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TERAPIA PERIODONTAL NÃO CIRÚRGICA TERAPIA INICIAL E TRATAMENTO ADJUNTO PROF. M A RCELO COESSEN S CLASSIFICAÇÃO DAS DOENÇAS PERIODONTAIS PERIOGRAMA Protocolos de tratamento Quanto aos protocolos, a seguir, estão descritos aqueles a respeito dos quais já há resultados publicados: • Full mouth disinfection (desinfecção de boca toda) – protocolo que preconiza a raspagem e o alisamento radicular supra e subgengival conjuntamente de toda a boca em um intervalo de até 2 dias. A instrumentação é finalizada com irrigação subgengival com substâncias antissépticas – especialmente digluconato de clorexidina. • Full mouth debridement (raspagem de boca toda) – protocolo que preconiza a raspagem e o alisamento radicular supra e subgengival também ao mesmo tempo. Este protocolo, no entanto, apesar de recomendar um período de até 2 dias para a intervenção, não utiliza solução irrigadora. • Quadrant-wise disinfection (raspagem por quadrante)– protocolo que preconiza a raspagem e o alisamento radicular por quadrantes, tanto para a abordagem supra como subgengival, sem intervalo de tempo predefinido. É a terapia comumente realizada. Oppermann, 2013 De fato, existem poucos benefícios adicionais das terapias de fullmouth sobre as de quadrant-wise com respeito aos resultados terapêuticos, e, quando existem, manifestam-se apenas nos primeiros meses. Longitudinalmente, os resultados e sua manutenção são semelhantes. Além disso, ao considerar que o tratamento de uma doença crônica tem seus resultados estabelecidos por meio de uma mudança de comportamento, pode- se sugerir que o tempo de terapia, em si, não seja fundamental, mas sim o comportamento do indivíduo com os autocuidados e a adesão às recomendações profissionais. Opermann, 2013 ‘O objetivo principal do tratamento periodontal é reduzir a inflamação causada por bactérias, tornando possível, assim, que o sistema imune inicie a cicatrização. A determinação do plano de tratamento de um paciente gira em torno da análise do nível clínico de inserção (NCI).’ Harpenau et al, 2016 NCI é a distância medida da junção cemento-esmalte (JCE) à base da bolsa. Se o epitélio juncional (inserção epitelial) estiver localizado ao nível da JCE ou coronal a esta, não há perda de inserção. A observação de retração indica migração do epitélio juncional em direção apical, e a quantidade de retração deve ser adicionada à medida da profundidade de sondagem para fornecer a quantidade total de perda de inserção clínica. Um paciente que não exibe perda de inserção deve ser tratado com profilaxia oral, que inclui raspagem supra e subgengival e remoção dos depósitos de cálculo e biofilme. O uso de dispositivos ultrassônicos de raspagem também pode propiciar efetiva remoção de depósitos, particularmente nos casos de gengivite. Os pacientes com perda de inserção apresentam decisões de plano de tratamento mais complexas. Os clínicos não devem apenas medir a perda de inserção clínica, mas também avaliar a extensão da perda por toda a dentição. É generalizada ou localizada? Quão extensas são as perdas de inserção e óssea? São leves, moderadas ou avançadas? Os pacientes com perda de inserção e profundidade de sondagem generalizada de 1 a 3 mm sem inflamação periodontal estão saudáveis ou em remissão de doença. A saúde pode ser mantida com cuidados caseiros adequados. Pouco cálculo supra e subgengival é comum. Esse tipo de paciente pode exibir áreas localizadas de maiores profundidades de sondagem e, frequentemente, tem história de alisamento radicular. Em alguns casos, a perda de inserção resulta dos hábitos do paciente, de aparelhos mal adaptados, do uso inadequado de limpeza interdental ou de condições sistêmicas, em vez de doença periodontal inflamatória induzida por placa. Os pacientes nessa categoria estão em risco para recorrência de doença periodontal ativa e são mais bem atendidos quando recebem manutenção periodontal como tratamento. O objetivo da manutenção periodontal é a remoção de todos os depósitos de biofilme e de cálculo, que podem incluir áreas localizadas de alisamento radicular. Havendo perda de inserção, inflamação periodontal, profundidade de sondagem generalizada de 4 mm ou mais, juntamente com acúmulo de cálculo, realiza-se desbridamento radicular para restabelecer a saúde periodontal. Combinar a instrumentação ultrassônica e a manual da superfície das raízes geralmente propicia um tratamento bem-sucedido. Alisamento radicular em toda a boca, com remoção concomitante de cemento, não é mais recomendado como objetivo de tratamento, mas pode ser efetivo em áreas isoladas de irregularidades radiculares para alisar sua superfície. Aproximadamente 4 a 8 semanas após o alisamento radicular, é necessária reavaliação para determinar se a inflamação foi resolvida e se há melhora na profundidade de sondagem. Áreas em que não tenha havido resolução requerem debridamento adicional. Quando os resultados da consulta de re-avaliação mostram redução nas profundidades de sondagem e no sangramento à sondagem a um nível aceitável, significa resolução da inflamação e os intervalos de manutenção periodontal podem ser estabelecidos. A manutenção periodontal é essencial após todos os métodos de terapia periodontal. Uma recomendação frequente é para o paciente retornar em um intervalo de 3 meses para a visita de manutenção. Nessa consulta, os tecidos orais serão inspecionados para inflamação, as profundidades de sondagem e o sangramento à sondagem serão registrados e a eficácia do cuidado domiciliar será checada e revisada. Então, todos os depósitos moles e duros devem ser removidos, seguindo-se um polimento coronário seletivo. Por último, deve-se estabelecer o intervalo para a próxima consulta de manutenção periodontal. Existindo doença persistente, o paciente pode se beneficiar de outro curso de raspagem radicular em toda a boca ou localizada, seguida, novamente, por reavaliação. Quando a doença é avançada ou refratária ao tratamento periodontal, devem-se considerar cirurgia periodontal para reduzir profundidade de bolsa ou terapia regenerativa. Avaliação das condições sistêmicas potenciais, uso de antibióticos locais ou sistêmicos e tratamento de forças oclusais excessivas são fatores adicionais a se levar em conta quando a doença persistir. RASPAGEM PERIODONTAL MECANIZADA X RASPAGEM PERIODONTAL MANUAL A raspagem periodontal é um tratamento essencial para o controle da doença periodontal. Seja realizada pré- cirurgicamente ou como um tratamento isolado, a raspagem é o ponto de partida para a maioria dos planos de tratamento periodontais. Uma pesquisa demonstrou que a raspagem com ultrassom tem certas vantagens potenciais (melhor acesso a algumas áreas de furca e bolsas estreitas, efeito de enxágue de bolsas e menor tempo de trabalho) e, em alguns casos, é preferível em relação à instrumentação manual. Desvantagens potenciais da instrumentação ultrassônica podem incluir geração de aerossol contaminado, criação de campo eletromagnético (interferência com marca-passo cardíaco não protegido), reação de sensibilidade ao frio e perda do senso tátil. A escolha da modalidade de tratamento é uma decisão específica feita pelo clínico em cada caso. Estudos clínicos demonstram que melhora semelhante nos parâmetros clínicos (p. ex., diminuição da profundidade de sondagem, aumentos dos níveis clínicos de inserção e redução do sangramento à sondagem) pode ser obtida com instrumentaçãomanual e ultrassônica. Contudo, há certas vantagens e desvantagens na instrumentação ultrassônica. Portanto, a preferência do paciente deve ter papel principal no momento de determinar a maneira apropriada de instrumentação. Para pacientes que preferem o ultrassom à instrumentação manual, o procedimento pode ser completado apenas com raspagem ultrassônica, desde que se leve um tempo adequado para desbridar minuciosamente as superfícies radiculares expostas. A instrumentação manual, isoladamente, estaria indicada se a instrumentação ultrassônica estivesse médica ou odontologicamente contraindicada (marca- passo cardíaco não protegido; paciente com alto risco para infecção respiratória; criança jovem; implantes dentários, a menos que sejam utilizadas pontas apropriadas etc.). A instrumentação ultrassônica carrega maior risco de criação de aerossóis contaminados, assim como o uso da caneta de alta rotação. Os efeitos negativos da geração de aerossol podem ser reduzidos com a utilização de enxaguatório antimicrobiano antes do procedimento e de uma bomba de vácuo. Para pacientes sem predileção pelo ultrassom em comparação com instrumentos manuais (a maioria) e sem contraindicações médicas e odontológicas à raspagem com ultrassom, a abordagem combinada deve ser preferida. Os ultrassons podem oferecer vantagem em instrumentação profunda, bolsas estreitas e algumas furcas (p. ex., grau 2/3), usando pontas com desenhos contemporâneos com diâmetro menor e comprimento de trabalho mais longo. A terapia manual pode oferecer maior senso tátil para instrumentação e detecção de cáries. A perda de senso tátil com instrumentação ultrassônica pode ser minimizada com o uso cuidadoso de uma sonda exploradora para avaliação após a raspagem. Alguns pacientes preferem a instrumentação manual porque têm dentes sensíveis ao frio ou não toleram a vibração ou o som. Para esses pacientes, pode-se pensar em terapia com ultrassom para bolsas profundas, estreitas e para envolvimentos de furca de grau 1/3. A instrumentação manual deve ser usada em todos os outros pontos indicados. MANUTENÇÃO CASEIRA DA TERAPIA PERIODONTAL Além da entrevista, a American Academy of Periontology15 recomenda, em um programa de manutenção periódica preventiva, a realização de exames de reavaliação, execução de raspagem, alisamento e polimento coronorradicular supragengival, bem como raspagem e alisamento radiculares subgengivais – Opermann / Rosing (RASPAGEM SUBGENGIVAL) Em geral, a raspagem subgengival efetivamente reduz a população de microrganismos Gram- negativos e concomitantemente permite o aumento da população de cocos e bacilos Gram- positivos, usualmente associados com quadros de saúde gengival. Não obstante, ainda que a remoção do biofilme bacteriano seja o objetivo principal dos procedimentos de raspagem e alisamento subgengivais, é realizada também a remoção do cálculo aderido à superfície radicular. Embora tenha sido demonstrado que a cicatrização periodontal não é afetada pela presença de cálculo remanescente, a “lisura” radicular é o end-point desejado na terapia não cirúrgica. Sugere-se que uma adequada lisura superficial seja realizada para ser possível identificar se a causa da não remissão da doença é uma instrumentação mal realizada ou outros fatores, por exemplo, recolonização subgengival a partir de um inadequado controle supragengival, ausência de resposta devido à presenca̧ de fatores modificadores, ou possível lesão periodontal com envolvimento endodôntico.
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