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Filosofia Moderna • Debate polí3co da Idade Média tardia: disputa pela jurisdição. Quem podia decidir de forma defini8va o que era justo? Quem podia impor normas sem ser contestado? Quem podia julgar e punir delitos civis e religiosos? Quem podia taxar e cobrar tributos? • Reforma Protestante: ques8onamento da igreja católica enquanto ins8tuição • Revolução CienAfica, Mecanicismo e Método do Conhecimento Contexto Polí3co -‐ Conflito entre monarca germânico e o Papa: quem define o propósito e a doutrina da sociedade cristã? Quem detém poder de inves8dura dos cargos eclesiás8cos? -‐ Doutrina da plenitude do poder papal no século XIII: argumentos históricos, textuais (interpretação das escrituras) e tese da unidade do poder na cristandade. Papado como monarquia universal em questões religiosas e civis. Egídio Romano – Livro Sobre o Poder Eclasiás0co (1301). Quatro teses: 1. Autoridade civil estava obrigada a pagar dízimos à espiritual 2. A dignidade sacerdotal sagrava e abençoava a autoridade civil e quem recebe a benção deve ser considerado inferior. 3. A autoridade civil havia sido ins8tuída pelo sacerdócio. 4. No governo do universo, toda substância corporal é governada pela espiritual. Tese precursora da noção moderna de soberania. Contestação da doutrina da plenitude do poder papal Autores que u8lizavam dos argumentos extraídos dos comentários da compilação jus8niana e dos textos é8cos e polí8cos de Aristóteles recém-‐recuperados, que defendiam a naturalidade, independência e autonomia do poder civil. Dante Alighieri (1265 – 1321) Tese central: independência das ordens espiritual e secular. Dupla finalidade da vida humana. Não deve haver a interferência de um poder na atuação do outro. Marsílio de Pádua: O Defensor da Paz (1324) e O Defensor Menor (1342) As escrituras não oferecem ao bispo de Roma uma superioridade sobre os demais sacerdotes. A conquista do primado do bispo de Roma foi decorrência de um consen8mento das outras igrejas e da autoridade de Constan8no. Guilherme de Ockham Brevilóquio sobre o principado 3rânico (1340) Tese: o papa não possui plenitude de poder sobre os cristãos, tal como um pai não possui plenitude de poder sobre seus filhos e um príncipe secular não possui plenitude de poder sobre os súditos, sob risco de 8rania. Processo de afirmação das monarquias nacionais – vácuo do conflito entre o Papado e o Império pela supremacia do poder. Reforma Protestante Século XVI: ques8onamento das prá8cas do clero católico: vida de ostentação da elite do clero x pobreza de padres de pequenas paróquias; abandono do voto de cas8dade; venda de cargos eclesiás8cos; venda de indulgências. Mar3nho Lutero: Alemanha no século XVI. Tese de que a intermediação dos padres em nada contribuiria para a redenção. Interpretação e compreensão da bíblia não dependia de autoridades religiosas. 2 fatores que ligam a reforma protestante com o desenvolvimento da Ciência Moderna: • Independência do clero para interpretação das escrituras = rejeição pelos cien8stas modernos da autoridade dos filósofos an8gos, em especial os medievais. • U8lização da ciência para fins religiosos: calvinistas ingleses afirmavam dever religioso de desenvolver grandes obras, dentre elas a ciência. Mecanicismo e Racionalismo Postula que todos os fenômenos naturais podem ser conhecidos e explicados por referência à matéria em movimento. Mundo e homem é vistos como uma máquina formada por partes conectadas como em uma engrenagem, acessível ao conhecimento humano. Mundo e homem obedecem a leis simples redufveis à matemá8ca, regulares e uniformes – não há nada oculto, independência dos mistérios da religião. Grande nome da Revolução Cienffica: Galileu Galilei (1564-‐1642). Galileu Galilei • Endosso do heliocentrismo de Copérnico. • Construção de telescópios: observação empírica de que corpos celestes 8nham imperfeições (manchas no sol, montanhas na lua) e por isso eram semelhantes à Terra. • Adoção do experimentalismo (termômetros, balança, régua e outros instrumentos de medição) e de método matemá3co: matemá3ca teoriza e generaliza os resultados dos experimentos. Aristóteles: movimento possui uma finalidade e termina quando o potencial se realiza. X Galileu: movimento é o deslocamento de uma coisa em relação à outra – bases do mecanicismo – movimento subme8do a leis matemá8cas – base da ciência moderna. Desdobramentos Método indu8vo: foco na experiência (Francis Bacon) Método dedu8vo: foco na matemá8ca (René Descartes) Thomas Hobbes• Assimila a concepção mecânica da natureza – O que isso significa? • O movimento de um corpo é causado por outro corpo. Isso inclui o movimento e as ações dos homens. Natureza do homem 1. O homem não é um animal apto para a sociedade, mas um ser auto-‐interessado que visa primeiramente o próprio benemcio e não a vida em comunidade. 2. A cidade não é natural, mas ar3ficial, isto é, um produto da escolha e da decisão dos homens ao fazerem o pacto social. 3. A cidade não é anterior aos indivíduos, mas, inversamente, que o indivíduo é anterior à cidade e existe mesmo fora da vida em comunidade. 4. A cidade não é um fim em si mesma, mas um meio para que os homens possam promover de maneira mais segura o seu próprio benemcio. Como isso se diferencia de Aristóteles? 1. O homem não é um animal apto para a sociedade, mas um ser auto-‐interessado que visa primeiramente o próprio benemcio e não a vida em comunidade. -‐ A capacidade para a vida polí8ca não é uma necessidade e não independe da escolha humana. -‐ Ap8dão para a sociedade não advém da natureza, mas da disciplina. -‐ A experiência mostra que crianças não nascem aptas para a sociedade e homens possuem ap8dões dis8ntas para a vida polí8ca. Isso mostra que a ap8dão para a sociedade não é natural e a mesma para todos os homens. 2. A cidade não é natural, mas ar3ficial, isto é, um produto da escolha e da decisão dos homens ao fazerem o pacto social. -‐ A sociedade é diferente de uma simples reunião de homens. -‐ A sociedade se diferencia pela existência da obrigação. -‐ Para que a sociedade exista é preciso um poder comum capaz de obrigar os homens a cumprirem as leis e os pactos. -‐ Sem essa obrigação os homens tendem mais para a guerra do que para a paz. -‐ A prova de que a sociedade não é naturalmente necessária é que a depender das circunstâncias tanto ela quanto a guerra ou a dominação podem servir à obtenção de benemcios individuais. -‐ A sociedade civil é produto não da boa vontade, amor ou amizade, mas do medo generalizado de uns em relação aos outros. 4. A cidade não é um fim em si mesma, mas um meio para que os homens possam promover de maneira mais segura o seu próprio benemcio. -‐ O benemcio humano, segundo Hobbes, é o benemcio individual, diferente de Aristóteles, para o qual o bem humano supremo só se realiza na vida em comunidade e conforme o papel do homem na comunidade. -‐ Para Hobbes, o bem individual não se iden8fica por natureza com o bem comum. -‐ A cidade é uma opção dentre outras para a busca do benemcio individual. A natureza humana é também compafvel com a dominação e a guerra. -‐ Os homens escolhem cons8tuir a cidade porque esperam algum proveito disso. -‐ Não procuramos amigos por natureza, mas pela honra e benemcios que eles podem nos trazer. Toda associação é um produto do amor por si mesmo. Estado de Natureza é um Estado de Guerra • Ausência do Estado e de leis que possam determinar o que é justo e o que é injusto. • Homens são iguais por natureza. • Compe8ção e desconfiança generalizada. • No estado de natureza os homens possuem direito a todas as coisas – não há limite imposto pela natureza às suas ações. • Na ausência dos limites impostos pelo Estado, prevalece a desordem, a insegurança e a guerra. • Os homens se atacam para garan8rem a sua preservação e não podem ser censurados por isso – essa é a ação racional diante do estado de insegurança e incerteza. DIREITO NATURAL • Liberdade irrestrita de cada um para fazer o que for preciso para preservação da própria vida. • Autoriza a cada um a busca do caminho que julgar conveniente para a obtenção de sua segurança. • Mas é ineficaz no estado de natureza porque a guerra generalizada de todos contra todos é prejudicial à segurança de cada um. • Direito de todos a tudo é direito de ninguém a nada. SURGIMENTO DO ESTADO • Necessidade de limitação do direito natural. • Conclusão a que se chega pela combinação entre duas faculdades humanas principais: a paixão e a razão (que exerce função de cálculo dos meios para a8ngir os fins postos pela paixão). Leis da razão: 1ª “todo homem deve esforçar-‐se pela paz, na medida em que tenha esperança de consegui-‐la, e caso não a consiga pode procurar e usar todas as ajudas e vantagens de guerra.” 2ª “que um homem concorde, quando outros também o façam, e na medida em que tal considere necessário paraa paz e para a defesa de si mesmo, em renunciar a seu direito a todas as coisas, contentando-‐se, em relação aos outros homens, com a mesma liberdade que aos outros homens permite em relação a si mesmo.” 3ª “Os homens devem cumprir os pactos que celebrarem”. Outras regras: visam a preservar a sociabilidade e evitar a hos8lidade entre os homens. Leis de natureza não obrigam os homens de fato. Os homens facilmente desobedecem as leis da razão. Leis da razão não se tornam leis de fato a não ser pela ins8tuição de um poder coerci8vo. Elas só se tornam leis de fato quando ins8tuídas pelo Estado e transformadas em leis civis. É preciso que todos os homens consintam em limitar o direito de natureza. Caso contrário, aqueles que assim o fazem se ofereceriam como presas aos que preservam o seu direito de agir tal como entendem conveniente para a busca de seus benemcios individuais. Hobbes e o Direito Natural “Antes que houvesse governo, não havia justo nem injusto, cujas naturezas sempre se referem a alguma ordem. Toda ação em sua natureza é indiferente, depende do direito do magistrado tornar-‐se justa ou injusta.” A paz requer submissão da vontade individual àquela do soberano. É preciso que os homens autorizem todos os atos de decisões do soberano. A soberania deve ser absoluta. Por outro lado, Hobbes afirma que existem leis da natureza ditadas pela razão que orientam acerca do que fazer para a preservação individual e que o estudo dessas leis é o objeto da filosofia moral. Essas são eternas e imutáveis. Como conciliar essas duas afirmações? À primeira vista parece um contrassenso sustentar simultaneamente que o justo e o injusto só têm lugar na sociedade civil e que as leis da natureza são leis morais imutáveis e eternas. Caracterís8cas das leis da natureza 1. A razão é ineficaz para determinar os desejos e ações humanas. – Os homens não podem se livrar do desejo irracional de preferir bens imediatos em detrimento de bens futuros. Isso obscurece a visão e impede a universalização ou uniformização de um critério acerca de como agir. Isso determina a precariedade da razão. 2. A razão é falível. É um cálculo feito por homens. A solução é submeter o cálculo de todos a um único cálculo do juiz. 3. Os requisitos da razão só obrigam de fato se o requisito da segurança é cumprido, ou seja, se há garan8a de que todos cumprirão os ditames da razão. Isso significa que os homens possuem o dever de obedecer a toda e qualquer lei civil? • Hobbes afirma que o direito de autodefesa não pode ser alienado. • Admite jus8fica8vas para a desobediência civil (ameaça de morte ou dano msico). “A obrigação dos súditos para com o soberano dura apenas enquanto dura o poder mediante o qual ele é capaz de protegê-‐ los.” “A afirmação de que em caso de ameaça de morte e dano msico o súdito tem o direito de resis8r não implica que o soberano não tenha o direito de matá-‐lo ou de promover a sua morte.” Por fim, Hobbes é um posi8vista ou um jusnaturalista? Direitos e deveres em Hobbes • A existência de um direito natural não implica na existência de um dever natural correspondente. Deveres apenas existem uma vez ins8tuídos pela lei civil. • Não há garan8a de que o Estado irá preservar a segurança de todos pela manutenção da paz interna e externamente. Mas viver sob o poder absoluto do soberano é a melhor aposta racional para a busca dos benemcios individuais de autopreservação.
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