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PATOLOGIA DO APARELHO PATOLOGIA DO APARELHO URINURINÁÁRIORIO Dr. Dr. GervGerváásiosio Henrique BecharaHenrique Bechara Depto. de Patologia VeterinDepto. de Patologia Veterinááriaria FCAVFCAV--UNESP, JaboticabalUNESP, Jaboticabal I. CI. Cáápsula psula fibrofibro--adiposaadiposa renalrenal 1. Introdução ü Envoltório renal facilmente destacável (exceção: rim retraído 2ário a nefrites, infartos, etc) ü Natureza conjuntiva fibrosa e adiposa ü Maior quantidade de gordura ocorre na obesidade e menor quantidade na caquexia 2. Esteatonecrose ü Digestão da gordura perirrenal pela lipase pancreática seguida de sua necrose ü Pancreatite, oclusão do ducto de Wirsung, úlcera duodenal perfurada Þ derrame de lipase pancreática na cavidade peritoneal ü Gordura + lipase Þ ác.graxo + glicerol ü Ác.graxo + Ca++ Þ sebato de cálcio ü Aspectos macro e microscópicos: lesão de coloração branco-acinzentada, sebato Ca ~ pó- de-giz, reação inflamatória tipo corpo estranho, imagens negativas de colesterol e infiltrado de células inflamatórias (incluindo gigantócitos), gordura necrosada de cor rosa. Esteatonecrose perirrenal, cavalo Esteatonecrose perirrenal, veado Figuras do King´s Necropsy Show and Tell Veterinary Pathology Images 3. Atrofia gelatinosa do tecido adiposo ü Associada a caquexia, inanição e causas do edema ü É um quadro parcial de atrofia gelatinosa generalizada ü Aspecto gelatinoso é devido à infiltração de plasma na gordura perirrenal 4. Hemorragia ü Causada por traumatismos associados a atropelamentos, chutes, coices e longas viagens ü Pode ocorrer como hematoma sub-capsular de diferentes diâmetros; se pequenos ocorre restituição, mas se grandes ocorre organização e atrofia compressiva 5. Perinefrite ü Geralmente é 2ária a peritonite e/ou nefrite ü Tipo necrótico-purulenta na estefanurose ü Pode ser aguda serosa ou crônica 6. Parasitas ü Stephanurus dentatus no rim esquerdo de suinos ü Dioctophyme renali no rim direito de canideos, como o lobo-guará ü Strongylus vulgaris (larvas) nos rins de equinos 7. Neoplasias ü Lipoma: capsulado, circunscrito, séssil ou pediculado Estefanurose suína Estefanurose suína Figuras do King´s Necropsy Show and Tell Veterinary Pathology Images II. Rins II. Rins 1. Revisão morfofuncional ü Órgãos pares, localizados no retroperitônio, adjacente às vértebras lombares, recoberto pela cápsula fibro- adiposa renal ü Ao corte sagital nota-se córtex parda e medular rósea, na proporção de 1:2 a 1:3, rim amarelado no gato devido presença de grande quantidade de lipídios ü Medular em papila única no gato, múltipla no bovino e suíno, e fundida na crista renal do cão, ovelha e cavalo ü Outras particularidades anatômicas: rim lobulado em bovino, maior teor de gordura no epitélio tubular do gato, maior número de glândulas mucosas no cavalo Þ presença de muco na urina ü Néfron: unidade morfofuncional do rim ü Nº de nefrons varia com a espécie animal. Exs.: 1-2 milhões no homem, 10-30 milhões no rato ü Componentes do néfron: glomérulo ou corpúsculo de Malpighi (GM) revestido pela cápsula de Bowman ( CB) e túbulos contorcidos proximal (TCP), alça de Henle (AH), contorcido distal (TCD) e túbulo coletor de Bellini (TCB) ü O GM funciona como uma barreira de filtração exercida pelo endotélio dos capilares glomerulares, membrana basal glomerular e processos podais, que selecionam macromoléculas de acordo com seu tamanho, forma e carga elétrica ü TCP: túbulo curto formado de epitélio cúbico simples com “bordadura em escova”, responsável pela reabsorção de água, solutos orgânicos (glicose, amino- ácidos e proteinas de ?PM) e inorgânicos (Na+, Cl-, HCO3-, K+, Ca++) ü Quando aumenta a reabsorção de proteínas no TCP, formam-se corpos hialinos, que são revelados no exame de sedimento urinário Modelo esquemModelo esquemáático do tico do GlomGloméérulo de Malpighirulo de Malpighi Figura extraída de Rubin e Farber. Pathology, 2nd ed., 1994. ü AH: túbulo recoberto de epitélio cúbico achatado, subdividido nos ramos descendente, transverso e ascendente ü TCD: túbulo com epitélio cúbico-colunar, sem bordadura em escova, arranjado em paliçada (mácula densa) e associado às células da arteríola aferente do GM (aparelho juxtaglomerular, responsável pela secreção de renina e angiotensina, que atuam na regulação da pressão arterial ü Túbulos podem sofrer degeneração, necrose e regeneração ü GM geralmente sofrem inflamação e cicatrização, mais raramente degeneração (ex.: amiloidose) ü Vasculatura renal é complexa e formada de duas malhas capilares (GM e túbulos) ü Ramificações da vasculatura renal: a. renal penetra o hilo Þ aa.arciformes (junção córtex- medula) Þ aa. interlobulares (paralelas aos TCB) Þ art. aferente (GM) Þ tufo capilar Þ art. eferente Þ plexo capilar tubular Þ vênulas Þ vv. interlobulares Þ vv. arciformes Þ v. renal Figura extraída de Rubin e Farber. Pathology, 2nd ed., 1994. Vasculatura renal 2. Anomalias congênitas e hereditárias renais 2.1. Aplasia e agenesia: ü Pode ser uni ou bilateral, mais freqüente em suinos, cães e bovinos 2.2. Hipoplasia: ü Ocorre em cães e gatos; Cordes e Dodd (1965) descreveram hipoplasia renal bilateral em 19 leitões (12 natimortos) ligada a gene autossômico recessivo simples 2.3. Cistos renais: ü Geralmente simples (ou solitário) e grande ou múltiplos e pequenos ü Rim policístico congênito: ü Doença renal policística autossômica recessiva (infantil) ü Doença renal policística autossômica dominante (adulto) 2.4. Ectopia renal: ü Localização normal rim no retroperitônio ü Rins móveis ou flutuantes no gato, de pouco significado patológico ü Na pélvis, acompanhando ectopia ureteral e vesical Hipoplasia renal, coelho e aplasia renal, gato Figura extraída de Rubin e Farber. Pathology, 2nd ed., 1994. Figura do King´s Necropsy Show and Tell Veterinary Pathology Images Hipoplasia renal em cão Cistos congênitos, bovino Aplasia renal em gato Cistos congênitos, suino Doença policística do adulto, homem Figuras do King´s Necropsy Show and Tell Veterinary Pathology Images Cistos renaisCistos renais Rim policístico em cão Rim policístico em ovino Rim policístico em bovino Rim policístico em bovino Figuras do King´s Necropsy Show and Tell Veterinary Pathology Images 2.5. Rim em ferradura: ü Rins fundidos em um dos pólos, próximos à linha média abdominal, funcionais ü Ureteres normalmente intactos ü No homem, gato, bovino, suino e outras espécies Rim em ferradura, bovino Rim em ferradura, gato Figuras do King´s Necropsy Show and Tell Veterinary Pathology Images 3. Dist3. Distúúrbios circulatrbios circulatóórios renaisrios renais 3.1. Infarto isquêmico ü Causas: êmbolos destacados de tromboendocardite verrucosa ou metrite séptica; doença vascular generalizada (ex. arteriosclerose e poliarterite nodosa) levam a isquemia e infarto ü A extensão do infarto (cortical, cortico- medular ) vai depender do calibre do vaso arterial renal obstruído ü A maioria dos infartos renais são corticais e cônicos, e sofrem necrose não massiva ü Quanto à natureza, podem ser sépticos ou tumorais em função do tipo de êmbolo ü Aspectos macroscópicos-M: infarto recente é vermelho e ressaltado, e em 2- 3 dias torna-se rosa-amarelado ou cinza pálido devido necrose coagulativa ü O infarto antigo é branco e retraído (fibrose) ü Aspectos microscópicos-µ: necrose coagulativa tubular, hiperemia adjacente, hemorragia intersticial e glomerular, infiltrado celular inflamatório Infarto renal séptico, bovino Infarto renal isquêmico, cão Infarto renal isquêmico, equino Rim retraído 2ário. a .infarto, gatoFiguras do King´s Necropsy Show and Tell Veterinary Pathology Images 3.2. Hiperemia ou congestão ü Hipostática e unilateral no decúbito ü Ativa em nefrites agudas ü Passiva em congestão passiva crônica 2ária a insuficiência cardíaca crônica direita e estase abdominal, cirrose hepática, tumores abdominais e intoxicações agudas ü M:nota-se rim cianótico, e ao corte o sangue flui livremente ü µ : os vasos renais estão dilatados e cheios de sangue na região cortical e/ou medular ü Evolução: hiperemia Þ hemorragia, edema Þ inflamação Þ fibrose com endurecimento (induração cianótica) 3.3. Anemia ü Parcial ou completa (ex. anemia infecciosa equina) ü Aguda: rim pálido, sem alterações microscópicas ü Crônica: córtex pálida c/ degeneração tubular vacuolar (esteatose) 3.4. Hemorragia ü Petequial em doenças infecciosas (exs.: peste suina, salmonelose, leptospirose, pasteurelose), intoxicações por arsênico, plantas tóxicas, glomerulite e onfaloflebite ü Equimoses corticais em necroses vasculares e tubulares, septicemia, Herpes (cães) ü Sufusão hemorrágica ocorre em caso de atropelamento,quedas, coice, chifrada, hemofilia e coagulação intravascular disseminada - CID Congestão renal bovina Anemia infecciosa equina Fi gu ra s do K in g´ s N ec ro ps y S ho w a nd T el l V et er in ar y P at ho lo gy Im ag es 4. Neoplasias renais4. Neoplasias renais 4.1. Hipernefroma (Tumor de Grawitz, coristoma ü Origem de restos embrionários da adrenal ou suprarrenal (coristia) ü Benigno e amarelado (~ córtex adrenal) ü Pode atingir grandes volumes, não dá metástases 4.2. Nefroma embrionário (Tumor de Wilms) ü Acomete aves jovens, suinos, coelho, é unilateral e atinge grandes volumes ü Origem embrionária dos folhetos epitelial e mesenquimal, parece associado ao virus da leucose aviária ü É um tumor misto, composto de células tubulares embrionárias (origem epitelial glandular) e de células musculares lisas primitivas (origem mesenquimal), portanto um adenomiossarcoma ü Tumor maligno, recidiva e dá metástase Nefroma embrionário, suino Nefroma embrionário, suino Adenoma tubular renal , cão Adenoca colon, rim de gato Adenocarcinoma, equino Adenocarcinoma, gato Figuras do King´s Necropsy Show and Tell Veterinary Pathology Images Neoplasias renaisNeoplasias renais 4.3. Adenocarcinoma renal ü Ocorre em bovinos e reproduz o componente tubular renal 4.4. Linfossarcoma primitivo ü Tem origem nos folículos linfóides renais, atinge grandes volumes e é de aspecto lardáceo 4.5. Leucemia linfática ü Acomete aves, é nodular ou difuso, ü Lesões também em linfonodos, baço, fígado e ossos 4.6. Tumores secundários (metastáticos) ü Adenoca mamário, leucose bovina, carcinoma broncogênico 5.5.NefrodistrofiasNefrodistrofias (Nefroses de Muller)(Nefroses de Muller) 5.1. Introdução ü Deve-se distinguir nefrose de nefrite, lembrando que esta é de natureza inflamatória e caracterizada por alterações circulatórias e infiltração de células de defesa. ü Sinais clínicos relacionados com degeneração tubular e oligúria incluem inabilidade em concentrar urina, perda de sais, acidose metabólica ü Geralmente, as nefrodistrofias afetam mais os túbulos por serem mais sensíveis a toxinas, alterações na concentração de eletrólitos do sangue, oxigênio e medicamentos. ü Exceções: amiloidose glomerular e hialinização vascular 5.2. Edema celular e degeneração hidrópica ü É a lesão degenerativa mais discreta e universal ü Causa: Desbalanço eletrolítico (bomba Na-K) ü Ausência de sinais clínicos típicos de glomerulopatia (síndrome nefrótica) ü Anúria indica enfermidade grave e difusa ü M: rim polpudo, aumentado de volume, com cápsula tensa; ao corte: parênquima saliente e metades não se coaptam mais quando aproximadas ü µ : células tubulares com citoplasma granuloso e/ou vacuolizado, com perda de detalhes celulares e redução do lúmen tubular ü Exame do sedimento de urina: cilindros granulosos (células descamadas) 5.3. Degeneração hialina ü Lesão mais severa ü Causa: intoxicações por mercúrio e proteinúria ü Evolução: inicia-se com aparecimento de gotas hialinas eosinofílicas no citoplasma Þ debilidade celular, ruptura e escape de substância hialina para a luz tubular Þ cilindros hialinos no sedimento urinário 5.4. Degeneração lipidica (esteatose) ü Presença de gotículas de gordura no citoplasma de células tubulares é normal em suinos, gatos e cães ü Esteatose ocorre em estados febris graves e endotoxemia ü A gordura aparece nos TCP ü Aspectos macroscópicos: rim amarelado e untuoso 5.5. Nefrose glicogênica ü Em cães e gatos com diabetes melitus ü HiperglicemiaÞ >filtração glomerular de glicose Þ >reabsorção tubular de glicose Þ acúmulo de glicogênio em TCP e alças de Henle Þ processo infiltrativo e necrose tubular ü Na diabetes crônica: formações hialinas arredondadas nos GM (corpúsculos de Kimmerstil-Wilson) Esteatose hepatorrenal, ovino NefrodistrofiasNefrodistrofias (Nefroses de Muller)(Nefroses de Muller) Figura extraída de Rubin e Farber. Pathology, 2nd ed., 1994.Figura do King´s Necropsy Show and Tell Veterinary Pathology Images 5.6. Nefrose colêmica ü Mais grave e freqüente no homem ü Associadas a icterícia obstrutiva: acúmulo de bile em canalículos biliares é reabsorvidoÞ linfaÞ sangueÞ rins (TCP)Þ degeneração e necrose tubular causada por ácidos e sais biliares ü M: rins > volume e amarelados + formolÞ esverdeados ü µ : pigmentação amarelada (bilirrubina) em células tubulares e edema turvo tubular ü Exame de sedimento urinário: cilindros hialinos/granulosos e grande quantidade bilirrubina 5.7. Nefrose hemoglobinúrica (nefrose do nefron inferior ou síndrome do esmagamento) ü Deposição tubular de hemoglobina-Hb em doenças hemolíticas (nutaliose, azotúria e anemia infecciosa equina- AIE, babesiose bovina/canina, leptospirose canina/felina ü Causas: ingestão de plantas tóxicas com princípios hemolíticos (ex.: ricina e saponina), transfusão de sangue incompatível, queimaduras graves e extensas c/ liberação de princípios tóxicos, acidente ofídico por Crotalus sp, esmagamento de membros ü Derivados da Hb Þ necrose tubular do nefron inferior com formação de cilindros de Hb NefrodistrofiasNefrodistrofias (Nefroses de Muller)(Nefroses de Muller) Nefrose hemoblobinúrica, babesiose canina Figura do King´s Necropsy Show and Tell Veterinary Pathology Images ü M: córtex e medula escura, pardo- avermelhada, estrias radiais de sangue ü µ : necrose tubular, hemosiderose e cilindros de Hb ü Urina: oligúria ou anúria e uremia ü AIE: hemosiderose e reticuloendoteliose glomerular e hepática (intensa proliferação de macrófagos- Mø) ü Hb per se não produz lesão renal, só quando há insuficiência circulatória ou presença de endotoxinas ü Hb Þ filtrado glomerular Þ TCP (gotas de material eosinofílico) ü Injeção i.v. experimental de Hb Þ Hbúria em 1 h com acúmulo de gotas de Hb (Fosfatase alcalina +), com pico em 4 horas e desaparecimento em 24 horas 5.8 Nefrose amilóide ü Amiloidose primária ou secundária ü Deposição amilóide na parede de pequenos vasos do GM e interstício ü M: rins firmes e pálidos ü ? : substância amilóide depositada na parede de vasos Þ atrofia compressiva ü Evolução= insuficiência renal, edema, oligúria e uremia NefrodistrofiasNefrodistrofias (Nefroses de Muller)(Nefroses de Muller) Figura extraída de Rubin e Farber. Pathology, 2nd ed., 1994. 5.9. Nefrose cálcica (nefrocalcinose) ü Ocorre em cães com calcificação distrófica (em casos de infarto, tuberculose-Tb, nefrite crônica) emetastática (hiperparatiroidismo, tumores ósseos, mieloma múltiplo, > ingestão de vitamina D, insuficiência renal crônica (cães) + retenção de P04 Þ hiperplasia difusa das p-tireóides Þ >remoção Ca ossos e sua deposição nos tecidos ü M : rim de > volume, ao corteÞ faca range ü µ : massas arroxeadas tubulares e glomerulares ü Exame de sedimento de urina: cilindros hialinos e granulosos 5.10. Nefrose tóxica ü Causas: tóxicos exo-endógenos ü Sais de Au (antiinflamatórios) usados no tratamento de artrite reumatóide: Au concentra-se em mitocôndrias de células tubulares Þ lesão, destruição e eliminação de túbulos renais sob forma de cilindros hialinos e granulosos ü Outros tóxicos: P, alfa naftil tio – uréia-ANTU, iodofórmio, fenol, CuSO4, Bi, As, Ta, CCI4, sulfonamídicos, enterotoxina estafilocócica, vegetais (Senecio sp, comigo-ninguem-pode, Panicum sp, Setaria sp) ü Oxalatato+Ca do sangue Þ CaOxalato (precipitação em tecidos) Þ hipocalcemia Þ tetania, gastrenterite e edema turvo, esteatose e necrose tubular renal Nefrose tóxica por cobre, ovino Figura do King´s Necropsy Show and Tell Veterinary Pathology Images ü Intoxicação por HgCl é usada como modelo de estudo de nefroses ü O HgCl, um antifúngico utilizado em rações, é filtrado no GM e acumula- se no retículo endoplásmico de células dos TCP Þ necrose tubular massiva ü HgCl contamina peixes em esgotos industriais Þ intoxicação do homem e animais ü M: rim > volume, acinzentado, sem distinção entre córtex e medula ü µ : degeneração hialina e necrose tubular, e presença de cilindros hialinos eosinofílicos tubulares ü HgCl causa também lesões hepáticas, miocárdicas e cerebrais Þ sinais neurológicos ü Antibióticos como a Anfotericina B (antimicótico) causam lise da membrana de fungos e também de células tubulares renais ü Homem e cão apresentam lesão tubular distal e isquemia renal ü µ: degeneração tubular, fibrose peritubular, nefrocalcinose e glomerulosclerose ü Sulfonamídicos em altas doses, quando administrados sem água à vontade e simultaneamente causam deposição tubular renal de cristais de sulfa (em forma de “guarda-chuva”) Þ degeneração e necrose local ü M: rim pouco > volume (ao corte) Þ estrias amareladas corticais, medulares, pélvicas e vesicais ü µ: degeneração e necrose tubular, imagens negativas de cristais de suIfa ü Exame de sedimento urinário: cilindros hialinos e granulosos e cristais de sulfa (“guarda-chuva”) NefrodistrofiasNefrodistrofias (Nefroses de Muller)(Nefroses de Muller) NefrodistrofiasNefrodistrofias (Nefroses de Muller)(Nefroses de Muller) 5.11. Evolução das nefroses ü Insuficiência renal; ü Interdependência entre os diferentes segmentos do néfron determina a evolução de doença renal crônica progressiva para forma terminal, i.é, alteração glomerular intensifica alteração tubular e vice-versa; ü Estruturalmente, ocorre fibroplasia abundante com resultante deformação renal; ü Atrofia do parênquima afeta principalmente os túbulos; o epitélio remanescente sofre hiperplasia; ü Glomerulopatias como amiloidose geralmente evolui para glomerulosclerose, enquanto a hialinização arterial glomerular evolui para degeneração vascular e vasculite com espessamento da mesartéria; ü Todas as enfermidades renais destrutivas levam à uremia. Ex.: Nefrite intersticial crônica e amiloidose progressiva crônica (e menos frequentemente hidronefrose e pielonefrite) são as causas mais comuns de uremia no cão e no gato. 6. NEFRITES 6.1 Introdução ü Processo inflamatório do rim, podendo restringir-se a uma parte do néfron (por ex.: GM) ou porção do rim (por ex.: pelve renal) ü Podem ser classificadas em: ü Quanto à porta de entrada: hematogênica e urinogênica ü Quanto à presença de infecção bacteriana: purulenta e não purulenta ü Quanto à extensão: focal (localizada) e difusa (generalizada) ü Quanto à localização: glomerular, intersticial e pélvica ü Quanto à evolução: aguda e crônica ü Quanto à etiologia: bacteriana, viral, parasitária, imune 6.2 Classificação de Nefrite (Nieberle e Cohrs, 1970) Nefrite hematógena (descendente): ü Não purulenta: ü Glomerulonefrite (difusa ou focal) ü Nefrite intersticial ü Purulenta: ü Nefrite embólico-purulenta ü Nefrite metastático-purulenta Nefrite urinógena (ascendente): ü Pielonefrite (purulenta) 6.3 Classificação de Glomerulonefrite (Jubb, Kennedy e Palmer, 2004) ü Membranosa: com espessamento de MB de capilares glomerulares ü Proliferativa: predomina proliferação celular (mesângio, endotélio e CB) ü Membrano-proliferativa: ambas alterações estão presentes ü Glomerulosclerose: hialinização progressiva do GM, que evolui para enrugamento, eosinofilia e hipocelularidade glomerular 6.4 Nefrites purulentas (supurativas) ü Agentes etiológicos envolvidos: Corynebacterium equi, ShigeIIa equirullis, Streptococcus equi de Schultz, Erysipelothrix rhusiopatiae, C. renali, C. pyogenes, Streptococcus spp, Staphylococcus spp, Enterobacter, Proteus 6.4.1 Nefrite embólíco e metastático- purulenta ü Ocorre em animais jovens com amigdalite, dermatite, na poliartrite dos potros e onfaloflebite em bezerros ü Acomete animais adultos em conseqüência de metrite séptica ou de êmbolos destacados do coração esquerdo (ex.: tromboendocardite verrucosa valvular aórtica ou mitral) ü Patogenia: êmbolos infectados com bactérias piogênicas se alojam em capilares do GM e do intersticio Þ abcessos e infartos sépticos locais ü M: rim > volume, cápsula tensa e facilmente destacáveis, lesões geralmente bilaterais, pequenas e numerosas, localizadas na córtex, arredondadas, ovaladas ou alongadas, no início avermelhadas com centro esbranquiçado purulento ü µ: as lesões correspondem à presença de pequenos abcessos contendo massas densas de neutrófilos e centro necrótico (necrose liquefativa) e estão associadas a êmbolos bacterianos alojados em artérias de pequeno calibre, arteríolas e capilares glomerulares ou intersticiais. ü Consequências: peritonite em conseqüência da ruptura de abcessos NEFRITES (cont.) Nefrite abcedativa, cão Nefrite embólico-purulenta, ovino Nefrite purulenta abcedativa, ovino Figuras do King´s Necropsy Show and Tell Veterinary Pathology Images 6.4.2 Pielonefrite ü Inflamação supurativa da pelve renal (pielite) + parênquima renal (pielonefrite), 2ária. a infecção ascendente do trato urinário inferior, principalmente em vacas e porcas, mais raras em cadelas e gatas ü Caracterizada por deformidade dos cálices renais e atrofia renal cortical ü Pode ocorrer ulcerações da pelve; nefrons destruídos são substituídos por tecido fibroso Þ rim retraído ü Bactérias envolvidas são aquelas normalmente presentes no intestino e pele (E. coli, estafilococo, Proteus, estreptococo, Pseudomonas, Enterobacter) e patógenos urinários mais específicos, como C. renale em bovinos e equinos, e C. suis em suinos ü Por si só o C. renale não causa pielonefrite em bovinos, pois ocorre normalmente no trato urogenital inferior de animais saudáveis ü Daí que a infecção frequentemente é mista ü Fatores predisponentes: estase urinária 2ária a anomalias ureterais, prenhez, urolitíase e hipertrofia prostática ü Aspectos M e µ: frequentemente as lesões são bilaterais e não simétricas, podendo um dos rins ser mais afetado que o outro ü As lesões são focais ou difusas, com destruição massiva do parênquima renal Þ insuficiência renal ü Forma aguda é mais freqüente em porcas e a forma crônica em vacas e cadelas. NEFRITES (cont.) ü Rim retraído com cicatrizes, alguns lóbulos inalterados, outros abcedados, pelve renal > volume contendoexsudato purululento ü Em casos extremos rim é transformado em um grande abcesso com massa de pus contida por fina parede de tecido cortical atrofiado ü Aspectos µ variáveis indicam natureza intermitente da lesão, com agudização do processo ü Quadro clínico caracterizado por cólicas renais, hematúria e febre ü Exame de urina: hemácias, piócitos, células epiteliais descamadas e bactérias 6.5 Nefrites não purulentas ü Afetam glomérulo (glomerulonefrite) e interstício (nefrite intersticial) ü Pode iniciar-se no glomérulo e estender-se para todo o néfron 6.5.1 Glomerulonefrites ü Não tão raras em animais domésticos ü São classificadas quanto à etiologia em: ü Virais: hepatite infecciosa canina, cinomose, citomegalovírus em leitões neonatos, arterite viral equina, peste suina, doença de Newcastle ü Bacterianas: Actinobacillus equuli (actinobacilose dos potros), Erysipelothrix rhusiopatiae (erisipela ou ruiva dos suinos) ü Imunemediadas: causa + comum de glomerulonefrite no homem e animais domésticos, origina-se da deposição de complexos imunes não relacionados aos componentes glomerulares, formação local de anticorpos anti-MB de capilares glomerulares, ativação da via alternativa (ou das properdinas) do sistema do complemento NEFRITES (cont.) F ig ur a ex tr aí da d e R ub in e F ar be r. P at ho lo gy , 2 nd e d. , 1 99 4. Pielonefrite crônica, ovino Pielonefrite crônica, cão Pielonefrite aguda, suino Pielonefrite crônica, bovino Figuras do King´s Necropsy Show and Tell Veterinary Pathology Images ü Nomenclatura e classificação: ü Glomerulonefrite focal (aguda e crônica) ü Glomerulonefrite difusa: Ellis tipos I e II Glomerulonefrite focal aguda: é do tipo proliferativa, ocorre em doenças infecciosas (exs.: ruiva, garrotilho e cinomose) ü M: rim > volume, de consistência mole, mais pálido que o normal, com hemorragias subcapsulares semelhantes a picadas de pulgas ü µ: GM preenche espaço glomerular, capilares glomerulares mostrando hipercelularidade devido infiltrado celular inflamatório e proliferação de células endoteliais e mesangiais ü Alguns capilares do GM contém trombos hialinos, freqüente a necrose fibrinóide do tufo capilar glomerular Glomerulonefrite focal crônica ü M : rim acinzentado, <vol., cápsula aderente parênq., aspecto granular e cístico da córtex à superf. corte µ : fibrose periglomerular, GM substituído por massa eosinofílica (fibroblastos e colágeno), com hipocelularidade linfoplasmocítica Glomerulonefrite difusa ü Semelhante à glomerulonefrite humana: Ellis tipos I e II ElIis tipo 1 (proliferativa) ü M: rins > volume e pálidos ü µ: lesões difusas dos GM, que apresentam-se “inchados”, com > celularidade devido infiltrado celular inflamatório e proliferação endotelial e mesangial, capilares congestos e hemácias livres no espaço glomerular ü Obs.: necrose fibrinóide do tufo glomerular ausente ü Alterações proliferativas nas fases subaguda e crônica, tufo glomerular se enruga (retração) e torna-se lobulado ü Ocorre proliferação do epitélio da CB Þ crescentes epiteliais, em meia-lua. ü Evolução da doençaÞ atrofia glomerular e glomerulosclerose üNEFRITES (cont.) EIIis tipo II (membranosa ou membrano proliferativa ) ü Ocorre em cadelas com piometra e outras condições supurativas, no lupus eritematoso sistêmico canino e em cavalos soroprodutores (Inst. Butantan e Fiocruz). ü M: rins > volume e pálidos (“Grande rim branco”) ü µ : espessamento focal ou difuso da MB, proliferação do mesângio e deposição de complexo imune (Ag- Ac) 6.5.2 Nefrite intersticial ü Freqüente em animais domésticos e mais rara no homem ü Ocorre em cães com mais de 5 anos de idade (incidência muito alta, quase 100%), associada à cinomose e hepatite infecciosa, e em cães e gatos acometidos de leptospirose ü M: nada digno de relato, às vezes aparecem pontos esbranquiçados ao exame necroscópico ü µ : infiltrado linfoplasmocitário inflamatório intersticial, fibroplasia na cronificação, com o rim pouco > volume, mas cápsula aderente ao parênquima ü Em fases mais avançadas, os rins estão diminuidos de volume, retraídos, e presença de pequenos cistos de retenção, também verificados na glomerulonefrite, devido obstrução ou compressão de túbulos pelo infiltrado inflamatório e/ou fibroplasia ü Hipertrofia do coração esquerdo é uma complicação freqüente de rins retraídos 2ários a glomerulonefrite, nefrite intersticial ou infartos múltiplos. üNEFRITES (cont.) GM normal Glomerulonefrite proliferativa Glomerulonefrite membranosa Glomerulonfrite membranoproliferativa Figuras extraídas de Rubin e Farber. Pathology, 2nd ed., 1994. Glomerulonefrite Ellis tipo I (proliferativa, crescêntica) Figuras extraídas de Rubin e Farber. Pathology, 2nd ed., 1994. Glomerulonefrite difusa crônica, cão Glomerulonefrite membranoproliferativa, cão Glomerulonefrite subaguda, ovino Glomerulonefrite purulenta, bovino Figuras do King´s Necropsy Show and Tell Veterinary Pathology Images
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