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Resumo Civil IV

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Resumo – Direito Civil IV
Posse: Art. 1.196, CC – “Considera-se possuidor todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes da propriedade”.
- Duas teorias: subjetiva (Savigny) – corpus + animus domini; e objetiva (Ihering) – corpus = conduta de dono.
- Jus possidendi: direito de possuir
- Jus possessionis: posse (teoria objetiva de Ihering)
Existiram algumas teorias que tentaram definir posse, dentre as quais duas se destacaram: teoria subjetiva e objetiva. A teoria subjetiva entendia que a posse dependia da presença de dois elementos: corpus e animus domini. Numa tradução literal “corpus” significa contato físico com a coisa e “animus domini” significa intenção de uso, ou seja, para Savigny o sujeito só seria considerado possuidor de uma coisa se tivesse contato físico com o bem, na intenção de ter a coisa para si. Ihering criticava essa teoria sobre o argumento de que ninguém pode ter contato físico com o bem em tempo integral. Além disso, argumentava que a intenção de dono não está presente nos contratos de locação ou comodato, por exemplo, embora o locatário e o comodatário sejam considerados possuidores do bem até o final do prazo contratual.
O locatário e o comodatário, assim como o depositário ou o usufrutuário, realizam o contrato assumindo voluntariamente o dever de restituição da coisa, o que significa que não possui a intenção de dono.
De acordo com a teoria objetiva a posse depende de um único elemento – o corpus – mas vale esclarecer que Ihering compreendia a expressão corpus no sentido técnico, significando conduta de dono. 
O nosso Código Civil adotou essa teoria, de acordo com o art. 1.196. O artigo explica que o possuidor é aquele que no mundo dos fatos exerce todos os poderes da propriedade, ou pelo menos um deles. De acordo com o art. 1.228 do CC o proprietário tem a seu favor 4 direitos: usar, gozar/fruir, dispor (alienar) e sequela (perseguir a coisa). Analisando os artigos conjuntamente concluímos que o possuidor é aquele que no mundo real exerce todos os poderes da propriedade, ou pelo menos um deles.
O sujeito que exerce todos os poderes da propriedade é o proprietário, o que significa que de acordo com o art. 1.196 o dono também em posse, e aquele que exerce ao menos um dos poderes da propriedade não é o proprietário, mas se comporta como se fosse, motivo pelo qual a interpretação do artigo é no sentido de que a posse é a conduta de dono sobre determinado bem. 
Em 99% dos casos o dono também é possuidor, mas a regra comporta exceções. Exemplo: Carlos aliena um imóvel para João, que leva a escritura a registro e se torna formalmente o proprietário do bem, adquirindo ainda “jus possidendi” (direito de possuir). Imaginando, entretanto, que o alienante se recusa a sair do imóvel como combinado, o adquirente, apesar de ser o novo proprietário, não consegue agir como dono, pois está impedido de dar à coisa qualquer destinação, que significa que não tem a posse (jus possessionis). Nesta hipótese o adquirente deve promover contra o alienante a ação de imissão de posse. 
Diferença entre posse e detenção (art. 1.198)
Na detenção o sujeito, assim como ocorre na posse, também age como dono em relação a um bem. A diferença está no fato de que o possuidor se comporta como dono da coisa no seu próprio interesse, enquanto o detentor age como dono do bem no interesse de outra pessoa, com quem normalmente tem um vínculo de dependência. 
OBS: o § único do art. 1.198 admite que cessando o vínculo de dependência supracitado a detenção pode ser transformar em posse.
Diferença entre posse e atos de mera permissão ou tolerância (primeira parte do art. 1.208)
Os atos de mera permissão ou tolerância traduzem um poder tão pequeno sobre a coisa, longe de se identificar como a conduta de dono. É um poder de uso limitado, dentro de determinado horário, com finalidade específica. Exemplo: aparelhos de academia.
Os atos de mera permissão ou tolerância são encarados pela doutrina e pelo tribunal como uma espécie diferente de detenção, o que significa que assim como ocorre com a detenção, esses atos também não produzem efeitos e não geram direitos.
OBS: a detenção também é chamada de posse degradada, e os detentores são chamados de “fâmulos da posse”. 
Composse – art. 1.199
A composse acontece quando duas ou mais pessoas possuem uma mesma coisa, ao mesmo tempo. 
Existem duas espécies de composse: composse pro indiviso e composse pro diviso. Na primeira hipótese cada compossuidor pode exercer atos de posses sobre o todo, o que não ocorre na composse “pro diviso”. Nesta última os compossuidores fazem um acordo (contrato) dividindo o exercício do direito sobre a coisa, com o objetivo de evitar conflitos. Exemplo: 4 herdeiros de um terreno são condôminos e compossuidores desse bem. Com o objetivo de evitar brigas, as partes fazem um acordo estabelecendo que cada qual só vai ocupar uma parte do imóvel a partir daquele momento.
A composse “pro diviso” não está prevista em lei, decorrendo da autonomia privada, da liberdade de contratar. Importante esclarecer ainda que o contrato que prevê a composse pro diviso, como a maioria dos contratos, é relativo, produzindo efeitos entre as partes. 
Classificação da Posse
1 – posse direta ou indireta (art. 1.197)
- A posse direta e indireta é resultado de um desdobramento da posse, imposto pela lei, toda vez que um possuidor (normalmente dono) resolve ceder o exercício de sua posse a outrem, gratuita ou onerosamente, através de um contrato. Exemplo: locação – locatário fica com a posse direta e o locador com a posse indireta. Exemplo: comodato – comodatário com a posse direta e comodante com a indireta.
- O possuidor direto é aquele que tem a coisa sob seu poder direto e imediato durante o contrato, e o possuidor indireto é aquele que cedeu o exercício da posse. Enquanto um deles tem a posse direta, o outro tem a posse indireta, o que significa que ambas as posses caminham juntas, paralelamente, motivo pelo qual também são chamadas de “posses paralelas”. 
- Além disso, ambas as posses tem a mesma ordem de importância, o que justifica a parte final do art. 1.197.
- Por fim, esse desdobramento da posse é sempre temporário, o que significa que o possuidor direto, ao final do contrato, tem o dever de restituir a coisa. Quem tem o dever de restituir não possui “animus domini”, e sem o animus domini é impossível usucapir. 
OBS: qualquer espécie de usucapião exige além da posse prolongada no tempo o animus domini. 
2 – Posse justa ou injusta (art. 1.200)
- Segundo o art. 1.200 do CC, “é justa a posse que não for violenta, clandestina ou precária”. Posse justa, desse modo, é aquela isenta de vícios, por ter ido adquirida por algum dos modos previstos na lei. Injusta, portanto, é a posse que foi adquirida viciosamente, por violência ou clandestinidade ou por abuso do precário. É violenta, por exemplo, a posse do que toma o objeto de alguém, despojando-o à força, ou expulsa de um imóvel, por meios violentos, o anterior possuidor. 
- A violência estigmatiza a posse, impedindo que a sua aquisição gere efeitos no âmbito do direito. Ainda que exercida pelo proprietário, deve a vítima ser reintegrada, porque não pode o esbulhador fazer a justiça pelas próprias mãos. 
- É clandestina a posse do que furta um objeto ou ocupa imóvel de outro às escondidas. É aquela obtida furtivamente, que se estabelece subrepticiamente, às ocultas da pessoa de cujo poder se tira a coisa e que tem interesse em conhecê-la. O ladrão que furta, que tira a coisa com sutileza, por exemplo, estabelece a posse clandestina, do mesmo modo que o ladrão que rouba estabelece a posse violenta. 
- E é precária a posse quando o agente se nega a devolver a coisa, findo o contrato (vim, clama ut precário). Segundo Lafayette, se diz viciada de precariedade a posse daqueles que, tendo recebido a coisa das mãos do proprietário por um título que os obriga a restituí-la em prazo certo ou incerto, como por empréstimo ou aluguel, recusam-se injustamente a fazer a entrega,passando a possuí-la em seu próprio nome. 
3 – posse de boa-fé ou de má-fé (art. 1.201)
- A posse de boa-fé é conceituada no art. 1.201 do CC como aquela em que “o possuidor ignora o vício, ou o obstáculo que impede a aquisição da coisa”. Decorre da consciência de se ter adquirido a posse por meios legítimos. O seu conceito, portanto, funda-se em dados psicológicos, em critério subjetivo.
- Se o possuidor ignora a existência de vício na aquisição da posse, ela é de boa-fé; se o vício é de seu conhecimento, a posse é de má-fé. O que distingue uma posse da outra é a posição psicológica do possuidor. 
4 – posse civil ou natural
 - Posse civil ou jurídica é a que se adquire por força de lei, sem necessidade de atos físicos ou da apreensão material da coisa. Exemplifica-se com o constituto possessório: A vende sua casa a B, mas continua no imóvel como inquilino; não obstante, B fica sendo possuidor da coisa (posse indireta), mesmo sem jamais tê-la ocupado fisicamente, em virtude da cláusula contituti, que aí sequer depende de ser expressa.
- Posse natural é a que se constitui pelo exercício de poderes de fato sobre a coisa. 
Aquisição da Posse – art. 1204, CC
Possuidor é todo aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes ao domínio, ou propriedade, quem quer que se encontre numa dessas situações terá adquirido o direito a posse. 
- Modo originário de aquisição da posse: não há relação de causalidade entre a posse atual e a anterior. Adquire-se a posse por modo originário quando não há consentimento de possuidor precedente, segundo Orlando Gomes. Acontece quando há esbulho, e o vício, posteriormente, convalesce. 
Posse derivada: quando há anuência do anterior possuidor, como na tradição precedida de negócio jurídico, o adquirente a recebe com todos os vícios que a inquinavam nas mãos do alienante. De acordo com o art. 1.203 do CC, essa posse conservará o “mesmo caráter” de antes. 
 - Apreensão da coisa: consiste na apropriação unilateral d coisa “sem dono”, quando tiver sido abandonada (res derelicta) ou quando não for de ninguém (res nullius). Dá-se, ainda, quando a coisa é retida de outrem sem a sua permissão. No tocante aos bens móveis, a apreensão se dá não apenas pelo contato físico, mas pelo fato de o possuidor os deslocar para a sua esfera de influência. Quanto aos bens imóveis a apreensão se revela pela ocupação, pelo uso da coisa. 
- Exercício do direito: adquire-se a posse também pelo exercício do direito. Exemplo clássico é o da servidão. Se constituída pela passagem de um aqueduto por terreno alheio, por exemplo, adquire o agente a sua posse se o dono do prédio serviente permanece inerte. Não é o exercício de qualquer direito que constitui modo de aquisição da posse, mas daqueles direitos que podem ser objeto da relação possessória, como a servidão, o uso etc.
Tradição 
- O ato mais frequente de aquisição da posse é a tradição, que constitui um acordo bilateral. Pressupõe um acordo de vontades, um negócio jurídico de alienação, quer a título gratuito, como na doação, quer a título oneroso, como na compra e venda. Ela se manifesta por um ato material de entrega da coisa, ou a sua transferência de mão a mão, passando do antigo ao novo possuidor. Há três espécies de tradição: real, simbólica e ficta.
Real: quando envolve a entrega efetiva e material da coisa.
Simbólica: quando representada por ato que traduz a alienação, como a entrega das chaves do apartamento ou do veículo vendidos.
Ficta: no caso da traditio brevi manu e do constituto possessório (cláusula constituti)*. 
*Cláusula constituti: ocorre quando o vendedor, por exemplo, transferindo a outrem o domínio da coisa, conserva-a, todavia, em seu poder, mas agora na de locatário. A cláusula constituti não se presume; deve constar expressamente do ato ou resultar de estipulação que a pressuponha. Por ela a posse se desdobra em direta e indireta. No constituto possessório o possuidor de uma coisa em nome próprio passa a possuí-la em nome alheio.
*Traditio Brevi Manu: é o inverso do constituto possessório, pois se configura quando o possuidor de uma coisa alheia (o locatário) passa a possuí-la como própria. É o que sucede quando o arrendatário, por exemplo, adquire o imóvel arrendado, dele tornando-se proprietário. 
OBS: nos dois modos de tradição ficta, não é preciso renovar a entrega da coisa, pois tanto a cláusula constituti como a que estabelece a traditio brevi manu têm a finalidade de evitar complicações decorrentes de duas convenções, com duas entregas sucessivas. Em ambos os casos o possuidor mantém a apreensão da coisa (corpus) e altera o animus.

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