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Resumo de TÉCNICAS DE CIRURGIA BARIÁTRICA: Bypass gástrico (CAPELLA) Além da deficiência de cálcio e vitamina D, levando a doença óssea metabólica, os submetidos ao bypass gástrico têm absorção diminuída de ferro, vitamina B12, vitaminas lipossolúveis, tiamina e folato. Neuropatia periférica resultante de deficiência crônica de vitamina B12 pode ser reversível. Nos pacientes com anatomia em Y de Roux, é frequentemente impossível acessar a papila (ou anastomose bilioentérica/pancreatoentérica) usando o duodenoscópio-padrão devido à extensão de intestino que precisa ser percorrida. Portanto, esse procedimento não deve ser escolhido nos pacientes com coledocolitíase de repetição. Como a tiamina é absorvida no duodeno e jejuno proximal, deficiência pode ocorrer após 3 semanas do bypass gástrico. O beribéri é uma doença nutricional causada pela falta de vitamina B1 (tiamina) no organismo, resultando em fraqueza muscular, problemas gastrintestinais, problemas respiratórios e problemas cardiovasculares. Os sinais e sintomas incluem fraqueza muscular, perda de sensibilidade dos pés e mãos, dor, dificuldade para falar, vômito, confusão mental, movimentos involuntários dos olhos e paralisia. Casos severos podem evoluir para síndrome de Wernicke-Korsakoff, caracterizada por perda de memória, confusão mental, disfunção oculomotora e ataxia da marcha. Bypass gástrico em Y de Roux pode resultar em deficiência de vitamina B12 (cobalamina), sendo relativamente comum e ocorrendo em 1/3 ou mais dos pacientes. Neuropatia periférica resultando de deficiência crônica pode ser irreversível e deve ser prevenida. A melhora no controle metabólico do diabetes mellitus é frequentemente evidente com dias a semanas seguindo o, refletindo uma alteração no metabolismo independente da perda de peso. O Glucagon-Like Peptide 1 (GLP-1) tem sido implicado nesse mecanismo (GLP-1 e colecistocinina estão aumentados no bypass gástrico e podem promover um estado anorético. O GLP-1 exerce seu principal efeito por estimular a liberação de insulina glicose-dependente pelas ilhotas pancreáticas; também diminui o esvaziamento gástrico, inibe a liberação inapropriada de glucagon pós-refeição e reduz a ingesta de alimentos). Classificam-se as cirurgias bariátricas pelo mecanismo de funcionamento: - Cirurgias restritivas: Bandagem gástrica ajustável; Gastroplastia vertical com bandagem. - Cirurgias mistas: Predominantemente disabsortivas: * Derivação biliopancreática com gastrectomia horizontal, com ou sem preservação gástrica distal; * Derivação biliopancreática com gastrectomia vertical e preservação pilórica. - Predominantemente restritivas: Derivações gástricas em Y de Roux, com anel de contenção (Fobi-Capella) ou sem. Tj Máquina de escrever @TJMACELI Hérnia incisional na cirurgia bariátrica é descrita em 0 a 1,8% das laparoscopias e 24% nas laparotomias exploradoras. técnica predominante disabsortiva é: Os procedimentos disabsortivos diminuem a efetividade da absorção de nutrientes por diminuir a extensão do intestino delgado funcional, por meio de bypass da área de superfície absortiva ou derivação das secreções biliopancreáticas que facilitam a absorção. O bypass jejunoileal e a cirurgia duodenal switch são exemplos de cirurgias disabsortivas. A derivação biliopancreática (Scopinaro) é uma técnica de predomínio disabsortivo e consiste em uma gastrectomia parcial, com antrectomia; anastomose gastrojejunal e anastomose jejunojejunal da alça biliar, próximo ao íleo terminal. As situações a seguir configuram condições adversas à realização dos atuais procedimentos cirúrgicos para controle da obesidade: - Risco anestésico classificado como ASA IV; - Hipertensão portal com varizes esofagogástricas; - Limitação intelectual significativa em pacientes sem suporte familiar adequado; - Quadro de transtorno psiquiátrico atual não controlado, incluindo-se uso de álcool ou drogas ilícitas. A colelitíase se desenvolve em aproximadamente 38% dos submetidos a cirurgia bariátrica em 6 meses, com 41% tornando-se sintomáticos. A rápida perda de peso pode contribuir para o desenvolvimento de litíase por tornar a bile litogênica. A grelina é um hormônio peptídio secretado no intestino anterior (estômago e duodeno) que estimula a fase precoce do consumo das refeições. A liberação pulsátil desse hormônio orexígeno (produtor de apetite) parece estar inibida no bypass gástrico devido à sua configuração única do bypass do intestino anterior. A gastrectomia vertical consiste em uma gastrectomia parcial na qual a maior parte da grande curvatura gástrica é removida e é criado um estômago tubular, além de ser considerada procedimento restritivo. Os níveis de grelina diminuídos e os aumentados de PYY e GLP-1 (glucagon-like tipo 1) promovem menor apetite. A gastroplastia vertical de Manson é um procedimento puramente restritivo no qual a parte superior do estômago é dividida por uma linha grampeada vertical com saída estreitada por uma tela ou banda. Tem sido substituída por outros procedimentos pela ausência de perda de peso sustentada e alta evidência de complicações. Alto risco de morbidade perioperatória é notada em homens bariátricos, aqueles com IMC maior ou igual 50kg/m2, aqueles com síndrome dismetabólica e aqueles acima dos 65 anos. O dumping precoce é uma complicação pós-gastrectomia ou vagotomia, e os pacientes experimentam, logo após a alimentação (de 20 a 30 minutos), desconforto pós-prandial, que inclui náusea, vômito, diarreia e cólica, e sintomas vasomotores como sudorese, palpitações e flushing. A síndrome é atribuída ao rápido esvaziamento de quimo hiperosmolar (particularmente carboidratos) no intestino delgado. Todos os procedimentos cirúrgicos que envolvem vagotomia e/ou bypass ou ressecção do piloro apresentam o risco de desenvolver a síndrome dumping, porém a gastrectomia parcial com reconstrução à Billroth II apresenta o maior risco (em torno de 50%) A síndrome da alça aferente pode ocorrer nos submetidos à gastrojejunostomia. Obstrução parcial da alça de jejuno entre o ligamento de Treitz e a anastomose do estômago causa distensão intermitente do duodeno e jejuno proximal, levando a distensão abdominal superior e/ou epigástrio e dor. Rápido esvaziamento da alça intestinal no remanescente gástrico resulta em episódios de vômito bilioso seguido por alívio do desconforto. Após cirurgia gástrica, esvaziamento gástrico prejudicado pode se desenvolver como resultado de atonia pós-cirúrgica, desnervação vagal ou por um pequeno remanescente gástrico após ressecção cirúrgica. Os sintomas consistem em empachamento pós-prandial, seguido por vômitos de alimentos não digeridos, dor abdominal e perda de peso. perda de peso consequente à cirurgia bariátrica é associada a resolução ou melhora na apneia do sono, melhora ou remissão da hipertensão associada à obesidade, melhora nos sintomas da doença do refluxo gastroesofágico e redução na taxa de mortalidade. A redução de peso na cirurgia bariátrica é associada a melhora da dor no corpo, joelhos e quadris, mas não há reversão da doença articular degenerativa. As cirurgias bariátricas, independentemente da técnica a ser utilizada, estão indicadas nas situações relacionadas a seguir: - Com relação à massa corpórea: > IMC >40, independentemente da presença de comorbidades; > IMC entre 35 e 40, na presença de comorbidades; > IMC entre 30 e 35, na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação grave por um médico especialista na respectiva área da doença. Também é obrigatória a constatação de intratabilidade clínica da obesidade por um(a) endocrinologista. Recomendação:a equipe cirúrgica e a instituição hospitalar envolvidas devem manter registro de indicação especial por comorbidade grave nesses casos, anexando documento emitido por especialista na área respectiva da doença (cópia no prontuário médico e com o cirurgião). Com relação ao tempo da doença, a cirurgia bariátrica estará indicada se: apresentar IMC e comorbidades em faixa de risco há ao menos 2 anos e ter realizado tratamentos convencionais prévios e ter tido insucesso ou recidiva do peso, por meio de dados colhidos na história clínica. Essa exigência não se aplica em casos de IMC >50 e pacientes com IMC entre 35 e 50 com doenças de evolução progressiva ou risco elevado. No pós-operatório de gastroplastia redutora com derivação em Y de Roux, o parâmetro clínico mais relevante de uma eventual complicação intracavitária é a taquicardiaAs complicações da cirurgia da derivação gástrica em Y de Roux. São inúmeras complicações que podem ser apresentadas no pós-operatório e durante o procedimento. As complicações perioperatórias são sangramentos, lesões do trato gastrintestinal e acidentes com grampeador. Já no pós-operatório imediato, pode-se citar infecção da ferida operatória, seromas do tecido adiposo, deiscência de sutura, peritonite e embolia pulmonar. No entanto, no pós-operatório tardio aparecem hérnias incisionais, colecistite calculosa, anemia ferropriva, deficiência de vitaminas, síndrome de dumping, úlceras marginais, entre outras complicações. Esses pacientes devem receber cuidado adequado, sendo que o quadro clínico de taquicardia, taquipneia e febre são inespecíficos, mas podem nos alertar de possível complicação. As complicações da cirurgia bariátrica são muitas, sendo, de um modo didático, divididas em 3 fases: - Fase 1 (de 1 a 6 semanas): sangramento, afrouxamento das anastomoses, perfuração intestinal, infecções; - Fase 2 (de 7 a 12 semanas): vômitos prolongados, úlcera marginal, dumping; - Fase 3 (13 semanas a 2 anos): colelitíase, problemas psiquiátricos, aderências e formação de hérnias internas gerando obstrução, hérnia incisional.
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