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Antígona: Reflexões sobre Justiça e Direito

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Antígona, uma dos quatro filhos de Édipo, fruto da relação entre Édipo e sua mãe, após Édipo matar e usurpar o trono pertencente ao seu próprio pai, tornando-se assim o soberano. 
No enredo da peça identificamos alguns traços de um pensamento estatista, sendo ele vital para o desenvolvimento da civilização humana. Vemos também a forte inferiorizarão do gênero feminino e reflexos de uma tirania assoberbada. 
A peça gira em torno da luta de Antígona (heroína) para fazer o ritual fúnebre de seu irmão. Dois dos irmãos de Antígona disputavam o poder e mataram-se mutualmente, com a sede de poder. Um deles era considerado o soberano, o outro fora exiliado. Aquele que se rebelou contra a tirania de seu irmão perdeu seus direitos dentro da Polis e fora julgado não cidadão. O novo sucessor da soberania então determinou que não fosse feita a cerimônia fúnebre, o que enfureceu Antígona. 
Logo, Antígona transgrediu tal ordem e lutou pelo que achava justo e defendeu seus princípios, culturalmente enraizados. Fazer o ritual para os mortos era imprescindível para que sua alma fosse levada ao “deus” dos mortos e obedecer tal lei não perecia o correto ao ver de Antígona. Todos os demais eventos foram desdobramentos dessa transgressão, que para a heroína era o certo a se fazer, pelo ideal de justiça. As mortes sucessivas e a culminação de eventos catastróficos são reflexos nítidos da separação do Direito dos valores culturais. 
Análogos aos dias atuais podem afirmar que Antígona, respaldada pelo preceito Jus naturalista de um tratamento digno ao homem, lutou para que a justiça sobressaísse aos atos arbitrários estatais, emanados de um único soberano e dados como direito posto. 
Vemos a dicotomia em vários contextos dos elenchos da peça. Justo e injusto; divino e sociedade; homem e mulher. Esse todo dicotômico social denota a importância da sensibilidade do direito positivo perante o homem, um ser social por natureza. 
No nosso atual ordenamento temos também um dispositivo que assegura a possibilidade de não observância de uma lei que seja injusta a ponto de contrariar valores culturais, sociais e morais da sociedade, assim como Antígona fez. Isso os remete ao princípio que as leis devem refletir a moral social de seu estado e não ao contrário. 
Porquanto, a peça nos leva a refletir os conflitos acerca do conceito de justiça social e a composição dos papéis estatais e suas respectivas observações da legalidade e legitimidade dos entes.

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