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Resumo: Transmissão sináptica


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TRANSMISSÃO SINÁPTICA
Introdução: Sinapse
A sinapse é uma junção especializada onde uma parte do neurônio faz contato e se comunica com outro neurônio ou outro tipo celular (como uma célula muscular ou glandular). O sentido normal do fluxo da informação é do neurônio para a célula alvo; assim o primeiro neurônio é o pré-sináptico e a célula alvo é dita pós sináptica.
Sinapses Elétricas 
São simples em estrutura e função. Permitem a transferência direta da corrente iônica de uma célula para outra. Essa passagem ocorre em sítios especializados denominados junções comunicantes → são junções estreitas atravessadas por grupos de proteínas chamadas conexinas. Seis conexinas unidas formam um conéxon. Dois conéxons formam um canal de junção comunicante, que permite que os íons do citoplasma de uma célula passem para o citoplasma de outra célula. Sinapses elétricas são bidirecionais. As células conectadas são denominadas eletricamente acopladas. As sinapses elétricas estão presentes no SNC os mamíferos e em células não neuronais como glia, células epiteliais, células musculares lisas e cardíacas, células hepáticas e células musculares.
A corrente iônica vai gerar um PPS (potencial pós sináptico) no próximo neurônio. Como é bidirecional, o segundo neurônio pode produzir um PPS no primeiro neurônio.
Sinapses Químicas
Via de regra, a transmissão sináptica no sistema nervoso humano maduro é química.
As membranas pré e pós-sinápticas nas sinapses químicas são separadas por uma fenda sináptica preenchida com uma matriz extracelular de proteínas fibrosas. 
O lado pré-sináptico da sinapse (elemento présináptico) é geralmente um terminal axonal onde se encontram organelas esféricas delimitadas por membranas, denominadas vesículas sinápticas, que armazenam neurotransmissores, substâncias químicas utilizadas na comunicação com neurônios pós-sinápticos. Muitos terminais axonais também contêm vesículas maiores, denominadas grânulos secretores (vesículas grandes e eletronicamente densas).
O acumúlo de densas de proteínas na membrana plasmática, de ambos os lados da fenda sináptica são chamadas diferenciações de membrana. 
No lado pré-sináptico, proteínas que se projetam ao longo da face interna da membrana onde estão sítios de liberação de neurotransmissores, esta estrutura é denominada zona ativa. Vesículas sinápticas ficam agrupadas no citoplasma adjacente às zonas ativas.
A camada protéica na e sob a membrana pós-sináptica é denominada densidade pós-sináptica. A densidade pós-sináptica contém os receptores para os neurotransmissores, os quais convertem os sinais químicos intercelulares (ex., neurotransmissores) em um sinal intracelular (ex., uma mudança no potencial de membrana e/ou uma mudança química intracelular) na célula
pós-sináptica. A resposta pós-sináptica varia com o tipo de receptor protéico que é ativado pelo
neurotransmissor. 
A Junção Neuromuscular
É um tipo especial de sinapse química que ocorrem entre axônios de neurônios motores da medula espinhal e o músculo esquelético. 
A transmissão sináptica neuromuscular é rápida e confiável, por conta da especialização da junção neuromuscular: 1) por conta do tamanho (é uma das maiores sinapses no corpo) 2) por conta do grande número de zonas ativas 3) a membrana pós-sináptica, também chamada de placa motora terminal, contém uma série de dobras na superfície 4) as zonas ativas pré-sinápticas estão precisamente alinhadas com essas dobras nas junções 5) a membrana pós-sináptica das dobras tem uma alta densidade de receptores para neurotransmissores. Essa estrutura assegura que os neurotransmissores sejam liberadas de forma focalizada sobre uma grande superfície quimiorreceptora da membrana.
Sinapses do SNC. 
No SNC, os tipos de sinapse podem ser diferenciados: 
1)pela parte do neurônio que serve de contato pós-sináptico ao terminal axonal. 
Axodendrítica: Se a membrana pós-sináptica está em um dendrito, a sinapse é dita axodendrítica. 
Axosomática: a membrana pós-sináptica está no corpo celular 
Axoaxônica: se a membrana pós-sináptica está em outro axônio
Dendrodendríticas :dendritos formam sinapses com dendritos de outros neurônios 
2) com base na morfologia das diferenciações das membranas pré e póssinápticas, elas podem ser:
- Assimétricas ou do tipo I de Gray: sinapses cujas diferenciações na membrana pós-sináptica são mais espessas do que na da pré-sináptica. Geralmente são excitatórias
- Simétricas ou tipo II de Gray: as diferenciações têm espessura similar. Geralmente são inibitórias.
PRINCÍPIOS DA TRANSMISSÃO SINÁPTICA QUÍMICA
Para ocorrer a transmissão sináptica química deve haver:
-A síntese dos neurotransmissores e seu “empacotamento” dentro das vesículas sinápticas; 
- Mecanismo que cause o derramamento de neurotransmissores das vesículas na fenda sináptica em resposta a um potencial de ação pré-sináptico;
- Um mecanismo para produzir uma resposta elétrica ou bioquímica ao neurotransmissor no neurônio pós-sináptico;
- Um mecanismo para remoção dos neurotransmissores da fenda sináptica.
- E, para ser útil para a sensação, a percepção e o controle do movimento, todos esses eventos devem ocorrer muito rapidamente.
Neurotransmissores
Os neurotransmissores podem ser de três categorias químicas: aminoácidos, aminas ou peptídeos.
Os aminoácidos e aminas são pequenas moléculas orgânicas contendo pelo menos um átomo de nitrogênio, que são armazenadas em vesículas sinápticas. Os neurotransmissores peptídicos são grandes moléculas armazenadas nos grânulos secretores. Grânulos secretores e vesículas sinápticas são frequentemente observados nos mesmos terminais axonais. 
Diferentes neurônios no SNC liberam diferentes neurotransmissores. A transmissão sináptica rápida na maioria das sinapses do SNC é mediada pelos aminoácidos glutamato (Glu), ácido gama-aminobutírico (GABA) e glicina (Gly).
A amina acetilcolina (ACo) media a transmissão sináptica rápida em todas as junções neuromusculares. As formas mais lentas de transmissão sináptica no SNC e na periferia são mediadas por neurotransmissores de todas as três categorias.
Síntese e Armazenamento de Neurotransmissores
Os aminoácidos (como glutamato e glicina) são abundantes em todas as células do corpo, incluindo neurônios, basta a célula captar, transmitir ao seu terminal axonico e liberá-los na fenda. 
Já o GABA e as aminas são produzidos apenas pelos neurônios que os liberam. Esses neurônios contêm enzimas específicas que os sintetizam a partir de precursores metabólicos.
As enzimas envolvidas na síntese de ambos neurotransmissores aminoácidos e aminas são transportadas até o terminal axonal, e, nesse local, elas rapidamente dirigem a síntese de neurotransmissores.
Uma vez sintetizados no citosol do terminal axonal, os neurotransmissores aminoácidos e aminas devem ser captados pelas vesículas sinápticas, nos quais proteínas especiais embutidas na membrana vesicular atuam como transportadoras dos neutrotransmissores.
No caso dos neurotransmissores peptídicos, sua síntese ocorre no retículo endoplasmático rugoso. Geralmente peptídeos longos, sintetizados no retículo endoplasmático rugoso, são clivados no aparelho de Golgi produzindo fragmentos menores, sendo um deles o neurotransmissor ativo. Grânulos secretores contendo os peptídeos processados no Golgi desprendem-se dessa organela e são transportados ao terminal axonal por transporte axoplasmático.
Liberação de Neurotransmissores
A liberação de neurotransmissores é desencadeada pela chegada de um potencial de ação ao terminal axonal. A despolarização da membrana do terminal causa a abertura de canais de cálcio dependentes de voltagem nas zonas ativas, e o Ca2+ enche o citoplasma do terminal axonal. A elevação resultante da [Ca2+]i é o sinal que causa a liberação dos neurotransmissores das vesículas sinápticas. As vesículas liberam seus conteúdos por um processo denominado exocitose.
A exocitose ocorre quando a membrana da vesícula sináptica funde-se com a membrana pré-sináptica nas zonas
ativas, permitindo que o conteúdo da vesícula seja derramado na fenda sináptica. 
A membrana vesicular é posteriormente recuperada por um processo de endocitose, e a vesícula reciclada é recarregada com novos neurotransmissores. Durante os períodos de prolongada estimulação, as vesículas são mobilizadas a partir de um estoque de vesículas que está ligado ao citoesqueleto do terminal axonal. A liberação dessas vesículas do citoesqueleto e seu atracamento às zonas ativas são também desencadeados por elevações da [Ca2+]i.
Os grânulos secretores também liberam neurotransmissores peptídicos por exocitose, de uma maneira dependente de cálcio, mas comumente fora das zonas ativas. Devido ao fato de os sítios de exocitose dos grânulos estarem a uma certa distância dos sítios de entrada de Ca2+, os neurotransmissores peptídicos em geral não são liberados em resposta aos potenciais que chegam
ao terminal. Em vez disso, a liberação de peptídeos geralmente requer rajadas de potenciais de ação de alta freqüência, de modo que a [Ca2+]i em todo terminal atinja o nível requerido para desencadear a liberação longe das zonas ativas. 
Receptores para Neurotransmissores e seus Sistemas Efetores
Neurotransmissores liberados dentro da fenda sináptica afetam os neurônios pós-sinápticos por se ligarem a proteínas receptoras específicas embutidas nas densidades pós-sinápticas. Os receptores podem ser divididos em dois tipos: canais iônicos ativados por neurotransmissores (ou ionotrópicos) e receptores acoplados a proteínas G (ou metabotrópicos).
Canais Iônicos Ativados por Transmissores: são proteínas transmembrana, compostas por quatro ou cinco subunidades, que, juntas, formam um poro entre elas. Na ausência do neurotransmissor, o poro está fechado. A ligação do neurotransmissor a sítios específicos na região extracelular do canal induz uma mudança conformacional causando a abertura do poro. 
Canais iônicos ativados por transmissores geralmente não apresentam o mesmo grau de seletividade iônica dos canais iônicos dependentes de voltagem.
Por exemplo, os canais dependentes de acetilcolina na junção neuromuscular são permeáveis tanto ao Na+ quanto ao K+.
Quando o canal permitir a entrada de cargas positivas, há uma despolarização transitória da membrana, com efeito excitatório. Este é o potencial excitatório pós-sináptico (PEPS). Acetilcolina e glutamato são exemplo de neurotransmissores que causam PEPSs.
Se os canais iônicos dependentes de transmissores são permeáveis ao Cl−, o efeito resultante será a hiperpolarização da membrana da célula pós-sináptica a partir do potencial de repouso (porque o potencial de equilíbrio do cloreto é negativo). O neurotransmissor tende a afastar o potencial de membrana do limiar da zona ativa. Esse efeito é dito inibitório. Esta hiperpolarização transitória do potencial de membrana pós-sináptico causada pela liberação de neurotransmissores é denominada potencial inibitório pós-sináptico (PIPS). Glicina e GABA causa um PIPS. 
Receptores Acoplados a Proteínas G. Quando os neurotransmissores agem sobre receptores acoplados a proteínas G, podem ter ações pós-sinápticas mais lentas, mais duradouras e mais
diversificadas. Esse tipo de ação do neurotransmissor envolve três passos: 
Ao se ligar com seu neurotransmissor, o receptor protéico ativa pequenas proteínas, denominadas proteínas G, que se movem na face intracelular da membrana pós-sináptica e ativam proteínas efetoras. As proteínas efetoras podem ser canais iônicos (ativados por proteínas G) da membrana ou podem ser enzimas que sintetizam segundos mensageiros, que se difundem para o citosol. 
Esses receptores poderem desencadear vários efeitos metabólicos, por isso são denominados receptores metabotrópicos.
O mesmo neurotransmissor pode ter diferentes ações pós-sinápticas, dependendo de qual receptor ele vai ativar. Um exemplo é o efeito da acetilcolina: 
- No músculo cardíaco, o receptor da acetilcolina é metabotrópico. A proteína G é acoplada a um canal de potássio cuja ativação promove hiperpolarização nas células musculares cardíacas, diminuindo as contrações rítmicas.
- No músculo esquelético, o receptor da acetilcolina é um canal iônico permeável ao Na+, cuja abertura causa despolarização das fibras musculares esqueléticas, induzindo a contração.
Auto-receptores. Receptores pré-sinápticos que são sensíveis aos neurotransmissores liberados no próprio terminal pré-sináptico são denominados auto-receptores. Tipicamente, auto-receptores são receptores acoplados a proteínas G que estimulam a formação de segundos mensageiros. Isso permite que o terminal pré-sináptico regule a si próprio.
Os auto-receptores tem função de válvula de segurança para reduzir a liberação quando a concentração de neurotransmissores atinge valores muito altos na fenda sináptica.
Reciclagem e Degradação de Neurotransmissores
Uma vez que os neurotransmissores liberados tenham interagido com receptores pós-sinápticos, eles devem ser removidos da fenda sináptica para permitir um novo ciclo de transmissão sináptica. Para a maioria dos neurotransmissores dos tipos aminoácidos e aminas, a difusão é auxiliada por sua recaptação para dentro do terminal pré-sináptico. A recaptação ocorre por ação de transportadores protéicos específicos para neurotransmissores presentes na membrana pré-sináptica. Uma vez dentro do citosol do terminal, os neurotransmissores podem ser degradados enzimaticamente ou recarregados para dentro de vesículas sinápticas. 
Transportadores de neurotransmissores também existem nas membranas da glia que envolve a sinapse e auxiliam na remoção de neurotransmissores da fenda sináptica. 
Uma outra maneira de terminar a ação do neurotransmissor é pela degradação enzimática na própria fenda sináptica. É assim que a acetilcolina é removida da junção neuromuscular, por exemplo. A enzima acetilcolinesterase (ACoE) é depositada na fenda pelas células musculares. A ACoE cliva a molécula de acetilcolina, deixando-a inativa para os receptores de acetilcolina.
A importância da remoção dos neurotransmissores da fenda sináptica não deve ser subestimada. Na junção neuromuscular, por exemplo, uma ininterrupta exposição a altas concentrações de acetilcolina leva, após vários segundos, a um processo denominado dessensibilização, no qual os canais ativados pelo neurotransmissor fecham-se, apesar da contínua presença de acetilcolina. Esse estado dessensibilizado pode persistir por muitos segundos, mesmo depois de o neurotransmissor ser removido. A rápida degradação da acetilcolina pela acetilcolinesterase normalmente evita a ocorrência da dessensibilização. Entretanto, se essa enzima for inibida, como acontece pela ação de qualquer dos chamados gases dos nervos, usados como armas químicas de guerra, os receptores para acetilcolina irão tornar-se dessensibilizados, e a junção neuromuscular irá falhar.
Neurofarmacologia
Os passos da transmissão sináptica química podem ser afetados por drogas específicas e toxinas. O estudo dos efeitos das drogas no tecido nervoso é chamado neurofarmacologia. Por ex.: gases dos nervos podem interferir com a transmissão sináptica na junção neuromuscular por inibir a acetilcolinesterase. Essa interferência representa a ação de uma classe de drogas que inibem a função normal de proteínas envolvidas na transmissão sináptica; tais drogas são chamadas de inibidores. Os inibidores dos receptores para neurotransmissores, denominados antagonistas de receptores, ligam-se aos receptores e bloqueiam (antagonizam) a ação normal do transmissor. 
Outras drogas ligam-se a receptores, mas, em vez de inibi-los, elas mimetizam a ação dos neurotransmissores que existem naturalmente. Essas drogas são denominadas agonistas de receptores. Um exemplo de agonista de receptor é a nicotina, que liga-se e ativa receptores de acetilcolina no músculo esquelético. Os canais iônicos ativados por acetilcolina no músculo são também chamados de receptores colinérgicos nicotínicos, para distinguí-los de outros receptores de acetilcolina, como
os do coração, que não são ativados por nicotina. Há também receptores colinérgicos nicotínicos no SNC, que estão envolvidos na dependência do fumo.
A imensa complexidade química da transmissão sináptica a torna suscetível a “lei de Murphy”: “se um processo fisiológico pode dar errado, ele dará errado”. Quando a transmissão sináptica vai mal, o sistema nervoso funciona mal. Acredita-se que defeitos na neurotransmissão podem ser base de grande número de distúrbios neurológicos e psiquiátricos. Graças ao crescente conhecimento da neurofarmacologia da transmissão sináptica, os clínicos dispõem de drogas novas e cada vez mais efetivas para o tratamento desses distúrbios. 
PRINCÍPIOS DA INTEGRAÇÃO SINÁPTICA
A maioria dos neurônios no SNC recebe sinais de entrada sinápticos que ativam canais iônicos ativados por transmissores e receptores acoplados às proteínas G. Os neurônios pós-sinápticos integram todo esse complexo de sinais químicos e iônicos e dão origem a uma única forma de sinal de saída: potenciais de ação. A transformação sinais sinápticos de entrada em um único sinal neuronal de saída constitui uma computação neural. A integração sináptica é o processo pelo qual múltiplos potenciais sinápticos se combinam em um neurônio pós-sináptico.
A Integração dos PEPSs
A mais elementar resposta pós-sináptica é a abertura de um único tipo de canal iônico ativado por neurotransmissor. A corrente de entrada através desses canais despolariza a membrana pós-sináptica, causando o PEPS.
A quantidade de canais ativados por transmissores depende principalmente da quantidade de neurotransmissor que é liberada.
Análise Quântica dos PEPSs. As vesículas contêm, cada uma, aproximadamente o mesmo número de moléculas de transmissores (milhares). A análise quântica, pode ser usada para determinar quantas vesículas liberam neurotransmissores durante uma transmissão sináptica normal. Já em muitas sinapses do SNC, o conteúdo de uma única vesícula é liberado em resposta a um potencial pré-sináptico, causando um PEPS de apenas alguns décimos de mV.
Somação de PEPSs. A junção neuromuscular foi desenvolvida para ser infalível; por isso é gerando um enorme PEPS. Um único potencial de ação no terminal pré-sináptico desencadeia exocitose de cerca de 200 vesículas, causando um PEPS de 40 mV ou mais.
Já na maioria dos neurônios, pode ocorrer a liberação de uma única vesícula em resposta a um potencial de ação, causando um PEPS de apenas alguns décimos de mV. Os neurônios requerem que muitos PEPSs sejam adicionados para produzir uma significante despolarização pós-sináptica. Esse é o significado da integração dos PEPS.
A somação dos PEPSs representa a mais simples integração sináptica no SNC. Há dois tipos de somação: espacial e temporal. A somação espacial consiste em adicionar PEPSs gerados simultaneamente em muitas sinapses em um dendrito. A somação temporal consiste em adicionar PEPSs gerados na mesma sinapse e que ocorrem em uma rápida sucessão, dentro de intervalos de 1 a 15 ms. 
A Contribuição das Propriedades Dendríticas à Integração Sináptica
Mesmo com a somação de vários PEPSs em um dendrito, a despolarização ainda pode não ser suficiente para levar um neurônio a disparar um potencial de ação. Antes que o potencial de ação possa ser gerado, a corrente que entra pelos sítios da região de contato sináptico deve propagar-se ao longo do dendrito e através do corpo neuronal até causar, na zona de disparo, uma despolarização além do limiar de excitação. A efetividade de uma sinapse excitatória em desencadear um potencial de ação depende, portanto, de quão longe está a sinapse da zona de disparo e das propriedades de condução da membrana dendrítica.
Propriedades dos Cabos Dendríticos. Há dois caminhos que a corrente sináptica pode tomar: um é em direção ao soma, por dentro do dendrito, e o outro é através da membrana dendrítica. A uma certa distância do sítio de influxo, a corrente pode se dissipar através da membrana e a amplitude do PEPS pode se aproximar de zero.
A quantidade de despolarização diminui exponencialmente com o aumento da distância. A constante de comprimento dendrítico é um índice de quão longe a despolarização pode difundir-se em um dendrito ou axônio. Quanto maior for a constante de comprimento, mais provável será que os PEPSs gerados em sinapses distantes despolarizarão a membrana no cone de implantação axonal (onde está a zona de disparo). A corrente sináptica fluirá melhor até um sítio mais distante se o dendrito for mais largo com poucos canais de membrana abertos.
Decréscimo da despolarização em função da distância ao longo de um extenso cabo dendrítico.
Quando a corrente iônica é injetada dentro do dendrito, e a despolarização é registrada, a corrente se difunde ao longo do dendrito, e muito se dissipa através da membrana. Portanto, a despolarização medida a uma certa distância do local da injeção é menor do que a medida feita exatamente sob ele. 
A resistência interna depende apenas do diâmetro do dendrito e das propriedades elétricas do citoplasma; ela é relativamente constante em um neurônio maduro. A resistência da membrana, em contraste, depende do número de canais iônicos abertos, o que muda de um momento para outro, dependendo de quais outras sinapses estão ativas. 
Dendritos Excitáveis. Alguns dendritos no encéfalo e dendritos de neurônios motores espinhais têm membranas passivas e quase inexcitáveis. Outros dendritos não são passivos, apresentando dendritos com canais de sódio, cálcio e potássio dependentes de voltagem, em número insuficiente para gerar um potencial de ação completo de propagação, como fazem os axônios. Entretanto, os canais dependentes de voltagem nos dendritos agem como amplificadores dos pequenos potenciais pós-sinápticos gerados nos dendritos. PEPSs que diminuiriam até quase desaparecer em um dendrito longo e passivo podem, contudo, ser suficientemente grandes para desencadear a abertura de canais de sódio dependentes de voltagem, os quais, por sua vez, adicionam corrente para propulsionar o sinal sináptico em direção ao corpo celular.
Paradoxalmente, canais de sódio dendríticos em algumas células podem também servir para propagar sinais elétricos em outra direção – para longe do corpo celular ao longo dos dendritos. Esse pode ser um mecanismo pelo qual as sinapses nos dendritos são informadas de que um potencial em ponta (spike) ocorreu no corpo celular, e ele é relevante para as hipóteses acerca dos mecanismos celulares de aprendizado.
Inibição
A ação de algumas sinapses é de afastar o potencial de membrana do limiar para o potencial de ação; essas são chamadas de sinapses inibitórias. 
PIPSs e Inibição por Derivação. Os receptores pós-sinápticos na maioria das sinapses inibitórias são muito similares àqueles das sinapses excitatórias; as únicas diferenças importantes são que elas ligam diferentes neurotransmissores (ou GABA, ou glicina) e que eles permitem que diferentes íons passem através de seus canais. Na maioria das sinpases inibitórias, estes canais abertos são permeáveis somente ao íon o Cl−. A entrada dos íons Cl− leva o potencial de membrana rumo ao potencial de equilíbrio do cloreto, de cerca de –65 mV, causando hiperpolarização (PIPS hiperpolarizante).
Esse tipo de inibição é chamado de inibição por derivação: o movimento de entrada dos íons cloreto negativamente carregados, o que, formalmente, equivale ao fluxo de uma corrente positiva de saída.
A ação das sinapses inibitórias também contribui para a integração sináptica. Os PIPSs podem ser subtraídos dos PEPSs, diminuindo a probabilidade de os neurônios pós-sinápticos dispararem o potencial de ação. Essa inibição faz com que a corrente positiva flua para fora através da membrana, em vez de fluir rumo à zona de disparo.
A Geometria das Sinapses Excitatórias e Inibitórias. 
Além de estarem espalhadas sobre os dendritos, as sinapses inibitórias são encontradas, em muitos neurônios, agrupadas no soma (corpo do neurônio), próximas ao cone de implantação axonal, onde
estão em uma posição especialmente privilegiada para influenciar a atividade do neurônio pós-sináptico.
Modulação
Muitas sinapses com receptores acoplados a proteínas G não estão diretamente associadas a canais iônicos. A ativação sináptica desses receptores não evoca PEPSs e PIPSs, mas modifica a efetividade de PEPSs gerados por outras sinapses empregando canais iônicos ativados por transmissores. Esse tipo de efeito é denominado modulação. 
Por ex.: A noradrenalina (NA) se liga ao receptor β, que ativa uma proteína G, que, por sua vez, ativa uma proteína efetora, a enzima adenilato ciclase. A adenilato ciclase cataliza a reação que converte o ATP em AMPc, que é um segundo mensageiro. O AMPc estimula a enzima proteína cinase, que cataliza reações fosforilação do ATP em proteínas, mudando a conformação e atividade da proteína. Uma das proteínas fosforiladas é um canal de potássio da membrana dendrítica. A fosforilação causa o fechamento desse canal, aumentando a resistência da membrana dendrítica e portanto aumentando a constante de comprimento. Com isso, sinapses excitatórias distantes ou fracas irão tornar-se mais efetivas para despolarizar a zona de disparo além do limiar; a célula será mais excitável. Portanto, a ligação da NA aos receptores β produz pouca mudança no potencial de membrana, mas aumenta grandemente a resposta produzida por outro neurotransmissor em uma sinapse excitatória. Esse efeito pode durar bem mais do que a própria presença do transmissor modulatório. 
▼ CONSIDERAÇÕES FINAIS
O potencial de ação passa rapidamente pelo axônio. A despolarização do terminal axonal desencadeia a entrada de Ca2+ através de canais de cálcio dependentes de voltagem, o que, então, estimula a exocitose do conteúdo das vesículas sinápticas. Os neurotransmissores liberados difundem-se através da fenda sináptica e atingem receptores específicos na membrana pós-sináptica. O transmissor causa uma abertura de canais iônicos ativados por transmissores, os quais permitem a entrada de íons nos dendritos pós-sinápticos. Uma vez que o nervo sensorial está disparando potenciais de ação em alta freqüência, e já que muitas sinapses foram ativadas simultaneamente, os PEPSs somam-se para atingir o limiar de excitabilidade da zona de disparo, fazendo esse neurônio pós-sináptico gerar potenciais de ação. Se a célula pós-sináptica fosse um neurônio motor, essa atividade causaria a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular e a contração muscular.
Se a célula pós-sináptica fosse um interneurônio, que usa GABA como neurotransmissor, a atividade resultaria na inibição das sinapses-alvo. Se essa célula utilizasse um neurotransmissor modulatório, como a noradrenalina, a atividade poderia causar mudanças duradouras na excitabilidade ou no metabolismo das sinapses-alvo.
Defeitos na neurotransmissão são a base de muitos distúrbios neurológicas e psiquiátricos. Além disso, praticamente todas as drogas psicoativas, terapêuticas ou não, exercem seus efeitos sobre as sinapses químicas (como antagonista ou indutoras).

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