Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 SEMIOLOGIA MÉDICA - teóricas RESPIRATÓRIO CLASSIFICAÇÃO DOS MOVIMENTOS RESPIRATÓRIOS 1. Quanto ao TIPO: • Costoabdominal - na inspiração aumenta simultaneamente os diâmetros do tórax e do abdómen e, inversamente, diminuem na expiração. • Costal anterior - só o tórax é que está activo nas 2 fases respiratórias => movimentos respiratórios realizam-se à custa da variação e diâmetro do tórax, sendo inalterável a variação de diâmetro do abdómen. Verifica-se: em processos dolorosos do diafragma (ruptura, abcesso) ou devido a um obstáculo ao movimento diafragmático (ascite; peritonite; neoplasias do abdómen; gestação). • Diafragmática ou abdominal - os movimentos respiratórios realizam-se essencialmente às custas da variação de diâmetro do abdómen. Ocorre: nas alterações dos músc. intercostais; processos dolorosos da pleura; em enfisema pulmonar (por diminuição da elasticidade pulmonar => expiração activa). 2. Quanto ao RITMO: - Ciclo respiratório NORMAL: Inspiração => expiração => pausa - Respiração Cheyne-Stokes - aumento progressivo da amplitude, seguido por um decréscimo progressivo até uma breve pausa: 2 - Respiração de Kussmaul - a respiração é lenta e profunda, denunciando grave intoxicação do centro respiratório. As 3 fases da respiração estão aumentadas: - Respiração de Biot - apresenta-se com mov.s respiratórios de igual amplitude, entremeados por períodos de apneia: 3. Respiração Discordante: Normal - a inspiração alarga diâmetros do tórax e o diafragma desloca-se caudalmente comprimindo as vísceras abdominais => dilatação do abdómen. Patológico - o diafragma deixa de ser activo deixa-se “aspirar” para dentro do tórax durante a inspiração, levando a uma diminuição do diâmetro abdominal. (Ocorre: em alterações dos nervos frénicos; em lesões do diafragma; em derrames pleurais). 4. Quanto à FREQUÊNCIA - Taquipneia / polipneia - respiração rápida e superficial - Hiperpneia - respiração rápida e profunda - Bradipneia - respiração lenta, sem alteração da amplitude - Apneia - ausência de respiração 5. Quanto ao MODO - Eupneia - respiração fácil e inconsciente - Dispneia - respiração forçada e consciente e que cause desconforto evidente ao animal 3 - Inspiratória - típica de patologia das vias aéreas superiores onde há um impedimento à entrada do ar (ex: estenose das narinas; parálise laríngea; edema da glote/laringe; colapso da traqueia). - Expiratória - quando há um impedimento à expulsão do ar dos pulmões por alteração das vias aéreas inferiores (ex: enfisema pulmonar; bronquite alérgica; pneumonias). - Indeterminada ou Mista - há dificuldade tanto na inspiração como na expiração (ex: lesões que ocupam espaço - massas / hérnias diafragmáticas / derrames pleurais). SÍNDROMES DE ORIGEM RESPIRATÓRIA 1. Hipocápnia - redução na concentração de CO2 no sangue o que se traduz numa alcalose respiratória (por falta do ião H+ resultante da dissociação do ácido carbónico). Este conceito liga-se ao conceito de Hiperventilação onde há um exagero na eliminação de CO2 pelos alvéolos pulmonares por aumento da frequência respiratória. 2. Hipercápnia - traduz-se por um aumento da concentração de CO2 no sangue, relacionado com dificuldades criadas à sua eliminação. Fisiologicamente a hipercápnia determina hiperventilação por estimulação do centro respiratório para tentar expulsar o CO2 para o exterior. 3. Hipóxia - carência de O2. Causas: - Hipóxia ambiental - por falta de O2, em ambientes rarefeitos ou quando a tensão de O2 é demasiado baixa para oxigenar o sangue. 4 - Hipóxia por insuficiência respiratória - o défice de O2 é devido a uma ventilação imperfeita de natureza obstrutiva ou restritiva. - Hipóxia por dificuldade de transporte - seja por problemas cardiovasculares, seja por anemia (deficiência em eritrócitos ou em hemoglobina). - Hipóxia hística - por falha dos sistemas de oxidação dos tecidos, estes não conseguem captar o O2 do sangue (a causa pode ser devida à acção de substâncias tóxicas ou outras que incapacitem a cadeia enzimática da respiração celular) 4. Anóxia - falta de O2. 5. Síndrome da Insuficiência Respiratória - é a incapacidade ou falência da respiração pulmonar para a função de oxigenação do sangue: - Por alteração da ventilação - por lesão ao nível do diafragma; parede torácica ou pulmão - insuf. respiratória restritiva. - Por dificuldade ao trânsito do ar desde as vias aéreas superiores até ao alvéolo - insuf. respiratória obstrutiva. - Insuficiência respiratória de distribuição - a distribuição do ar não se processa de maneira regular e uniforme pela superfície pulmonar. - Insuficiência respiratória por alteração da perfusão - devido a espasmos ou lesões dos vasos sanguíneos pulmonares; por embolias ou por inflamação das paredes vasculares há áreas que não são perfundidas - há um défice na circulação sanguínea pulmonar => O2 não é transportado. 6. Colapso respiratório - estágio terminal de insuficiência respiratória, onde a actividade do centro respiratório diminui até que cessam os movimentos dos músc. respiratórios. 5 Manifestações Clínicas de Doença Nasal Descarga Nasal / Rinorreia Definição: Fluxo ou secreção anormal libertada pelas narinas. Frequentemente associada a problemas da: cavidade nasal seios paranasais tracto resp. inferior (parênquima pulmonar) prob. sistémicos (coagulopatias; hipertensão) Tipo serosa Mucopurulenta / purulenta (tabela) hemorrágica (também designada EPISTAXIS) Aproximação diagnóstica HISTÓRIA COMPLETA AGUDO - C.E.; infecções víricas ⇒ sintomas agudos de espirros CRÓNICO - infecções micóticas/neoplasia ⇒ sintomatologia prolongada; condição corporal afectada A descarga pode ser UNI- ou BILATERAL 6 aspecto causa Serosa claro; aquoso normal ?; inf. víricas; início de desc. Mucopurulenta Mucopurulenta espessa; amarelo-esbranquiçado; esverdeado implica infecção: ag. infecciosos (vírus; bact.; fungos) C.E. neoplasia pólipos nasofaríngeos alergias (rinites alérgicas) extensão de patologia oral Hemorrágica sangue em natureza ou associado a componente mucopurulenta Neoplasia Infecções micóticas C.E. nasais Trauma Desordens sistémicas Coagulopatias intoxicação c/ raticidas trombocitopénia trombocitopatias Vasculites Hipertensão sistémica EXAME FÍSICO Descarga UNI ou BILATERAL Testar permeabilidade das narinas (teste da lâmina fria) Exame completo da cabeça - deformações dos ossos faciais / exoftalmia - massas/tumores - cavidade oral / dentes - fístulas de abcessos dentários - fundo de olho - descolamento da retina - hipertensão sistémica Pesquisa de petéquias/hemorragias nas mucosas, pele, fundo do olho, fezes ou urina - desordem sistémica. 7 DIAGNÓSTICO − Hemograma completo − Plaquetas − Provas de coagulação (PT e APTT) − Títulos de Ehrlichia − Medição da pressão arterial − Citologias nasais (gatos) - pode permitir identificar Cryptococcus − Títulos séricos para fungos - Aspergillus em cães - Cryptococcus em cães e gatos − Radiografias das cavidades nasais − Rinoscopia e biópsia − T.A.C. Espirros Definição: É um reflexo protector para expelir irritantes da cavidade nasal. CAUSAS Agudos - C.E. nasais ou vírus das vias resp. superiores (felinos) Todas as causas das descargas nasais HISTÓRIA Possibilidadede exposição a C.E. - andar a abrir buracos ou enterrar coisas Contacto com animais infectados - vírus da rinotraqueíte infecciosa felina EXAME FÍSICO História de espirros agudos associada a descarga nasal mucopurulenta unilateral - sugere C.E. inalado 8 DIAGNÓSTICO Cães com história aguda de espirros - radiografias das cavidades nasais - rinoscopia TESTES DIAGNÓSTICOS # Hematologia (imunodepressão) # Bioquímica sérica # Provas de coagulação (epistaxis) # Teste FIV / FeLV - (gatos) # Radiografias nasais • sob anestesia - para evitar movimento e facilitar posicionamento • pelo menos 4 exposições - lateral; ventrodorsal; intra-oral e seios frontais Os Rx devem ser avaliados para: ♦ aumentos de densidade de tipo fluído: (muco/exsudados/sangue/tecidos moles - pólipos, tumores ou granulomas) ♦ perda de definição dos ossos turbinados - processos inflamatórios crónicos (fungos: aspergilose; criptococose); neoplasias ♦ lise de ossos faciais - sugere processo agressivo (neoplasia) ♦ presença de C.E. radiodensos # Tomografia axial computadorizada Permite excelente visualização dos ossos turbinados, septum nasal, palato duro e placa cribiforme. 9 Mais precisa na avaliação da extensão caudal de neoplasias sendo assim possível avaliar qual a possibilidade de remoção cirúrgica completa. # Rinoscopia • endoscópios rígidos ou flexíveis • otoscópio − Permite visualização: − cavidade nasal e ossos turbinados − retirada de C.E. − lise dos ossos turbinados − inflamação da mucosa − placas fúngicas (Aspergillus) − massas Rinoscopia normal Corpo estranho (pragana) Massa na cavidade nasal (ossos turbinados) − Permite colheita de biópsias para histopatologia e cultura. Figura 1: Imagem de hifas de Aspergillus obtida de uma biópsia nasal Massa Imagens de rinoscopias 10 # Visualização da nasofaringe - com espelho de dentista + pen light + gancho de castração. - com endoscópio em retroflexão. # Biópsias/citologias nasais ⇒ citologia com cotonete ⇒ “flush” nasal - é necessário anestesia - um cateter é colocado na nasofaringe com a ponta dirigida rostralmente - o paciente é colocado em decúbito esternal e o focinho é dirigido para o solo ⇒ injectar S.F. e colher para um recipiente ⇒ citologia nasal traumática # Culturas nasais São difíceis de interpretar porque bactérias e fungos isolados não necessariamente são os agentes causadores da sintomatologia. Manifestações Clínicas de Doença Laríngea As varias patologias da laringe resultam sempre em sinais clínicos semelhantes; assim, o diagnóstico de patologia laríngea pode ser alcançado por uma boa história e exame físico. Animais com patologia laríngea tipicamente apresentam-se com dificuldades respiratórias, as quais são agravadas por 11 • exercício (por vezes só audível após exercício) • temperaturas ambientais extremas SINAIS CLÍNICOS Estridor - é um som que se repete sempre na mesma amplitude e frequência; varia de acordo com a localização. Nas patologias da laringe é frequentemente audível um estridor inspiratório. Animais com obstruções fixas (neoplasias) podem evidenciar estridor tanto inspiratório (+++) como expiratório Por vezes alterações do ladrar CAUSAS (dificuldade respiratória inspiratória) • Obstrução extratorácica § Faringe/laringe Parálise laríngea Laringite granulomatosa Alongamento do palato mole Pólipos nasofaríngeos Neoplasia C.E. Abcessos, massas extrafaríngeos § Traqueia Hipoplasia (traqueia de diâmetro reduzido, por má formação congénita) Corpos Estranhos. Estricturas (após cirurgia) Colapso severo Granulomas, neoplasias 12 • Patologias intratorácicas (extrapulmonares) Efusão pleural Pneumotórax Neoplasias intratorácicas DIAGNÓSTICO O diagnóstico definitivo é feito com: • laringoscopia (visualização directa com um endoscópio ou laringoscópio) • radiologia laríngea (C.E. -agulhas-, massas) • biópsias Manifestações Clínicas de Desordens do Tracto Respiratório Inferior Tracto respiratório inferior = traqueia, brônquios, bronquíolos, interstício pulmonar. Cartilagens aritnoides Cordas vocais Figura 2: Imagem de uma laringoscopia onde se visualizam as cartilagens aritnoides e as cordas vocais 13 HISTÓRIA Sinais associados ao tracto respiratório inferior: - Intolerância ao exercício - Dificuldades respiratórias (dispneia) - Cianose - Síncope Sinais não específicos - Febre - Anorexia - Perda de peso - Depressão Tosse Definição: É o forçar da passagem do ar, de forma explosiva e súbita, através da glote e é induzida pela necessidade de expelir muco ou outras matérias dos brônquios, traqueia ou laringe. É desencadeada pela estimulação reflexa do centro da tosse devido a uma irritação dos receptores sensoriais da mucosa respiratória das vias respiratórias na região compreendida entre a laringe e os brônquios principais. É geralmente um reflexo protector para expelir material das vias aéreas, mas - inflamações - compressões vias aéreas tosse 14 Hemoptise - é a libertação de sangue através da tosse, com origem nos brônquios ou pulmões (ex: neoplasias; tuberculose; problemas de coagulação). Tosse emetizante - devido à proximidade dos centros da tosse e do vómito no bulbo, justifica que a excitação conduzida ao primeiro possa afectar o segundo, podendo provocar o aparecimento de vómito. HISTÓRIA # Não produtiva ou seca (“tosse de ganso”) normalmente com origem na traqueia ou brônquios surge em episódios pode originar esgar # Produtiva - expulsão de material (muco; exsudado; edema; sangue) com origem nas vias aéreas para a cavidade oral. Saber quando ocorre a tosse noite cardíaco excitação vias respiratórias largas A tosse pode ser classificada quanto ao TIMBRE (presença / ausência de exsudados): - gorda - com muita expectoração (normalmente origem respiratória) - semigorda - com pouca expectoração (normalmente origem respiratória) - seca - sem expectoração (origem respiratória ou extra-respiratória - compressão dos brônquios principais por dilatação do átrio esquerdo / neoplasias extra- pulmonares / neoplasias linfáticas) CAUSAS # Tosse não produtiva .inflamações 15 .infecções (“Tosse do canil”) .compressões traqueia/brônquios (massas; dilatação cardíaca - átrio esq. +++) .patologias pulmonares intersticiais (infiltrados eosinofílicos, granulomatose linfomatóide, neoplasias) # Tosse produtiva .inflamatória .infecciosas (bactérias; vírus e fungos) .insuficiência cardíaca (edema pulmonar) Importante - É muito pouco frequente gatos com as mesmas causas descritas atrás exibirem tosse. Em gatos que exibem tosse há uma grande suspeita para: * bronquite alérgica * parasitas pulmonares (Aelurostrongylus abstrusus) Nos gatos, a dispneia é o sinal indicador de patologia respiratória. Figura 3:Radiografia de tórax de um cão com uma marcada dilatação do átrio esquerdo (A.E. - linha a tracejado), por endocardiose, que provoca compressão dos brônquios principais (setas) levando ao aparecimento de tosse. A.E. 16 Dispneia Caracteriza-se por um padrão respiratório em há aumento: • da frequência respiratória • da profundidade de cada respiração Noinício do processo a dispneia pode só surgir após exercício, representando uma forma de intolerância ao exercício. Em processos mais avançados pode ser observada com o animal em repouso. Muitos animais com dispneia podem adoptar posições ortopneicas para respirar. DIAGNÓSTICO HISTÓRIA Aparecimento súbito Agravamento por algum factor (exercício por ex.) ou por calor ou excitação (no caso da síndrome das vias aéreas dos braquicéfalos) EXAME FÍSICO exame do fundo de olho (dçs. sistémicas - micoses sistémicas) exame cardiovascular (pode ser a causa de tosse) Figura 4: Animal com dificuldades respiratórias (pescoço e cabeça estendidos) 17 auscultação cardio-pulmonar ⇒ sibilos/crepitações ⇒ sopros ⇒ diminuição dos ruídos respiratórios de um ou ambos os lados do tórax pode ocorrer em - efusões pleurais - pneumotórax - hérnias diafragmáticas - massas COMPLEMENTARES PARA PATOL. DAS VIAS AÉREAS INFERIORES # RADIOGRAFIAS Cervicais - vias aéreas superiores Tórax - vias aéreas inferiores Mínimo 2 exposições - lateral dir./V.D. No pico da inspiração Traqueia Animais com colapso de traqueia podem revelar o colapso - na inspiração colapso traqueia cervical - na expiração colapso traqueia torácica Pulmões Avaliar padrões - vascular - bronquial - alveolar - intersticial 18 # ANGIOGRAFIAS Administração de um contraste i.v. para diagnóstico, p.ex. de um tromboembolismo pulmonar # EXAMES COPROLÓGICOS Exames a fresco Flutuação Técnica de Baermann # LAVAGENS TRAQUEAIS Transtraqueal Endotraqueal Amostras do tracto respiratório obtidas por uma destas técnicas devem ser rapidamente processadas (dentro de 30’) visto as cél.s serem muito frágeis. O material recolhido deve ser enviado para: - citologia - cultura e isolamento do agente e antibiograma 19 INTERPRETAÇÃO DE RESULTADOS DE LAVAGENS TRAQUEAIS Patologia Células Normal cél.s epiteliais respiratórias alguns macrófagos (s/ sinais de activação) algumas outras cél.s inflamatórias Infecções bacterianas aumento de neutrófilos (antes de A.B. - degenerados + bactérias) Respostas inflamatórias agudas neutrófilos são do tipo não degenerados (em alguns gatos com bronquite aguda) Inflamações crónicas aumento de macrófagos, muitos dos quais estão activados (vacuolados e c/ aumentos de citoplasma) pode estar presente uma componente neutrofílica com aumentos de outras cél.s inflamatórias Inflamação eosinofílica (respostas de hipersensibilidade) aumento dos eosinófilos (bronquite alérgica; infiltrados pulmonares com eosinófilos; parasitismo) Inflamação linfocítica em isolado é rara (inf. víricas; patologias inflamt. não infecciosas; neoplasias) Hemorragia verdadeira/ hemorragia na colheita (neoplasia; infecções micóticas; dirofilariose; tromboembolismo; C.E.; coagulopatias) presença de eritrofagocitose e de pigmentos de hemosiderina em macrófagos também pode estar presente uma resposta infl. crónica # BRONCOSCOPIA - Avaliação das vias aéreas superiores para . obstruções estruturais (colapso; massas; estricturas; C.E.; torção de um lóbo; bronquiectasia; compressões ext.) . inflamação da mucosa . hemorragia - Colheita de biópsias 20 - Realização de lavagens broncoalveolares cultura citologia Imagens de traqueobronscoscopia Traqueoscopia normal Broncoscopia normal Corpo estranho bronquico Bronquite crónica (hiperplasia da mucosa bronquial e estreitamento das vias) # CITOLOGIA/BIÓPSIA PULMONAR TRANSTORÁCICA Massas próximas à parede costal Patologias difusas do parênquima pulmonar não especificadas por outros testes # ANÁLISE DOS GASES SANGUÍNEOS • arterial 21 • venoso - pressão parcial de oxigénio (PaO2) - pressão parcial de dióxido de carbono (PaCO2) - bicarbonato (HCO3) - pH Figura 5:Colheita de sangue arterial (palpa- se a artéria com uma das mãos e introduz-se a agulha na perpendicular, entre os dedos que palpam a artéria) #ELECTROCARDIOGRAFIA Para diagnóstico de arritmias que possam produzir sinais de insuf. cardíaca #ECOCARDIOGRAFIA Para diagnóstico de patologias cardíacas que possam causar: - compressão das vias aéreas inferiores (ex.: endocardiose) - acúmulo de fluído no parênquima pulmonar (edema pulmonar) ou no espaço pleural, por insuficiência cardíaca (ex.: endocardiose; cardiomiopatia dilatada; patologias cardíacas congénitas; efusão pericárdica) Manifestações Clínicas de Patologia da Cavidade Pleural e Mediastino O mais frequente em cães e gatos é o acúmulo no espaço pleural de: 22 • fluído - EFUSÃO PLEURAL • ar - PNEUMOTÓRAX MUITO IMPORTANTE: O líquido pode acumular-se na cavidade torácica (bem como em qualquer outra cavidade, como o abdómen, o saco pericárdico ou ainda no próprio parênquima pulmonar) pelos seguintes 4 mecanismos genéricos: ¾ Diminuição da pressão oncótica (por perda do poder oncótico das proteínas plasmáticas/albumina) que pode ocorrer por: Perda renal (por patol. renais, como glomerulonefrites, p.ex.) Não produção hepática (por patol. hepáticas, como cirrose) Perda para o tubo digestivo por patologias deste aparelho ¾ Hipertensão vascular - por patologias cardiovasculares, como a insuficiência cardíaca ou hipertensão arterial ¾ Obstrução ao fluxo linfático ¾ Aumento da permeabilidade vascular SINAIS Resultam de interferência com a expansão do pulmão. Assim surgem dificuldades respiratórias caracterizadas por: - prolongamento da fase inspiratória - expiração curta e sem esforço - inspiração acompanhada por componente abdominal marcada EXAME FÍSICO À auscultação os ruídos respiratórios podem estar diminuídos Pode detectar-se pulso jugular, ritmos de galope ou sopros. No caso da presença de líquido no espaço pleural, a percussão do tórax pode revelar claramente uma linha de separação entre a porção mais dorsal 23 contendo ar (som mais claro) e a porção mais ventral contendo líquido (som mais maciço). É aconselhável fazer sempre uma TORACOCENTESE em animais suspeitos de efusão pleural ou pneumotórax por motivos: # diagnósticos - confirma/descarta acúmulo de ar/líquido - permite classificar o tipo de líquido acumulado # terapêuticos - diminui-se a pressão intratorácica e facilita-se a respiração ao animal afectado - permite estabilizar o paciente Figura 6: Toracocentese - Introduz-se a agulha no espaço intercostal, e quando se alcança o espaço pleural, desloca-se o conjunto seringa-agulha numa das seguinte direcções: cranial, caudal, ventral ou dorsalmente, tendo em atenção ao posicionamento do bisel da agulha (este deve estar sempre voltado para o pulmão!!). No canto inferior direito observa-se a técnica de realização de uma citologia aspirativa do pulmão. O liquido obtido deve ser SEMPRE analisado para . citologia (ter em atenção que as cél.s mesoteliais normais podem esfoliar da parede e têm características que podem facilmente ser confundidas c/ cél.s neoplásicas s/ o serem) 24 . eventual cultura/antibiograma (se séptico) A Classificação do fluído é feita com base: • quantificação do conteúdo proteico (refractómetro) • contagem celular total • contagem diferencial TIPOS DE FLUÍDO PLEURAL # Transudado - baixo conteúdo proteico (< 2,5 a 3 g/dl) - baixas contagens de células nucleadas (< 500 - 1000/µl) - o principal tipode cél.s são mononucleares (macrófagos, linfócitos; cél.s mesoteliais) # Transudado modificado com o tempo o líquido torna-se modificado com: - ligeiro aumento do conteúdo proteico (3,5 g/dl) - ligeiro aumento de cél.s nucleadas (5000/µl) - ligeiro aumento de neutrófilos Os transudados são causados por: ⇒ aumentos da pressão hidrostática − insuf. cardíaca direita − derrame pericárdico ⇒ diminuição da pressão oncótica − diminuição da produção hepática de albumina (hipoalbuminémia) − aumento da perda de albumina pelo rim/tractoG.I. ⇒ obstrução linfática 25 − neoplasia − hérnia diafragmática (trauma) # Exsudados - grande concentração de proteínas (> 3 g/dl) - grande número de células nucleadas (> 5000/µl) - o tipo de células difere se é séptico/não séptico Os exsudados subdividem-se em: • Não Sépticos - neutrófilos não degenerados (activados) - macrófagos (activados) - linfócitos - não há evidência de microorganismos (PIF; neoplasia; hérnia diafragmática crónica; torção de um lóbo pulmonar; após resolução de um exsudado séptico) • Sépticos - possuem grandes contagens de cél.s nucleadas - predominam neutrófilos degenerados - frequentemente observam-se bactérias no interior de neutrófilos e macrófagos bem como extracelularmente. Estes últimos são diagnósticos para PIOTÓRAX. O piotórax pode ser: - - espontâneo - secundário a: 26 o feridas penetrantes na cavidade torácica, no esófago, ou nas vias aéreas (C.E., praganas aspiradas); o extensão de uma pneumonia bacteriana # Quilo Apresenta-se com um aspecto leitoso, túrbido, devido à presença de quilomicrons provenientes da absorção intestinal. - possui moderadas concentrações de proteína (>2,5 g/dl) - o nº de cél.s nucleadas é baixo a moderado (400 a 10 000/µl) - no início predominam os linfócitos com poucos neutrófilos presentes - com o tempo aumenta o nº de neutrófilos não degenerados e diminui o nº de linfócitos, os macrófagos também aumentam de nº Para diferenciar quilo de pseudoquilo fazer • Prova de Solubilidade do Éter - Adicionar bicarbonato de Na+ ao fluído pleural até este atingir um pH alcalino. - Adicionar volume igual de éter Se for quilo, o fluído torna-se claro • Medir as concentrações de colesterol e triglicéridos no fluído pleural e no soro (método mais preciso). O quilo é mais rico em triglicéridos do que o soro e tem uma relação colesterol:triglicéridos < 1 O quilo pode resultar de fugas a partir do conducto torácico que podem ser: - idiopáticas - congénitas (galgo Afgão) 27 - secundárias - trauma (cirúrgico; acidente rodoviário) - neoplasia (linfoma mediastínico, timoma - gatos) - cardiomiopatia - dirofilariose # Efusão Hemorrágica (hemotórax) Macroscopicamente são de cor vermelha - possuem conteúdo proteico > 3 g/dl - contagens cél.s nucleadas 1000/µl - a distribuição dos vários tipos de cél.s é similar à do sangue periférico - com o tempo aumenta o nº de neutrófilos e macrófagos e pode ser visível eritrofagocitose Pode resultar de: - trauma - distúrbios de coagulação (intoxicação por raticidas e outras alterações da coagulação) - neoplasia (hemangiosarcoma do coração/pulmão) - torção de um lóbo pulmonar # Pneumotórax É o acúmulo de ar no espaço pleural secundário a - ruptura do pulmão ou vias respiratórias - perfuração do tórax As causa poderão ser: . trauma . lesões cavitárias ou quísticas do pulmão . neoplasias . abcessos 28 COMPLEMENTARES (para distúrbios da cavidade pleural) .Hemograma (causas sépticas - piotórax; avaliar anemia - hemotórax) .Plaquetas (diminuição das contagens) .Provas de coagulação (tempo de protrombina - PT; tempo parcial de tromboplastina activada - APTT) .Bioquímica sérica (diminuição da concentração de proteínas plasmáticas e/ou albumina - por patologia renal ou hepática ou por perda para o lúmen do aparelho digestivo) .Radiografias - permite constatar presença de derrame/pneumotórax/massas .Ecografia - diferencia fluído de massa .Electrocardiografia (para diagnóstico de arritmias que possam produzir derrame pleural por insuf. cardíaca) .Ecocardiografia (para diagnóstico de patologias cardíacas que possam causar acúmulo de fluído no espaço pleural, por insuficiência cardíaca - ex.: endocardiose; cardiomiopatia dilatada; patologias cardíacas congénitas; efusão pericárdica) MASSAS MEDIASTÍNICAS Podem causar dispneia/dificuldades respiratórias por: - compressão do tecido pulmonar - compressão das vias aéreas inferiores - presença de derrame pleural associado As neoplasias estão como principal diagnóstico diferencial - Linfoma (gatos) - Timoma - Carcinoma da tiróide - Quemodectoma Em gatos podem ser palpadas por compressão ligeira do tórax anterior. 29 DIAGNÓSTICO - Radiografias - Citologia aspirativa da massa ou eventual derrame presente - Teste FIV/FeLV (a massa torácica mais comum em gatos é o linfoma mediastínico que ocorre frequentemente em gatos FeLV positivos - é um vírus oncogénico)
Compartilhar