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00 Filiação Ana Celia Suzana

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Prof.ª VANESSA HASSON DE OLIVEIRA
Ana Maria Bondezan						201402162031
Célia Vieira 							201403366799
Suzana Batista de Almeida Oliveira			201404004432
Filiação
Introdução	
	Nos dias atuais, filiação diz respeito ao vínculo entre filhos e pais, podendo este decorrer de consanguinidade, ou de qualquer outra origem diversa, como por exemplo, as técnicas de reprodução assistida e o procedimento de adoção.
	Vejamos a seguir algumas vertentes de nossa norma jurídica, que atualmente não admite a discriminação dos filhos quaisquer que sejam suas origens.
Conceito de filiação
	No inicio era reconhecido apenas com o vínculo entre os filhos e os progenitores, ou seja, a relação entre a criança e as pessoas que a procriaram.
	Com as transformações e modificações nos fenômenos jurídicos a ideia de filiação sofreu fortes mudanças em seu conceito, abrangendo, o instituto da adoção e a medicina genética reprodutiva, bem como a relação de afetividade para garantia da filiação familiar.
FICA DEFINIDO POR Silvio Rodrigues que a relação de parentesco atualmente e aquela em primeiro grau e em linha reta, que liga uma pessoas aquelas que a geram, ou que a receberam como se tivessem gerado.
Direito Romano e filiação
	No direito Romano predominava a agnatio (agnação), que significava o parentesco na linha masculina, conjugado ao filho como a continuação do lar.
	Existem três categorias de filhos no direito romano: Justas Núpcias (Justi ou legitimi), os adotivos e os legitimados.
A filiação no Código Civil 
	Nessa época a família constituída pelo casamento era única e protegida pelo estado, a família possuía um perfil jurídico essencialmente patrimonialista, classificando os filhos em legítimos e ilegítimos.
	O art.337 dessa legislação trata filhos legítimos os concebido no casamento, ainda que este seja anulado, ou mesmo nulo se contraído de boa fé.
	Os ilegítimos eram os de pessoas não casadas e subdividia em naturais e espúrios. Os naturais eram os de pessoas não casadas, mas desimpedidas, e os espúrios os fora do casamento, ou seja, de pessoas não casadas com pessoas casadas com terceiros. Se houvesse parentesco próximo, eram classificados como ilegítimos incestuosos.
	Os filhos adulterinos e incestuosos não podiam ser reconhecidos, e também era proibida a investigação de paternidade a fim de resguardar a família. Além disso, não tinham direito a identidade e sobrevivência. 
	 Já os filhos naturais ilegítimos poderiam se tornar legítimos com o casamento dos pais. 
	Posteriormente foram criadas as leis n 4737 e n 4883, de 1942 e 1949, que autorizava o reconhecimento do filho fora do matrimonio, desde que ocorre dissolução do casamento do genitor, e a concessão de investigação de paternidade, porém apenas para alimentos.
	A lei 6515/77, que trata sobre o divorcio, considera os filhos legítimos ainda que o casamento seja nulo ou anulável, ou que tenha sido contraído de má fé.
	Em 1992, a lei n 8560, admiti a investigação de paternidade contra homem casado ou mulher casada contra o verdadeiro pai.
	Em 1988, a promulgação de nossa constituição federal, afastou todas as desigualdades, trazendo inovações no Direito de Família. O CC/2002 segue a constituição federal em seu art.1596.
	Essa nova ordem constitucional, adotou a proteção da família integral, dando prioridade ao principio da dignidade da pessoa humana. Todas essas mudanças foram cruciais para a criação do instituto da filiação que temos vigente.
	No que tange ao avanço cientifico, a manipulação genética, possibilitou a criação de novos métodos de reprodução humana como a fecundação assistida homologa e heteróloga.
	Com isso, a identificação de vínculos de paternidade não pode mais ser buscada apenas no campo genético, uma vez que tanto o óvulo como espermatozoide ou ate mesmo o útero cedido para fecundação podem ser ou não da mesma pessoa que cria e cuida.
	Assim o ponto essencial que a paternidade não depende mais da relação exclusiva entre pai e filho biologicamente. Toda paternidade e necessariamente sócio afetiva, podendo ter ou não relação biológica.
	O direito então confere a posse de estado de filho e pai, não mais por laços consanguíneos e biológicos, mas do reconhecido da vontade, fundada no afeto, ou seja, o vinculo da criança e com aquele que cuida, educa, da amos, e participa da vida.
	Atualmente o Código Civil em seu art.1593, trata filiação poderá ocorrer tanto de laços sanguíneos como afetivos.
	A filiação por vínculos sanguíneos, e a paternidade sócio afetiva, que tem a relação biológica.
	A reprodução assistida, e hipótese inovadora na constância do casamento (Art. 1597 CC), porém o código não autoriza, nem regulamenta a reprodução assistida, procura apenas resolver o problema da paternidade.
	A reprodução assistida homologa, ou seja, são utilizados os óvulos e sêmen pertencente ao conjugues que desejam ter um filho, presumindo se o consentimento de ambos. Mesmo após a morte do marido, com seu consentimento expresso enquanto vivo, poderá ocorrer a fecundação artificial.
	A reprodução assistida hieróloga, e realizada com sêmen de terceiros, mas depende de previa autorização do marido, antes da inseminação, presumindo a paternidade.
	Com o advento do código civil de 2002, reconheceu o método de procriação pelo método artificial (art. 1597), e abordou a questão da paternidade entre pais e filhos não biológicos. 
Dos Direitos da Personalidade como Fundamento à Reprodução Assistida
	A Constituição Federal, no §7° de seu artigo 226 diz ser o planejamento familiar fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, de livre decisão do casal, cabendo ao Estado “propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas”.
	Trata-se de norma programática, que veio a ser regulamentada pela Lei 9.263/96. Esta diz, em seu art.1º, ser o planejamento familiar um direito de todo cidadão. Diz ainda, no parágrafo único de seu art.3º que as instâncias gestoras do Sistema Único de Saúde obrigam-se a garantir : “I - assistência à concepção e contracepção”. Por fim, em seu art.9º, proclama que: “Para o exercício do direito ao planejamento familiar, serão oferecidos todos os métodos e técnicas de concepção e contracepção cientificamente aceitos [...] garantida a liberdade de opção” 
	Nesse contexto constitucional, surge ao ser humano, fundamentada no princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, a legitimação de toda e qualquer prática que viabilize a formação de uma família, obtida através da filiação. Essa faculdade surge, como bem observa a profª. Martha Asuncion[3], com fulcro no direito da personalidade de dispor do próprio corpo. Entende a renomada jurista que este direito estaria num estágio anterior à ordem jurídica, na seara dos direitos naturais, cabendo ao direito positivo dotá-lo de proteção própria, contra quaisquer arbitrariedades do poder público ou de particulares.
	O novo Código Civil, ao tutelar expressamente os diretos da personalidade, respaldou, com fundamento nestes, a reprodução medicamente assistida,  já que as doações de gametas não importam em diminuição permanente da integridade física, e são sempre realizadas por necessidade médica, já que a infertilidade é considerada uma doença. 
	As técnicas mais difundidas de reprodução medicamente assistida são :
Coito Programado: método de fecundação in vivo. Nos casos em que não há problemas físicos, e mesmo assim o casal não consegue engravidar, faz-se um estudo de qual a melhor oportunidade para a realização do ato sexual, através do acompanhamento do ciclo menstrual, objetivando atingir o período fértil da mulher;
 Inseminação Artificial (IA): método de fecundação in vivo. Ocorre pela colocação mecânica de espermatozóides, recolhidos e tratados, no interior do aparelho genital feminino, ocorrendo a fecundação do óvulo dentro da mulher;
Transferência Intratubária de Gametas (GIFT): método de fecundaçãoin vivo. Os espermatozóides e ovócitos colhidos previamente, são transferidos para as trompas uterinas, local onde se dará sua fusão;
Transferência Intratubária de Zigotos (ZIFT): método de fecundação in vitro. Estimula-se a maturação de óvulos da mulher através de tratamento hormonal, para então se puncionar alguns para fora do corpo, possibilitando que os mesmos sejam manipulado numa placa de petri (não em uma proveta como se crê popularmente), quando então, os mesmos são expostos a milhares de espermatozóides, e assim fecundados, sendo os zigotos resultantes transferidos para as trompas uterinas;
 Fertilização In Vitro seguida de Transferência de Embriões (FIVETE): método de fecundação in vitro, conhecido popularmente como ”bebê de proveta”. Semelhante ao método anterior, com a diferença de que o zigoto é incubado in vitro até sua segmentação, em 02 até 08 células, sendo então transferidos para o útero ou trompas;
Fecundação In Vitro do óvulo através de Injeção Intra-citoplasmática de Espermatozóides (ICSI): um único espermatozóide é inserido, in vitro, dentro do óvulo, que posteriormente segue o processo do método anterior;
Clonagem: método de reprodução in vitro, onde ocorre a duplicação de genes, obtida através de uma biotecnologia de reprodução assexuada. Pode usar como matéria-prima células embrionárias ou células somáticas (outras que não os gametas), que tem o material genético (núcleo) introduzido em óvulos anucleados artificialmente, gerando um indivíduo geneticamente idêntico ao anterior.
	As técnicas acima mencionadas podem ser classificadas de acordo com a procedência dos gametas em: homólogas, quando o espermatozoide e o óvulo provêm do casal; e heterólogas, quando um ou ambos os gametas provêm de um doador, ou seja, de um terceiro, estranho à entidade conjugal.
Aspectos jurídicos da reprodução assistida
	A Resolução 1358/92 do Conselho Federal de Medicina, que, apesar de não ser dotada de força cogente, possui força deontológica e administrativa, além de vir sendo seguida pelos projetos de lei que tratam da matéria.
	A única normatização que rege – indiretamente – a matéria atualmente além do novo Código Civil, é a Lei 8974 de 05.01.1995, conhecida como Lei de Biosegurança, que, ao regulamentar os incisos II e V do § 1° do artigo 225 da Constituição Federal, estabeleceu normas para o uso das técnicas de engenharia genética e liberação no meio ambiente de organismos geneticamente modificados, popularmente conhecidos como transgênicos.
Direito de Família
O atual Código Civil traz em seu Art. 1.597, a seguinte previsão:
Art. 1597 - Presumem-se concebidos na constância do casamento os filhos: [...]
III -  havidos por fecundação artificial homóloga, mesmo que falecido o marido;
IV – havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga;
V - havidos por inseminação artificial heteróloga, desde que tenha prévia autorização do marido.
Da maternidade de substituição ( Barriga de Aluguel)]
	Nesse contexto da filiação, existem os casos dos Conflitos Negativos (nenhuma mãe aparente) e Positivos de Maternidade (mais de uma mãe aparente). Surge então o conflito da presunção de que a mãe é sempre certa, com o fenômeno da barriga de aluguel. A expressão popularmente utilizada “barriga de aluguel” trata-se de imprecisão terminológica, visto que de acordo com a lei 9.434/97 e com a Constituição Federal, jamais poderia decorrer algum tipo de lucro desse procedimento.
	A sub-rogação do útero, ou doação temporária do útero, seria a técnica através da qual, terceira pessoa se dispõe a gerar embrião nela implantado, criado in vitro com gametas de outra mulher (mãe biológica) com o propósito de finda a gestação, entregar o recém nascido à mesma. A resolução do CFM de nº1.358/92 recomenda que esta técnica deva ser utilizada apenas entre parentes de até segundo grau, e sem qualquer caráter lucrativo.
	O PL 90/99 dispõe expressamente em seu Art. 3º que: “Fica proibida a gestação de substituição”. Temos como absurdamente falha esta disposição basicamente pelo motivo de que, se descumprida, as relações jurídicas daí advindas não estariam reguladas. Já o projeto Nº3.638-C DE 1993 permite esta técnica, nos mesmos termos da resolução do CFM, não regulando os conflitos daí advindos.
	Reprodução assistida e gestação por substituição
A evolução da medicina, aliada à pluralidade das relações interpessoais, fizeram com que o conceito de maternidade – que antes era certo e determinado – fosse questionado, para, então, passar a abrigar as novas formas de constituição de família.
A reprodução homóloga consiste em utilizar material genético dos próprios conviventes da união conjugal, sendo por isso menos controvertida quantos às suas consequências éticas e jurídicas.Haverá, ainda, a presunção de paternidade e o fornecedor do material genético será afastado de qualquer vínculo com o ser gerado, excepcionando-se, aqui, os impedimentos matrimoniais.
Sobre a reprodução heteróloga, disserta 1-Dias (2013, p. 378), citando Chinelato[2] e Gama[3]: “Ao contrário das demais hipóteses, a fecundação heteróloga gera presunção juris et de jure, pois não há possibilidade de a filiação ser impugnada. Trata-se de presunção absoluta de paternidade socioafetiva. A paternidade constitui-se, desde a concepção, no início da gravidez, configurando hipótese de paternidade responsável.”
Em virtude dos grandes avanços tecnológicos e científicos, a demanda pela utilização dos métodos de reprodução humana medicamente assistida tem aumentado significativamente no decorrer dos anos. 
No Brasil, não há, ainda, uma legislação específica disciplinando a utilização das técnicas de reprodução assistida, sendo que sua primeira regulamentação advinha da Resolução 1.358/92 do Conselho Federal de Medicina, que vigorou durante 18 anos e que fora substituída pela Resolução nº 1.957/10 sendo esta ainda revogada pela Resolução 2.013/13 do referido órgão. Recentemente, com o intuito de aperfeiçoar a observância aos princípios éticos e bioéticos que garantem maior segurança e eficácia aos procedimentos de reprodução assistida, foi aprovada, pelo mesmo Conselho Médico, a Resolução 2.121 de 24 de setembro de 2015, tornando-se o atual dispositivo a dispor sobre o tema. Cumpre enfatizar que tais resoluções jamais possuíram força normativa, por carecerem do devido processo legislativo.  São apenas orientações éticas de caráter deontológico a serem seguidas pela comunidade médica. Qualquer desobediência à regra contida na resolução pode ensejar punição administrativa do Conselho Federal de Medicina, mas não constitui infração penal. 
Surge, nesse contexto, a maternidade por substituição como forma de sanar algum problema de infertilidade ou esterilidade em casais heterossexuais ou como alternativa viável para casais homossexuais que desejam realizar um projeto parental constituído por um ou mais descendentes genéticos.
No Brasil, via de regra, a maternidade é conferida àquela mulher que dá a luz, bastando que se proceda ao ato de registro civil do filho no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais. Tal registro goza de publicidade e veracidade incontestável, salvo em havendo prova de erro ou falsidade, revelando-se, ainda, como ato constitutivo do vínculo jurídico de paternidade. 4-(Oliveira, 2014)
os tribunais vêm admitindo a utilização das técnicas de reprodução assistida e inclusive, da gestação por substituição, pelos casais homoafetivos, nos termos da Resolução 2.021/15 do CFM 
Tratando-se de gestação por substituição, quedou-se silente o ordenamento civilista pátrio, que não o proíbe expressamente – como em países como Portugal, Espanha e Alemanha – como também não define os limites legais para sua prática. Quanto à possibilidade de estabelecer contrato para reger as relações entre a gestante em potencial e os futuros pais, tem-se que, o contrato em questão deverá possuir requisitos mais rígidos que as demais modalidades contratuais, sendo que o elemento maisimportante se concentra na figura consentimento qualificado, ou seja, demonstrado de forma precisa, inequívoca e expressa. O CFM prevê que o consentimento deverá ser livre, esclarecido e informado.
Com o intuito de suprir a lacuna jurídica e conferir maior segurança à demanda cada vez maior de pessoas com alguma limitação reprodutiva, o Conselho Federal de Medicina regulamentou a utilização das técnicas de reprodução assistida e estipulou limites para prática da gestação por substituição. 
As clínicas, centros ou serviços de reprodução assistida podem usar técnicas de RA para criarem a situação identificada como gestação de substituição, desde que exista um problema médico que impeça ou contraindique a gestação na doadora genética ou em caso de união homoafetiva.
1- As doadoras temporárias do útero devem pertencer à família de um dos parceiros em parentesco consanguíneo até o quarto grau (primeiro grau – mãe; segundo grau – irmã/avó; terceiro grau – tia; quarto grau – prima). Demais casos estão sujeitos à autorização do Conselho Regional de Medicina.
2- A doação temporária do útero não poderá ter caráter lucrativo ou comercial.
3 - Nas clínicas de reprodução assistida, os seguintes documentos e observações deverão constar no prontuário do paciente:
3.1. Termo de consentimento livre e esclarecido informado assinado pelos pacientes e pela doadora temporária do útero, contemplando aspectos biopsicossociais e riscos envolvidos no ciclo gravídico-puerperal, bem como aspectos legais da filiação;
3.2. Relatório médico com o perfil psicológico, atestando adequação clínica e emocional de todos os envolvidos;
3.3. Termo de Compromisso entre os pacientes e a doadora temporária do útero (que receberá o embrião em seu útero), estabelecendo claramente a questão da filiação da criança;
3.4. Garantia, por parte dos pacientes contratantes de serviços de RA, de tratamento e acompanhamento médico, inclusive por equipes multidisciplinares, se necessário, à mãe que doará temporariamente o útero, até o puerpério;
3.5. Garantia do registro civil da criança pelos pacientes (pais genéticos), devendo esta documentação ser providenciada durante a gravidez;
3.6. Aprovação do cônjuge ou companheiro, apresentada por escrito, se a doadora temporária do útero for casada ou viver em união estável.
No dia 15 de março de 2016 foi publicado o Provimento nº 52, da Corregedoria Nacional de Justiça-CNJ, regulamentando, enfim, o registro de crianças concebidas por reprodução assistida, dispensando a necessidade de prévia ordem judicial.
Assim, a partir de agora, em todo o Brasil, casais homo ou heteroafetivos que tenham que recorrer à reprodução assistida ficam livres dos transtornos que vinham sofrendo, podendo ser atendidos diretamente no Cartório do Registro Civil das Pessoas Naturais, mediante a apresentação dos documentos relacionados no referido Provimento nº 52-CNJ.
Apesar da importância de tal medida, a verdade é que ela tardou, posto que, como se demonstrará, deveria ter sido apresentada em conjunto com a Resolução 175/CNJ, que autorizou os casamentos homoafetivos.
O PROVIMENTO 52 DO CNJ, O REGISTRO DE CRIANÇAS NASCIDAS POR MEIO DE REPRODUÇÃO ASSISTIDA, FILHAS DE CASAIS HETEROAFETIVOS E HOMOAFETIVOS
O ato, portanto, vinha sendo feito da seguinte forma: quando o casal era composto por duas mulheres, era possível registrar em nome da mãe que concebeu a criança e suscitar dúvida para o juiz competente quanto ao nome da outra mãe a ser incluído. Assim, garantia-se que a criança tivesse a certidão de nascimento rapidamente, mesmo que incompleta. Quando o casal era composto por dois homens, no entanto, não era possível realizar o registro prévio e, então, era necessário mobilizar a máquina judiciária desde o início.
Para que se possa entender o procedimento seguido até a publicação do Provimento nº 52 do CNJ, é importante saber como funciona o registro de nascimento no Brasil.
É necessário para o registro que sejam apresentados o documento do declarante e o documento da mãe que concebeu a criança, cujo nome deve ser o mesmo a constar na Declaração de Nascido Vivo fornecida pelo hospital.
Quando os pais não são casados, é imprescindível que o pai compareça ao cartório e reconheça o filho como seu, seja no momento da declaração do nascimento ou posteriormente, caso já não conste nome de outrem como pai da criança.
No caso de casais homoafetivos, como a situação ainda não estava devidamente regulamentada, o procedimento tradicional de registro não podia ser seguido. Os Oficiais de Registro estão vinculados ao princípio da legalidade estrita, ou seja, só podem fazer o que a lei expressamente permite, não podendo excedê-la por seu próprio entendimento.
Como bem esclarece Rodrigo da Cunha Pereira: “A demora na tramitação da ação deixava a criança em situação de vulnerabilidade”. 5-(PEREIRA, 2016)
Ainda para ele, a edição de um provimento neste sentido é a forma mais adequada para assegurar às crianças a proteção integral que lhes é garantida constitucionalmente:
Todas essas tecnologias, associadas ao discurso psicanalítico, filosófico e jurídico, proporcionaram caminhos e possibilidades para a constituição de novas relações de parentesco. A partir daí surgiram as parcerias de paternidade/maternidade, isto é, pessoas que estabelecem contratos de geração de filhos, sem vínculo conjugal ou sexual, estabelecendo-se aí apenas uma família parental.
Entende-se, também, que uma vez estando equiparados o casamento heteroafetivo e o homoafetivo, todos os direitos de casal devem ser aplicados a ambos, como é o caso do registro de nascimento dos filhos quando apenas um dos cônjuges comparece ao cartório portando a certidão de casamento.
A lista de documentos a serem apresentados de acordo com o Provimento nº 52 do CNJ, no entanto, é extensa, e imprescindível para a realização do ato. Há de se entender que se trata de medida de segurança, uma vez que o nome que consta na DNV (Declaração de Nascido Vivo) pode vir a ser distinto do nome do ascendente a constar no registro. Trata-se, pois, de exceção à fé pública da DNV.
DA FORÇA ATRIBUÍDA PELO CNJ AO INSTRUMENTO PÚBLICO
No Código Civil, art. 1.597, V, não havia exigência de instrumento público para a autorização de inseminação heteróloga. No entanto, o CNJ, também aqui reconhecendo a importância do trabalho dos Notários, bem como a segurança jurídica por eles atribuída e também a facilidade de reprodução dos documentos e certidões, exigiu para todas as autorizações o instrumento público, ou seja, aquele lavrado em Notas de Tabelião.
De fato, já que o CNJ expressamente reconheceu que a paternidade ou maternidade socioafetiva supera a biológica, não há motivo para movimentar a máquina judiciária se forem apresentados os documentos cabíveis dentre os relacionados no Provimento 52/CNJ, quais sejam a certidão de casamento ou a escritura de união estável atualizadas.
No entanto, seria importante que o CNJ disciplinasse também essa situação, para evitar dúvidas e uniformizar procedimentos.
Enquanto não houver tal disciplina, importante que os Oficiais de Registro apresentem eventuais pedidos em casos concretos ao Juiz competente para Registros Públicos, para a primeira autorização, pedindo, ainda, que seja fixada a mesma prática para casos subseqüentes.
Por fim, sem o intuito de esgotar o tema, conclui-se que, mesmo diante de instigantes indagações, não deve o legislador ordinário se abster de enfrentar o tema. Ainda, na ausência de regulamentação específica, cabe ao judiciário pacificar eventuais conflitos positivos de maternidade, atentando-se sempre para o melhor interesse da criança, sem deixar de perquirir sobre a validade do elemento essencial de qualquer negócio jurídico, qual seja: a vontade.
Bibliográfia:
 [1] DIAS, Maria Berenice. Manual de direito das famílias. 4ª edição. Ed. RT, 2007, pp. 319-320.
[2] RODRIGUES, Silvio. Direito civil: volume 6. 27ª edição. Ed. Saraiva, 2002, p. 321
[3] DIAS, Maria Berenice. Op. Cit., p. 320.
[4] DIAS, Maria Berenice. Op.Cit., p. 333: 
[5]  BOSCARO, Márcio Antonio. Direito de filiação. Ed. RT, 2002, p. 61. 
[6] Art. 1.596. Os filhos, havidos ou não da relação de casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
[7] PRADO, Martha Asuncion Enriquez. Aspectos Jurídicos da Inseminação Artificial. 1992. 218f. Dissertação (Mestrado em Direito das Relações Sociais) - Universidade Estadual de Londrina, Paraná. p.45-47.
 [8] Maria Berenice afirma, inclusive, que a presunção da lei, de fato, não se trata do estado de filiação, mas sim do dever de fidelidade da esposa ao seu marido. Portanto, presumida a fidelidade da mulher, a paternidade se determina.
[9] DINIZ, Maria Helena. Curso de direito civil brasileiro: direito de família. 26ª edição. Ed. Saraiva, 2011, p. 483.
[10] GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro: Direito de família. 8ª edição. Ed. Saraiva, 2011, p. 323.
[11] DIAS, Maria Berenice. Op. Cit., p. 334.
Anexos:
__01__Provimento 52/2016 CNJ (original)
__02__Provimento do 52/2016 CNJ - Portal do TJ SP
__03__Tese Repercussão Geral STF
__04__Acordão
__05__Matéria do O Globo

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