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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CAD - CIÊNCIAS DA ADMINISTRAÇÃO PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL José Wellington Silva de Araújo Jakeline Guimarães Carvalho Bejarano, Viviane; Pilatti, Luiz Alberto. Elementos externos essenciais à implementação de equipes: estudo de caso Revista de administração - RAUSP vol. 43, núm. 1, enero-marzo, 2008, pp. 17-29 - Universidade de São Paulo Florianópolis Setembro 2017 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA Carvalho Bejarano, Viviane; Pilatti, Luiz Alberto Elementos externos essenciais à implementação de equipes: estudo de caso Revista de administração - RAUSP vol. 43, núm. 1, enero-marzo, 2008, pp. 17-29 - Universidade de São Paulo Trabalho acadêmico, apresentado como requisito para avaliação da disciplina Psicologia Organizacional pela Universidade Federal de Santa Catarina Professora: Dra. Valéria de Bettio Mattos GRUPO 06 Florianópolis Introdução Este trabalho tem como objetivo explorar o tema grupos e formação de equipes, fazendo uso da definição de equipe como um grupo de pessoas com aptidões complementares, comprometidas com um objetivo comum, que realizam trabalho interdependente e são coletivamente responsáveis pelos resultados (Katzenbach e Smith, 1994). Para tal, será feito uma análise da obra; Carvalho Bejarano, Viviane; Pilatti, Luiz Alberto Elementos externos essenciais à implementação de equipes: estudo de caso. Revista de Administração - RAUSP, Universidade de São Paulo, São Paulo. Assim como o uso de outras bibliografias para complemento conceitual do trabalho. O artigo busca, por meio das análises e resultados da pesquisa de campo, delimitar os fatores externos que dificultam o trabalho em equipe, relacionando-os a três elementos essenciais: seleção, estratégia e estrutura. Trazendo que, apesar dos relatos (MOSCOVICI, 1998; WHITE, 1998; BLANCHARD, 2000) que comprovam que equipes podem e efetivamente levam as organizações a um nível de desempenho máximo, desde que as condições favoráveis a seu desenvolvimento estejam presentes, as teorias administrativas que preponderam no mercado de trabalho hoje são as que vigoravam no século passado. Modelos de trabalho rigidamente controlados e de poder centralizado que são a antítese da concepção que a implementação de equipes busca resgatar. Dessa forma, o estudo parte da premissa que existindo a estrutura organizacional, o comprometimento estratégico e a seleção adequada (todos fatores externos), a empresa estudada teria equipes maduras e efetivas. Achamos importante destacar que, segundo Frame (1999), “as competências da empresa se referem a sua capacidade de criação de um ambiente que possibilite o envolvimento tanto do indivíduo quanto das equipes, a tocarem seus projetos de forma eficaz”. O artigo apresenta a necessidade desses pontos: os de que uma estrutura organizacional descentralizada e que acompanhe as tendências de democratização do espaço de trabalho são fundamentais para uma formação de equipes eficientes; a importância de que as empresas vejam a implementação e o suporte de equipes como questão estratégica; e de que processo seleção deve levar em conta a complementação das habilidades para que ocorra sinergia na equipe. O estudo de caso teve como objetivo verificar o uso de equipes pela empresa estudada, mapeando os grupos existentes, verificar se o uso de equipes faz parte de sua estratégia organizacional, se a estrutura existente é conducente e como é feita a seleção para as equipes existentes, para tal, foram realizadas entrevistas semi-estruturadas com a alta gerência. Em sequência, todos os membros das prováveis equipes responderam dois questionários: um sobre a empresa, que visou determinar suas impressões quanto à estrutura e a estratégia da empresa, assim como suas atitudes quanto ao trabalho em equipes versus trabalho individual; e outro sobre a escala de maturidade das equipes (DYER, 1995, p.58-66), que consiste de 15 perguntas voltadas aos principais itens que influenciam o desempenho das equipes e determinam sua qualificação quanto à maturidade do grupo, relatando-os em uma curva de desempenho das equipes de Katzenbach e Smith (1994). Imagem 1: Curva de Desempenho das Equipes. Fonte: Katzenbach e Smith (1994). A combinação desses instrumentos de pesquisa, denominada por Triviños (1995, p.138) de “técnica da triangulação”, objetiva “abranger a máxima amplitude na descrição, explicação e compreensão do foco em estudo”. Para a classificação foi utilizado a conceituação de Katzenbach e Smith (1994) para nomear os grupos conforme a necessidade de trabalho interdependente, o desempenho a maturidade: grupo de trabalho (não tem necessidade significativa de desempenho incremental e a interação acontece para desenvolvimento individual de cada integrante em sua área), pseudo-equipe (grupo não voltado ao desempenho coletivo e sem objetivo comum, o que acaba minando o desempenho dos indivíduos), equipe potencial (possui necessidade de desempenho incremental, mas ainda não possui o sentido de responsabilidade coletiva e de como abordar o trabalho comum), equipe real (número pequeno de integrantes que se complementam e cooperam com objetivos comuns e pelos quais são coletivamente e mutuamente responsáveis) e equipe de alto desempenho (satisfaz todas as condições da equipe real, com completo comprometimento e nível de desempenho superiores, equipe rara). Por questões didáticas, achamos importante acrescentar a conceituação de organizações de aprendizagem como um processo que estimulam os colaboradores, buscam a inteligência e aprendizado tanto do individual quanto do coletivo e valorizam a criação de conhecimento e inovação, tudo para alcançarem um objetivo comum, conforme Yeda Swirski de Souza, 2004. Sendo assim, um modelo administrativo mais adequado a eficiência e agilidade necessária às organizações contemporâneas e que visam equipes de alto desempenho. Tendo os pontos retratados acima em vista, esta obra foi escolhida em função dos benefícios profissionais que seus resultados e informações a respeito da temática de formação de equipes trarão para atuação dos autores em suas áreas de trabalho no presente e no futuro. Partimos das ideias de que o trabalho em equipe é fundamental para uma organização eficiente e para melhoras no comprometimento e qualidade de vida do trabalhador; de que há uma deficiência de estudos a respeito da influência dos fatores externos para a formação de equipes, apesar de sua importância para o sucesso dessas; e, somando-se a esses pontos, deque é necessário uma reestruturação das organizações e incrementação de teorias administrativas recentes e mais condizentes com uma organização que visa agilidade, eficiência e produtividade. Articulação entre resultados do estudo de caso e teoria aprendida As entrevistas identificaram 69 grupos, dos quais pelo menos 48 não se enquadram na definição proposta pelo trabalho e 21 são possíveis equipes. Percebe-se uma confusão no ideal de equipe com a noção de trabalho colaborativo. Além disso, observou-se maior potencial de formar verdadeiras equipes em grupos que, em decorrência de suas funções, tinham uma necessidade de esforço e trabalho conjunto e interdependente (habilidades complementares e responsabilidade coletiva). Além disso, as equipes encontradas tendem a ser pequenas (em maioria, não possuindo mais de 6 integrantes) em concordância com a literatura, tamanho ideal para administrar, evitando problemas de gestão, possíveis conflitos e formação de subequipes geradas por números maiores. O grau de desempenho e maturidade das equipes foram elevados mostrando que a empresa estudada possui equipes maduras e efetivas. Depreende-se desses resultados que nessa empresa existe ambiente para o desenvolvimento de equipes e também para o desenvolvimento de equipes de alto desempenho. Acredita-se que isso decorre dos elementos fundamentais propostos pelo estudo que foram adotados com relativo sucesso pela empresa: esforços de reestruturação, comprometimento estratégico e seleção de pessoas qualificadas e com atitudes positivas com relação ao trabalho colaborativo. Muitas literaturas a respeito propõem que as empresas façam mudanças significativas em suas culturas e estruturas organizacionais, priorizando o aprendizado das pessoas, para que estas possam operar independentes do comando e dos controles. Segundo as entrevistas, essa empresa está se direcionando para esse lado e tem a percepção adequada de estrutura ideal e a consciência de que essa estrutura ideal ainda não foi atingida. É importante frisar que, a despeito de estar realizando esse processo de transição entre os modelos antigos (tayloristas-fordistas e burocráticos) para organizações de aprendizagem, a empresa ainda possui bastante níveis hierárquicos e estruturas verticalizadas. Resultados previsíveis já que há dificuldade de encontrar empresas que já tenham feito a transição e que a quase totalidade das empresas descende de tradições hierárquicas. Outro ponto foi que, apesar de existirem algumas áreas passíveis de melhorias, os resultados também indicam um grau elevado de comprometimento estratégico que está intimamente ligado com os planos de reestruturação da empresa. Tanto os líderes quanto demais colaboradores são favoráveis a implementação de equipes. além disso, há ações estratégicas mensuráveis para o desenvolvimento e manutenção de equipes. Vale adicionar que a comunicação interna é fundamental para a estratégia organizacional e para o nível de comprometimento dos colaboradores (Tibúrcio e Santana, Comunicação Interna Como Estratégia Organizacional). O estudo apresenta que conforme previsto nas literaturas, a empresa não faz seleção específica para participação em equipes: o elemento decisivo, na quase totalidade dos casos, é a disponibilidade, “está restrito aos talentos mais à mão”. Entretanto, a falta da prática de seleção é compensada na empresa estudada pelo fato de muitos funcionários já trabalharam com seus colegas em outras épocas e em outras equipes dentro da empresa e, dessa forma, “possibilitando um processo de contínuo de rearranjo de talentos, ou de seleção que nunca foi formalizada como seleção, mas que ocorreu e ocorre naturalmente nos diversos grupos formados”. Apesar do ideal indicado pelos autores pesquisados ser a disponibilidade da maior quantidade de candidatos possível cada vez que uma nova equipe precisasse ser formada, na prática, fatores éticos, legais e financeiros impedem que a cada nova formação de equipes novos membros sejam contratados, portanto as empresas investem cada vez mais em treinamento e educação corporativa. Como ocorre na empresa estudada, a maior parte dos membros das equipes encontradas já era contratada quando esses foram formados. Fica claro os resultados positivos obtidos por meio do estudo de caso, que embasam tanto a importância dos fatores externos para implementação de equipes quanto várias previsões feitas por outros autores. O estudo de caso foi muito bem fundamentado bibliograficamente e foi muito eficiente em fazer os paralelos entre as literaturas estudadas e os resultados encontrados. Vale ressaltar que a sua elaboração com linguagem “menos” técnica (simples) e com estrutura de organização eficaz com a enumeração dos processos e resultados, que, apesar da análise cansativa, acaba possibilitando a consulta rápida e maior acessibilidade para diversos grupos de pessoas. Por fim, é importante salientar que a obra trabalhada compreendeu somente os fatores externos para compreender o tema abordado, não retratando fatores internos, e, devido às especificações da empresa , não retratou o funcionamento dessas questões em empresas de alta rotatividade. Referências Bibliográficas Carvalho Bejarano, Viviane; Pilatti, Luiz Alberto. Elementos externos essenciais à implementação de equipes: estudo de caso Revista de Administração - RAUSP, vol. 43, núm. 1, enero-marzo, 2008, pp. 17-29 Universidade de São Paulo São Paulo, Brasil. TIBURCIO, Jussara Santana; SANTANA, Lídia Chagas de. A COMUNICAÇÃO INTERNA COMO ESTRATÉGIA ORGANIZACIONAL. 14 f. Artigo Científico - Curso de Administração, Fundação Visconde de Cairu, Salvador. Roque Rabechini Junior, Marly Monteiro de Carvalho. PERFIL DAS COMPETÊNCIAS EM EQUIPES DE PROJETOS, RAE-eletrônica, Volume 2, Número 1, jan-jun/2003. Yeda Swirski de Souza. ORGANIZAÇÕES DE APRENDIZAGEM OU APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL, RAE-eletrônica, v. 3, n. 1, Art. 5, jan./jun. 2004.
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