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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) JUIZ (A) DE DIREITO DA XX VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CURITIBA/PR.
Processo Criminal nº 00000000
Autor: Ministério Público do Estado do Paraná
Denunciado: Jorge
JORGE, qualificado nos autos do processo em epígrafe, por seu advogado infra-assinado (procuração em anexo), vem, respeitosamente perante Vossa Excelência, com fundamento no art. 403, § 3º do Código de Processo Penal apresentar:
ALEGAÇÕES FINAIS NA FORMA DE MEMORIAIS
Pelas razões de fato e de direito a seguir apresentadas: 
I – DOS FATOS
A denúncia oferecida pelo Ministério Público, trata-se da suposta prática do crime de estupro de vulnerável, tendo em vista que a vítima tinha 13 (treze) anos de idade, no momento do ato sexual.
O acusado e a vítima se conheceram em um bar para adultos, e após conversas e trocas de beijos, decidiram ir para um local mais reservado onde mantiveram relação sexual oral e vaginal, de forma voluntária. O denunciado não perguntou a idade da vítima, presumindo que tivesse idade suficiente para prática do ato sexual, pelo fato de que não apresentava características de uma menina de 13 (treze) anos de idade e, por estar em um bar para adultos. 
O Ministério Público apresentou denúncia, por representação do pai da vítima, que ao saber do ocorrido, procurou a autoridade policial. Na denúncia a acusação alegou a prática por dois crimes de estupro previsto no art. 217-A, na forma do art. 69, ambos do Código Penal.
II – DO DIREITO
PRELIMINAR
A acusação apresentou denúncia com base no art. 217-A, tendo em vista a idade da vítima, na forma do art. 69, ambos do Código Penal, alegando que o crime foi praticado duas vezes, ocorrido sexo oral e vaginal.
Estupro de vulnerável 
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
Na audiência de instrução e julgamento o acusado afirmou que manteve relação sexual com a vítima, de forma espontânea e voluntária, porém não tinha ciência da idade da jovem, haja vista que ela não apresentava vestimenta compatível com uma menina da 13 (treze) anos e estava em local que só poderiam frequentar pessoas maiores de 18 (dezoito) anos.
No crime em destaque, não se discute o consentimento da vítima, uma vez que a intenção do tipo penal é proibir que alguém tenha conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menores 14 (quatorze) anos, bem como os mencionados no §1º do art. 217-A, do Código Penal.
Entretanto, como já mencionado, o acusado não tinha ciência da idade da vítima, e o tipo penal apresentado pela acusação, exige que o réu tenha conhecimento de que se trata de uma menor de 14 (quatorze) anos.
O autor Rogério Grecco� nos ensina:
No que diz respeito a idade da vítima, para que ocorra o delito em estudo, o agente, obrigatoriamente, deverá ter conhecimento de ser ela menor de 14 (catorze) anos, pois, caso contrário, poderá ser alegado o chamado erro de tipo, que dependendo do caso concreto, poderá conduzir até mesmo à atipicidade do fato, ou à sua desclassificação para o delito de estupro, tipificado no art. 213 do Código Penal.
Tendo em vista que o denunciado não tinha conhecimento da idade da vítima, e tendo ele acreditado que havia praticado ato sexual com uma jovem maior de 14 (quatorze) anos, incide no caso a figura do erro de tipo essencial, tipificado no art. 20, caput do Código Penal.
Erro sobre elementos do tipo 
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
Desta forma, uma vez que não há previsão do crime de estupro de vulnerável na modalidade culposa, cabe então a absolvição do acusado, com base no art. 386, III, do Código de Processo Penal.
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
(…)
III - não constituir o fato infração penal;
O Tribunal de Justiça do Estado de Santa Catarina tem entendido desta forma:
 Apelação Criminal. CRIME CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL. ESTUPRO DE VULNERÁVEL (ART. 217-A, CAPUT, DO CÓDIGO PENAL). SENTENÇA DE IMPROCEDÊNCIA. RECURSO MINISTERIAL. PLEITO PELA CONDENAÇÃO. MATERIALIDADE DO FATO E AUTORIA DO DELITO DELINEADAS NOS AUTOS. NO ENTANTO, ERRO DE TIPO ESSENCIAL VENCÍVEL CONFIGURADO. AUSÊNCIA DE CONHECIMENTO ACERCA DA REAL IDADE DA VÍTIMA. COMPLEIÇÃO FÍSICA ROBUSTA E DESENVOLTURA ATÍPICA PARA A IDADE. NÃO SATISFAÇÃO DA LASCÍVIA OU BUSCA DE PROVEITO DA MENORIDADE DA OFENDIDA PARA TANTO. AUSÊNCIA DE SEQUELAS PSICOLÓGICAS OU ALTERAÇÃO DE COMPORTAMENTO. RELACIONAMENTO E CONVIVÊNCIA POSTERIOR CONSENTIDO PELOS RESPONSÁVEIS PELA VÍTIMA. AUSÊNCIA DE LESÃO AO BEM JURÍDICO TUTELADO. CONDUTA ATÍPICA. DOLO EXCLUÍDO. AUSÊNCIA DE PREVISÃO A TÍTULO DE CULPA. ABSOLVIÇÃO MANTIDA. RECURSO CONHECIDO E NÃO PROVIDO. (TJSC, Apelação Criminal n. 0002870-10.2012.8.24.0016, de Capinzal, rel. Des. Leopoldo Augusto Brüggemann, j. 07-03-2017).
SUBSIDIÁRIO
Se por ventura as teses supramencionadas não forem acolhidas, eventualmente, pleiteia-se: 
a) A DESCLASSIFICAÇÃO DO CONCURSO MATERIAL DE CRIMES
O Ministério Público, ao oferecer a denúncia, pediu a condenação do acusado pela prática de dois crimes previsto no art. 217-A, levando em consideração que o acusado e a vítima praticaram sexo oral e vaginal. 
No entanto, ainda que o caso em tela estivesse em conformidade com crime, não estariam sendo discutidos dois crimes, uma vez que a Lei n.º 12.015 de 2009, já reconheceu que a prática de sexo oral e vaginal no mesmo contexto, configura-se crime único;
b) O AFASTAMENTO DA AGRAVANTE DE EMBRIAGUEZ PREORDENADA
 
Uma vez que a acusação não apresentou provas de que, o acusado estava em tal estado ou que consumiu bebida alcoólica com o intuito de praticar o crime, não há fundamento para reconhecer a agravante. As testemunhas de acusação alegaram que não presenciaram o ocorrido, e, as testemunhas de defesa afirmaram que o denunciado não se encontrava em estado de embriaguez preordenada;
c) PENA BASE NO MINIMO LEGAL E APLICAÇÃO DO REGIME SEMIABERTO
Visto que o acusado é réu primário, de bons antecedentes, residência fixa, de boa conduta, que não teve intensão de se aproveitar da vítima por conta de sua idade, e por se tratar de crime único, é justo a aplicação da pena base no mínimo legal e a consequente fixação do regime semiaberto. Apesar de se tratar de crime hediondo, o STF declarou inconstitucional o art. 2º, §1º da lei 8.072/90 que determinava que o regime inicial deveria ser o fechado.
III – DO PEDIDO
Diante do exposto requer o querelante a Vossa Excelência:
Absolvição do acusado, com base no art. 386, III do Código de Processo Penal, por ausência de tipicidade;
Diante da condenação por forma subsidiária:
2) que seja desclassificado o concurso material de crimes, sendo reconhecida a existência de crime único;
3) que seja fixada a pena base no mínimo legal e afastada a agravante por embriaguez preordenada;
4) que seja fixado como regime inicial para o cumprimento da pena, o semiaberto, com base no art. 33, §2º, alínea “b” do Código Penal, e diante da inconstitucionalidade do art. 2º, §1º, da lei 8.072/90.
Nestes termos,
Pede o deferimento.
Local, 29 de abril de 2014.
____________________
Advogado/OAB
CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO
PETIÇÃO INICIAL: ALEGAÇÕES FINAIS 
SEMANA 4
Alunas: Sidiane Aparecida Padilha e Cristiane de Bastos Ferreira
Professor: Eduardo Largura
Matéria: Prática Simulada III (penal)
Florianópolis, 28 de agosto de 2017.
�	GRECO, Rogério. Curso de Direito Penal, v.3, p. 86.

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