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Inserir Título Aqui Inserir Título Aqui Gestão Financeira e Tributária Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional Responsável pelo Conteúdo: Prof. Esp. Flávio Nastari da Rosa Revisão Textual: Profa. Ms. Luciene Oliveira da Costa Santos Nesta unidade, trabalharemos os seguintes tópicos: • Introdução • Lucro Real • Lucro Presumido • Simples Nacional Fonte: Thinkstock/Getty Im ages Objetivos • Esta unidade tem como objetivo a compreensão do aluno com relação aos regimes de apuração dos tributos, tais como: o Lucro Real, o Lucro Presumido e o Simples Nacional. • Ao final da unidade, o aluno deverá ter uma visão ampla e crítica sobre os regimes de apuração. Normalmente, com a correria do dia a dia, não nos organizamos e deixamos para o último momento o acesso ao estudo, o que implicará o não aprofundamento no material trabalhado ou, ainda, a perda dos prazos para o lançamento das atividades solicitadas. Assim, organize seus estudos de maneira que entrem na sua rotina. Por exemplo, você poderá escolher um dia ao longo da semana ou um determinado horário todos ou alguns dias e determinar como o seu “momento do estudo”. No material de cada Unidade, há videoaulas e leituras indicadas, assim como sugestões de materiais complementares, elementos didáticos que ampliarão sua interpretação e auxiliarão o pleno entendimento dos temas abordados. Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discussão, pois estes ajudarão a verificar o quanto você absorveu do conteúdo, além de propiciar o contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e aprendizagem. Bons Estudos! Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional UNIDADE Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional Contextualização Para darmos início a esta unidade, sugerimos como leitura o artigo de autoria de Dilson Zanatta e Ricardo Maroni Neto, de título “Algumas considerações sobre o planejamento tributário: uma comparação por meio de simulação entre o Simples, o Lucro Presumido e o Lucro Real”. O artigo encontra-se disponível no acesso abaixo disponibilizado: https://goo.gl/qfgGF1 6 7 Introdução As rendas auferidas pelas pessoas físicas e jurídicas são passiveis de tributação. Para efeitos de pessoas físicas, sabe-se que o governo tributa o Imposto de Renda das Pessoas Físicas (IRPF) e, que para efeitos de pessoas jurídicas, o Fisco exige e cobra o Imposto de Renda da Pessoa Jurídica (IRPJ) e a Contribuição Social Sobre o Lucro Líquido (CSLL). Esta unidade adotará como premissa os impostos das pessoas jurídicas (IRPJ e CSLL). Existem várias as formas de se calcular tais tributos, tais como a sistemática do Lucro Real, a sistemática do Lucro Presumido e a sistemática do Simples Nacional, conforme explanaremos a seguir. Lucro Real Aspectos Básicos A sistemática do lucro real é calculada de acordo com o lucro apurado pela contabilidade (lucro contábil) e ajustado, com procedimentos legais exigidos pela autoridade fazendária, passando pela compensação de prejuízos fiscais e chegando à escrituração do LALUR. Ao final deste tópico, pretende-se que o(a) aluno(a) possa: a) Entender a diferença entre o lucro apurado pela contabilidade (lucro contábil) e aquele exigido pelo Fisco. b) Compreender os termos técnicos, tais como: dedutíveis, tributáveis, não dedutíveis, não tributáveis, adições, exclusões, lucro contábil, lucro fiscal. c) Entender o que significa compensação e como se dá a mesma com base no lucro exigido pelo Fisco. d) Compreender a função do Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR), sua parte “A” e sua parte “B”, tanto para as empresas, quanto para o Fisco. Resultado apurado nas entidades empresariais A contabilidade trabalha com princípios fundamentais, as quais as entidades empresariais devem seguir. Dentre seus princípios fundamentais, temos elencado, como um dos mais importantes, o princípio da competência, que nos dá como base registrar um fato no momento em que ocorre, independente de o fator pagamento ou recebimento (caixa) ter acontecido. Com base nisso, surge o confronto das receitas e despesas, o qual levará as entidades empresariais, conforme o regime de competência, a apurarem o seu resultado contábil (lucro ou prejuízo). 7 UNIDADE Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional Quando o total de receitas superar o total de despesas, entende-se que a entidade obteve um resultado positivo, ou seja, lucro. Quando o total de despesas superar o total de receitas, endente-se que a entidade obteve um resultado negativo, ou seja, prejuízo. Tributação sobre o lucro Os tributos incidentes sobre o lucro deveriam ser calculados de acordo com sua essência, ou seja, o lucro. Entretanto, para fins de cálculo de tributos, a legislação fiscal não considera o lucro apurado pela contabilidade (lucro contábil), conforme entendemos no tópico anterior, como um resultado a ser considerado para efeitos fiscais. A legislação fiscal tem sua forma específica de interpretar o resultado das empresas, tendo em vista que as receitas ou despesas classificadas para efeitos contábeis podem não ser consideradas da mesma forma para efeitos fiscais. Sendo assim, receitas e despesas reconhecidas no resultado de uma entidade empresarial poderão não ser reconhecidas para fins fiscais. Para transformar o resultado apurado pela contabilidade em resultado aceito pela legislação fiscal, devem ser promovidos alguns ajustes entre as receitas e as despesas, de acordo com a previsão legal. Tais ajustes deverão ser realizados através de efeitos que chamamos de “adições” e “exclusões”, para que o resultado fiscal apresente as receitas e despesas que de fato o Fisco determine como aceitas. Assim, após realizadas as “adições” e “exclusões”, chega-se ao resultado fiscal, que fará base para o cálculo dos tributos sobre o lucro (base de cálculo). RESULTADO ANTES DE IR + CSLL (+) ADIÇÕES - Despesas Contabilizadas que não são Aceitas pelo FISCO - Receitas Exigidas pelo FISCO e não Contabilizadas em Receita (-) EXCLUSÕES - Receitas Contabilizadas que não são Exigidas pelo FISCO - Despesas Aceitas pelo FISCO e não Contabilizadas em Despesa RESULTADO LÍQUIDO AJUSTADO (-) COMPENSAÇÃO DE PREJUÍZOS FISCAIS RESULTADO TRIBUTÁVEL Fonte: Pêgas, P. H., 2014, p. 379 Para entendermos melhor, detalhamos a seguir cada item apresentado no quadro: 8 9 Resultado antes de IR + CSLL Os resultados antes de IR + CSLL são aqueles apurados pela contabilidade, também conhecidos como resultado contábil. Para apurar tal resultado, depende-se da realização da equação básica: receitas menos despesas. O resultado será: · Quando positivo = LUCRO · Quando negativo = PREJUÍZO Adições e Exclusões As adições servem para ajustarem o resultado de uma entidade empresária, para fins de apuração do resultado tributável. Conforme visto no quadro anterior, temos: · Adições – Despesas Contabilizadas e não Aceitas pelo Fisco São representadas por despesas que foram consideradas na contabilidade, que diminuíram o lucro contábil, entretanto, para fins de apuração dos tributos, a legislação não entende como dedução do lucro. Por isso, deve-se realizar a adição do valor, ou seja, incluir o mesmo na apuração do lucro (somar) para que seja retirado o efeito da despesa no resultado. · Adições – Receitas Exigidas pelo Fisco e não Contabilizadas em Receita Neste caso, quando a empresa deixa de registrar alguma receita no seu resultado, ou seja, não apresenta um resultado de acordo com o esperado pela legislação fiscal por conta de receita não contabilizada, a mesma deverá ser adicionada (somada) junto ao lucro contábil apurado e, desta forma, representar o lucro ajustado, de acordo com o que determinaa legislação fiscal. · Exclusões – Receitas Contabilizadas e não Exigidas pelo Fisco Representa o mesmo raciocínio da adição, ou seja, quando registrada (reconhecida) alguma receita que não deveria compor o lucro da empresa, a mesma deve ser excluída (subtraída) do resultado contábil, assim, diminuindo-o. Será apresentado de acordo com o que a legislação fiscal exige. · Exclusões – Despesas Aceitas pelo Fisco e não Contabilizadas em Despesa Em alguns casos, o Fisco permite que uma empresa realize certas deduções para efeitos fiscais, entretanto, tais deduções não são consideradas para a contabilidade como despesa. Por isso, a contabilidade não poderá entender como despesa e não poderá diminuir o lucro contábil, mas, por força da legislação, por entender que a mesma deverá diminuir a base de cálculo para efeitos fiscais, o registro deverá ser feito como uma exclusão (subtração) na apuração da base de cálculo dos tributos incidentes sobre o resultado. 9 UNIDADE Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional Lucro (ou prejuízo) líquido ajustado O lucro (ou prejuízo) líquido ajustado representa a correta base de cálculo para fins de imposto de renda e contribuição social sobre o lucro líquido. Parte-se do lucro contábil, realizam-se as adições (somas) das despesas e receitas, conforme explicado nos tópicos anteriores, realizam-se as exclusões (subtrações) das despesas e receitas, também conforme explicado anteriormente, e, como consequência dessa equação, chega-se ao lucro fiscal, que de fato terá efeitos, conforme legislação fiscal para fins tributários. Esse resultado será o lucro (ou prejuízo) ajustado. Cabe mencionar que, se o resultado ajustado der prejuízo, o cálculo encerra-se neste momento, pois, sobre prejuízo não há incidência de tributos, somente haverá a incidência sobre o lucro. Entretanto, caso o resultado seja positivo (lucro), temos que entender que, o cálculo não termina por aí, tendo em vista que a empresa poderá (caso tenha) utilizar para fins fiscais o que chamamos de prejuízos fiscais de períodos anteriores, através de uma compensação, conforme estudaremos a seguir. Compensação de Prejuízos Fiscais Anualmente, os resultados das empresas poderão ser apresentados de duas formas: lucro ou prejuízo. Quando apresentado prejuízo, conforme vimos no item anterior, não deverão ser realizados os cálculos de tributos sobre o lucro, pois se tributa somente o lucro e não o prejuízo. Nesse caso, pode-se aproveitar do prejuízo fiscal apresentado por uma empresa em períodos subsequentes que apresentem resultados positivos (lucros). Entretanto, a legislação tributária limita a utilização dos prejuízos em até 30% do lucro apresentado naquele período, até que o mesmo seja totalmente utilizado. Vejamos o exemplo a seguir: No ano X1, a empresa “XPTO” apresenta um prejuízo fiscal (após os ajustes) no valor de $ 50.000,00. Tal prejuízo não é tributável, mas poderá ser utilizado nos anos subsequentes, quando apresentado lucro fiscal, até o limite de 30% dos lucros fiscal apresentados. No ano X2, a empresa apresenta prejuízo fiscal (ajustado) de mais $ 40.000, acumulando um saldo de prejuízos fiscais de $ 90.000,00 (prejuízo fiscal de X1 + prejuízo fiscal de X2). No ano X3, a empresa apresenta lucro fiscal (ajustado) de $ 100.000,00. Considerando que 30% de $ 100.000,00 seja $ 30.000,00 e, que a empresa tenha saldos acumulados de prejuízos fiscais de períodos anteriores, poderá utilizar esses 30% como benefício em 10 11 sua base de cálculo, ou seja, abater em seu lucro fiscal (ajustado) o prejuízo fiscal gerado de períodos anteriores e, utilizá-lo na formação de sua base de cálculo para fins fiscais. Neste caso, ao final de X3, a base de cálculo para efeitos de apuração dos tributos sobre o lucro (IRPJ e CSLL) será de $ 70.000,00 ($ 100.000,00 – 30%), enquanto os saldos acumulados de prejuízos fiscais de anos anteriores serão de $ 60.000,00 (prejuízo de X1 + Prejuízo de X2 – Utilização de 30% do lucro ajustado de X3 como compensação dos lucros ajustados). Lucro Fiscal O lucro fiscal nada mais é do que o valor apurado na equação: lucro líquido ajustado menos a compensação dos prejuízos fiscais, conforme explicados nos dois tópicos anteriores. O lucro fiscal será considerado a base de cálculo para os tributos incidentes sobre o lucro. Limitação Percentual Como visto em compensação de prejuízos fiscais, as empresas têm um fator de limitação para utilização dos prejuízos apresentados, de 30%. Entretanto, não há limitação de tempo para sua utilização, desde que os prejuízos estejam devidamente registrados e controlados pela contabilidade. Sendo assim, não há prazo prescricional para prejuízos acumulados de uma entidade empresarial, entretanto, a mesma deverá estar formalizada através de livro fiscal obrigatório, conhecido como Livro de Apuração do Lucro Real (LALUR). Tal livro é constituído por duas partes, a chamada parte “A” e parte “B”. Na parte “A”, é apresentado o cálculo do lucro real da empresa, partindo do lucro contábil e seus ajustes realizados pelas adições e exclusões até chegar ao lucro fiscal, com as devidas compensações de prejuízos fiscais utilizadas. Em sua parte “B”, deve-se incluir o controle de todas as situações que modificarão as bases de cálculos em momentos futuros, tais como, lançamentos de ajustes futuros através de adições e exclusões, além do controle efetivo dos prejuízos fiscais, por ano e suas devidas utilizações. 11 UNIDADE Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional Lucro Presumido Conceito O lucro presumido é uma sistemática de apuração a qual só utiliza-se das receitas da empresa para fins de apuração do resultado tributável (base de cálculo). Com base nas receitas apresentadas, utiliza-se uma alíquota de presunção de lucro, de acordo com os percentuais definidos em lei, para que o lucro seja estimado. O lucro presumido não apresenta uma forma obrigatória de tributação, ou seja, pode o contribuinte optar por recolher seus tributos sobre o lucro por ele, ou por qualquer outra sistemática de apuração, desde que as demais sistemáticas não tenham impedimentos. Suas regras básicas são apresentadas no Decreto Lei nº 3.000/99 (Regulamento do Imposto de Renda), nos artigos 516 a 528. Limitações Empresas proibidas A princípio, todas as empresas podem optar pela sistemática do lucro presumido. Entretanto, há empresas que são obrigadas ao lucro real (sem opção de escolha). As empresas obrigadas ao lucro real, consequentemente, não podem optar pelo lucro presumido. Essas empresas são: a) Cuja receita total, no ano-calendário anterior, seja superior a R$ 78 milhões ou proporcional ao número de meses do período, quando inferior a 12 meses; b) Instituições financeiras e equiparadas, inclusive empresas de seguros provados, capitalização, factoring e entidades de previdência provada aberta; c) Que tiverem lucros, rendimentos ou ganho de capitais oriundos do exterior; d) Que, autorizadas pela legislação tributária, usufruam benefícios fiscais relativos à isenção ou redução de impostos; e) Que, no decorrer do ano-calendário, tenham efetuado pagamento mensal pelo regime de estimativa, inclusive mediante balanço, ou balancete de suspensão ou redução. O limite apresentado de R$ 78 milhões passou a vigorar a partir de 2014, conforme Lei nº 12.814/13. Anteriormente, o limite era de R$ 48 milhões até 2013. Poderão ser deduzidos da receita total, para fins de cômputo do limite: 1. As vendas canceladas, devolvidas, ou anuladas; 2. Os descontos incondicionais concedidos; 3. IPI e o ICMS Substituição Tributária, quando registrados como receita. 12 13 Momento de opção A opção pelo lucro presumido deve ser exercida com cuidado, pois a opção é irretratável, ou seja, uma vez formalizadoo pedido, a sistemática não poderá ser alterada e deverá ser aquela optada até o término do período do ano. Sua opção é realizada no momento do primeiro recolhimento do tributo, através do seu código de recolhimento informado em Documento de Arrecadação de Receitas Federais (DARF). Não são aceitos pelo Fisco a utilização da retificação da informação através do REDARF, portanto, uma vez recolhido o tributo em um código de recolhimento realizado, não poderá ser alterada a sistemática de apuração do tributo dentro do ano de escolha. Base de Cálculo A base de cálculo dos tributos calculados com base no lucro presumido será a aplicação de um percentual específico sobre cada receita obtida pela empresa. O percentual dependerá de cada atividade exercida, conforme tabela abaixo apresentada: Receitas Base do IR - % Base da CSLL - % Venda ou revenda de bens e produtos 8% 12% Prestação de serviços 32% 32% Administração, locação ou cessão de bens e direitos de qualquer natureza (inclusive imóveis). 32% 32% Transporte de passageiros 16% 12% Transportes de Cargas 8% 12% Serviços hospitalares (*1) 8% 12% Prestação de serviços até R$ 120 mil/ano, menos regulamentada. 16% 32% Revenda, para o consumo, de combustível derivado de petróleo, álcool etílico, carburantes e gás natural. 1,6% 12% Outras receitas, não definidas no estatuto ou contrato social. 100% 100% Cálculo do IRPJ e da CSLL Após a aplicação dos percentuais definidos em lei e apresentados na tabela anterior sobre cada receita obtida no trimestre, deve-se aplicar às alíquotas normais de IR e CSLL, de acordo com a legislação. Hoje, as alíquotas do lucro presumido para as empresa estão na faixa de 15% de IRPJ mais 10% de adicional do IRPJ para os valores que ultrapassarem a R$ 20 mil mensal e R$ 60 mil trimestral, além de 9% para a CSLL. O imposto de renda retido na fonte cobradas sobre as receitas que compõe a base de cálculo do lucro presumido poderá ser deduzido do imposto a ser cobrado de forma definitiva. As empresas que fizerem a opção pelo lucro presumido não poderão se utilizar de nenhum tipo de incentivo fiscal do imposto de renda. 13 UNIDADE Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional Valores não incluídos na Base de Cálculo do Lucro Presumido Não devem integrar a base de cálculo do lucro presumido os seguintes valores: a) Receitas de participações em empresas controladas e coligadas avaliadas pelo método de equivalência patrimonial; b) Receitas de dividendos de investimentos avaliados ao custo de aquisição; c) Reversões de provisões operacionais, quando não representarem ingressos de novos recursos; d) IPI, quando registrado como receita de vendas; e) ICMS Substituição Tributária, quando registrado como receita de vendas. Os descontos incondicionais concedidos são deduzidos da receita correspondente, antes da aplicação do percentual de presunção. As vendas canceladas, devolvidas ou anuladas têm o mesmo tratamento. Compensação de prejuízos fiscais Na opção pelo lucro presumido não há permissão de compensação de prejuízos fiscais. Os prejuízos fiscais que a empresa possui, em decorrência de períodos que esteve tributada pelo lucro real, serão mantidos na parte “B” do LALUR e, quando retornar a condição de tributação do lucro real, os prejuízos armazenados poderão voltar a ser utilizados. Simples Nacional Aspectos básicos O Simples Nacional é um sistema de tributação utilizado para as microempresas e empresas de pequeno porte, que entrou em vigor no 2º semestre de 2007. Sua norma está regulamentada de acordo com a Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006. Introdução e regulamentação Diversos países no mundo adotam um sistema tributário especial para as pequenas empresas. No Brasil, não poderia ser diferente. Para tal foi instituído o Simples Nacional. 14 15 A Constituição Federal de 1988 definiu, em seu artigo 79, que: [...] a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios dispensarão às microempresas e às empresas de pequeno porte, assim definidas em lei, tratamento jurídico diferenciado, visando a incentivá-las pela simplificação de suas obrigações administrativas, tributária, previdenciárias e creditícias, ou pela eliminação ou redução destas por meio de lei. A Lei nº 9.841/99 instituiu o estatuto da microempresa e da empresa de pequeno porte, que assegurava a elas tratamento jurídico diferenciado e simplificado nos campos administrativo, tributário, previdenciário, trabalhista, creditício e de desenvolvimento empresarial. O estatuto, porém, não continha a aplicação prática no campo tributário, que era regido pela Lei nº 9.317/96, com alterações posteriores. No final de 2006, foi publicada a Lei Complementar (LC) nº 123, que revogou as Leis nº 9.317/96 e nº 9.841/99, a partir de julho de 2007, e que é válida até os dias de hoje, como ponto chave de normatização para as tributações para as microempresas e empresas de pequeno porte, intitulada Simples Nacional. De 2006 para cá, a Lei Complementar nº 123 foi alterada por algumas vezes, aumentando o limite de faturamento das empresas. Atualmente, em 2012, a LC 123/06 foi republicada no Diário Oficial da União, contemplando as alterações das Leis Complementares anteriores. Justificativa para criação do Simples Nacional De acordo com Pêgas (2014): As justificativas apresentadas pela Secretaria da Receita Federal do Brasil (RFB) para a instituição do regime simplificado para as Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Simples Nacional) são: 1.Estas empresas possuem baixo potencial arrecadatório e, portanto, não devem ter ônus excessivo nas atividades de controle exercidas pela administração; 2.A concessão de benefícios tributários diretos (redução de carga tributária) deve observar uma transição suave, de tal sorte a não criar descontinuidades acentuadas que introduzam à prática de planejamento fiscal; 3.O regime simplificado destina-se a buscar um ambiente mais competitivo entre grandes e pequenas empresas e não conceder privilégios a determinado grupo. O ingresso no regime deve ser destinado exclusivamente aos setores econômicos que estão sujeitos a concorrência assimétrica em razão da dimensão da empresa. As atividades econômicas que, por natureza, encontram-se pulverizadas e, portanto, não sofrem concorrência desigual não devem ter acesso ao regime; 4.Dada a importância destas empresas (geração de empregos, inovação tecnológica, competição no mercado, etc.) o custo de cumprimento das obrigações tributárias para esses segmentos deve ser minimizado, de modo a não comprometer sua sobrevivência; 5.A relação entre contribuinte e o Estado, sempre que possível, deve ser única, a despeito da existência de distintos níveis de governo e administração tributária envolvidos. 15 UNIDADE Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional O Simples Nacional, via de regra, tem como seu maior benefício e diferencial, a unificação de recolhimentos de tributos, tais como: encargos previdenciários, tributos federais, estaduais e municipais (PIS, COFINS, ICMS, ISS, entre outros). Outro fator relevante é a diminuição da burocracia, uma vez que o sistema unifica todos os tributos e, consequentemente, suas partes burocráticas. Formalização da opção A opção pela formalização do Simples Nacional ocorre anualmente, via internet, pelo site da RFB, sendo que, uma vez optado e aceito o regime simplificado, a opção se torna irretratável para todo o ano-calendário, ou seja, a mudança de tributação só seria permitida no ano-calendário subsequente à sua opção. O prazo para inscrição da empresa é sempre o último dia útil de janeiro do próprio ano-calendário da opção. Livro-caixa e escrituração contábil As empresas optantes pelo Simples Nacional ficam desobrigadas a apresentar, para finsfiscais, a escrituração contábil, bastando, assim, escriturar somente o livro-caixa e o livro-registro de inventário, nos quais deverão constar os estoques existentes no final de cada ano. Receitas alcançadas pelo Simples O Simples Nacional toma como base para tributação somente a receita bruta da pessoa jurídica, não alcançando as demais receitas eventualmente obtidas. Podem ser excluídas da receita bruta: a) As vendas devolvidas e as vendas canceladas; b) Descontos incondicionais (comerciais, concedidos na nota fiscal); e c) IPI e ICMS ST, quando registrados na receita bruta. As receitas financeiras não fazem parte da base de cálculo do Simples Nacional, entretanto, o imposto retido na fonte oriundos dessas receitas é considerado tributação definitiva, tratando-se, assim, como despesa. Vedações De acordo com o artigo 17 da Lei Complementar nº 123: Não poderão recolher os impostos e contribuições na forma do Simples Nacional a microempresa ou a empresa de pequeno porte: I - que explore atividade de prestação cumulativa e contínua de serviços de assessoria creditícia, gestão de crédito, seleção e riscos, administração de contas a pagar e a 16 17 receber, gerenciamento de ativos (asset management), compras de direitos creditórios resultantes de vendas mercantis a prazo ou de prestação de serviços (factoring); II - que tenha sócio domiciliado no exterior; III - de cujo capital participe entidade da administração pública, direta ou indireta, federal, estadual ou municipal; IV - (REVOGADO) V - que possua débito com o Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, ou com as Fazendas Públicas Federal, Estadual ou Municipal, cuja exigibilidade não esteja suspensa; VI - que preste serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros; VI - que preste serviço de transporte intermunicipal e interestadual de passageiros, exceto quando na modalidade fluvial ou quando possuir características de transporte urbano ou metropolitano ou realizar-se sob fretamento contínuo em área metropolitana para o transporte de estudantes ou trabalhadores; (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) VII - que seja geradora, transmissora, distribuidora ou comercializadora de energia elétrica; VIII - que exerça atividade de importação ou fabricação de automóveis e motocicletas; IX - que exerça atividade de importação de combustíveis; X - que exerça atividade de produção ou venda no atacado de: a) cigarros, cigarrilhas, charutos, filtros para cigarros, armas de fogo, munições e pólvoras, explosivos e detonantes; b) bebidas a seguir descritas: 1- alcoólicas; 2- refrigerantes, inclusive águas saborizadas gaseificadas; 2. (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) 3- preparações compostas, não alcoólicas (extratos concentrados ou sabores concentrados), para elaboração de bebida refrigerante, com capacidade de diluição de até 10 (dez) partes da bebida para cada parte do concentrado; 3. (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) 4- cervejas sem álcool; XI - que tenha por finalidade a prestação de serviços decorrentes do exercício de atividade intelectual, de natureza técnica, científica, desportiva, artística ou cultural, que constitua profissão regulamentada ou não, bem como a que preste serviços de instrutor, de corretor, de despachante ou de qualquer tipo de intermediação de negócios; XI - (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) XII - que realize cessão ou locação de mão-de-obra; XIII - que realize atividade de consultoria; 17 UNIDADE Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional XIII - (Revogado); (Redação dada pela Lei Complementar nº 147, de 2014) (Produção de efeito) XIV - que se dedique ao loteamento e à incorporação de imóveis. XV - que realize atividade de locação de imóveis próprios, exceto quando se referir a prestação de serviços tributados pelo ISS. XVI - com ausência de inscrição ou com irregularidade em cadastro fiscal federal, municipal ou estadual, quando exigível. Cálculo do Simples Nacional O Simples Nacional tem seu cálculo regulamentado pela Lei Complementar nº 123/06 e pela Resolução nº 51/08 do CGSN. Por mais que se entenda que o cálculo deveria ser “simples”, sabe-se que de “simples” há somente o nome. A complexidade se dá pelo fato de haver bastante interpretação e particularidades para a legislação. O cálculo mensal do Simples Nacional é realizado de acordo com o tipo de operação realizada pela empresa, tais como: comércio, serviços (com funcionários), serviços (sem funcionários), empresas que realizam revendas para o exterior etc. É atribuída pela legislação uma tabela de alíquota e partilhas por tipo de operação realizada, por exemplo: Comércio (Anexo I): ANEXO I DA LEI COMPLEMENTAR Nº123, DE 14 DE DEZEMBRO DE 2006 (vigência: 01/01/2012) (Redação dada pela Lei Complementar nº 139, de 10 de novembro de 2011) Alíquotas e Partilha do Simples Nacional - Comércio 18 19 Receita Bruta em 12 meses (em R$) Alíquota IRPJ CSLL Cofins PIS/ Pasep CPP ICMS Até 180.000,00 4,00% 0,00% 0,00% 0,00% 0,00% 2,75% 1,25% De 180.000,01 a 360.000,00 5,47% 0,00% 0,00% 0,86% 0,00% 2,75% 1,86% De 360.000,01 a 540.000,00 6,84% 0,27% 0,31% 0,95% 0,23% 2,75% 2,33% De 540.000,01 a 720.000,00 7,54% 0,35% 0,35% 1,04% 0,25% 2,99% 2,56% De 720.000,01 a 900.000,00 7,60% 0,35% 0,35% 1,05% 0,25% 3,02% 2,58% De 900.000,01 a 1.080.000,00 8,28% 0,38% 0,38% 1,15% 0,27% 3,28% 2,82% De 1.080.000,01 a 1.260.000,00 8,36% 0,39% 0,39% 1,16% 0,28% 3,30% 2,84% De 1.260.000,01 a 1.440.000,00 8,45% 0,39% 0,39% 1,17% 0,28% 3,35% 2,87% De 1.440.000,01 a 1.620.000,00 9,03% 0,42% 0,42% 1,25% 0,30% 3,57% 3,07% De 1.620.000,01 a 1.800.000,00 9,12% 0,43% 0,43% 1,26% 0,30% 3,60% 3,10% De 1.800.000,01 a 1.980.000,00 9,95% 0,46% 0,46% 1,38% 0,33% 3,94% 3,38% De 1.980.000,01 a 2.160.000,00 10,04% 0,46% 0,46% 1,39% 0,33% 3,99% 3,41% De 2.160.000,01 a 2.340.000,00 10,13% 0,47% 0,47% 1,40% 0,33% 4,01% 3,45% De 2.340.000,01 a 2.520.000,00 10,23% 0,47% 0,47% 1,42% 0,34% 4,05% 3,48% De 2.520.000,01 a 2.700.000,00 10,32% 0,48% 0,48% 1,43% 0,34% 4,08% 3,51% De 2.700.000,01 a 2.880.000,00 11,23 % 0,52% 0,52% 1,56% 0,37% 4,44% 3,82% De 2.880.000,01 a 3.060.000,00 11,32 % 0,52% 0,52% 1,57% 0,37% 4,49% 3,85% De 3.060.000,01 a 3.240.000,00 11,42 % 0,53% 0,53% 1,58% 0,38% 4,52% 3,88% De 3.240.000,01 a 3.420.000,00 11,51 % 0,53% 0,53% 1,60% 0,38% 4,56% 3,91% De 3.420.000,01 a 3.600.000,00 11,61 % 0,54% 0,54% 1,60% 0,38% 4,60% 3,95% Vejamos que, nesse caso, o anexo determina a faixa de faturamento de uma empresa comercial e sua alíquota a ser aplicada por faturamento máximo atingido. No primeiro caso, o faturamento anual representa até R$ 180 mil reais/ano, que dividido por 12 meses representaria um faturamento mensal de R$ 15 mil reais. Neste caso, faturando até o limite de R$ 15 mil dentro do mês em ocorrência da base de cálculo, aplica-se a alíquota de 4%, as quais, em uma única guia, pagam-se os seguintes tributos: Contribuição Previdenciária Patronal (CPP) na ordem de 2,75%, e Imposto de Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) na ordem de 1,25%. Ultrapassando o limite mensal, aplica-se o percentual estipulado na próxima faixa de recolhimento. Importante frisar que o cálculo é realizado mensalmente, de acordo com a média mensal de faturamento, ou seja, R$ 180 mil divididos por 12 meses igual a R$ 15 mil/mês. A empresa que fatura em um primeiro mês R$ 12 mil reais está sujeito a alíquota de 4% pois não ultrapassou o limite mensal, entretanto, no segundo mês, faturando R$ 20 mil, sua média mensal sobe para R$ 16 mil (R$ 12 mil do primeiro mês mais R$20 mil do segundo mês, dividido por dois). Nesse caso específico, por a média mensal de faturamento ultrapassar o limite da primeira faixa, automaticamente, o contribuinte está obrigado a tributar pela segunda faixa e, assim, sucessivamente. 19 UNIDADE Lucro Real, Lucro Presumido e Simples Nacional Material Complementar Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade: Sites Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 BRASIL; Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. https://goo.gl/zaRrL Decreto Lei nº 3.000 de 26 de março de 1999 ___; Decreto Lei nº 3.000 de 26 de março de 1999: Regulamentação da Tributação, fiscalização arrecadação, administração do Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza. https://goo.gl/LAtIx Lei Complementar nº 123 de 14 de dezembro de 2006 ___; Lei Complementar nº 123 de 14 de dezembro de 2006: Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte. https://goo.gl/MtEQe Livros Direito Tributário FABRETTI, L. C.; FABRETTI, D. R. Direito Tributário. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2009. Manual de Contabilidade Tributária PÊGAS, P. H. Manual de Contabilidade Tributária. 8. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos Editora, 2014. Contabilidade Tributária REZENDE, A. J.; PEREIRA, C. A.; ALENCAR, R. C. Contabilidade Tributária. São Paulo: Atlas, 2010. 20 21 Referências BRASIL; Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm> ___; Decreto Lei nº 3.000 de 26 de março de 1999: Regulamentação da Tributação, fiscalização arrecadação, administração do Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ ccivil_03/decreto/d3000.htm> ___; Lei Complementar nº 123 de 14 de dezembro de 2006: Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno Porte. Disponível em: < http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LCP/Lcp123.htm> PÊGAS, P. H. Manual de Contabilidade Tributária. 8. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos Editora, 2014. 21
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