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2017 Direito do Consumidor Arq 1

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PROF. DANIEL MARTINS VAZ
Direito do Consumidor
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Aspectos introdutórios
Século XX – século dos novos direitos
Surgimento de novos ramos: Direito Ambiental, Biodireito, Direito Espacial, Direito da Comunicação, Direito do Consumidor, etc.
Necessidade de satisfação de uma sociedade em mudança
Desenvolvimento econômico e científico do século XX
Profundas transformações sociais, econômicas e políticas do mundo contemporâneo
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O consumo enquanto elemento da condição humana
O consumo trata-se de uma necessidade biológica de qualquer criatura viva
A condição humana cria um ecossistema artificial de coisas e desejos
Para Zygmunt Bauman:
“A sociedade de consumo apresenta-se como um modo peculiar pelo qual os membros de uma sociedade, de forma consciente ou inconsciente, avaliam coisas ou atos capazes de excitar, repelir, estimular, seus comportamentos sociais”.
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“Adão e Eva”, de Lucas Cranach
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Surgimento da proteção jurídica do Consumidor
Na Babilônia, na Índia e na Grécia Antiga já existiam normas direcionadas para as relações de consumo
Na Antiguidade, identificam-se preocupações características com segurança, qualidade, garantia e prevenção de danos nas relações de consumo em geral
Posteriormente, na Idade Média, surgem penas rigorosas para quem alterar produtos, como manteiga e vinho
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Origem do Direito do Consumidor
A Revolução Industrial
Produção em massa
Advento de novos mecanismos de distribuição
Surgimento de novos instrumentos jurídicos (contratos coletivos, contratos de massa por adesão)
Desenvolvimento tecnológico e científico
Produção em série - benefícios e riscos
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Casos paradigmáticos
Talidomida Contergam (1958-1962)
Usado por gestantes
Provocou deformidade em milhares de nascituros
Particular incidência na Alemanha e na Inglaterra
Retirado do mercado
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MER-29 (1960-1962)
Medicamento anticolesterol
Provocou graves defeitos visuais em mais de cinco mil pessoas
Alguns pacientes ficaram cegos
Retirado do mercado
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Salk
Vacina contra a poliomielite
Apresentou defeito de concepção
Provocou a doença em centenas de crianças na Califórnia
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Morhange
Talco
Em 1972, causou intoxicação em centenas de crianças na França
Defeito de concepção
Algumas crianças faleceram
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Movimentos pró-consumidor
Os primeiros movimentos ocorreram em países como França, Alemanha, Reino Unido e, principalmente, nos Estados Unidos
Ocorreram entre o final do século XIX e o início do século XX
Criação da “New York Consumers League”, que elaborou as famosas “listas brancas”
Em 1899 surgiu a “Liga Nacional dos Consumidores”, que reuniu associações de Nova York, Boston, Chicago e Filadéfia
Em 1906, Upton Sinclair publica o romance “A Selva” e o Presidente Roosevelt é responsável pela primeira lei de alimentação e medicamentos e por uma lei de inspeção da carne
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A mensagem de Kennedy
Responsável pelo marco inicial de um novo direito
Em 15 de março de 1962, encaminhou Mensagem Especial ao Congresso dos Estados Unidos acerca da Proteção dos Interesses dos Consumidores, em que afirmou:
 “Consumidores, por definição, somos todos nós. Os consumidores são o maior grupo econômico na economia, afetando e sendo afetado por quase todas as decisões econômicas, públicas e privadas [...]. Mas são o único grupo importante da economia não eficazmente organizado e cujos posicionamentos quase nunca são ouvidos.”
Defendeu que os consumidores deveriam ser considerados nas decisões econômicas
Enumerou direitos básicos dos consumidores: à saúde, à segurança, à informação, à escolha e a serem ouvidos
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Atuação da Comissão de Direitos Humanos da ONU
Na 29ª sessão, que se realizou em Genebra – 1973 -, reconheceu direitos básicos ao consumidor, designadamente:
a) segurança;
b) integridade física;
c) intimidade;
d) honra;
e) informação;
f) respeito à dignidade humana.
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Avanços na Europa
Em 1973, a Assembleia Consultiva do Conselho da Europa, pela Resolução nº 543, elaborou a Carta de Proteção do Consumidor
A Carta traçou diretrizes básicas para a prevenção e a reparação dos danos aos consumidores
Em 1975, surge a Resolução do Conselho da Comunidade Europeia que dividiu os direitos dos consumidores em cinco categorias:
a) proteção da saúde e segurança;
b) proteção dos interesses econômicos;
c) reparação dos prejuízos;
d) informação e educação;
e) representação (ser ouvido).
O segundo programa de proteção do consumidor foi instituído aos 18 de maio de 1981
A primeira Diretiva sobre a responsabilidade pelo fato do produto defeituoso surgiu em 25 de julho de 1985
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Resolução n. 39/248 da Assembleia Geral da ONU
Aprovada em 1985, adotou normas internacionais para a proteção do consumidor
Teve por finalidade oferecer diretrizes a fim de que os países as utilizassem na elaboração ou aperfeiçoamento das normas e legislações de proteção ao consumidor
Estava vocacionada para a cooperação internacional na matéria, destacando a participação dos governos na implantação de políticas de defesa dos consumidores
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Primeiras leis consumeristas
Leis francesas da década de setenta do século XX
Lei de 22/12/1973 (reflexão de sete dias após a realização da compra)
Lei de 27/12/1973 (proteção contra a publicidade enganosa);
Lei de 10/01/1978 (proteção contra os perigos do crédito e cláusulas abusivas)
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Movimentos consumeristas brasileiros
Em 1974, surge o Conselho de Defesa do Consumidor, no Rio de Janeiro
Em 1976, foi criada a Associação de Defesa e Orientação do Consumidor, em Curitiba
Em 1976, surge em Porto Alegre, a Associação de Proteção ao Consumidor
Em maio de 1976, o Governo de São Paulo cria o Sistema Estadual de Proteção ao Consumidor (incluindo um Conselho Estadual e um Grupo Executivo)
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Direito do Consumidor: finalidade
Em face do desequilíbrio ou desigualdade de forças entre produtores e distribuidores – por um lado – e consumidores – por outro lado -, visa-se:
a) Eliminar a injusta desigualdade entre o fornecedor e o consumidor;
b) Restabelecer o equilíbrio entre as partes nas relações de consumo.
A vulnerabilidade está na origem de um Direito do Consumidor
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Direito do Consumidor: conceito
Base conceitual:
Conjunto de princípios e regras destinados à proteção do consumidor
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Direitos difusos, coletivos e individuais homogêneos
(Artigo 81 do Código de Defesa do Consumidor)
Art. 81. A defesa dos interesses e direitos dos consumidores e das vítimas poderá ser exercida em juízo individualmente, ou a título coletivo.
Parágrafo único. A defesa coletiva será exercida quando se tratar de:
 I - interesses ou direitos difusos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível, de que sejam titulares pessoas indeterminadas e ligadas por circunstâncias de fato;
 II - interesses ou direitos coletivos, assim entendidos, para efeitos deste código, os transindividuais, de natureza indivisível de que seja titular grupo, categoria ou classe de pessoas ligadas entre si ou com a parte contrária por uma relação jurídica base;
 III - interesses ou direitos individuais homogêneos, assim entendidos os decorrentes de origem comum.
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Evolução da legislação de consumo no Brasil
Período inicial
Até finais dos anos 1970, as normas destinadas à tutela do consumidor brasileiro eram esparsas e pouco eficazes
 A Lei n. 1.521, de 26 de dezembro de1951, conhecida como Lei de Economia Popular, direcionada para os crimes contra a economia popular
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Nos anos sessenta do século XX, destacam-se:
a) A Lei Delegada nº 4, de 26 de setembro de 1962, que autoriza a União a intervir no domínio econômico para assegurar a livre distribuição de mercadorias e serviços essenciais ao consumo e uso do povo, podendo inclusive desapropriar produtos para distribuí-los aos consumidores;
 b) A Lei n. 4.137,
dela de dezembro de 1962, previa meios de repressão ao abuso do poder econômico. Foi revogada pela Lei n. 8.884, de 11 de junho de 1994, a chamada Lei Antitruste, que dispõe sobre a prevenção e a repressão às infrações contra a ordem econômica;
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c) A Lei da Reforma Bancária — Lei n. 4.495, de 31 de dezembro de 1964—, que trata da política monetária e das instituições bancárias e creditícias, que em alguns dispositivos reprime a prática de atos perniciosos à economia popular, tendo também criado o Conselho Monetário Nacional;
d) A Lei n. 4.728, de 14 de julho de 1965, que dispõe sobre o mercado de capitais, fixando limitações e punições às empresas contraventoras;
e) O Decreto-lei n. 422, de 20 de janeiro de 1969, em que foi criada pelo Governo Federal a Superintendência Nacional do Abastecimento — SUNAB
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Na década de oitenta do século XX, o principal órgão de proteção do consumidor era o Programa de Defesa do Consumidor, ligado ao Poder Executivo
Existiam outros órgãos federais, estaduais e regionais desprovidos de poder punitivo
Quadro de inexistência de um conjunto sistemático de leis destinado a ordenar e regular as relações de consumo
Os órgãos responsáveis desenvolviam atividade meramente consultiva e limitavam-se a encaminhar as queixas dos consumidores às Coordenadorias de Consumo do Ministério Público
Das queixas apresentadas, apenas algumas encontravam amparo na legislação, dando ensejo a procedimentos judiciais
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Conjugação de fatores:
a) Falta de legislação adequada e articulada;
b) Mentalidade individualista;
c) Ausência de projetos didáticos.
O consumidor encontrava-se desamparado
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Fase Intermediária
Com o crescimento do consumo, amplia-se também a consciência política dos consumidores quanto aos seus direitos
 Em 5 de maio de 1980 é instituído o Conar, com a função de impedir a propaganda fraudulenta e são instalados os sistemas estaduais de proteção ao consumidor, tais como o Procon de São Paulo, o Prodecon do Rio Grande do Sul e o Decon de Santa Catarina
Em 1984, surge o Juizado Especial de Pequenas Causas, com competência para julgar os litígios relativos à defesa do consumidor
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Em 1985, o Governo, por meio do Decreto nº 91,469, instituiu o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor — Condecon, vinculado ao Ministério Extraordinário da Desburocratização e, posteriormente ao Ministério da Justiça
Com a Lei n. 7.347, de 24 de julho de 1985, disciplina-se a ação civil pública de responsabilidade por danos causados ao consumidor, ao meio ambiente, aos bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico
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Advento do Código de Defesa do Consumidor
Em 1988, a Constituição Federal, inseriu os direitos do consumidor no rol dos direitos fundamentais, em art. 5º, inciso XXXII
O art. 48 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias determinava que o Congresso Nacional, dentro de cento e vinte dias da promulgação da Constituição, elaborasse um código para a defesa dos consumidores
Nesse quadro, o Congresso Nacional aprovou em 11 de setembro de 1990 a Lei n. 8.078, que institui o Código de Defesa do Consumidor
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Em virtude do Código, consolidou-se uma nova disciplina jurídica denominada Direito do Consumidor ou Direito das Relações de Consumo
O Código sofreu apenas alterações pontuais, que não alteraram a sua substância
O Poder Executivo regulamentou parcialmente o Código por meio do Decreto nº 407, de 30 de dezembro de 1991
Em 1997, foi elaborado o Regulamento completo do consumidor, contido no Decreto nº 2.181, de 21 de março de 1997

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