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HORTALIÇAS E FRUTAS PAULA ALVES LEONI 1 HORTALIÇAS CONCEITO São vegetais, geralmente cultivados na horta, dos quais algumas partes são utilizadas como alimento em forma natural. De modo genérico corresponde as partes comestíveis das plantas: raízes, tubérculos, caules, folhas, flores, frutos e sementes. São vulgarmente conhecidas por verduras (parte comestível de cor verde); legumes (frutas e sementes das leguminosas); tubérculo e raízes (parte subterrânea das espécies); bulbos e talos. SENESCÊNCIA OU DETERIORAÇÃO Dependendo da classe do vegetal, existem diferenças de estrutura, tamanho e rigidez das células, portanto o tempo de vida útil são diferentes para cada tipo de vegetal. Vegetal coletado no campo cessa o abastecimento de nutrientes fase de senescência ou deterioração. Mudança estrutural mais importante: perda de textura. Reações enzimáticas naturais degradam as paredes celulares das plantas: celulase, pectinase, hemicelulase, proteinases e outras. Rompimento das células reações químicas oxidativas: perda do valor nutricional e ataque microbiológico. VALOR NUTRITIVO Varia de acordo com a parte da planta: Proteínas (1 a 3%) = quantidade menor que mostrada nas tabelas. Lipídios = assim como as proteínas, costumam aparecer em pequenas quantidades. Carboidratos (3 a 24%) = são encontrados nas formas de mono (frutose e glicose), di (sacarose e maltose), tetra (estaquiose), poli (amido – mais abundante). VALOR NUTRITIVO Fibras = parte do vegetal não digerida pelo homem = matéria-prima fecal, interferem na absorção de glicose e colesterol = pectina (mais importante na ciência dos alimentos), encontrada no fruto imaturo. Vitaminas lipossolúveis = A (carotenoides = β-caroteno = cenoura, vegetais verde escuro e amarelos); E (óleos vegetais); K = vegetais de folhas verdes, batata, tomate e a maioria dos frutos. Vitaminas hidrossolúveis = C ( maior perda = aquecimento dos alimentos; fontes mais importantes = frutos); Complexo B. Minerais = potássio, magnésio, sódio, cálcio, ferro, zinco, etc. = composição variada de acordo com o solo. FATORES ANTINUTRICIONAIS Ácido oxálico e ácido fítico: impedem a absorção de minerais como: cálcio, ferro, zinco e magnésio. Ácido oxálico = cenoura, couve-flor, espinafre e repolho. Àcido fítico = aipo, cebola e espinafre. Ácido cianídrico = encontrado na mandioca brava = veneno. A preparação da farinha faz com que o ácido se evapore. OUTROS COMPONENTES Ácidos orgânicos = responsáveis pelos sabores e aromas = málico, cítrico, tartárico, oxálico. Conteúdo varia de vegetal para vegetal e a quantidade diminui à medida que a maturação avança. Constituintes odoríferos = conferem odor e sabor = alisulfírico (cebola e alho), isotiocianato (mostarda), sinigrina (pode desdobrar-se pelo calor em alilamina e gás sulfídrico = repolho, couve-flor e brócolis) Enzimas = responsáveis pelas modificações que ocorrem nos vegetais: OUTROS COMPONENTES Enzimas que modificam os pigmentos = clorofilases, hidrolases, oxidases. Enzimas que agem sobre as vitaminas = ácido ascórbico oxidase, lipoxidase, tiaminase. Enzimas que atuam sobre a celulose = celulases. Enzima que age sobre o tanino = polifenol oxidase = provoca escurecimento enzimático em frutas e hostaliças que contém polifenóis em sua composição química. Enzimas que alteram a cor = peroxidases = o branqueamento inativa essas enzimas. Enzimas proteolíticas = papaína e bromelina. OUTROS COMPONENTES Pigmentos = fornece diversificação das cores. São eles: Clorofila (hortaliças verdes): Cocção em meio ácido = clorofila perde magnésio, transformando-se em feofitina de cor verde-oliva ou marrom = escurecimento enzimático = prejudica a aparência. Cocção em meio alcalino = intensifica a cor verde = bicarbonato de sódio = contra-indicado por destruir vitaminas hidro. OUTROS COMPONENTES Carotenóides (hortaliças amarelas, alaranjadas e vermelhas). Atuam como antioxidantes. Quimicamente podem ser: α e β caroteno = cenoura, abóbora e manga. Licopeno = tomate e melancia. Criptoxantinas e xantofilas = milho amarelo e mamão. Capsantina = pimentão vermelho. OUTROS COMPONENTES Betalaínas (coloração vermelha) = beterraba. Solúveis em água e destruídas em altas temperaturas. Flavonóides (hortaliças vermelho-arroxeadas) = podem variar de vermelho alaranjado do morango, ao roxo da uva e berinjela. Na presença de ácido tornam-se vermelho-escarlate, na presença alcalina modificam –se para um tom azul arroxeado. Flavonas e flavonoides (hortaliças brancas e branco-amareladas) = incolores. Em meio alcalino transforma-se em uma cor amarelada e escurece com cocção prolongada, na presença de ferro pode adquirir uma cor esverdeada (couve-flor). OUTROS COMPONENTES Taninos (coloração vermelho ao marrom) = responsáveis pela consistência e sabor. Sabor adstringente. Tomam coloração escura em meio alcalino e em contato com o oxigênio (escurecimento não enzimático). CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA Folhas = ricas em fibra, ferro, cálcio e pró-vitamina A, e pobres em calorias (média 20 Kcal/100g) = agrião, aipo, alface, almeirão, bertalha, couve, espinafre, repolho, salsa, serralha, taioba. Sementes = devem ser cozidas antes de servir = ervilha, vagem, milho verde. Tubérculos e raízes = em geral tem que ser submetidos à cocção = beterraba, cenoura, nabo, rabanete, aipim, batata e inhame. Bulbos = alho-poró, alho comum e cebola. CLASSIFICAÇÃO BOTÂNICA Flores = alcachofra, brócolis, couve-flor, flor de abóbora. Frutos = abacate, abóbora, berinjela, chuchu, fruta-pão, jiló, maxixe, melão, moranga, pepino, pimentão, pimenta, quiabo e tomate. Caules = acelga, aipo, aspargo, ruibarbo. Parasitas = champignon, funji, shitake, semeji. CLASSIFICAÇÃO QUANTO AO TEOR DE GLICÍDIOS Hortaliças do grupo A (cerca de 5% de glicídios) = abobrinha, acelga, agrião, aipo, alface, almeirão, berinjela, bertalha, brócolis, couve, couve-flor, espinafre, jiló, palmito, pepino, pimentão, rabanete, repolho, tomate. Hortaliças do grupo B (cerca de 10% de glicídios) = abóbora, beterraba, cenoura, chuchu, ervilha, fava, quiabo, vagem. Hortaliças do grupo C (cerca de 20% de glicídios) = aipim, batata salsa, batata inglesa, batata doce, inhame, milho verde. RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO No recebimento devem apresentar as seguintes características (decreto n° 25.544 de 14/03/1988): Frescas, sem defeito, folhas verdes, sem traço de descoloração. Grau de evolução completa do tamanho, aroma e cor própria da espécie e variedade. Intactas, firmes e bem desenvolvidas. Não danificadas por qualquer lesão física ou mecânica, sem ressecamentos, queimaduras, perfuração ou corte. Não estar sujas de terra. Não conter corpos estranhos aderentes à superfície. Isentas de umidade, odor pútrido ou fermentadas. Livres de resíduos de fertilizantes, da presença de bolor ou mucosidade. RECEBIMENTO E ARMAZENAMENTO Armazenamento: Sob refrigeração com temperatura variando de acordo com os vegetais: entre 4 e 16C e umidade relativa de 90%. PRÉ-PREPARO DE HORTALIÇAS A maior parte das hortaliças cresce junto ao solo e são contaminadas por terra, inseticidas e microorganismos; Hortaliças e frutas devem ser lavadas em água potável e escovadas (especialmente as que são consumidas cruas), lavando-se parte por parte, folha por folha e imersa em sanitizante; Limpar e sanitizar os equipamentos e utensílios utilizados no processamento (corte e moagem); Cloro: 300 ppm/ 15 min Hipoclorito de sódio a 2,5%: 10 ml em 1L de água/ 30 min. Remoção manual ou mecânica da casca; PRÉ-PREPARO DE HORTALIÇAS A maior parte das hortaliças cresce junto ao solo e são contaminadas por terra, inseticidas e microorganismos; Hortaliças e frutas devem ser lavadas em água potável e escovadas (especialmente as que são consumidas cruas), lavando-se parte por parte, folha por folha e imersa em sanitizante; Limpar e sanitizar os equipamentos e utensílios utilizados no processamento (corte e moagem); Cloro: 300 ppm/ 15 min Hipoclorito de sódio a 2,5%: 10 ml em 1L de água/ 30 min. Remoção manual ou mecânica da casca; PRÉ-PREPARO DE HORTALIÇAS Não descascar com muita antecedência: reduz VN, ressecam, murcham ou amolecem se mantidas em água; A água de remolho deve conter 0,7% de NaCl para reduzir perdas por dissolução; Muitas hortaliças podem ser cozidas com casca, removendo-se a casca após a cocção. COCÇÃO DAS HORTALIÇAS Calor úmido: Cocção a fogo brando = indicado para hortaliças tenras e novas que exigem pouco tempo de cocção e pouca água (chuchu, vagem, cenoura e batatas) Cocção por ebulição = indicada para hortaliças menos novas, tubérculos e raízes, que exigem mais tempo de cocção (folhas mais velhas, aipim) Cocção por pressão: para hortaliças endurecidas ou naturalmente compactas, quando se deseja encurtar o tempo de cocção e reduzir as perdas por dissolução (batatas, beterraba, folhas endurecidas, etc.) COCÇÃO DAS HORTALIÇAS Cocção no vapor: indicada para cocção de hortaliças compactas em curto tempo e sem perdas por dissolução (beterrabas, folhas endurecidas, abóbora, etc.) OBS: Água mole: alto conteúdo de Na+ e pobre em K+ Água dura: rica em sais de K+, Ca++ e Mg++. O Ca++ e Mg++ combinam-se com a celulose endurecendo-a. Acréscimo de Na+ a 0,7%: favorecem sabor, aceleram o abrandamento da celulose e reduzem perdas por dissolução (osmose). COCÇÃO DAS HORTALIÇAS Calor seco: concentra o valor nutricional do alimento mediante a perda de água, mas pode ocasionar considerável perda vitamínica pela ação do calor. Pela desidratação obtida, o alimento torna-se saboroso, pois se concentram também, as substâncias que lhe dão aroma e sabor. Assada: batatas, beterraba, especialmente em preparações recheadas, gratinadas e suflê. Temperaturas elevadas ocasionam perdas de vitaminas. Frita: hortaliça crua ou previamente cozida para apenas fazer um dourado superficial ( batata, berinjela, aipim, batata-doce) COR E FORMA DE COCÇÃO Hortaliças verdes: devem ser cozidas rapidamente para que o ácido contido nas células não modifique o tom verde da clorofila formando feofitina. As folhas mais duras devem ser cozidas em maior quantidade de água e panela destampada para volatilização dos ácidos e manutenção da cor verde. Hortaliças amarelas ou vermelhas: contém caroteno, xantofila ou licopeno recomenda-se cozinhar com pouca água (para evitar perdas por dissolução) e fogo brando (para evitar perdas por destruição). COR E FORMA DE COCÇÃO Hortaliças arroxeadas: diminuir a perda do pigmento por dissolução cozinhando-se com a casca. Acidificar o meio de cocção com suco de limão ou vinagre torna-os vermelhos. Hortaliças brancas: da mesma forma que as amarelas, devem ser cozidas em pouca água e fogo brando. A cocção por calor seco acentua a cor das hortaliças. O branqueamento das hortaliças também realça as cores, devido à inativação das enzimas que modificam os pigmentos. HORTALIÇAS CONSERVADAS Hortaliças enlatadas: teor nutritivo igual ou melhor que certos alimentos frescos. O aproveitamento do líquido de conserva permite maior aproveitamento de nutrientes e de substâncias responsáveis pelo sabor. Hortaliças desidratadas: redução de 75 a 85% do peso inicial. Técnicas modernas buscam preservação de VN, sabor e características originais. HORTALIÇAS CONSERVADAS Hortaliças congeladas: É o método que melhor mantém as características sensoriais dos vegetais. Antes de congelados, devem ser branqueados para evitar alterações de cor e consistência. Pickes: forma de conservação através de pH ácido e adição de sal (pepinos, cebolas, cenouras, couve-flor, pimentas). Por não terem sido fervidos e por estarem em meio ácido, as vitaminas são bem conservadas. FRUTAS CONCEITO Os alimentos comumente designados por frutas são realmente os frutos de certas plantas. Características especiais dos frutos: naturezapolposa, aromas próprios, ricos em açúcares, de sabor doce e agradável, podendo ser consumido na maioria das vezes crus. As frutas devem ser incluídas diariamente nos cardápios, pois tem alto valor vitamínico e mineral. TIPOS DE FRUTAS Frutas com caroço: ameixa, cereja, damasco, nectarina e pêssego; Frutas duras: maçã e pêra; Frutas moles: amora, framboesa, morango e uvas; Frutas cítricas: laranjas, limões, tangerinas e mexericas; Frutas mediterrâneas e tropicais: abacaxi, bananas, carambola, caqui, figos, fruta-de-conde, goiaba, mamão, manga, maracujá, melão, melancia e papaia. VALOR NUTRITIVO, SABOR E AROMA Semelhantes aos das hortaliças, mas são mais ricas em CHO simples (mono e dissacarídeos) que conferem sabor doce às frutas; Variam de acordo com a espécie, grau de amadurecimento, natureza do solo de cultivo, cuidados na colheita e conservação. Em geral, são excelentes fontes de vitamina C. Devem-se aos açúcares solúveis, minerais, ácidos orgânicos (málico na maçã; tartárico na uva; cítrico nas frutas cítricas como limão, laranja; oxálico no morango, laranja e benzóico na ameixa), compostos aromáticos. CONSISTÊNCIA É dada pela celulose e por compostos pécticos que compõem a estrutura da fruta; A pectina é o elemento “cimentante”. Nas frutas verdes (pró-pectina) e nas muito maduras (ácido péctico desintegrando a fruta); Contém capa de celulose, adipocelulose e lignocelulose; As pectinas são glicídios não aproveitados pelo organismo. As pectinas são colóide hidrófilo capaz de reter e fixar água (indicada para diarréias); É encontrada em maiores concentrações na maçã, bananas e marmelos e em cereais como o arroz; predomina na casca e ao redor das sementes. AMADURECIMENTO NATURAL Alteração da cor com intensificação do colorido; Abrandamento devido a transformação da pró-pectina em pectina; Ação enzimática sobre os envoltórios celulares; Ação enzimática sobre o amido, convertendo-o em açúcares solúveis; Redução da acidez da fruta e do teor de tanino (convertido em pigmentos); Na fruta passada, a pectina converte-se em ácido péctico que ocasiona a desintegração da fruta por falta de elemento cimentante. CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO O TEOR DE GLICÍDIOS Frutas A- contendo até 5% de glicídios: abacaxi, açaí, caju, carambola, goiaba, melancia, melão, pitanga. Contendo de 5 a 10% de glicídios: cajá, jaca, laranja, limão, maracujá, pêssego, romã; Frutas B- contendo de 10 a 15% de glicídios: abacate (contém 16% de gordura), ameixa, amora, cereja, damasco, figo, framboesa, fruta-de-conde, graviola, maçã, mamão, manga, pêra. Contendo de 15 a 20% de glicídios: banana, caqui, fruta-pão, uva. Frutas especiais- contendo 53% de glicídios: tamarindo Frutas oleaginosas- contêm cerca de 16% de glicídios, 20% de proteínas e 60% de lipídios: amêndoas, avelãs, castanha de caju, castanha-do-pará, nozes. ARMAZENAMENTO Conservação pelo frio: Idem ao indicado para as hortaliças. Comercialmente, modifica-se a atmosfera das câmaras frigoríficas com redução de umidade e introdução de CO2 para reduzir o O2. Congelamento é utilizado para frutas subdivididas, polpas e sucos ou concentrados de frutas. Congelamento de frutas frescas levam à formação de cristais de gelo no interior da fruta alterando a consistência. COCÇÃO DAS FRUTAS As frutas devem ser consumidas ao natural, maduras e cruas; Circunstâncias especiais (necessidade de utilizar um excesso de safra, impossibilidade de estocagem ao natural por longo período, frutas colhidas ou caídas verdes) indicam modificações por subdivisão e cocção; Na cocção das frutas, seguir as mesmas regras mencionadas para prevenção de perdas nutritivas para hortaliças; A remoção da casca, sua subdivisão e abrandamento por cocção tornam as frutas de mais fácil digestão; COCÇÃO DAS FRUTAS Fruta assada: banana, maçã, fruta-pão. Pode-se adicionar geléia, mel, açúcar ou edulcorante não calórico; Compota de fruta: descascar e cortar a fruta e colocá-la em calda (30% de açúcar) ou em solução edulcorante e conzinhar; Doce de corte: cozinhar as frutas partidas com 60 a 70% de açúcar até que amoleçam; Geléia de fruta: Utilizar frutas ricas em pectina e com certo grau de acidez. Para passar ao estado de geléia, a pectina perde sua estabilidade e suas partículas atraem água formando estrutura semelhante à colméia. COCÇÃO DAS FRUTAS Fruta seca: a secagem da fruta produz elevada concentração das substâncias termoestáveis. Ameixa seca, passa de uva figos são ricos em ferro (indicados para anemia); Frutas oleaginosas descascadas: servidas inteiras, subdivididas, torradas ou não, têm alto valor nutritivo, mas são de difícil digestibilidade e devem ser consumidas com moderação. BIBLIOGRAFIA ORNELAS, L.H. TÉCNICA DIETÉTICA: SELEÇÃO E PREPARO DE ALIMENTOS. SÃO PAULO: EDITORA ATHENEU, 2008.
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