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00 Apostila 03 Recurso Em Sentido Estrito RESE

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PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL 
PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss 
 
 
 
 
 
 
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RREECCUURRSSOO EEMM SSEENNTTIIDDOO EESSTTRRIITTOO -- RREESSEE 
 
1 INTRODUÇÃO 
O Recurso em Sentido Estrito é o recurso através do qual se busca o reexame da 
decisão, despacho ou sentença do juiz, permitindo a este, um novo pronunciamento, nas 
hipóteses taxativamente previstas em lei. 
Entretanto, deve-se ter muito cuidado para não confundir quando será cabível o 
Recurso em Sentido Estrito ou o recurso de Apelação (este recurso será ainda explicado em 
um momento próprio), podendo-se fazer a seguinte diferenciação para não confundir a 
utilização destes dois recursos: 
 Regra geral – se a decisão for de mérito caberá APELAÇÃO e se for decisão 
interlocutória caberá RESE. (Esta DICA NÃO se aplica às decisões proferidas pelo Tribunal 
do Júri). 
 Também para saber se caberá RESE ou APELAÇÃO deve-se verificar se já existe 
uma sentença, pois, a depender do tipo de sentença, caberá um ou outro recurso. A doutrina 
ensina que pode haver os seguintes tipos de sentença: 
  Sentença stricto sensu ou Sentença em termo próprio – é a decisão judicial 
propriamente dita sobre o mérito do feito, é a sentença que decide o MÉRITO da questão, 
decidindo de forma intrínseca as questões do processo. Desta sentença, via de regra, caberá 
Apelação. 
Vale lembrar que existe a seguinte classificação deste tipo de sentença: 
 Sentença Absolutória Própria ou Perfeita – o juiz absolve o réu inocentando-o. É 
aquela que inocenta o acusado e não acarreta mais nenhum ônus do ponto de vista penal. 
 Sentença Absolutória Imprópria ou Imperfeita – o réu também é inocentado, mas a 
ele é imputada alguma medida de segurança, normalmente será aplicada esta. 
Observação: Medida de Segurança NÃO é pena, tendo em vista que a pena tem a ideia de 
reeducação do apenado, já a medida de segurança tem fins curativos. 
 Sentença Condenatória – são as sentenças em que o agente é responsabilizado 
criminalmente, existindo a aplicação de uma pena. Há o acolhimento da pretensão punitiva. 
  Sentença latu sensu – é qualquer decisão do juiz que NÃO resolva o MÉRITO, 
como as decisões interlocutórias. Todas as sentenças que foram feitas antes de decidir o feito 
serão consideradas sentenças latu sensu. Tal sentença é sinônimo de toda e qualquer sentença 
interlocutória, tudo que seja decisão emanada do juiz e que não verse sobre o mérito do feito. 
Como já foi dito, desta sentença, via de regra, caberá RESE. 
Como se pode observar, saber o tipo de sentença que foi proferida é de suma 
importância para poder identificar se será cabível o RESE. Além disso, o RESE possui outras 
características que podem ser cobradas tanto em questões práticas quanto em questões 
dissertativas nas provas da OAB e, por esta razão, serão devidamente explicadas. 
O prazo do RESE, via de regra, é de 5 dias para oferecer a petição de interposição e 2 
dias para oferecer as razões do recurso, conforme arts. 586 e 588 do CPP, respectivamente. 
 
 
 
 
PPRRÁÁTTIICCAA JJUURRÍÍDDIICCAA IIIIII –– DDIIRREEIITTOO PPEENNAALL 
PPrrooff.. VVaannddeerrlleeii KKllooooss 
 
 
 
 
 
 
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Somente excepcionalmente, o RESE terá o prazo de 20 dias para ser interposto, já com as 
razões inclusas, no caso de decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir (art. 
581, XIV), contado da data da publicação definitiva da lista de jurado, conforme art. 586, 
parágrafo único do CPP. 
Por sua vez, o recorrido terá o prazo 2 dias para oferecer contrarrazões do Recurso 
em Sentido Estrito. Vale ressaltar que estas não são obrigatórias, caso a parte não ofereça as 
contrarrazões, o processo não fica parado e não fica suspenso. 
No que se refere ao endereçamento do RESE, via de regra, a petição de interposição 
do RESE é endereçada ao juiz do feito, e as razões para o Tribunal respectivo (TJ ou TRF). A 
única exceção é no caso de decisão que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir (Art. 
581, XIV), quando a petição de interposição será endereçada ao Presidente do Tribunal (TJ ou 
TRF), assim como as razões. 
Por fim, outra característica peculiar do Recurso em Sentido Estrito é a de que ele 
possui efeito regressivo, pois o juiz do feito pode, após tomar conhecimento das razões e 
contrarrazões das partes, reavaliar e modificar sua decisão, ou seja, no RESE é permitido ao 
próprio juiz prolator da decisão recorrida retratar-se desta antes da remessa do recurso ao 
juízo ad quem, nos exatos moldes do art. 589 do Código de Processo Penal. 
De forma resumida, pode-se fazer o seguinte esquema: 
 
O RESE é composto de duas peças: 
PETIÇÃO DE INTERPOSIÇÃO 
 Dirigida ao juiz da vara criminal que proferiu a sentença. 
 No caso de inclusão ou exclusão do jurado, deve ser dirigida ao Presidente do 
Tribunal. 
 Deve ser pedido o recebimento e o processamento do RESE, a reforma da decisão 
recorrida e que, caso seja mantida a decisão, seja feita a remessa ao Tribunal competente. 
RAZÕES 
 Dirigida ao Tribunal competente. 
 Deve-se requerer a reforma da decisão prolatada. 
 O acusado deve ser intimado para apresentar suas contrarrazões no prazo de 2 
dias. 
 Caso o juiz venha a reformar sua decisão, caberá ao recorrido intentar petição, no 
prazo de 5 dias, para subida dos autos. Caso o magistrado não modifique a decisão, deverá ele 
mesmo fazer a remessa dos autos à instância superior. 
 
PARA FACILITAR: 
PRIMEIRA HIPÓTESE 
  RESE  prazo de 5 dias (regra geral) para a interposição  2 dias para as 
razões  intimação do acusado  2 dias para contrarrazões  Juiz reforma a sua decisão  
recorrido têm 5 dias para peticionar a subida dos autos. 
 
 
 
 
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SEGUNDA HIPOTESE 
  RESE  prazo de 5 dias (regra geral) para a interposição  2 dias para as 
razões  intimação do acusado  2 dias para contrarrazões  Juiz não reforma a sua decisão 
 Juiz remete os autos a instância superior. 
 
2 HIPÓTESE DE CABIMENTO DO RESE 
É de suma importância lembrar-se de que o rol das hipóteses de cabimento do RESE 
é TAXATIVO, logo, se a decisão não está elencada nos incisos do art. 581 do Código de 
Processo Penal possivelmente caberá o recurso de Apelação. Portanto, sempre deve-se 
verificar se a decisão se encaixa em alguma das hipóteses trazidas pelo art. 581 para poder 
utilizar o RESE. 
Vale ressaltar, também, que algumas das situações elencadas no artigo 581 do 
Código de Processo Penal não comportam mais RESE, submetendo-se ao Agravo em 
Execução. Outras, simplesmente não possuem mais aplicação prática ou foram revogadas 
tacitamente por outros dispositivos legais. Posto isto, vale analisar as hipóteses de cabimento 
do RESE que ainda estão plenamente em vigor: 
 
 DECISÃO QUE NÃO RECEBER DENÚNCIA OU QUEIXA 
DECRETO-LEI Nº 3.689, DE 3 DE OUTUBRO DE 1941. 
Código de Processo Penal 
CAPÍTULO II 
DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
I - que não receber a denúncia ou a queixa; 
 
Esta hipótese de RESE será cabível todas as vezes que a denúncia ou queixa for 
rejeitada nos termos do art. 395 do Código de Processo Penal, ou seja, basta que haja a 
rejeição liminar da denúncia ou queixa com fundamento nas hipóteses deste artigo para ser 
cabível o RESE. 
Admite a jurisprudência, também, ser cabível o RESE com tal fundamento quando a 
decisão rejeita o aditamento da denúncia. 
Vale lembrarque não existe recurso previsto expressamente no Código de Processo 
Penal para a decisão que recebe a denúncia ou a queixa, sendo possível a parte intentar habeas 
corpus como ação autônoma. 
Por fim, havendo a interposição do RESE por parte da acusação, o denunciado deve 
ser intimado para apresentar suas contrarrazões, ainda que não exista sequer processo, tendo 
por fundamento a manutenção da ampla defesa. 
Observação: se o crime estiver afeto ao procedimento dos Juizados Especiais Criminais a 
rejeição da denúncia ou queixa ensejará APELAÇÃO, nos termos do art. 82 da Lei 9099/95 e 
o prazo será de 10 DIAS. Neste sentido vale lembrar o teor deste artigo: 
 
 
 
 
 
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LEI Nº 9.099, DE 26 DE SETEMBRO DE 1995. 
Dispõe sobre os Juizados Especiais Cíveis e Criminais e dá outras providências. 
Art. 82. Da decisão de rejeição da denúncia ou queixa e da sentença caberá 
apelação, que poderá ser julgada por turma composta de três Juízes em exercício no 
primeiro grau de jurisdição, reunidos na sede do Juizado. 
§ 1º A apelação será interposta no prazo de dez dias, contados da ciência da sentença 
pelo Ministério Público, pelo réu e seu defensor, por petição escrita, da qual 
constarão as razões e o pedido do recorrente. 
§ 2º O recorrido será intimado para oferecer resposta escrita no prazo de dez dias. 
 
 DECISÃO QUE CONCLUIR PELA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
omissis 
II - que concluir pela incompetência do juízo; 
 
Aplica-se este caso, quando o reconhecimento da incompetência for feito de ofício 
pelo juiz, ou seja, o próprio juiz, por iniciativa pessoal e sem o requerimento de nenhuma das 
partes, entende que não é competente para julgar o feito e profere decisão alegando a 
incompetência do juízo. 
Deve-se ficar atento ao detalhe acima, pois caso o reconhecimento da incompetência 
seja decorrente da arguição de uma exceção, NÃO haverá a fundamentação do RESE com 
base no inciso II do art. 581 do CPP e sim com base no inciso III do artigo 581 do CPP. 
Vale lembrar que no Tribunal do Júri a decisão do juiz de desclassificação acarreta 
RESE, tendo em vista que o próprio juiz entende que o juízo não é o competente para o 
julgamento do feito e remete o processo ao juízo competente, como bem traz o artigo 419 do 
CPP. 
Observação: caso o magistrado conclua pela competência do juízo, não existe recurso 
cabível, podendo a defesa ingressar com habeas corpus, tendo por fundamento o princípio do 
juiz natural. 
 
 DECISÃO QUE JULGAR PROCEDENTE AS EXCEÇÕES, SALVO A DE 
SUSPEIÇÃO 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
omissis 
III - que julgar procedentes as exceções, salvo a de suspeição; 
As exceções, conforme previsão do art. 95 do CPP, podem ser de suspeição (ou 
impedimento) incompetência do juízo, litispendência, ilegitimidade da parte e coisa julgada. 
No que se refere às exceções de incompetência do juízo, litispendência, ilegitimidade 
da parte e coisa julgada, elas são processadas em apartado e decididas pelo próprio juiz da 
causa, nos exatos termos do art. 111 do CPP. Caso o juiz da causa decida pela procedência 
destas exceções será cabível a interposição do RESE com fundamento no inciso III, do art. 
581 do CPP. 
 
 
 
 
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Em relação à decisão que julga procedente a exceção de incompetência do juízo, 
deve-se ter cuidado, tendo em vista que neste caso NÃO é o próprio juiz que decide de ofício 
pela incompetência do juízo (o que ensejaria a interposição do RESE com base no inciso II, 
do art. 581 do CPP) e sim a decisão de incompetência é motivada pela interposição de uma 
exceção, ou seja, há o reconhecimento da incompetência do juízo através de um requerimento 
da parte. 
Por sua vez, no que diz respeito à decisão que julgar procedente a exceção de 
suspeição existe uma ressalva trazida pelo próprio inciso III, do art. 581 do CPP. Neste caso 
NÃO será cabível a interposição do RESE, tendo em vista que nesta hipótese o duplo grau de 
jurisdição será automático, podendo ocorrer as seguintes situações: 
Primeira situação – caso o magistrado concorde com a exceção de suspeição, 
decretará a suspensão do processo e a remessa dos autos ao substituto. Neste momento 
ocorrerá um controle jurisdicional, realizado pelo Tribunal, pois cabe ao Presidente designar 
qual o magistrado será o substituto. 
Segunda situação – caso o juiz discorde da exceção de suspeição, os autos, 
obrigatoriamente, devem ser encaminhados a instância superior. 
Vale transcrever os artigos do CPP relacionados à exceção de suspeição que abordam 
a questão referida: 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 99. Se reconhecer a suspeição, o juiz sustará a marcha do processo, mandará 
juntar aos autos a petição do recusante com os documentos que a instruam, e por 
despacho se declarará suspeito, ordenando a remessa dos autos ao substituto. 
Art. 100. Não aceitando a suspeição, o juiz mandará autuar em apartado a petição, 
dará sua resposta dentro em três dias, podendo instruí-la e oferecer testemunhas, e, 
em seguida, determinará sejam os autos da exceção remetidos, dentro em 24 vinte e 
quatro horas, ao juiz ou tribunal a quem competir o julgamento. 
 
Observação: caso o juiz decida pela rejeição da exceção, não existe recurso cabível, podendo 
ser intentado habeas corpus. 
 
 DECISÃO QUE PRONUNCIAR O RÉU 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
omissis 
IV - que pronunciar o réu; 
 
Por expressa disposição legal, da decisão que pronunciar o réu caberá a interposição 
do RESE com base no inciso, IV, do art. 581 do Código de Processo Penal. 
Esta hipótese de RESE tem grande chance de cair em provas da OAB como peça 
prática profissional, tendo em vista que nesta hipótese há grande matéria de mérito a ser 
alegada. 
Observação: em relação às decisões que podem ser proferidas em sede de Tribunal do Júri, 
vale lembrar a possibilidade de interposição dos seguintes recursos: 
 
 
 
 
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 Pronúncia – cabe RESE com fundamento no art. 581, IV, do CPP. 
 Desclassificação – cabe RESE com fundamento no art. 581, II, do CPP. 
 Impronúncia – cabe APELAÇÃO com fundamento no art. 416 do CPP. 
 Absolvição sumária – cabe APELAÇÃO com fundamento no art. 416 do CPP. 
 
 DECISÃO QUE CONCEDER, NEGAR, ARBITRAR, CASSAR OU JULGAR 
INIDÔNEA A FIANÇA, INDEFERIR REQUERIMENTO DE PRISÃO PREVENTIVA 
OU REVOGÁ-LA, CONCEDER LIBERDADE PROVISÓRIA OU RELAXAR A PRISÃO 
EM FLAGRANTE 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
omissis 
V - que conceder, negar, arbitrar, cassar ou julgar inidônea a fiança, indeferir 
requerimento de prisão preventiva ou revogá-la, conceder liberdade provisória ou 
relaxar a prisão em flagrante; 
 
Toda vez que couber RESE no caso de fiança deve-se verificar quais são os casos em 
que não cabe fiança previstos nos arts. 323 e 324 do CPP. 
Vale a pena transcrever os art. 323 e 324 do CPP, já que eles passaram por uma 
recente reforma com o advento da Lei 12.403 de 2011:CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 323. Não será concedida fiança: 
I - nos crimes de racismo; 
II - nos crimes de tortura, tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, terrorismo e 
nos definidos como crimes hediondos; 
III - nos crimes cometidos por grupos armados, civis ou militares, contra a ordem 
constitucional e o Estado Democrático; 
Art. 324. Não será, igualmente, concedida fiança: 
I - aos que, no mesmo processo, tiverem quebrado fiança anteriormente concedida 
ou infringido, sem motivo justo, qualquer das obrigações a que se referem os arts. 
327 e 328 deste Código; 
II - em caso de prisão civil ou militar; 
III - (Revogado pela Lei nº 12.403, de 2011) 
IV - quando presentes os motivos que autorizam a decretação da prisão preventiva 
(art. 312). 
 
Destarte, ainda relacionado à fiança que é de grande relevância é o de que o delegado 
de polícia, atualmente, poderá conceder fiança nos casos de infração cuja pena privativa de 
liberdade máxima não seja superior a 4 (quatro) anos. Nos demais casos, a fiança será 
requerida ao juiz, que decidirá em 48 (quarenta e oito) horas, nos exatos termos do art. 322, 
caput e parágrafo único do Código de Processo Penal. 
Deve-se ficar atento ao detalhe de que, somente caberá RESE do indeferimento da 
prisão preventiva; caso a sentença venha a decretar a preventiva deve-se pedir a revogação da 
prisão preventiva. 
 
 
 
 
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Fique atento nas alterações relacionadas à prisão preventiva, sendo os seguintes 
artigos de grande relevância: 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 311. Em qualquer fase da investigação policial ou do processo penal, caberá a 
prisão preventiva decretada pelo juiz, de ofício, se no curso da ação penal, ou a 
requerimento do Ministério Público, do querelante ou do assistente, ou por 
representação da autoridade policial. 
Art. 312. A prisão preventiva poderá ser decretada como garantia da ordem pública, 
da ordem econômica, por conveniência da instrução criminal, ou para assegurar a 
aplicação da lei penal, quando houver prova da existência do crime e indício 
suficiente de autoria. 
Parágrafo único. A prisão preventiva também poderá ser decretada em caso de 
descumprimento de qualquer das obrigações impostas por força de outras medidas 
cautelares (art. 282, § 4
o
). 
Art. 313. Nos termos do art. 312 deste Código, será admitida a decretação da prisão 
preventiva: 
I - nos crimes dolosos punidos com pena privativa de liberdade máxima superior a 4 
(quatro) anos; 
II - se tiver sido condenado por outro crime doloso, em sentença transitada em 
julgado, ressalvado o disposto no inciso I do caput do art. 64 do Decreto-Lei n
o
 
2.848, de 7 de dezembro de 1940 - Código Penal; 
III - se o crime envolver violência doméstica e familiar contra a mulher, criança, 
adolescente, idoso, enfermo ou pessoa com deficiência, para garantir a execução das 
medidas protetivas de urgência; 
Parágrafo único. Também será admitida a prisão preventiva quando houver dúvida 
sobre a identidade civil da pessoa ou quando esta não fornecer elementos suficientes 
para esclarecê-la, devendo o preso ser colocado imediatamente em liberdade após a 
identificação, salvo se outra hipótese recomendar a manutenção da medida. 
Art. 314. A prisão preventiva em nenhum caso será decretada se o juiz verificar 
pelas provas constantes dos autos ter o agente praticado o fato nas condições 
previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 23 do Decreto-Lei n
o
 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 - Código Penal. 
Art. 315. A decisão que decretar, substituir ou denegar a prisão preventiva será 
sempre motivada. 
 
Esse inciso ainda aborda a hipótese de possibilidade de RESE diante da concessão de 
liberdade provisória, entretanto, ela é uma hipótese utilizada pela acusação, razão pela qual 
dificilmente poderá ser pedida em uma questão prática, podendo ser requerida em questões 
dissertativas. 
OBSERVAÇÕES 
 Caso a liberdade provisória seja negada, caberá a defesa intentar habeas corpus. 
 O assistente de acusação não é parte legítima para intentar RESE, nas hipóteses em 
que o juiz conceder liberdade ao réu. 
Por fim, esta hipótese de RESE quando do relaxamento da prisão em flagrante é de 
utilização da acusação, razão pela qual tem pouca incidência em questões práticas, podendo 
ser objeto de questões dissertativas. 
 
 
 
 
 
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 DECISÃO QUE JULGAR QUEBRADA A FIANÇA OU PERDIDA SEU VALOR 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
omissis 
VII - que julgar quebrada a fiança ou perdido o seu valor; 
 
Impende citar as hipóteses que acarretam a quebra ou a perda da fiança, de acordo 
com o Código de Processo Penal, in verbis: 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 341. Julgar-se-á quebrada a fiança quando o acusado: 
I - regularmente intimado para ato do processo, deixar de comparecer, sem motivo justo; 
II - deliberadamente praticar ato de obstrução ao andamento do processo; 
III - descumprir medida cautelar imposta cumulativamente com a fiança; 
IV - resistir injustificadamente a ordem judicial; 
V - praticar nova infração penal dolosa. 
Art. 342. Se vier a ser reformado o julgamento em que se declarou quebrada a 
fiança, esta subsistirá em todos os seus efeitos. 
Art. 343. O quebramento injustificado da fiança importará na perda de metade do 
seu valor, cabendo ao juiz decidir sobre a imposição de outras medidas cautelares 
ou, se for o caso, a decretação da prisão preventiva. 
Art. 344. Entender-se-á perdido, na totalidade, o valor da fiança, se, condenado, o acusado 
não se apresentar para o início do cumprimento da pena definitivamente imposta. 
Art. 345. No caso de perda da fiança, o seu valor, deduzidas as custas e mais encargos 
a que o acusado estiver obrigado, será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei. 
Art. 346. No caso de quebramento de fiança, feitas as deduções previstas no art. 345 
deste Código, o valor restante será recolhido ao fundo penitenciário, na forma da lei. 
 
 DECISÃO QUE DECRETAR A PRESCRIÇÃO OU JULGAR, POR OUTRO 
MODO EXTINTA A PUNIBILIDADE 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
omissis 
VIII - que decretar a prescrição ou julgar, por outro modo, extinta a punibilidade; 
 
Normalmente quem utiliza esta hipótese de RESE é o promotor de justiça. 
 DECISÃO QUE INDEFERIR O PEDIDO DE RECONHECIMENTO DA 
PRESCRIÇÃO OU DE OUTRA CAUSA EXTINTIVA DE PUNIBILIDADE 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
omissis 
IX - que indeferir o pedido de reconhecimento da prescrição ou de outra causa 
extintiva da punibilidade; 
 
Esta hipótese de RESE ocorrerá nos casos de existir uma decisão que denegar o 
reconhecimento de uma causa extintiva de punibilidade. 
 
 
 
 
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Deve-se observar sempre o art. 107 do Código Penal para ver quais são as hipóteses 
de extinção de punibilidade e se houve, no caso concreto, o indeferimento do seu pedido de 
reconhecimento. 
Exemplo: houve decadência ao direito de queixa, mas o juiz NÃO a reconheceu, 
neste caso será cabívela impetração de RESE. 
 
 DECISÃO QUE CONCEDER OU NEGAR ORDEM DE HABEAS CORPUS 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
omissis 
X - que conceder ou negar a ordem de habeas corpus; 
 
Desta hipótese de RESE a situação que interessa à defesa é o caso de negação de 
ordem de habeas corpus. Vale ressaltar que a negativa de seguimento do habeas corpus deve 
ser realizada por um juiz singular para poder caber o RESE. 
Deve-se ter cuidado com esta hipótese de RESE, pois caso o habeas corpus seja 
negado pelo Tribunal de Justiça, pelo TRF ou por Tribunais Superiores (STJ, STM ou TSE), 
NÃO caberá RESE e sim o Recurso Ordinário Constitucional (ROC), nos termos dos artigos 
102, II, “a” e 105, II, “a” da Constituição Federal. Neste último caso NÃO haverá supressão 
de instância em face de previsão constitucional expressa deste último recurso. 
Desta forma, sempre que for o caso de denegação de habeas corpus deve-se ir para o 
art. 102 CF/88 e 105 CF/88 para verificar se há uma situação que motivaria o Recurso 
Ordinário Constitucional (ROC) para o STF ou STJ a depender do caso. No caso de ser 
hipótese de ROC, este recurso vai ser impetrado diretamente no STF ou STJ, não havendo 
que se falar em supressão de instância. 
 
 DECISÃO QUE ANULAR, TOTAL OU PARCIALMENTE, O PROCESSO DA 
INSTRUÇÃO CRIMINAL 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
omissis 
XIII - que anular o processo da instrução criminal, no todo ou em parte; 
Nesta hipótese de RESE, segundo a doutrina, o que importa é que houve a anulação 
de algum ato processual, ou de todo o processo, e não apenas a anulação da instrução 
criminal, ou seja, a expressão “instrução” foi utilizada de forma ampla. 
Neste caso será cabível a impetração de RESE tanto pela acusação, quanto pela 
defesa, a depender do interesse. 
 
 DECISÃO QUE INCLUIR OU EXCLUIR JURADO DA LISTA GERAL 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
omissis 
 
 
 
 
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XIV - que incluir jurado na lista geral ou desta o excluir; 
 
Existe uma grande peculiaridade nesta hipótese de RESE, pois o prazo para intentá-
lo, neste caso, é de 20 dias, nos termos do art. 586, parágrafo único, do CPP, a contar da 
publicação definitiva da lista de jurados. 
Além disso, o endereçamento da petição de interposição e as das razões é feito 
diretamente ao Presidente do Tribunal (TJ ou TRF) e as razões do recurso, exclusivamente 
nesta hipótese, serão apresentadas dentro do prazo de 20 dias, NÃO havendo o prazo de 2 dias 
para apresentação das razões recursais, como ocorre nas demais hipóteses de RESE. 
Vale lembrar que qualquer pessoa é parte legítima para intentar RESE nesta hipótese, 
tendo em vista que a lista de jurados é de interesse coletivo ou difuso. 
 
 DECISÃO QUE DENEGAR A APELAÇÃO OU JULGÁ-LA DESERTA 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
omissis 
XV - que denegar a apelação ou a julgar deserta; 
 
A hipótese de denegação de apelação ainda está plenamente em vigor e ocorrerá 
todas as vezes que a apelação NÃO for recebida pela ausência de pressupostos recursais de 
admissibilidade. 
Não é mais cabível o instituto da deserção da apelação em decorrência da revogação 
do art. 594 CPP. Este artigo previa que caso o réu apresentasse apelação e depois viesse a 
fugir, haveria a deserção da apelação. 
Corroborando com este entendimento, o STJ editou a Súmula 347 que afirma que: 
“O conhecimento de recurso de apelação do réu independe de sua prisão”, razão pela 
qual, também em sede jurisprudencial, a hipótese de cabimento de RESE diante de decisão 
que julgou a apelação deserta encontra-se superada. 
 
 DECISÃO QUE ORDENAR A SUSPENSÃO DO PROCESSO POR QUESTÃO 
PREJUDICIAL 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
omissis 
XVI - que ordenar a suspensão do processo, em virtude de questão prejudicial; 
 
As questões prejudiciais estão previstas nos artigos 92 e 93 do CPP, razão pela qual 
vale a pena transcrevê-los: 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 92. Se a decisão sobre a existência da infração depender da solução de 
controvérsia, que o juiz repute séria e fundada, sobre o estado civil das pessoas, o 
curso da ação penal ficará suspenso até que no juízo cível seja a controvérsia 
 
 
 
 
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dirimida por sentença passada em julgado, sem prejuízo, entretanto, da inquirição 
das testemunhas e de outras provas de natureza urgente. 
Parágrafo único. Se for o crime de ação pública, o Ministério Público, quando 
necessário, promoverá a ação civil ou prosseguirá na que tiver sido iniciada, com a 
citação dos interessados. 
Art. 93. Se o reconhecimento da existência da infração penal depender de decisão 
sobre questão diversa da prevista no artigo anterior, da competência do juízo cível, e 
se neste houver sido proposta ação para resolvê-la, o juiz criminal poderá, desde que 
essa questão seja de difícil solução e não verse sobre direito cuja prova a lei civil 
limite, suspender o curso do processo, após a inquirição das testemunhas e 
realização das outras provas de natureza urgente. 
§ 1
o
 O juiz marcará o prazo da suspensão, que poderá ser razoavelmente prorrogado, 
se a demora não for imputável à parte. Expirado o prazo, sem que o juiz cível tenha 
proferido decisão, o juiz criminal fará prosseguir o processo, retomando sua competência 
para resolver, de fato e de direito, toda a matéria da acusação ou da defesa. 
§ 2
o
 Do despacho que denegar a suspensão não caberá recurso. 
§ 3
o
 Suspenso o processo, e tratando-se de crime de ação pública, incumbirá ao 
Ministério Público intervir imediatamente na causa cível, para o fim de promover-
lhe o rápido andamento. 
 
A regra é a de que o juiz, no curso da instrução criminal, não está adstrito às provas 
apresentadas pelas partes, ou seja, o magistrado não é obrigado a se restringir ao que for 
alegado pelas partes, sendo uma prova lícita o juiz pode mandar produzi-la. 
Desta forma, entende-se que o juiz é livre para produzir as provas que bem entender, 
que julgue relevantes, necessárias e pertinentes, a única exigência é que a prova seja lícita. Ao 
magistrado cabe o conhecimento da verdade real, ele tem que chegar ao seu conceito sobre o 
fato e se a prova for lícita ele poderá determinar a produção de provas de ofício. 
Entretanto, existem casos em que o juiz, para decidir uma questão de mérito, 
necessita da produção de prova de outra esfera, diferente da esfera penal. Neste caso estamos 
diante de uma questão prejudicial de natureza extrapenal ou heterogênea. 
Diante de uma questão prejudicial heterogênea se o magistrado tiver que dirimir 
dúvida sobre o estado civil de pessoas e esta questão tiver que ser solucionada para 
caracterizar o crime (alguma de suas elementares) ele terá que remeter o caso ao juiz cível e 
deve suspender o processo (não corre prazo de nada), existindo o que a doutrina chama de 
questão prejudicial heterogênea obrigatória. 
Neste caso o juiz criminal manda para o juiz cível e espera que este seja resolvido. 
Há uma controvérsia, dúvida, sobre direito civil que verse sobre o estado de pessoa,a lei 
proíbe que o juiz solucione, devendo mandar o feito para a esfera civil, conforme os art. 92 e 
93 do CPP. 
Exemplo: caso de bigamia, somente haverá este crime se o primeiro casamento for 
válido. Se estiver havendo discussão sobre a nulidade do primeiro casamento no âmbito cível 
não haverá bigamia e esta controvérsia sobre o estado civil das pessoas é elementar do crime 
de bigamia e não pode ser resolvida pelo magistrado criminal. 
Neste caso, da decisão que ordenar a suspensão do processo por questão prejudicial 
heterogênea obrigatória caberá a interposição de RESE. 
Vale ressaltar que a controvérsia deve ser indispensável para caracterizar a elementar 
do crime, se não for indispensável, o juiz pode decidir sem necessidade de sustar o feito e 
 
 
 
 
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remeter o processo para o juízo cível, existindo, neste caso, o que a doutrina chama de 
questão prejudicial heterogênea facultativa. Neste caso, o próprio juiz do feito criminal é que 
irá decidir a questão prejudicial mencionada. 
Exemplo: pessoa que comete lesão corporal sobre uma pessoa, mas há dúvida se esta 
pessoa é filho ou não do autor do crime. Neste caso há questão prejudicial heterogênea 
facultativa, pois não é questão necessária para caracterizar a elementar do crime e sim uma 
circunstância agravante prevista no art. 61, II, “e”, do CP, podendo o próprio juiz criminal 
decidir sobre a questão, sem necessidade de sustação do feito e de remessa para o juízo cível. 
No caso de decisão que julgar questão prejudicial heterogênea facultativa, como não 
há a suspensão do processo, NÃO há o cabimento de RESE. 
 
 DECISÃO DO INCIDENTE DE FALSIDADE 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
Art. 581. Caberá recurso, no sentido estrito, da decisão, despacho ou sentença: 
omissis 
XVIII - que decidir o incidente de falsidade; 
 
O incidente de falsidade está previsto nos artigos 145 a 148 do CPP, e caso o juiz 
profira uma decisão julgando este tipo de incidente, será cabível a apresentação do RESE. 
Vale transcrever os artigos do CPP referentes ao incidente de falsidade: 
CÓDIGO DE PROCESSO PENAL 
CAPÍTULO VII 
DO INCIDENTE DE FALSIDADE 
Art. 145. Arguida, por escrito, a falsidade de documento constante dos autos, o juiz 
observará o seguinte processo: 
I - mandará autuar em apartado a impugnação, e em seguida ouvirá a parte contrária, 
que, no prazo de 48 horas, oferecerá resposta; 
II - assinará o prazo de três dias, sucessivamente, a cada uma das partes, para prova 
de suas alegações; 
III - conclusos os autos, poderá ordenar as diligências que entender necessárias; 
IV - se reconhecida a falsidade por decisão irrecorrível, mandará desentranhar o 
documento e remetê-lo, com os autos do processo incidente, ao Ministério Público. 
Art. 146. A arguição de falsidade, feita por procurador, exige poderes especiais. 
Art. 147. O juiz poderá, de ofício, proceder à verificação da falsidade. 
Art. 148. Qualquer que seja a decisão, não fará coisa julgada em prejuízo de 
ulterior processo penal ou civil. 
 
 
3 HIPÓTESE EM QUE NÃO CABE MAIS RESE 
Deve-se ter muito cuidado para não cair nas seguintes “PEGADINHAS”, tendo em 
vista que, nas seguintes hipóteses NÃO é cabível mais o RESE: 
 Da decisão que conceder, negar ou revogar a suspensão condicional da pena (art. 
581, XI, CPP) -caberá Agravo ou Apelação (art. 197 da LEP - Lei 7.210/84). 
 
 
 
 
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 Da decisão que conceder, negar ou revogar livramento condicional (art. 581, XII, 
CPP) - caberá Agravo em Execução (art. 197 da LEP - Lei 7.210/84). 
 Da decisão que decidir sobre a unificação de penas (art. 581, XVII CPP) - caberá 
Agravo em Execução (art. 197 da LEP - Lei 7.210/84). 
 Da decisão que decretar medida de segurança, depois de transitar a sentença em 
julgado (art. 581, XIX, CPP) - caberá Agravo em Execução (art. 197 da LE P - Lei 7.210/84). 
 Da decisão que impuser medida de segurança por transgressão de outra (art. 581, 
XX, CPP) - caberá Agravo em Execução (art. 197 da LEP - Lei 7.210/84). 
 Da decisão que mantiver ou substituir a medida de segurança, nos casos do art. 
774 (art. 581, XXI, CPP) - NÃO cabe recurso, pois o Art. 774 do CPP foi revogado 
tacitamente pela LEP. 
 Da decisão que revogar a medida de segurança à caberá Agravo em Execução (art. 
197 da LEP - Lei 7.210/84). 
 Da decisão que deixar de revogar a medida de segurança, nos casos em que a lei 
admita a revogação (art. 581, XXIII, CPP) - caberá Agravo em Execução (art. 197 da LEP - 
Lei 7.210/84). 
 Da decisão que converter a multa em detenção ou em prisão simples (art. 581, 
XXIV, CPP) - NÃO cabe recurso ALGUM, pois esta hipótese foi revogada tacitamente pela 
modificação do art. 51 do Código Penal, que converteu a multa em dívida de valor, não 
tornando mais possível a sua conversão em prisão. 
 
 
4 ESTRUTURA DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO (RESE) 
4.1. Petição de interposição. 
 
ENDEREÇAMENTO 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL 
DA COMARCA DE _______________________ (Regra Geral) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA CRIMINAL 
DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _______________________ (Crimes da Competência da 
Justiça Federal) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA DO 
TRIBUNAL DO JÚRI DA COMARCA DE________________________ (Crimes da 
Competência do Tribunal do Júri) 
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA ____ VARA DO 
TRIBUNAL DO JÚRI DA SEÇÃO JUDICIÁRIA DE _______________________(Crimes 
da Competência da Justiça Federal) 
Processo número: ... 
 
 
 
 
 
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(Nome do Recorrente), já qualificado nos autos do processo que lhe move o 
Ministério Público, às fls. ( ), por seu advogado formalmente constituído que esta subscreve, 
vêm, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, inconformado com a respeitável 
sentença de ________________, conforme fls. ( ), interpor tempestivamente o presente 
RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
ou 
CONTRARRAZÕES DE RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
com fundamento no art. 581, (indicar inciso)______ou art. 588 (contrarrazões), do Código de 
Processo Penal. 
Requer a realização do juízo de retratação, nos termos do art. 589 do Código de 
Processo Penal e, em sendo mantida a decisão atacada, seja o presente recurso encaminhado a 
superior instância para o devido processamento e julgamento. 
ou 
Requer que, após o recebimento destas, com as contrarrazões inclusas (na prova elas 
serão feitas juntas), sejam os autos encaminhados ao Egrégio Tribunal de Justiça, onde serão 
processados e não provido o presente recurso. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
 
Comarca..., data... 
Advogado..., OAB 
 
 
4.2. Razões ou Contrarrazões. 
ENDEREÇAMENTO 
RAZÕES (OU CONTRARRAZÕES) DO RECURSO EM SENTIDO ESTRITO 
RECORRENTE: 
RECORRIDO: 
PROCESSO NÚMERO: 
EGRÉGIO TRIBUNAL 
COLENDA CÂMARA 
ÍNCLITOS DESEMBARGADORES 
 
1. Dos Fatos 
Seja mais resumido nos fatos, e mais enfático no resumo do processo. Cita-se o 
mínimo necessário para os fatos e o máximo para o processo. Deve-se expor como se chegou 
à sentença. 
 
 
 
 
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No final dos fatos, é para, sem pular linhas, fazer um parágrafo com o seguinte teor: 
“A respeitável decisão proferida merece ser reformada pelos motivos de fato e direito 
a seguir aduzidos”. 
 
2. Das Preliminares 
Se for o caso deve-se alegar preliminares. Como já foi explicado existe uma 
sequência a ser seguida. Abra os artigos na seguinte sequência: 
 Primeira – Art. 107 CP – Causas extintivas de punibilidade. 
 Segunda – Art. 109 CP – Prescrição. 
 Terceira – Art. 564 CPP – Nulidades. 
 Quarta – Art. 23 CP - Causas de exclusão de ilicitude. 
 Quinta – Deve-se buscar todo e qualquer outro defeito que levaria a ocorrência 
rejeição liminar da peça acusatória (inépcia da denúncia; pressupostos processuais; 
incompetência; impedimento; suspeição; litispendência; coisa julgada; etc.). 
 
3. Do Mérito 
Fale logo do mérito no primeiro parágrafo, diga o que você quer. Deve-se dizer logo 
o porquê de você está atacando a sentença. O recurso é uma peça pesada para investir no 
mérito. Após falar do mérito você deve logo em seguida falar do direito, mencionando o 
direito pertinente ao caso e os artigos correlatos. 
 
4. Do Pedido 
Deve-se fazer um pedido principal de provimento do recurso e reforma da decisão e 
demais pedidos subsidiários possíveis. 
ou 
Nas contrarrazões deve-se fazer um pedido principal de não provimento do recurso e 
manutenção da decisão. 
 
Termos em que, 
Pede deferimento. 
 
 
 
Comarca..., data... 
Advogado..., OAB...

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