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BOUBA AVIÁRIA

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BOUBA AVIÁRIA
ETIOLOGIA: Conhecida vulgarmente como “pipoca”, por causar lesões nodulares. É causada por um vírus da família Avipoxviridae, são os poxvírus das aves. Os avipoxvírus acomete qualquer ave, seja doméstica ou silvestre, apesar de naturalmente algumas espécies serem mais susceptíveis, como pombos (baixa mortalidade), galinhas, perus e pavões (sendo estes mais graves que nas galinhas) – em galinhas, a não ser que tenha uma infecção bacteriana secundária, tem uma baixa mortalidade pois o vírus é autolimitante e o animal acaba se recuperando; em pintinhos é mais agressivos por ter o sistema imune mais debilitado, por serem mais frágeis. E nos silvestres a espécie mais acometida com uma mortalidade muito maior são os canários, sendo um problema para os criadores. Causa lesões em regiões sem penas: patas, parte superior do bico. Consiste em um vírus envelopado grande (250 nanômetros), com genoma composto por DNA. Não é encontrado em mamíferos – apesar de uma vez já ter sido isolada em um rinoceronte. Não tem caráter zoonótico.
Obs: algumas estirpes do vírus foram encontradas com hemaglutinina, ou seja, capazes de fazer hemaglutinação. 
SINTOMAS: Existem duas formas de apresentação dessa doença: 
- bouba cutânea: causa lesões nodulares na pele das regiões sem penas. Podem ser nódulos, pápulas, pústulas – lesões de características um pouco diversificadas. Em canários tem um caráter mais irregular com característica mais infiltrativa/agressiva, enquanto nas galinhas são redondinhas pretas ou vermelhas. É a forma mais comum.
- bouba diftérica: costumam causar lesões de caráter fibronecrótico na cavidade oral, dentro do bico, no trato digestivo (esôfago, laringe, faringe, coana) e no trato respiratório superior. A lesão é como se fosse uma placa em alto relevo com uma coloração amarelada ou acinzentada – a maioria se localiza na cavidade oral. Tem um caráter muito mais agressivo, tendo uma mortalidade de 50 a 80% até mesmo nas galinhas. 
Obs: pode apresentar as duas formas juntas.
PATOGENIA: O vírus penetra na célula após se fusionar na membrana citoplasmática com o envelope viral, o núcleocapsídeo é liberado, e por ser um vírus grande, a presença do corpúsculo de inclusão no citoplasma da célula acaba causando um alargamento da célula – na microscopia observa um corpúsculo de inclusão característico que se chama “corpúsculo de bollinger”. O agrupamento dessas células alargadas causam reação inflamatória com a migração de citocinas, formação edematosa e formando as lesões características da bouba que vai variar de acordo com a estirpe – que no caso são os nódulos ou as lesões fibronecróticas.
TRANSMISSÃO: o principal agente dispersor são os vetores físicos/mecânicos, como os artrópodes: moscas que pousam nas lesões e depois na mucosa de aves saudáveis, mosquitos hematófagos que ficam contaminados por semanas albergando o vírus em seu trato digestório, piolhos (dermanyssus gallinae, ornithonyssus), carrapatos de aves (Argas miniatus). Os aerossóis são possíveis formas de transmissão, mas por descamação dos folículos das penas ou por descamação de células epiteliais – piolhos maófagos (que consomem a queratina das penas) podem passar o vírus para outras aves). 
DIAGNÓSTICO: em galinhas, perus, pavões ou qualquer animal que tenha lesões características, é dispensável qualquer tipo de exame laboratorial, pois é bem nítido que se trata de bouba. Em canários tem outras doenças que podem confundir, não só por vírus mas até mesmo por alguns quadros de disbiose intestinal (desequilíbrio da microbiota intestinal por uso prolongado de antibiótico) que causam lesões nas patas devido à má circulação sanguínea. A forma mais segura de diagnóstico é a visualização do corpúsculo de bollinger (é patognomônico) e o alargamento da célula – através de uma biópsia do nódulo. Uma possibilidade é o PCR para identificar o poxvirus (de pena, swab na cavidade oral, do nódulo mesmo, fezes).
TRATAMENTO: não há tratamento específico, o que se faz é a vacinação. Utiliza-se desinfetantes no local para evitar infecções secundárias, assim como pomada de iodo ou pomada com antibiótico, dentre várias outras opções. A vacinação é traumática, pois é injetada na membrana da asa após a abertura com um estilete. No dia seguinte, deve-se pegar o animal, abrir a asa e deve ter uma inflamação no local, que quer dizer que o organismo reconheceu o antígeno, teve liberação de citocinas e causou a reação inflamatória no local com migração de linfócitos T e provável diferenciação entre anticorpos específicos. Em canários a vacina é anual e não faz parte do calendário obrigatório. Em galinha é opcional, sendo mais feito em áreas endêmicas.

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