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Psicologia da Educação UERJ/CEDERJ P ág in a1 Aula 8 - Texto 1: Introdução à psicanálise Ana Lucia Gomes O que é Psicanálise? A teoria psicanalítica, elaborada por Sigmund Freud (1856- 1939), consiste em uma das teorias mais importantes que tratam sobre o desenvolvimento humano. De acordo com Bock, Furtado e Teixeira (2008) a psicanálise consiste em uma teoria que trouxe impactos expressivos na sociedade na passagem do século XIX para o XX, derrubando paradigmas e preconceitos, ao abordar o inconsciente e a sexualidade infantil. As ideias freudianas contribuíram para explicar como se desenvolve a vida psíquica do homem. Neste sentido, Freud criou uma metodologia de investigação, bem como, uma prática profissional, denominada por psicanálise, voltada para a investigação das leis gerais de estruturação e funcionamento do psiquismo que constituem o homem enquanto sujeito (Bock, Furtado e Teixeira, 2008). Ao buscar a análise como tratamento, o homem pretende conhecer um pouco mais de si mesmo, através de um intenso e complexo processo de investigação. Durante a análise, ele vivencia a experiência de desvendar as regiões obscuras do seu psiquismo, buscando o significado oculto, daquilo que aparece por trás de suas ações, sonhos, fantasias ou falhas, quando suas resistências interiores encontram-se atenuadas ou inexistentes. Antes de chegar à concepção, que hoje, conhecemos sobre a análise, Freud sob influência de Charcot, tratou de seus pacientes acometidos por “problemas nervosos” utilizando a sugestão hipnótica. Posteriormente, quando retornou à Viena, foi influenciado pelo trabalho de Breuer e passou a empregar o método catártico. A sugestão hipnótica consiste em hipnotizar o paciente, levando-o a um estado de consciência alterado, permitindo ao médico investigar os fatos ou acontecimentos ocorridos com o paciente e que poderiam ter relação com o aparecimento do sintoma que ele se queixava. Neste processo, o termo “sugestão” era empregado porque o médico incute novas ideias ou sugestões na mente do paciente, com o intuito de fazer com que o sintoma indesejável desapareça. O método catártico também usa a hipnose, de forma a conduzir o sujeito à situação que supostamente deflagrou o seu sintoma. Ao rememorar a situação, o sujeito pode liberar as emoções ou afetos associados a este evento, que na cena original não puderam ser expressos, sendo represados, gerando como consequência, o sintoma indesejável. O sintoma consiste em um conceito fundamental da psicanálise e que orienta a prática psicanalítica, considerando que a partir dele, os limites da intervenção terapêutica são determinados. Por definição, o sintoma pode ser entendido como a expressão de um conflito Psicologia da Educação UERJ/CEDERJ P ág in a2 psíquico que ocorre entre o desejo e os mecanismos de defesa, sendo algo que se repete, tendo como referência uma ideia, uma atitude ou um acontecimento, entendido como indesejáveis ou que tragam sofrimento ao sujeito, levando-o a se queixar e buscar tratamento. O sintoma, dessa forma, sinaliza a existência do conflito, ao mesmo tempo em que o encobre (Maia, Medeiros e Fontes, 2012). Aos poucos Freud realizou adaptações ao método catártico. A hipnose foi substituída pela conversação com os pacientes, onde através de perguntas, buscava ter acesso à memória da situação traumática. Ao questionar os seus pacientes, Freud se deparou com certos entraves, que atrapalhavam o acesso à essas informações, tais como, o paciente dizer que não se lembrava, que não tinha dito determinada coisa, esquecer o que estava falando enquanto falava, etc. Freud então, resolve abandonar as perguntas e decide deixá-los falar livremente sobre o que vem à cabeça, onde podiam se expressar seus pensamentos de forma espontânea ou usar um elemento, que poderia ser a imagem de um sonho, uma palavra ou um gesto qualquer, como um espécie de “gatilho” para desencadear o fluxo de suas ideias (Laplanche e Pontalis, 1995). 1 Essa nova técnica foi denominada por associação livre e através dela, Freud entendeu que a “cura” mostrou-se “relativa”, uma vez que o sintoma original que levou o sujeito ao tratamento “sumiu”, sendo substituído por outro. Outro fato que o intrigou bastante era a persistência dos esquecimentos que os pacientes apresentavam. Freud observou uma confusão e uma dificuldade de se lembrarem de algo que eles próprios julgavam importante. O suposto “esquecimento” foi investigado e investido de grande significado, uma vez que, se houve falha na memória é porque, de alguma forma, aquilo que foi esquecido é significativo (positivamente ou negativamente) para o sujeito e por este motivo, foi “banido” da memória. Este esquecimento, então, era realizado pelo próprio sujeito, sem que ele tivesse consciência disso, de modo a fazer com que ele não tivesse contato com lembranças que deixaram marcas no sujeito. Este processo Freud definiu como resistência, ou seja, à força que se opunha a revelar de forma consciente uma lembrança dolorosa ou que represente algo bom que tenha sido perdido ou intensamente desejado (Bock, Furtado e Teixeira, 2008). “O conceito de resistência foi introduzido cedo por Freud; pode dizer-se que exerceu um papel decisivo no aparecimento da psicanálise. Com efeito, Freud renunciou à hipnose e à sugestão essencialmente porque a resistência maciça que certos pacientes lhe opunham parecia ser por um lado legítima e, por outro, não poder ser superada nem interpretada. 1 Imagem disponível em: http://3.bp.blogspot.com/- 63YUJw5_XQ4/TePhlTSlOPI/AAAAAAAAAAs/ZC6pI9EYMFk/s1600/psicanalise.jpg Psicologia da Educação UERJ/CEDERJ P ág in a3 [...] A resistência constitui no fim das contas o que entravava o trabalho terapêutico.” (La planche e Pontalis, 1995, p. 459). Diante do fenômeno da resistência, Freud pensou existir, um “local” que seria responsável por “armazenar” as lembranças que foram reprimidas da consciência, definindo-o como inconsciente. Em sua primeira explicação sobre o funcionamento do aparelho psíquico, Freud propõe a existência de três instâncias psíquicas: consciente, pré-consciente e inconsciente. Este último era definido como um sistema regido por leis próprias de funcionamento, onde não se observa noções de passado e presente. O conteúdo psíquico tem como origem fatos que foram reprimidos pelo sujeito. 2 Posteriormente, Freud desenvolve a segunda teoria do aparelho psíquico, substituindo os sistemas anteriores (consciência, pré-consciência e inconsciente) por: ego superego e id, que constituem os três sistemas da personalidade. As instâncias psíquicas da personalidade: id, superego e ego Id, superego e ego são os sistemas que compreendem a personalidade humana. Apesar de possuírem suas especificidades, são interdependentes, constituindo uma estrutura que funciona de forma integrada. Tudo está interligado e, por isso, para compreendermos o sujeito é necessário resgatar sua história de vida, sendo que esta se encontra ligada à história do seu grupo sociocultural (Bock, Furtado e Teixeira, 2010). 3O id consiste em um reservatório inicial da energia psíquica e é organizado pelo princípio de prazer. Este princípio, segundo Laplanche e Pontalis (1995), tem como função reger o funcionamento psíquico, para evitar o desprazer e proporcionar o prazer. O conteúdo presente no id é inconsciente e sofre as tensões expressas pelas pulsões de vida e de morte. A pulsão de vida compreende as pulsões sexuais e as de autoconservação. Já as pulsões de morte referem-se à pulsão agressiva ou destrutiva que podem ser dirigidas para o mundo externo ou parao próprio sujeito. 2 Imagem disponível em: http://1.bp.blogspot.com/- WfVO2P9DOJo/VdKdPsPrK1I/AAAAAAAAA7w/w5jSqMO2iUw/s1600/11063784_497945557038781_4645746754162719872_n.jpg 3 Imagem disponível em: http://www.simplypsychology.org/id-ego-superego.jpg Psicologia da Educação UERJ/CEDERJ P ág in a4 4O superego consiste em uma instância da personalidade cujo funcionamento é semelhante ao de um juiz ou modelo a ser seguido. Atua como referencial impondo restrições às manifestações do ego. Sua formação deriva do Complexo de Édipo, a partir da interiorização das interdições parentais, dos limites e das relações de autoridade vivenciadas pelo sujeito. De acordo com Laplanche e Pontalis (1995), a presença do superego pode ser verificada pelo sentimento de culpa, pela consciência moral, pela auto-observação e pela formação de ideais. O ego, por sua vez, consiste em uma instância psíquica que surge a partir do id, se diferenciando progressivamente, conforme o desenvolvimento avança (Rappaport, Fiori e Davis, 1981). Tem como uma de suas funções principais, equilibrar, relativamente, as exigências da realidade, do id e do supergego. Para atender a isso, o ego é organizado pelo princípio da realidade, que busca regular as exigências que recaem sobre ele, buscando um consenso entre desejo e realidade, que permita fazer com que sua ação/ideia seja aceita pelo mundo externo. Para Rappaport, Fiori e Davis (1981), a relação entre id, ego e superego pode ser expressa através do diagrama que segue, em que o ego busca se adequar à realidade mediante uma conciliação entre as duas instâncias psíquicas e a realidade objetiva. Como exemplo da dinâmica observada entre os três sistemas e a realidade, imaginemos “Uma jovem criada dentro de uma organização familiar de tradições morais nos moldes antigos provavelmente tenderá a ver a sexualidade, notadamente a sexualidade manifesta antes do casamento, como algo pecaminoso e proibido. Abraçada ao seu namorado, os desejos sexuais se manifestam. As proibições surgem tanto do lado real (risco de gravidez, possíveis atritos reais com a sua família) quanto do lado referente ao superego, ou seja, mesmo que o real esteja sob controle, que ela racionalmente ache que a experiência será válida que não há perigo de gravidez e que a família não necessita saber de sua conduta, algo interno, não definido, proíbe-a de tentar. É o superego que se manifesta. Se ceder só aos desejos, corre o risco de não se adequar ao mundo físico e social. Mas se permanentemente ficar presa às proibições, ela poderá ser imobilizada e não evoluir, não poderá por si viver novas experiências e crescer com a elaboração de seus resultados.” (Rappaport, Fiori e Davis, 1981, p. 26) 4 Imagem disponível em: http://www.moonkissd.com/wp-content/uploads/2012/12/superego-200x300.jpg Psicologia da Educação UERJ/CEDERJ P ág in a5 Desta forma, de modo contínuo, o ego se encontra em uma relação de dependência entre as reivindicações do id, os imperativos do superego e as exigências da realidade e defende a personalidade do sujeito, através do uso dos mecanismos de defesa, que são ativados mediante a percepção de um evento gerador de angústia para proteger o sujeito da vivência de fatos dolorosos, cujos conteúdos, no momento, pode não suportar (Laplanche e Pontalis,1995). Ego e Mecanismos de defesa Os mecanismos de defesa são processos psíquicos que apesar de serem produzidos pelo ego, ocorrem de forma inconsciente, ou seja, o sujeito não sabe quando vai ser utilizado e, tampouco, qual mecanismo será escolhido. O sujeito somente tem consciência da ocorrência de um mecanismo de defesa, mediante a análise, autopercepção ou pela sinalização do outro, que reporta algo em suas ações, como “incoerente”, “inconsistente”, “dúbio” ou “estranho”. A função dos mecanismos de defesa é alterar ou suprimir a realidade daquilo que é percebido como angustiante, visando proteger o aparelho psíquico. Desvendar o porquê da ocorrência dos mecanismos de defesa permite ao sujeito superar a falsa consciência que ele possui sobre a realidade, permitindo-o ver a realidade como ela é (Bock, Furtado e Teixeira, 2008). São vários os mecanismos de defesa que empregamos em nosso dia a dia, sendo os mais comuns: negação, recalque, projeção, formação reativa, regressão, deslocamento e a sublimação. Negação: aspectos que trazem dor, mágoa ou que sejam entendidos como perigosos, tendem a ser negados pela consciência para preservar o funcionamento psíquico do sujeito. Exemplo: Um filho começa a apresentar sinais de que está usando drogas e o pai demora a percebê- los ou não os percebe. Recalque: refere-se à supressão de parte da realidade que compromete o entendimento do todo, deixando-o com o seu sentido alterado. É o mecanismo de defesa mais radical. Exemplo: 1 - Ante uma proibição, não “ouvimos” o não e fazemos, “sem querer”, o que não era para ser feito. 2 - Não recordamos de um fato da nossa infância que outras pessoas da família recordam e espantam-se por não sermos capazes de nos lembrar. Projeção: o sujeito projeta algo seu, que julga indesejável no ambiente externo, que, por sua vez, assume as características daquilo que não quer ver em si. É o mecanismo de defesa que ocorre com mais frequência. Exemplo: Uma mãe que não cuida adequadamente dos filhos, acarretando-lhes vários problemas, poderá projetar a culpa em várias Psicologia da Educação UERJ/CEDERJ P ág in a6 situações que envolvem a criança. Dirá que o filho vai mal à escola, porque a professora não é eficiente (Rappaport, Fiori e Davis, 1981). Regressão: consiste no retorno a níveis anteriores do desenvolvimento, implicando no uso de respostas menos maduras, mais primitivas, em função da ocorrência de uma situação frustrante ou conflituosa. Exemplo: uma pessoa enfrenta situações bastante difíceis no seu ambiente de trabalho e age com muita ponderação, no entanto, ao ver uma barata, se descompensa e não sabe como agir. O desenvolvimento da personalidade segundo a psicanálise De acordo com Rappaport, Fiori e Davis (1981), observamos inicialmente uma formação inata da personalidade, que pouco a pouco, vai se tornando mais complexa. Freud chegou a esta conclusão com a prática da psicanálise, ao verificar que os sintomas que afligiam os seus pacientes, remetiam aos seus primeiros anos de vida, onde os conflitos vivenciados, de ordem sexual, deixaram marcas na estruturação da sua personalidade. Desta observação derivaram dois pontos importantes: a) o entendimento da sexualidade como ponto central da vida psíquica e, b) a existência da sexualidade infantil, desmistificando a ideia vigente da época, pela sociedade puritana, da inocência infantil (Bock, Furtado e Teixeira, 2008). A teoria da psicossexualidade infantil explica que o desenvolvimento da personalidade ocorre de forma progressiva, contemplando quatro fases: oral, anal, fálica e genital. A primeira fase, denominada por oral, tem início com o nascimento e termina aproximadamente aos 2 anos de idade. Nesta fase, a boca é a estrutura sensorial mais desenvolvida e é por ela que o bebê começar a conhecer o mundo, configurando a primeira zona erógena em que a libido (energia dos instintos sexuais) é investida. A primeira manifestação da libido, se expressa através da atividade de sucção do seio materno pelo bebê, sem fins de nutrição (“Fazer o seio de chupeta”). Desta forma, observa-se nesta fase um comportamento sistemático do bebê de levar tudo que consegue pegarà boca, tendo prazer em realizar esta ação. A segunda fase, consiste na fase anal ocorrendo entre 2 e 3 anos. Nesta fase, verificamos um deslocamento da libido para uma nova zona erógena, a região anal. Nesta fase, a satisfação da libido está atrelada às funções excretoras, (reter e liberar as fezes) que são investidas de valor simbólico pela criança. De acordo com Rappaport, Fiori e Davis (1981, p. 40/41), Psicologia da Educação UERJ/CEDERJ P ág in a7 “Dentre os produtos que a criança elabora, as fezes assumem um lugar central na fantasia infantil. São objetos que vêm de dentro do próprio corpo, que são, de certa forma, partes da própria criança. [...] Durante o treino de esfíncteres, as fezes são dadas aos pais como prendas ou recompensas. Se o ambiente é hostil, são recusadas. [...] Quando o desenvolvimento permite à criança sentir que é amada pelos pais, cada elemento que ela produz é sentido como bom e valorizado. O sentimento básico que fica estabelecido a levará em todas as etapas posteriores da vida a se sentir que ela é adequada e que seus produtos são bons; portanto, estará sempre livre e estimulada a produzir.” A terceira fase, é chamada de fálica e ocorre entre 3 e 6 anos. Nesta fase as pulsões parciais se unificam em torno de uma nova zona erógena, os órgãos genitais. Naturalmente, a criança passa a manifestar um interesse por eles, sendo frequente a sua manipulação e a curiosidade sobre as diferenças entre os sexos. Para Rapapport, Fiori e Davis (1981), a denominação de feminino e masculino ocorre a partir da existência ou não de pênis. Criança 1: _ Ônibus tem pipi? Criança 2: _ Se não tem, é mulher!! (Rappaport, Fiori e Davis, 1981, p.41) Na fase fálica, também ocorre dois fenômenos muito importantes: o “complexo de Édipo” e o “complexo de castração”. O complexo de Édipo é fundamental para a estruturação da personalidade, possibilitando a formação do superego, como também, influencia na orientação do desejo humano. De acordo com Laplanche e Pontalis (1995), o complexo de Édipo consiste em um “conjunto de desejos amorosos e hostis que a criança sente em relação aos pais. Sob sua forma positiva, o complexo apresenta-se como na história de Édipo-Rei: desejo da morte do rival que é a personagem do mesmo sexo e desejo sexual pela personagem do sexo oposto. Sob sua forma negativa, apresenta-se de modo inverso: amor pelo progenitor do mesmo sexo e ódio ciumento ao progenitor do sexo oposto.” (p. 77) O complexo de castração advém da ideia que a criança passa a ter sobre as diferenças anatômicas entre os órgãos genitais masculino e feminino. A diferença é vivenciada pela presença ou ausência do pênis, em que a “ausência” é compreendida como proveniente de uma amputação. Dessa forma, o complexo de castração é vivenciado de forma distinta por meninos e meninas. Para Laplanche e Pontalis (1995), “O menino teme a castração como realização de uma ameaça paterna em resposta às suas atividades sexuais, surgindo daí uma intensa angústia de castração. Na menina, a ausência do pênis é sentida como um dano sofrido que ela procura negar, compensar ou reparar” (p. 73). Entre a fase fálica e a fase seguinte (genital) existe um fenômeno denominado por Freud, como “período de latência”, onde se observa uma pausa no Psicologia da Educação UERJ/CEDERJ P ág in a8 desenvolvimento da sexualidade. Neste período, não há o aparecimento de nenhuma nova zona erógena e o investimento da libido encontra-se “suspenso”. Neste sentido, verificamos no período de latência, “uma diminuição das atividades sexuais, a dessexualização das relações de objeto e dos sentimentos (e, especialmente, a predominância da ternura sobre os desejos sexuais), o aparecimento de sentimentos como o pudor ou a repugnância e de aspirações morais e éticas.” (Laplanche e Pontalis, 1995, p. 263). Assim, ante a sublimação da energia sexual a criança volta-se para a realização de atividades que sejam valorizadas socialmente, tais como: iniciar a escolarização formal, aprender um esporte, tocar um instrumento musical, dentre outras atividades. A última fase é denominada por genital, marcando o início da puberdade, ocorrendo aproximadamente entre 11-12 anos. Esta fase marca o fim do desenvolvimento da sexualidade e consiste no momento de realizações, ou seja, agora o sujeito torna-se capaz de amar num sentido genital amplo. Com a reedição do complexo de Édipo, percebe-se capaz de estabelecer vínculos significativos e duradouros, considerando que o objeto de desejo passa a ser externo ao sujeito, encontrando lugar no outro (Rappaport, Fiori e Davis, 1981). Ao desenvolver a teoria psicanalítica, Freud contribuiu com a quebra de vários paradigmas, tais como, a ideia de que a realidade não é objetiva, sendo impregnada pela subjetividade do sujeito, ou seja, pela forma como ele interpreta e compreende aquilo que vivenciou. Freud ao desenvolver o conceito de inconsciente, destitui o homem do “controle” total de si, afirmando que ele não é senhor de si. Os atoa falhos e mecanismos de defesa, por exemplo, nos servem como evidências da força que o id possui sobre o ego, buscando a realização dos desejos. Outro ponto, que não pode deixar de ser mencionado, refere-se à sexualidade infantil, que rompe com a noção puritana da sociedade da época que concebia a infância como um período assexualizado, investida de pureza e ingenuidade. Estes e outros aspectos da psicanálise fizeram a ciência avançar, no sentido de contribuir para a construção de um novo olhar para o homem, compreendendo-o como um ser complexo, cujas ações refletem a negociação existente entre suas instâncias psíquicas. A psicanálise busca decifrar o inconsciente e integrá-lo com os conteúdos da consciência, possibilitando ao sujeito compreender suas atitudes e superar seu sofrimento, face aos novos modos de subjetivação presentes na sociedade contemporânea. Referências Bibliográficas BOCK, A. M. B.; FURTADO, O. & TEIXEIRA, M. L. T. 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