobre as consequências dessa descentralização do ensino. 
Em 1835, foi fundada a Escola Normal de Niterói, voltada para a formação dos professores. Em 1837 
foram então criados o Imperial Colégio de Pedro II e os primeiros liceus provinciais. Os problemas 
continuavam os mesmos. As escolas públicas elementaresse limitavam a ensinar a ler, escrever e contar, 
como no tempo dos jesuítas. Os professores licenciados preferiam lecionar nas escolas particulares, 
forçando o governo a empregar leigos como docentes, os únicos que se sujeitavam a receber os baixos 
salários. O desinteresse e a evasão eram grandes, em função da baixa qualidade do ensino. 
A Era de D. Pedro II 
Com a abdicação de D. Pedro I e o fim do Período Regencial, chega o momento de D. Pedro II 
assumir o poder. Assim, em 1840, o príncipe herdeiro assumiu o trono com 15 anos de idade. Tem início o 
Segundo Reinado (1840 a 1 889), um período de muitos acontecimentos históricos, como a Guerra do 
Paraguai, a abolição da escravidão, a Proclamação da República. Mas as questões educacionais 
continuavam estagnadas. 
Um patrono das artes e das ciências 
Pedro de Alcântara (1825-1891) passou a Infância e parte da adolescência sendo preparado para 
governar o país. Com poucos amigos da sua idade, logo encontrou nos livros um refúgio. Seu primeiro tutor 
foi José Bonifácio de Andrada e Silva (1763-1838), o influente líder da Independência. 
Ao tomar-se adulto e imperador, D. Pedro II manteve por toda a vida a paixão pelos livros e estudos. 
Seus interesses incluíam ciências como filosofia, antropologia, geografia, geologia, medicina, direito, 
química e tecnologia. Nas artes, era um apreciador de música, poesia, pintura, escultura e teatro. D. Pedro 
II dizia: "Gosto dos livros com todos os órgãos dos sentidos: o tato para sentir suas páginas, o olfato para 
sentir o cheiro das páginas envelhecidas; gosto de ouvir o trepidar quando passo as folhas e o sabor quando 
molho as pontas dos dedos para virar-lhes as páginas" 
No final de seu reinado, havia três livrarias em São Cristóvão, com mais de 60 mil livros. Sua paixão 
pela linguística levou-o a estudar diversos idiomas. Tornou-se membro de diversas academias e sociedades 
internacionais de artes e ciências. Conheceu pessoalmente e correspondia-se frequentemente com 
cientistas, filósofos, músicos e outros intelectuais do seu tempo. 
O imperador D. Pedro II considerava a educação um assunto de suma importância nacional _. Na 
verdade, julgava a si próprio um exemplo do valor do aprendizado: "Nasci para consagrar-me às letras e às 
ciências. Ao ocupar posição política, preferiria a de presidente da República ou ministro à de 
Imperador". Ele via também na educação um meio para fortalecer o sentimento de identidade 
nacional brasileira. 
Durante seu reinado, criou organizações como o Instituto Histórico Geográfico Brasileiro, a 
Imperial Academia de Música e ópera Nacionale e o Instituto Pasteur. Apesar de seu empenho e 
amor pela cultura, não teve êxito em seus esforços para estender a educação gratuita a todos os 
seus súditos. O modelo educacional que caracterizou o seu reinado privilegiado a educação de elite 
— secundário e superior — em prejuízo da educação popular — primário e profissional. Confirmando 
essa situação, um estudo de 1867 apontou que apenas 10% da população em idade escolar estava 
matriculada no ensino elementar. 
A educação no Segundo Reinado 
Em 1859, D. Pedro II (Figura 3.2) empreendeu uma ampla reforma do ensino básico, 
modificando sua estrutura e os conteúdos pedagógicos. Sob 0 novo nome de ensino primário e com 
duração variável em torno de quatro anos, foi dividido em elementar e superior: 
• Nível elementar — são ministradas as disciplinas de instrução moral e religiosa, leitura e 
escrita, noções essenciais de gramática, princípios de aritmética e sistema de pesos e 
medidas. 
• Nível superior — as mesmas cinco disciplinas se desdobram, passando a totalizar dez. 
O Colégio Pedro II havia sido criado em 1837, quando o homenageado ainda tinha 12 anos 
de idade. Após alguns anos no poder, o novo monarca decidiu transformar o colégio em um modelo 
a ser seguido pelos governos provinciais. Após sete anos de estudos, os alunos recebiam o diploma 
de bacharel em letras, adquirindo o direito de lecionar para o primário. 
Em meio à disputa entre o ensino particular e público, a educação brasileira no Segundo 
Reinado continuava a se defrontar com problemas ligados à realidade socioeconómica do país. 
Proibidas pelo governo central de organizarem cursos de nível superior, as províncias passaram a 
estabelecer os liceus, cursos técnicos de nível médio que davam ênfase a disciplinas como química, 
física, botânica e agricultura. 
Em 1879, Leôncio de Carvalho elaborou leis para o ensino que propunham a liberdade de 
ensino de religião, a criação de cursos normais e a permissão para escravos se matricularem nas 
escolas. Essas leis não vigoraram por muito tempo e, contrariando a tendência mundial de educação 
laica, registrou-se no Brasil a criação de escolas religiosas. 
Os jesuítas voltaram ao Brasil em 1845, estabelecendo uma rede de escolas particulares_ 
logo foram seguidos por outras ordens religiosas masculinas e, mais tarde, femininas. Entre essas 
instituições, estão o Colégio São Luís (fundado em Itu em 1867 e transferido para São Paulo em 
1919) o Colégio Caraça, em Minas Gerais (1820), o Colégio Mackenzie (São Paulo. 1870), o Colégio 
Americano (Porto Alegre, 1885) e o Colégio Internacional (Campinas, 1873), entre outros. Lembrando 
que vários colégios foram fundados por americanos que vieram para o Brasil, saindo dos Estados 
Unidos em consequência da Guerra de Secessão. 
Cabe ressaltar que, depois que foi assumido pelas províncias, o ensino médio gratuito foi vedado às 
mulheres. No setor privado, elas eram aceitas, mas mantidas em escolas ou salas separadas, onde 
recebiam ensinamentos compatíveis com sua função social — disciplinas ligadas à vida doméstica, à 
maternidade e à religião. A ideia era que elas não precisavam saber mais do que era ensinado no 
primário. Os conteúdos intelectuais e científicos eram um privilégio masculino, e essa situação perdurou 
até o final do Império.

Continue navegando