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Resenha bioetica 22

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UCSAL - Universidade Católica do Salvador
Departamentos de Ciências Sociais Aplicadas
Disciplina de Bioética e Direito
ALEF NILTON SILVA
BRUNA MARINHO
CLENILDES CRISTINA ORNELAS
LORENA OLIVEIRA
	
RESENHA DO ARTIGO: TUTELA JURÍDICA DO NASCITURO À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL
Trabalho apresentado em forma de resenha como requisito para avaliação da disciplina de Bioética e Direito, pelo Curso de Direito da Universidade Católica do Salvador, ministrada pela professora Ana Paula Cardoso Mendes.
Salvador
2017 
PAMPLONA FILHO, Rodolfo; ARAÚJO, Ana Thereza Meirelles. TUTELA JURÍDICA DO NASCITURO À LUZ DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Salvador: Unifacs, 2007.
 Pertencente ao Direito natural, pressuposto e razão pela qual existe toda ordem ou sistema destinado a espécie humana, a vida consiste em atributo inerente ao homem. Portanto, é salutar esclarecer que este atributo antecede qualquer tipo de Direito, sendo objeto de qualquer tutela destinada a espécie humana. Dentro dessa perspectiva, a proteção a vida constitui como princípio basilar de qualquer ordenamento. Dentro dessa perspectiva, o presente artigo defende a proteção da vida se estendendo ao nascituro.
 “A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida, mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro”. Assim preceitua o código civil em vigor em seu Art. 2, porém os direitos do nascituro datam de tempos antigos, entretanto, é depois da Constituição Federal que pôde ser constato a dignidade do nascituro, posto que detém do direito de nascer com vida. Embora ainda esteja em desenvolvimento, o nascituro pode ter seus direitos resguardados e é possível, inclusive, que seja parte em ação judicial, desde que representado por sua genitora ou outro responsável. Existem várias teorias que põem em discursão os direitos do nascituro, e o presente artigo aborda de forma brilhante esse tema que traz muitas controversas.
 O termo nascituro significa o que está por nascer, que ainda se encontra no ventre materno. O direito deve evoluir e acompanhar o avanço social, tendo em vista que a convivência em conjunto só se torna possível se houver regras e para que o ser humano possa existir é essencial que haja proteção a vida, posto que é o direito maior de todo o ordenamento jurídico. As seguintes teorias buscam definir o início da personalidade, quais sejam: natalista, concepcionista e personalidade condicional. 
 Teoria Concepcionista, tal teoria defende que a personalidade jurídica inicia a partir da sua concepção, os autores que defendem essa teoria afirmam que a partir da concepção o nascituro já é considerado pessoa, então alguns direitos já são adquiridos neste momento. Essa teoria não foi aceita pelo código civil, mas tem o apoio de alguns doutrinadores. O que também acaba por fortalecer essa teoria é a punição do aborto como crime contra a pessoa.
 Já a Teoria Natalista ensina um conceito muito diferente da teoria anterior, ela afirma que a personalidade jurídica do nascituro começa quando existe vida após o nascimento, e é a teoria adotada pela maior parte dos doutrinadores brasileiros, aparentemente também é a teoria adotada pelo código civil, sendo que o nascituro dentro desta teoria só tem expectativa de direito, ainda não existem direitos adquiridos, entretanto os defensores desta teoria não explicam o porquê do código proteger os direitos do feto e a Constituição Federal protege o direito a vida.
 A Teoria Natalista, que é a teoria adotada pela legislação vigente, diz que a personalidade começa a partir do nascimento com vida, os doutrinadores que defendem essa ideia dizem que o nascituro tem apenas expectativa de vida e é parte, na verdade, das vísceras da mãe, mas que o aborto ainda é punível pois existia ali uma expectativa de vida. 
 A Teoria da personalidade condicional, afirma que a personalidade jurídica começa com o nascimento com vida, mas os direitos do nascituro estão sujeitos a uma condição suspensiva. Esta teoria conceitua que a personalidade se inicia com a concepção desde que se nasça com vida, entretanto coloca em foque o fato de os direitos de personalidade serem irrenunciáveis, absolutos, independentemente do nascimento com vida, e se o feto não nascer com vida todos os direitos adquiridos são tidos como nunca existentes.
 Na Constituição, o art. 5° defende que a vida é inviolável para todos, mas não definiu a partir de que momento se inicia tal proteção. Vale ressaltar que, a própria constituição prevê o aborto como crime doloso e punível. Muito embora não seja considerado pessoa o nascituro possui proteção quanto ao direito a vida, sendo punido a tentativa de violar tal direito. O Nascituro possui vários outros direitos, como o de reconhecimento parental (podendo seus pais pleitear em seu nome, a exemplo são as ações que versam sobre alimentos gravídicos) o de receber doação, o de ser adotado, e de ser favorecido em testamento.
 O nascituro possui uma carga genética própria que o torna um ser, apesar de se encontrar ligado umbilicalmente à gestante. Em resumo, o nascituro detém regime de proteção em torno de si, de direitos compatíveis com a sua posição especial e a capacidade jurídica em determinadas situações. O artigo 5º da Constituição Federal de 1988 expõe sobre os direitos e garantias fundamentais, afirmando que:
‘’Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade.’’
 Nesse sentido, o direito de nascer é manifestação direta do direito de viver, ou seja, o direito à vida estende-se, portanto, à condição do nascituro. 
 No tocante a capacidade jurídica, o nascituro é sujeito de direito, detém dessa forma, capacidade jurídica, mas não personalidade. Sujeito de direito é a quem o ordenamento atribui capacidade jurídica e que, por isso, detém titularidade de direito ou dever. Pessoa, por sua vez, é o ente físico ou moral apto para contrair direitos e deveres. Toda pessoa é sujeito de direito, mas nem todo sujeito de direito é pessoa. 
 A criação de mecanismos de proteção a vida e de salvaguardar direitos ao nascituro, ao contrário do que muitos pensam, não pressupõe que lhe seja atribuída a condição de pessoa, tampouco se deve cogitar da existência de direitos sem sujeitos, como forma de justificar as relações envolvendo o nascituro, pois este é sujeito de direito nas situações expressamente previstas em lei.
 Sendo assim, muitas teorias tentam explicar o início da personalidade, certo que tem que existir a proteção a vida, ainda que não tenha nascido. O código civil mesmo depois da sua última reforma, ainda assim agasalha a teoria natalista, sendo assim, a personalidade jurídica só se inicia quando acontece o nascimento com vida, no entanto, existem leis que protegem a vida mesmo não tendo nascido ainda.
 Posto isso, conclui-se que há muitas teorias e poucas certezas referentes aos direitos dos nascituros, tendo em vista que pela legislação brasileira a personalidade, ou seja, a capacidade para se ter direitos e deveres se inicia com o nascimento com vida, entretanto, o próprio dispositivo civil coloca a salvo os direitos do nascituro. O ser humano precisa ser protegido desde a sua origem, em função que todo e qualquer nascituro possa um dia nascer e vir a se tornar de fato um ser humano detentor da dignidade da pessoa humana.
REFERÊNCIAS
BRASIL, Constituição da República Federativa do Brasil. São Paulo: Saraiva, 2007.
Novo Curso de Direito Civil.v. III – Responsabilidade Civil.5. Ed. São Paulo: Saraiva, 2007.
Novo Curso de Direito Civil. v. IV (“Contratos”), Tomo 2 (“Contratos em Espécie”). São Paulo: Saraiva, 2007.
BRASIL. Código Civil (2002). Lei nº. 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil

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