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CARBOIDRATOS PROF. ESP. THATIANA SCHIFFLER 1 Carboidratos Principal fonte de energia rápida para o homem e a maioria dos povos. Ocorrem naturalmente como açúcar, presentes na dieta como amido e celulose Composto por carbono, hidrogênio e oxigênio e água. São os componentes mais abundantes e amplamente distribuídos entre os alimentos. 2 Carboidratos ENERGÉTICA: são os principais produtores de energia; ESTRUTURAL: a parede celular dos vegetais é constituída por um carboidrato que é a celulose, os insetos contém a quitina e as células animais possuem uma série de carboidratos circulando na membrana plasmática; RESERVA ENERGÉTICA: essa reserva pode se encontrar nos vegetais (amido), nos animais (glicogênio). 3 Carboidratos - funções 1. Nutricional; 2. Adoçantes naturais; 3. Matéria-prima para produtos fermentados; 4. Principal ingrediente dos cereais; 5. Responsáveis pela reação de escurecimento em muitos alimentos. 4 Carboidratos Os carboidratos simples são o açúcar branco, farinha branca, arroz branco e os alimentos feitos com estes, como o pão branco, massas; tem índice glicêmico alto, por isso há liberação muito rápida da glicose para o sangue. Os carboidratos complexos são os que contêm fibras, como os cereais integrais, feijões, milho, arroz integral, pão integral, lentilhas, verduras, frutas; tem índice glicêmico baixo, portanto de liberação lenta da glicose. Formam o grupo dos alimentos saudáveis. 5 Carboidratos Estão divididos em 3 classes de acordo com seu tamanho: • Carboidratos simples: • Monossacarídeos • Oligossacarídeos (dissacarídeos e trissacarídeos) • Carboidratos complexos: • Polissacarídeos 6 Carboidratos Monossacarídeos - (mono ‘um’ e sacarídeo ‘açúcar’) • Glicose; Frutose; Galactose Dissacarídeos - formados por dois monossacarídeos • Maltose; Sacarose; Lactose Oligossacarídeos - (oligo ‘poucos’) • Rafinose; Estaquinose Polissacarídeos – (poli ‘muitos’) • Amido; Glicogênio 7 Monossacarídeos Os monossacarídeos têm normalmente a fórmula Cn(H2O)n, onde n geralmente varia de 3 a 7. Assim, nos monossacarídeos existe a proporção de um carbono para dois hidrogênio e para um oxigênio. Eles são classificados de acordo com o número de átomos de carbono. • n = 3 Trioses n = 4 Tetroses n = 5 Pentoses n = 6 Hexoses n = 7 Heptoses Os monossacarídeos mais frequentes nos organismos são as pentoses (5C) e as hexoses (6C). Não podem ser hidrolisados a compostos mais simples. 8 Monossacarídeos de importância biológica 9 Pentose Função Ribose Participa da produção do ácido ribonucléico (RNA) atuando como matéria-prima. Desoxirribose Participa da produção do ácido desoxirribonucléico (DNA) atuando como matéria-prima. Hexose Função Glicose É a principal fonte de energia para os seres vivos, mais usada na obtenção de energia. É fabricada pelos vegetais na fotossíntese e utilizada por todos os outros seres vivos na alimentação. Frutose Possui função energética Galactose Possui função energética. Participa da composição de monossacarídeos da lactose. Oligossacarídeos Oligossacarídeos são carboidratos que, por hidrólise, originam dois ou três monossacarídeos: • Dissacarídeos: Quando, por hidrólise, produzem dois monossacarídeos. Por exemplo: • Sacarose + H2O → glicose+ frutose • Trissacarídeos: Quando, por hidrólise, produzem três monossacarídeos. Por exemplo: • Rafinose + 2 H2O → glicose + frutose + galactose 10 Dissacarídeos Os dissacarídeos como a Maltose, a Lactose e a Sacarose são constituídos por dois monossacarídeos unidos por uma ligação glicosídica. Principais dissacarídeos: • Maltose: glicose + glicose • Lactose: glicose + galactose • Sacarose: frutose + glicose São hidrossolúveis e bem doces. 11 Dissacarídeos Lactose: presente no leite; suas moléculas são formadas pela combinação de uma molécula de glicose com outra de galactose. Maltose: está presente no malte; utilizada na produção de algumas bebidas alcoólicas, como a cerveja e o uísque. Sacarose: encontrado em muitos vegetais e suco de fruta, cada uma de suas molécula é formada pela a união de uma molécula de glicose e outra de frutose*Curiosidade: No Brasil, a produção é feita a partir da Garapa, o caldo obtido pela moagem da cana-de-açúcar. Em muitos países, a sacarose é fabricada a partir da Beterraba. 12 Propriedades Funcionais de Mono e Oligossacarídeos em Alimentos LIGAÇÃO COM ÁGUA • Principal propriedade → ligação com água → hidroxilas capazes de fazer pontes de hidrogênio com a água. HIGROSCOPICIDADE • Absorver água do ar atmosférico. • Alta higroscopicidade da frutose → característica pegajosa em alimentos. UMECTÂNCIA • Controlar atividade de água → devido à capacidade de ligar água. • Método utilizado na produção de doces, geléias → reduzir Aw e aumentar a vida de prateleira. • Sacarose e açúcar invertido. 13 Propriedades Funcionais de Mono e Oligossacarídeos em Alimentos TEXTURIZAÇÃO • Texturizantes → afetam a textura do alimento. • Soluções supersaturadas → consistência sólida e transparente ou podem cristalizar. LIGAÇÕES COM FLAVORIZANTES • Reter compostos voláteis e pigmentos naturais → processo de secagem. 14 Propriedades Funcionais de Mono e Oligossacarídeos em Alimentos DOÇURA • Mono e dissacarídeos → alto poder de doçura • Padrão da doçura → sacarose → valor de doçura = 100 • Quanto maior o número de monossacarídeos nos oligossacarídeos → menor a doçura 15 Açúcar Doçura em solução Frutose 100 – 175 Sacarose 100 Glicose 80 Galactose 27 Lactose 48 Rafinose 23 Açúcar redutor Os açúcares redutores: sofrem oxidação(doam elétrons). Açúcares não redutores (como a sacarose) tornam-se redutores a partir do momento em que sofrem hidrólise(quebra). Ex: todos os monossacarídeos são redutores 16 Açúcar reduzido e açúcar invertido Quando o açúcar invertido sofre hidrólise por ácidos diluídos ou pela ação da enzima invertase, libera a glicose e a frutose e passa a ser denominados açucares invertidos. Esses possuem maior poder adoçante e não formam cristais. Mas a principal desvantagem é o alto risco de contaminação e são muito usados na falsificação do mel. 17 Açúcar invertido O açúcar invertido é um ingrediente utilizado pela indústria alimentícia e consiste em um xarope quimicamente produzido a partir do açúcar comum, a sacarose. É usado principalmente na fabricação de balas, doces e sorvetes, para evitar que o açúcar cristalize e dê ao produto final uma desagradável consistência arenosa. Além de conferir textura adequada aos produtos em que é utilizado como matéria prima, o açúcar invertido também auxilia na formação de cor e de aroma, através da chamada Reação de Maillard ou escurecimento não enzimático. 18 Açúcar invertido O termo invertido decorre de uma característica física da sacarose, que se altera durante o processo de hidrólise. É obtida por ação de ácido fraco, calor ou enzima. O açúcar se torna emoliente, isto é, retém água da umidade do ambiente e diminuem o tamanho dos cristais formados no resfriamento, tendo uma preparação menos endurecida. Uma substância natural com características semelhantes ao açúcar invertido industrialmente produzido é o mel de abelhas. As abelhas secretam a enzima invertase, que transforma grande parte da sacarose contida no néctar proveniente dos vegetais em glicose e frutose. 19 Polissacarídeos Maioria dos carboidratos na natureza ocorrem como polissacarídeos – polímeros de alto peso molecular. Funções: • Estrutura de paredes celulares • Reservas metabólicas de plantas e de animais • Controlama atividade de água do sistema • Poder de formar gel • Agentes espessantes ou estabilizantes 20 Polissacarídeos Amido: é uma longa molécula formada pela união de muitas moléculas de glicose; representada pela formula (C6H10O5)n e não possui sabor doce. Glicogênio: excedente de glicose que passa para o sangue após uma refeição e não permanece nele – caso contrário, o individuo entraria em hiperglicemia. Esse excedente é armazenado nos músculos e no fígado. Celulose: um importante material estrutural que forma a parede das células vegetais. Estima-se que cerca de 50% da matéria orgânica existente em nosso planeta corresponde à celulose. Não é digerida pelo organismo humano. 21 Propriedades funcionais do amido Espessante: poder de aumentar a viscosidade de um alimento. Geleificante: • Confere textura através de formação de um gel. • Seqüência de eventos irreversíveis que ocorre quando o amido é aquecido em água 22 Retrogradação Processo irreversível através da formação de pontes de H durante o resfriamento e armazenagem da pasta de amido gelatinizado. Com isso há uma diminuição de volume e expulsão de água ligada às moléculas. Depende: • Tipo de amido • Procedimento de cozimento e resfriamento Fatores que retardam a retrogradação: • Adição de Sais e Lipídios 23 Amidos modificados A grande demanda por alimentos diferenciados e a constante mudança nos hábitos alimentares, que tendem à utilização de alimentos de preparo rápido, exigem da indústria alimentícia a atenção para a formulação de novos produtos. Com isso, o amido passa a sofrer mudanças de natureza química ou física, originando o amido modificado. Para a legislação brasileira, o amido modificado quimicamente não é considerado aditivo alimentar e sim ingrediente, devendo ser mencionado na lista de ingredientes. 24 Amidos modificados DEXTRINIZAÇÃO: • Envolve a quebra do amido com redução do peso molecular. • Características: • São mais solúveis do que os amidos • Gelatinizam a temperatura mais baixa • Soluções menos viscosas, usadas em balas de gomas e confeitos. OXIDAÇÃO: • Oxidação branda de amidos, com hipoclorito de sódio. • Reduz a temperatura de gelatinização. • Emprego: molhos e maionese. 25 Amidos modificados POLVILHO AZEDO: • Produto amiláceo acidificado, produzido por fermentação e secagem ao sol. Fécula é o polvilho doce. • Temperatura de geleificação inferior à da fécula de mandioca. • É o amido modificado mais utilizado. PRÉ GELATINIZAÇÃO: • O amido pós hidratação é gelatinizado e seco. • O produto resultante é dispersável em água fria e forma géis, de consistência menor que o amido natural, sem aquecimento. • Emprego: cremes, sobremesas instantâneas, produtos de panificação e confeitaria, sagu. 26 Outros polissacarídeos PECTINA: • Forma o material estrutural das paredes celulares dos vegetais. • As frutas cítricas e as maçãs são as mais ricas fontes de pectina. O poder geleificante da pectina é usado na produção de alimentos, como as geléias de frutas. GOMAS: • Qualquer polissacarídeo solúvel em água. • Extração: vegetais terrestres, marinhos, microrganismos, colágeno animal. • Propriedades: Aumentam a viscosidade - formação de géis por se dissolverem rapidamente. • Arábica; Tragacante; Agar 27 Reações químicas dos carboidratos HIDRÓLISE • A hidrólise de monossacarídeos, oligossacarídeos e polissacarídeos é influenciada por: pH, temperatura, configuração geométrica. Os carboidratos podem ser hidrolisados por enzimas • Enzima invertase → açúcar invertido → sabor mais doce que a sacarose → não cristaliza → preparação de balas, sorvetes e refrigerantes REAÇÃO DE DESIDRATAÇÃO • Eliminação de três moléculas de água • Ocorre em meio ácido sob aquecimento • Produz aromas pronunciados e sabores desejáveis ou indesejáveis REAÇÕES DE ESCURECIMENTO: • Caramelização; • Reação de Maillard. 28 Reação de Maillard e Caramelização 29 Definições Reação de Maillard é uma reação química entre um aminoácido ou proteína e um carboidrato reduzido, obtendo-se produtos que dão sabor, odor e cor aos alimentos. O aspecto dourado dos alimentos após assado é o resultado desta reação de Maillard (escurecimento não enzimático). Flavor é uma sensação fisiológica da interação do paladar e olfato 30 A coloração marrom da carne assada é gerada pela reação de Maillard Definições Caramelização é um tipo de "escurecimento não enzimático", assim como a Reação de Maillard. Se dá pela degradação de açúcares em ausência de aminoácidos ou proteínas e pode ocorrer tanto em meio ácido quanto em meio básico. Envolve temperaturas elevadas e tem como produtos finais compostos escuros de composição química complexa. Envolve várias reações: hidrólise, degradação, eliminação e condensação. 31 definições 32 Reações com carboidratos Nas duas transformações, os produtos de degradação formam compostos de coloração escura, que recebem o nome de melanoidinas (pigmentos amarelos a castanhos). Na reação de Maillard formam-se produtos voláteis responsáveis pelo cheiro característico. Caramelo - resultante da reação de caramelização – empregado em larga escala nos alimentos. 33 Reações com carboidratos 34 História Louis Camille Maillard (4 de fevereiro de 1878 - 12 de maio de 1936) foi um médico e químico francês, e sua descoberta, que leva o seu nome. 35 Reação de Maillard Também Chamada de “Escurecimento não enzimático” Considerada de 2 modos: • Útil – quando os produtos da reação tornam o alimento mais aceitável – pela cor e sabor produzidos • Prejudicial – Quando os produtos resultantes da reação de Maillard, o sabor e cor do alimento não são aceitáveis. Nessa reação podem ocorrer perdas de proteínas utilizáveis pelo homem. • Crosta de pão e café torrado - Reações desejáveis • Alterações no leite e sucos vegetais – alteração de sabor e cor – Reações indesejáveis 36 Reação de Maillard Parte final da Reação de Maillard • Perda de aminoácidos essenciais e valor nutritivo (quando muito intensos). • Também chamado de Reação de Strecker. • Produzem sabores adversos e substâncias tóxicas que podem contribuir para a formação de NITROSAMINAS (compostos cancerígenos). 37 Caramelização Caramelo – produto escuro formado pelo aquecimento de açúcares com ou sem a presença de água. A temperatura inicial provoca quebra das ligações glicosídicas. Na preparação do caramelo a temperatura não deve ultrapassar a 200C. Caso elevar, o sabor vai ficando amargo. 38 Caramelização Importante para a produção de corantes e aromatizantes. Usado como corantes de bebidas, confeitaria. • Ex.: 80% do uso é na América do Norte. Usado em bebidas não alcoólicas. • Europa: setor de bebidas, molhos e sopas. • Ásia: molhos à base de soja. • Brasil: setor de bebidas. Produtos: • Melaço: líquido do resíduo da fabricação do açúcar cristalizado (amarelo castanho) • Melado: Líquido xaroposo da evaporação do caldo de cana (cor amarela âmbar) • Rapadura: sólido obtido por concentração a quente do caldo de cana (castanho) 39 Carboidratos em tabela de composição dos alimentos Normalmente para a composição centesimal dos alimentos os carboidratos são analisados por diferença (NIFEXT): O conteúdo de carboidratos tem sido dado pela diferença, isto é, a porcentagem de água, proteína, gordura e cinza subtraída de 100. Carboidrato total = 100 - (proteína + umidade + cinzas + gordura) • Ou Carboidratos = 100 - (proteína + umidade + cinzas + gordura + fibras) • Ou Carboidratos complexos = carboidrato total - açúcares - fibras 40 Tabela de conteúdode carboidrato em alimentos 41 Frutas 6%-12% De sacarose Milho e batata 15% De amido Trigo 60% De amido Farinha de trigo 70% De amido Condimentos 9%-39% De açúcares redutores Açúcar branco comercial 99,5% De sacarose Açúcar de milho 87,5% De glicose Mel 75% De açúcares redutores Determinação de carboidratos em alimentos Os testes qualitativos para açúcares estão baseados no seguinte: • Reações coloridas provenientes da condensação de produtos de degradação dos açúcares em ácidos fortes com vários compostos orgânicos; • Medição dos compostos. 42 Determinação de carboidratos em alimentos Entre os métodos quantitativos disponíveis para determinação de açúcares totais de açúcares redutores, os mais utilizados em alimentos são: • Munson-Walker: método gravimétrico baseado na redução de cobre pelos grupos redutores dos açúcares; • Lane-Eynon: método titulométrico também baseado na redução de cobre pelos grupos redutores dos açúcares • Somogy: método microtitulométrico baseado também na redução do cobre. • Métodos cromatográficos: papel, camada delgada, coluna, gasosa e cromatografia líquida de alta eficiência • Métodos óticos: Refratometria, Polarimetria, Densimetria 43
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