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26/05/2011 1 Acidentes com Animais Peçonhentos Cuidar em Enfermagem na Urgência e Emergência Introdução • Animais peçonhentos: são aqueles que possuem glândulas de veneno que se comunicam com dentes ocos, ou ferrões, ou agulhões, por onde o veneno passa ativamente. • São os animais que injetam veneno com facilidade e de maneira ativa. • Serpentes, aranhas, escorpiões, lacraias, abelhas, vespas, marimbondos e arraias. Introdução • Animais venenosos: são aqueles que produzem veneno, mas não possuem um aparelho inoculador (dentes, ferrões), provocando envenenamento passivo por contato (lonomia ou taturana), por compressão (sapo) ou por ingestão (peixe baiacu). ANIMAIS PEÇONHENTOS SERPENTES CARACTERÍSTICAS • Corpo alongado coberto por escamas. • Ausência de membros locomotores. • Ausência de ouvido. • Língua bífida que capta substâncias suspensas no ar e encaminha ao órgão de Jacobson. • Olhos sem pálpebras. • Ectotérmicos. Características epidemiológicas dos acidentes ofídicos • Idade: adultos jovens • Sexo: masculino • Sazonalidade: de acordo com a região • Procedência: zona rural 26/05/2011 2 ANIMAIS PEÇONHENTOS Diferenças entre serpentes peçonhentas e não peçonhentas: - As jararacas, cascavel e a sururucu, possuem em comum, a fosseta loreal, um orifício localizado entre a narina e o olho, em cada lado da cabeça. Somente as serpentes peçonhentas possuem este órgão. Vale a pena ressaltar que existem serpentes venenosas que não possuem fosseta loreal, como é o caso das corais verdadeiras. A fosseta loreal tem como função a captação de calor, que permite às serpentes perceberem as diferenças de temperatura no ambiente. ANIMAIS PEÇONHENTOS Diferenças entre serpentes peçonhentas e não peçonhentas: - Serpentes peçonhentas apresentam corpo coberto por escamas em forma de quilha ANIMAIS PEÇONHENTOS Diferenças entre serpentes peçonhentas e não peçonhentas: - As Serpentes peçonhentas apresentam cabeça com escamas pequenas. - As serpentes não peçonhentas apresentam, em geral, escamas maiores na cabeça ANIMAIS PEÇONHENTOS Diferenças entre serpentes peçonhentas e não peçonhentas: - As Serpentes peçonhentas apresentam, em geral, pupila em fenda. - As serpentes não peçonhentas apresentam pupila circular. ANIMAIS PEÇONHENTOS GÊNEROS DE SERPENTES PEÇONHENTAS DO BRASIL · 1 - fosseta loreal presente · chocalho presente = Crotalus · 2 - chocalho ausente · ponta da cauda com 4 séries de escamas eriçadas = Lachesis · ponta da cauda normal = Bothrops · 3 - fosseta loreal ausente · sem presas anteriores = cobra não peçonhenta · com presas anteriores = Micrurus ANIMAIS PEÇONHENTOS TIPOS DE DENTIÇÃO 1. DENTIÇÃO ÁGLIFA: Não existem dentes inoculadores e nem glândulas secretoras de veneno. Está presente em jibóia, sucuri, boipeva. 26/05/2011 3 ANIMAIS PEÇONHENTOS TIPOS DE DENTIÇÃO 2.DENTIÇÃO OPISTÓGLIFA: Dentes inoculadores fixos, contendo um sulco por onde escorre a substância secretada pelas glândulas de veneno. Estão localizados na região posterior da boca, um de cada lado da cabeça. Este tipo de dentição é encontrado em falsas-corais, muçuranas e cobras-cipó. ANIMAIS PEÇONHENTOS TIPOS DE DENTIÇÃO 3. DENTIÇÃO PROTERÓGLIFA: Dentes inoculadores fixos, localizados na região anterior da boca. Esta dentição é característica das corais verdadeiras. ANIMAIS PEÇONHENTOS TIPOS DE DENTIÇÃO 4. DENTIÇÃO SOLENÓGLIFA: Os dentes inoculadores de veneno estão presentes e localizam-se na região anterior da boca. Estes dentes são móveis e grandes, com um canal por onde o veneno penetra no local atingido pela mordida do animal. ANIMAIS PEÇONHENTOS TIPOS DE DENTIÇÃO 4. DENTIÇÃO SOLENÓGLIFA: ANIMAIS PEÇONHENTOS No Brasil são conhecidas aproximadamente 300 espécies e subespécies de serpentes, das quais 70 variedades são peçonhentas e se distribuem em 4 gêneros: 1) Gênero Bothrops: 32 variedades encontradas em todo o território nacional. Responsável por mais de 90% dos acidentes. Veneno de efeito coagulante e necrosante (jararaca, jararacuçu, urutu, caiçara e outros). ANIMAIS PEÇONHENTOS 2) Gênero Crotalus: 6 variedades, comuns em regiões secas e campos. Veneno de efeito neurotóxico e miotóxico (cascavel). 26/05/2011 4 ANIMAIS PEÇONHENTOS 3) Gênero Lachesis: 2 variedades, existentes na Mata Atlântica e na Floresta Amazônica (surucucu). São causa pouco freqüente de acidente peçonhento. ANIMAIS PEÇONHENTOS 4) Gênero Micrurus: 31 variedades em todo o país. Provocam os acidentes mais graves, embora raros. Veneno de efeito curariforme (cobra coral). Micrurus frontalis Micrurus corallinus ANIMAIS PEÇONHENTOS Envenenamento Botrópico – Jararacas ( 90% dos acidentes) Manifestações locais: • precoce (até 3 horas após o acidente) - dor imediata, inchaço (edema), calor no local da picada e hemorragia no local da picada ou distante dele. • Complicações: - bolhas, gangrena abscesso e insuficiência renal aguda. ANIMAIS PEÇONHENTOS Envenenamento Botrópico – Jararacas Veneno de ação proteolítica e hemorrágica Tratamento do acidente Botrópico • Soro antibotrópico (SAB) ou • Soro antibotrópico-laquético (SALB) 02 a 04 ampolas EV (leve) 05 a 08 ampolas EV (moderada) 12 ampolas EV (grave) ANIMAIS PEÇONHENTOS Envenenamento Crotálico – Cascavéis ( 8,2% dos acidentes) Sinais e sintomas do envenenamento: • Precoce (até 3 horas após o acidente) - dificuldade de abrir os olhos, “visão dupla”, “cara de bêbado”, visão turva, dor muscular e urina avermelhada. • Após 6 a 12 horas: - escurecimento da urina. • Complicações - insuficiência respiratória e renal aguda 26/05/2011 5 ANIMAIS PEÇONHENTOS Envenenamento Crotálico – Cascavéis ( 8,2% dos acidentes) Veneno de ação neurotóxica, coagulante e miotóxica Tratamento do acidente Crotálico • Soro anticrotálico (SAC) 05 ampolas EV (leve) 20 ampolas EV (grave) ÁREA DE CASCAVEL ÁREA DE JARARACA ANIMAIS PEÇONHENTOS Envenenamento Laquético – Surucucus ( 2,9% dos acidentes) Envenenamento com reações semelhantes ao de Bothrops. - Inchaço no local da picada, diarréia e hemorragia. -Veneno de ação proteolítica, neurotóxica e hemorrágica. Tratamento do acidente laquético • Soro antilaquético (SAL) ou • Soro antibotrópico-laquético (SABL) 10 a 20 ampolas EV ANIMAIS PEÇONHENTOS Envenenamento Elapídico – Corais ( 0,7% dos acidentes) Principais sintomas : -dificuldade de abrir os olhos, cara de bêbado, falta de ar, dificuldade em engolir e insuficiência respiratória aguda. Veneno de ação neurotóxica. * Ação rápida, grande potência e mortal se não houver tratamento a tempo. 26/05/2011 6 Tratamento do acidente Elapídico • Soro antielapídico (SAE) 10 ampolas EV ANIMAIS PEÇONHENTOS Cuidados Imediatos nos Acidentes Ofídicos: 1) Sempre que houver certeza de picada de serpentes venenosas há necessidade de hospitalização e soroterapia. 2) Toda vez que houver evolução clínica sugestiva, identificado o agressor, a pessoa deve ser hospitalizada e receber soroterapia. 3) Na dúvida se houve ou não a picada, a pessoa deve permanecer em observação, pelo menos por 24 horas. 4) Paciente deve ser mantido em repouso. 5) Não usar garrote, nem torniquete. ANIMAIS PEÇONHENTOS Cuidados Imediatos nos Acidentes Ofídicos: 6) Não cortar, não furar, não queimar. 7) Membro afetado posicionado para cima. 8) Analgésicos, limpar cuidadosamente o local da picada. 9) Controlar sinais vitais e volume urinário. Primeiros Socorros Lave o local da picada com água e sabão.Mantenha a vítima deitada para não favorecer a absorção do veneno. Se a picada for na perna ou no braço, mantenha-os em posição mais elevada Primeiros Socorros Não amarre! Impedindo a circulação do sangue, você pode causar gangrena ou necrose Primeiros Socorros 26/05/2011 7 Não corte o local da ferida! Não aplique folhas, pó de café ou terra sobre ela! Isso evita infecção. Primeiros Socorros Não cortar o local do ferimento Não dê - pinga, querosene, álcool ou fumo à vítima! Primeiros Socorros Leve a vítima imediatamente ao serviço de saúde mais próximo, para que possa receber o soro em tempo Primeiros Socorros PRINCÍPIOS DA SOROTERAPIA A dosagem depende da gravidade; A dosagem para criança é a mesma para os adultos; Não existe contra-indicação para gestante; A via de administração é a intravenosa; A soroterapia deve ser o mais precoce possível; Dose única ou múltipla . 26/05/2011 8 Viúva negra Comum nas regiões praianas. Veneno: ação potente sobre o sistema nervoso central. Picadas: devem ser tratadas com soro específico e medicamentos sintomáticos administrados em nível hospitalar. Caranguejeira Aspecto assustador mas, não possui veneno. Sua picada causa alguma dor e pode ser complicada por reações alérgicas – em geral, desencadeadas pelo contato com seus pêlos. Aranha de Jardim (Geolycosa ou Lycosa) possui pouco veneno. Sua picada ocasiona apenas dor local, que cede com analgésicos comuns. Armadeiras Agressivas e grandes. Conhecidas por se apoiarem nas patas traseiras, levantando as dianteiras e dando saltos de até 30 cm quando atacam ou se sentem acuadas. Picada: dor intensa e imediata no local e a pessoa pode apresentar tremores, convulsões, sialorréia, taquicardia, distúrbios visuais e choque. A maioria das pessoas melhora com o tratamento adequado e a morte é extremamente rara. Aranhas Marrons (Loxosceles) • Não são agressivas e picam apenas quando acuadas. • Encontram-se no interior das residências, dentro de sapatos e roupas. • A picada geralmente ocorre no ato de se vestir e pode levar até 24h para tornar-se dolorosa. • A maioria dos acidentes com aranhas marrons é de pequena importância, mas algumas pessoas podem desenvolver IRA, anemia e distúrbios de coagulação. Toda pessoa vítima ou com suspeita de picada de aranha deve ser avaliada por um médico, ainda que a aplicação de soro antiaracnídeo polivalente raramente seja necessária. A medida imediata mais correta é limpar o local da picada com água e sabão, aplicando antissépticos se possível. 26/05/2011 9 Os acidentes com escorpiões representam grande importância entre os acidentes com animais peçonhentos, seja pela alta incidência ou pela gravidade dos casos, principalmente em crianças com menos de 7 anos ou desnutridas. No Brasil, os principais escorpiões encontrados são o Marrom (Bothiurus Bonaienses) e o Amarelo (Tityus Serrulatos), sendo este último o de veneno mais tóxico. Picadas: ocasionam náuseas, sialorréia, diarréia, dor abdominal, cefaléia, escurecimento da visão, tonturas, tremores, espasmos musculares, arritmias cardíacas, alterações da pressão arterial, convulsões, choque e coma. O tratamento varia de acordo com a gravidade das manifestações. • Em caso de acidentes, a medida inicial recomendada é lavar o local com água corrente e sabão, se possível aplicando um antisséptico tópico. • Em seguida, a pessoa deve ser levada ao hospital para administração do soro antiescorpiônico. • De acordo com o caso, internação – nos casos graves, manter a pessoa sob observação no CTI é de extrema importância, dada a grande mortalidade dos casos que evoluem para edema pulmonar agudo. Acidente Escorpiônico Nos acidentes leves, a conduta é observação, exames subsidiares como eletrocardiograma, e tratamento sintomático. Nos acidentes moderados, devem ser administrados 2 a 3 ampolas de soro anti- escorpiônico (SAE) e nos graves de 4 a 6 ampolas de SAE. Os acidentes envolvendo lagartas urticantes são chamados de Erucismos. Esses animais recebem uma variedade de nomes, tais como bicho cabeludo, lagarta-de- fogo, lagarta-de-hera, mandruvá, mucuarana, taturana, etc. A maioria dos acidentes ocorre no verão e no início do outono, quando as larvas eclodem de seus ovos. Elas podem ser encontradas em goiabeiras, abacateiros, nogais, cajueiros, roseiras, cafeeiros, eucaliptos, figueiras, bananeiras, mamoeiros, mandioqueiras, seringueiras e outras plantas. 26/05/2011 10 Não existe antídoto específico para o Erucismo. O tratamento é sintomático, limpando-se cuidadosamente a área afetada. A dor não é provocada apenas pela ação direta do veneno, mas também pela trepidação dos pêlos da própria pessoa no local sensibilizado (p.ex.: braço, coxa), indica-se raspagem do local com lâmina de barbear (a raspagem deve ser rápida, evitando manipulação demasiada). Se o local acometido não puder ser raspado, a aplicação de uma pomada de vaselina ajuda a imobilizar os pêlos, diminuindo um pouco a dor. Gelo local pode ser útil nos casos de dor mais intensa. É sempre aconselhável procurar atendimento médico para avaliar a gravidade do acidente. Normalmente uma lagarta é portadora, em alguma fase de seu desenvolvimento, de pêlos ou espinhos ou cerdas que, direta ou indiretamente, podem causar acidentes nos seres humanos. Estas estruturas desprendem-se ao contato, inoculando o veneno. Grande parte dos casos, as vítimas são crianças (tocam as lagartas por curiosidade). As manifestações do veneno são muito variadas e dependem: da espécie da lagarta, tipo do pêlo, quantidade do veneno, duração do contato. A queimação local, com ou sem coceira, ocorre em quase todas as situações, podendo permanecer por horas. Ainda podem ser observados eritema, bolhas e descamação no local do contato, mal estar, insônia, febre, náuseas e vômitos. Lonomia Com aproximadamente 6 cm de comprimento quando adultas, estas lagartas apresentam espinhos verdes em forma de pinheirinhos sobre o corpo, chamados de scoli. Automeris Com aproximadamente 8 cm de comprimento quando adultas, elas possuem espinhos (scoli) em forma de pinheirinho e corpo verde- claros com manchas laterais de cor branca. Depois da transformação do casulo em animal adulto, se tornam mariposas, conhecidas como mariposas olho-de-boi.
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