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1 PROCESSO DE COMUNICAÇÃO NA EQUIPE DE ENFERMAGEM FUNDAMENTADO NO DIÁLOGO ENTRE BERLO E KING. Jhonata de Souza Joaquim 1 Luiza Liene Bressan 2 BROCA, Priscilla Valladares; FERREIRA, Márcia de Assunção. Processo de comunicação na equipe de enfermagem fundamentado no diálogo entre Berlo e King. Escola Anna Nery, v. 19, n. 3, p. 467-474, 2015. Priscilla Valladares Broca é graduada em Enfermagem e Obstetrícia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ - 2009), possui especialização em Comunicação e Saúde pelo ICICT/Fundação Oswaldo Cruz (2011), mestrado (2010) e doutorado (2013) em Enfermagem pela UFRJ. Atualmente é Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem Fundamental da Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ (http://lattes.cnpq.br/1910775440114086). Márcia de Assunção Ferreira é graduada em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ - 1987), mestre em Educação (1995) e doutora em Enfermagem (1999) pela UFRJ. Atualmente é Professora Titular da área de Fundamentos do Cuidado de Enfermagem, da Escola de Enfermagem Anna Nery/UFRJ e coordenadora Adjunta da Área de Enfermagem na Capes-MEC (http://lattes.cnpq.br/8241616541962120). A parte textual desenvolvida tem como objetivo transcrever um resumo informativo sobre o artigo proposto a partir bases interpretativas coesas, destacar e analisar o processo de comunicação na equipe de enfermagem compreendendo o referencial teórico seguido pelas autoras, e posteriormente utilizar um tom crítico a fim gerar discursões e contribuições para o cuidado de enfermagem e uma reflexão crítica sobre o assunto resenhado. 2 O artigo é iniciado através de um contexto introdutório que destaca a importância do processo de comunicação na área de enfermagem, as autoras dão continuidade na parte textual apresentando o referencial teórico e o método utilizado para formular a obra, por fim o leitor é exposto aos resultados, discussões e considerações finais gerados através do estudo. As autoras justificam e evoluem seus pensamentos de forma segura, fundamentadas em referências bibliográficas acessíveis e de qualidade. Incialmente o artigo destaca que os profissionais de saúde convivem constantemente com problemas de comunicação, que, consequentemente, interferem na continuidade, qualidade e consecução do trabalho ou na satisfação das necessidades dos profissionais, de forma que o trabalho transcorra de maneira produtiva e eficaz. Para o desenvolvimento do trabalho em equipe, a comunicação é imprescindível, sendo um fator de desagregação ou agregação dependendo de como ocorra. Para que a condução da terapêutica de enfermagem seja efetiva e eficaz é imprescindível e fundamental desenvolver habilidades de modo a aplicar bem o processo de comunicação na assistência de enfermagem. A comunicação é um poderoso instrumento básico no processo de cuidar, viabilizando a construção de um relacionamento efetivo com o cliente. O estudo que a obra se apoia coloca em ênfase o fato da equipe de enfermagem utilizar mais do recurso verbal na comunicação, não privilegiando as potencialidades do processo como um todo e os outros elementos que o integram, sendo essa questão identificada em campo empírico pelas autoras. A complexidade do processo de comunicação envolve muitos canais de expressão além da fala, estes canais precisam ser considerados no processo, para que se ampliem as possibilidades de entendimentos entre os membros da equipe. Conhecer os elementos que compõem o processo de comunicação e o que interfere negativamente e positivamente para que ele seja efetivo, contribui de maneira direta para que a equipe de enfermagem possa prestar uma assistência humanizada. O trabalho apresentado pelas autoras analisa o processo de comunicação na equipe de enfermagem e discuti suas contribuições para o cuidado de enfermagem, sendo que a pesquisa se utiliza de dois teóricos para analisar o processo de comunicação na equipe de enfermagem, um é o Berlo, da psicossociologia, e uma 3 teórica de Enfermagem, a King, pois ambos abordam o processo de comunicação em campos teóricos distintos, embora não contraditórios. O processo de comunicação é constituído por formas verbais e outras formas de comunicação humana que não envolve diretamente as palavras, o não verbal. O verbal se refere à linguagem e a escrita, aos sons das palavras emitidas. E o não verbal se refere aos gestos, expressões, posição perante o outro e aos objetos que o cercam ao toque e à postura. Em um processo de comunicação, há elementos inter-relacionados que o estruturam, quais sejam: fonte, o codificador, a mensagem, o canal, o decodificador e o receptor. Toda fonte e receptor não agem livremente, sendo influenciados pelas posições que ocupam no sistema sociocultural, além dos fatores pessoais. É preciso conhecer onde o indivíduo se encaixa no sistema social, qual papel desempenha suas funções, seu prestígio, como as pessoas o veem e qual é o seu contexto cultural, tais como comportamento, crenças e valores. Cada um dos elementos que formam o processo de comunicação possui fatores que o influenciam positivamente e negativamente. O sistema pessoal compreende a posição do indivíduo no ambiente, o interpessoal alude à interação dos indivíduos entre si, e o sistema social diz respeito à necessidade da formação de organizações que compõem comunidades ou sociedades devido a interesses e necessidades especiais. O sistema pessoal é representado por cada indivíduo, tem relação com o sujeito naquilo que lhe dá singularidade, na forma como cada um vivencia uma determinada situação. Nos sistemas interpessoais sobressai a comunicação verbal e não verbal, o aprendizado quando há comunicação eficiente, a unidirecionalidade, a irreversibilidade, o dinamismo e a dimensão espaço-temporal. Um conjunto de sistemas interpessoais organizados e delimitados por regras sociais, comportamentos e práticas formam os sistemas sociais, que se sustentam na organização, autoridade, poder, status e na tomada de decisão das pessoas que os compõem. Nesse sentido, a comunicação é vista como algo dinâmico, em constante evolução, sempre mudando e em um contínuo de tempo e de relações, com elementos que a estruturam e a influenciam para a efetividade ou não do processo. Baseada no referencial teórico a pesquisa foi realizada em 2010, é de natureza qualitativa, exploratória e descritiva, explorou um setor de Clínica Médica de um hospital universitário, público e federal, no qual a pesquisadora identificou a 4 problemática sobre a comunicação, a partir de suas experiências acadêmicas e profissionais. Participaram da pesquisa 25 membros da equipe de enfermagem: 08 enfermeiros, 13 técnicos e 04 auxiliares em enfermagem, por atenderam todos os critérios de inclusão impostos pela pesquisadora. Após a coleta e levantamento dos dados obtidos os resultados da pesquisa evidenciaram a importância da comunicação no processo interativo para manter o sistema multipessoal unido, como forma de alcançar o objetivo da equipe, que é o cuidado de enfermagem. Quando se tem um relacionamento interpessoal frágil e pobre, podem ocorrer falhas no processo de comunicação e, consequentemente, ruídos e barreiras que levem a atritos e dificuldades entre os profissionais de enfermagem, prejudicando a assistência oferecida. Quando a informação é quebrada ou modificada pode ocasionar uma piora na comunicação e prejudicar o trabalho. A linguagem não deve ser hermética, mas compreensível para que as informações sejam transmitidas sem dúvidaspara a equipe. O uso de palavras e expressões sofisticadas não são atributos de hierarquia, ao invés de valorizar o papel dos membros da equipe, prejudicam sua interação e o trabalho conjunto. O processo de comunicação quando efetivo pode facilitar a legitimidade da autoridade, pois há possibilidade de entender os motivos, os sentimentos, as angústias, os significados e as particularidades de cada indivíduo e também de questionar a mensagem compartilhada. Tal comunicação precisa possuir todos os elementos de um processo, ter a intenção de entender o outro e ser entendido, de compartilhamento e de integração para que haja efetividade na relação, pois os canais estabelecidos entre eles podem se tornar cada vez mais problemáticos, o que pode afetar o cuidado de enfermagem, a segurança do paciente, e impactar diretamente no tratamento, uma vez que a participação dos clientes no processo terapêutico depende dos processos de comunicação, já que esses viabilizam a relação de confiança, diminuindo o medo e a ansiedade da clientela. Quando a equipe de enfermagem apresenta um processo de comunicação coeso, efetivo, validado e consolidado as relações estabelecidas entre os profissionais podem ser encaradas como um fator motivacional que os impulsionam a querer estar ali e a proporcionar um cuidado integral. Os resultados mostraram que a comunicação é um importante instrumento para a equipe de enfermagem prestar o cuidado aos clientes, mas precisa ser 5 eficiente entre os membros da equipe de enfermagem para se ter uma relação interpessoal interativa e efetiva e auxiliar na assistência. Por fim de maneira breve, as autoras concluem o artigo destacando que interação é um importante elemento do processo de comunicação. E ressaltam que a aplicação do conceito de sistemas abertos de King viabilizou a compreensão dos intervenientes nas relações entre as pessoas, assim, se pode acessar a melhor maneira de conduzir as relações interpessoais e, consequentemente, estreitar os laços de efetividade para com o cliente. Estabelecer diálogo teórico entre os conceitos da estrutura de sistemas abertos combinado com os conceitos de Berlo sobre o processo de comunicação e os fatores que o influenciam negativa e positivamente foi oportuno para caracterizar o processo de comunicação na equipe de enfermagem, mostrando que tanto a expressão verbal quanto a na verbal devem ser consideradas no processo de se comunicar. Além de valorizar uma teoria de enfermagem e trazer subsídios para a arte e a ciência da enfermagem. Observando a obra e a maneira que foi conduzida pelas autoras percebe-se que a comunicação na área da saúde é fundamental, o profissional da área da saúde deve possuir como base do seu trabalho agilidade no processo de se comunicar, para assim desenvolver as relações humanas características da profissão, sejam elas com o doente, seus familiares ou com a equipe multidisciplinar. No contexto da prática assistencial da enfermagem, a comunicação constitui-se como instrumento para o cuidado, sendo ferramenta primordial para formação de vínculo e satisfação das necessidades do doente. Além de tudo, a comunicação pode evitar conflitos ou dúvidas principalmente devido aos procedimentos realizados. A comunicação, seja verbal ou não verbal, faz parte do processo de cuidar em enfermagem, para tanto, deve ser construída uma relação harmoniosa entre os profissionais do cuidado, com ética e zelo, proporcionando um clima de satisfação mútua no ambiente profissional. É importante situar que as autoras focam durante toda a obra oferecem subsídios aos leitores, do o quão é relevante o processo de comunicação na atuação do profissional em enfermagem. A simplicidade, frontalidade e o domínio com que as autoras abordam questões fundamentais referentes às dificuldades encontradas para a efetivação do processo de comunicação, permite ao leitor fazer uma reflexão minuciosa sobre o 6 campo de atuação da área de saúde, a maneira que se fundamenta e como deve ser estabelecido este processo, e o papel do enfermeiro como profissional determinante para que o processo seja efetivado entre a equipe multidisciplinar. Estimula o leitor a fazer uma reflexão sobre as perspectivas futuras e qualificações que um profissional deve possuir para realizar um atendimento humanizado na área de saúde, pois as questões que envolvem a comunicação interpessoal tornam-se mais críticas nesta área devido à necessidade de assegurar a assistência de maneira efetiva, especialmente nos processos de transição do cuidado profissional oferecido ao paciente, para garantir qualidade e segurança no atendimento ao paciente, o cuidado centrado no indivíduo deve ser prioridade, fortalecendo o processo de cuidar, assegurado pela boa comunicação interprofissional, e também a adequada a comunicação com o paciente. Estabelecer diálogo com o paciente e seus familiares ou responsáveis contribui para ajustar o planejamento terapêutico as suas necessidades, respeitar as crenças e cultura do paciente e atender as expectativas das partes. Nesse sentido, o artigo destaca a necessidade de profissionais engajados e que desempenham um processo de comunicação seguro, autônomo e prático, de forma convicta e estruturada. Construindo um olhar mais voltado a estudo desenvolvido no artigo, em contraponto as qualidades informativas já evidenciadas, como as próprias autoras descrevem na parte que concluem a obra, a pesquisa deixa a desejar, pois foi realizada e limitada em um único setor, de um único hospital, sem alcance da totalidade dos membros da equipe do campo. Assim, a obra não reflete de maneira direta e ampla a realidade totalitária da instituição, criando ao leitor a sensação que a problemática do tema proposto situa-se apenas ao setor que serviu de fonte para pesquisa, a instituição propriamente dita, sendo que a realidade da deficiência do processo de comunicação na equipe de enfermagem assombra a maioria das instituições dos serviços de saúde. Existe também a carência por parte das autoras em não descrever didaticamente como o profissional da área de saúde deve-se se adequar ao processo de comunicação da equipe de enfermagem, isto se torna relevante devido às exigências crescentes de produtividade e de qualidade na prestação de serviços e competitividade crescente do mercado de trabalho voltado para área. 7 Particularmente como profissional da saúde, acredito que a preocupação das autoras em desenvolver o tema foi de maneira responsável e coerente, mas é preciso entender que alguns fatores contribuem para que o processo de comunicação seja falho, tais como: a sobrecarga de trabalho, o estimulo e capacitação profissional deficiente oferecido por algumas instituições, a falta de condutas éticas impostos por alguns profissionais da equipe, entre demais fatores. É de extrema relevância o profissional se ater conscientemente sobre em processo comunicação, porém devemos relevar todos os fatores que podem dificultar a efetivação do processo. Para finalizar, destaco que o tema desperta curiosidade, o artigo é informativo, possui uma linguagem de fácil acesso e compreensão, torna-se importante principalmente aos leitores que desempenham funções dentro da área da saúde, pois cria um alerta aos profissionais que já atuam na área da enfermagem e aos que pretendem ingressar no mercado de trabalho, causando impacto e gerando conhecimento tanto ao leitor leigo sobre assunto, quanto a um profissional devidamente graduado. Fazendo um levantamento de obras relacionadas ao tema, evidencio que poucas obras se propuseram a tratarsobre o assunto, e entre os estudos dos autores dos quais obtive contato, observei que dentro dos estudos foi utilizado uma linguagem mais voltada à classe da enfermagem, dificultando aos leitores leigos sobre o tema a compreensão e importância das obras. De maneira generalizada o artigo apresenta um bom serviço às mais diversas áreas de saúde. Esta obra é relevante para leitura e aperfeiçoamento de enfermeiros que já desempenham funções dentro e fora da área de saúde, e também para o corpo discente em enfermagem. *JOAQUIM, Jhonata de Souza – Acadêmico em enfermagem no Centro Universitário Barriga Verde – UNIBAVE, 2017 (E-mail: jhol_777@hotmail.com).
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