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Antologia Poetica

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Análise de obrAs literáriAs
ANTOLOGIA POÉTICA
VinÍCius de MorAes
Rua General Celso de Mello Rezende, 301 – Tel.: (16) 3603·9700
CEP 14095-270 – Lagoinha – Ribeirão Preto-SP
www.sistemacoc.com.br
suMário
1. Contexto soCiAl e históriCo .................................................... 7
2. estilo literário dA époCA ........................................................... 9
3. o Autor ................................................................................................. 10
4. A obrA .................................................................................................... 14
5. exerCÍCios .......................................................................................... 29
A
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ANTOLOGIA POÉTICA
VinÍCius de MorAes
7
Antologia poética
A
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1. Contexto soCial e HistÓRiCo
o ModeRnisMo
o início do século xx foi marcado por profundas mudanças de ordem tec-
nológica e científica. No entanto, os artistas não ficaram à margem das transfor-
mações. A europa se encontrava em intensa turbulência. problemas de natureza 
política e conflitos entre países vizinhos contribuíram para o surgimento, em 
1914, da Primeira Guerra Mundial. Tais crises geraram um clima propício para 
a efervescência artística, favorecendo o aparecimento das chamadas vanguardas 
europeias. essas manifestações artísticas eram formadas por intelectuais em geral 
que, não satisfeitos com o mundo turbulento à sua volta, buscaram novas solu-
ções, novas formas de expressão artística, surgindo assim os famosos “ismos”: 
futurismo, expressionismo, cubismo, dadaísmo e surrealismo. 
Apesar de diferentes entre si, as vanguardas guardavam algumas seme-
lhanças, principalmente em se tratando do questionamento à herança cultural 
proveniente do século xix. havia consenso contra a arte conservadora e crista-
lizada do passado, e fazia-se urgente a construção de novos modelos de beleza 
e de arte.
a situação HistÓRiCa
A enorme crise econômica, social e moral que acontecia na Europa, durante 
o período “entreguerras”, estendeu-se aos países capitalistas na década de 20. 
Os liberais sofreram vários ataques e, a partir da Primeira Guerra (1914) e da 
Revolução Russa (1917), viram-se enfraquecidos e mais tarde derrotados. Toda 
essa instabilidade foi gerada por uma verdadeira insatisfação e por um forte 
rompimento com os ideais do século XIX. Tanto as correntes cientificistas sur-
8
Vinícius de Moraes
gidas no século anterior, como o positivismo, o determinismo e outras, quanto 
uma postura artística voltada para a forma pura não faziam mais sentido diante 
do caos estabelecido. O grande avanço tecnológico, que trazia o automóvel, o 
cinema, as fábricas e até as máquinas voadoras, enaltecia a velocidade, a energia, 
o movimento, o futuro e o progresso. Os conflitos mundiais geraram grandes 
transformações e acabaram por criar, em alguns países, um forte nacionalismo 
que se ramificou em novas correntes ideológicas, como o nazismo, o fascismo e 
o comunismo, que, sem dúvida, mudaram a face do mundo.
o ModeRnisMo no BRasil
No Brasil, a ideia de que era necessária uma mudança radical no meio 
artístico-cultural não era adotada por todos. A árdua tarefa ficou a encargo de 
um grupo de jovens artistas (escritores, pintores etc.) que promoviam e articu-
lavam movimentos com o objetivo de agitar o ambiente cultural adormecido da 
época.
Liderados por Oswald de Andrade e Mário de Andrade, o grupo não sa-
bia ainda bem o que queria, mas sabia exatamente o que não queria. São Paulo 
responsabilizou-se por essa empreitada de renovação artística. O grupo pretendia 
dar um novo grito de independência (1922 – 100 anos da independência do Brasil) 
contra o atraso cultural do país. Após meses e meses de preparo, entre apoios 
e críticas, os jovens, com a importante adesão de nomes como Graça Aranha, 
Paulo Prado e outros que financiaram o evento, apresentaram a Semana de Arte 
Moderna no Teatro Municipal de São Paulo.
A partir desse momento, o Modernismo iniciou seu longo caminho de 
“abre-alas” cultural, estendendo-se por muitos anos. Sendo assim, costuma-se 
caracterizar o movimento por fases, de acordo com seus principais objetivos:
Fase objetivos Representantes
1ª fase (fase heroica)
1922 a 1930
rompimento com o 
passado. Caráter anár-
quico e destruidor.
oswald de Andrade
Mário de Andrade
Manuel bandeira
Alcântara Machado
2ª fase
(fase de consolidação)
1930 a 1945
Amadurecimento das 
con quistas da fase 
anterior.
engajamento político.
Denúncia dos pro-
blemas sociais.
Graciliano Ramos
Rachel de Queirós
Jorge Amado
Carlos drummond de Andrade
Cecília Meireles
Vinícius de Moraes
Pós-Modernismo
a partir de 1945
inovações na prosa e 
na poesia.
diversidade literária.
Guimarães Rosa
Clarice lispector
João Cabral de Melo Neto
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2. estilo liteRáRio da éPoCa
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Vinícius de Moraes
3. o autoR
Marcus Vinícius da Cruz de 
Mello Moraes nasceu, em meio a 
forte temporal, na madrugada de 
19 de outubro de 1913, no bairro 
da Gávea, Rio de Janeiro. Cursou 
o ensino Médio com os jesuítas do 
Colégio santo inácio e graduou-se 
em direito em 1933. 
no mesmo ano lançou O ca-
minho para a distância, sua primeira 
obra. Nas décadas de 1930 e 40, tra-
balhou como censor e como crítico 
de cinema, além de estudar literatu-
ra inglesa em Oxford. 
Em 1943, ingressou na carreira 
diplomática e serviu nos estados 
Unidos, Espanha, Uruguai e França. 
Aposentou-se como diplomata em 
1968. No entanto, durante todo esse 
tempo, não perdeu contato com o ambiente artístico e literário carioca.
Em 1954, tornou-se conhecido no meio artístico por sua peça teatral Orfeu 
da Conceição. Em meados da década de 1950, sua carreira artística definitivamente 
tomou corpo. Foi nessa mesma época que ele conheceu Tom Jobim, um dos seus 
parceiros mais costumeiros, e que diversas de suas composições foram gravadas 
por inúmeros artistas. 
A partir daí, muitas outras parcerias foram-se firmando: Baden Powell, 
Toquinho, Carlos Lyra, Chico Buarque e Francis Hime, dentre outros. 
Poeta que ousou viver sob o signo da paixão, como dizia Carlos Drummond 
de Andrade, Vinícius casou-se nove vezes, sempre apaixonado e acreditando ter 
encontrado seu grande amor.
Em 1979, voltando da Europa, sofreu um derrame cerebral no avião, do 
qual não se recuperou totalmente, sendo operado a 17 de abril de 1980 para a 
instalação de um dreno cerebral.
Morreu, na manhã de 9 de julho, de edema pulmonar, em sua casa, na 
Gávea, em companhia de Toquinho e de sua última mulher, Gilda de Queirós 
Mattoso.
Capitão-do-mato, poeta, diplomata, 
o branco mais preto do Brasil. Saravá.
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Vinícius de Moraes: o nosso poetinha
Além de ser considerado um dos maiores e mais conhecidos compositores 
da música popular brasileira, Vinícius de Moraes também foi um importante 
poeta da chamada segunda fase do Modernismo brasileiro. 
Embora tenha iniciado sua carreira representando, com Cecília Meireles, 
o Neossimbolismo, sua poesia encaminhou-se para uma estética mais moderna, 
valorizando o momento presente, as situações cotidianas e apresentando um 
forte sensualismo erótico.
No entanto, em seus poemas esse erotismo latente oscila entre as angústias 
do pecador, com forte educação católica, e os desejos de liberdade do bon-vivant 
amoral. Essa conjunção de contrastes deriva, certamente, numa poética que busca 
descobrir os caminhos e os descaminhos do amor carnal.
Considerado pela crítica um dos maiores sonetistas do século XX, no 
Brasil, o poeta marcou gerações com sonetos como o de fidelidade e o de separação 
(presentes na obra).
oBRas do autoR
De acordo com o próprio poeta, sua obra pode ser assim classificada:• 1ª fase 
Fase transcendental, resultante de sua educação cristã, é uma fase de pro-
fundo misticismo e, portanto, marcada pela preocupação religiosa, pela angústia 
existencial diante da condição humana e pelo desejo de superar o pecado e a 
culpa, inerentes ao homem, pela via da transcendência mística.
Em geral, os poemas deste período são longos e se utilizam de linguagem 
abstrata. esta fase se inicia com a obra O caminho para a distância (1933) e se fina-
liza com a obra Ariana, a mulher (1936).
o incriado
Distantes estão os caminhos que vão para o Tempo – outro luar eu vi passar na altura
Nas plagas verdes as mesmas lamentações escuto como vindas da eterna espera
O vento ríspido agita sombras de araucárias em corpos nus unidos se amando
E no meu ser todas as agitações se anulam como as vozes dos campos moribundos.
Oh, de que serve ao amante o amor que não germinará na terra infecunda
De que serve ao poeta desabrochar sobre o pântano e cantar prisioneiro?
Nada há a fazer pois que estão brotando crianças trágicas como cactos
Da semente má que a carne enlouquecida deixou nas matas silenciosas.
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Vinícius de Moraes
Nem plácidas visões restam aos olhos – só o passado surge se a dor surge
E o passado é como o último morto que é preciso esquecer para ter vida
Todas as meias-noites soam e o leito está deserto do corpo estendido
Nas ruas noturnas a alma passeia, desolada e só em busca de Deus.
[...]
Eu sou o Incriado de Deus, o que não pode fugir à carne e à memoria
Eu sou como velho barco longe do mar, cheio de lamentações no vazio do bojo
No meu ser todas as agitações se anulam – nada permanece para a vida
Só eu permaneço parado dentro do tempo passado, passando, passando...
• 2ª fase 
Nesta fase, há grande aproximação da poética de Vinícius com o mundo 
real. É quando o poeta passa a se interessar por temas cotidianos, por uma abor-
dagem mais simples da vida e mais sensual dos temas que versam sobre o amor 
e a mulher.
Também a linguagem empregada pelo poeta se transforma, tendendo mais 
à simplicidade, com utilização do verso livre, para uma comunicação mais direta 
e mais dinâmica com o leitor. Apesar de sua poesia, desde cedo, ter tido como 
características certa dicção clássica e a predileção pelo soneto, pela primeira vez 
podemos perceber que a poética de Vinícius mostra uma aproximação maior às 
propostas dos modernistas de 1922.
O soneto, forma clássica do poema, adquire roupagem mais moderna 
e mais real nas mãos de Vinícius. Em seus sonetos, o poeta faz largo uso de 
termos simples e cotidianos, expediente pouco comum neste tipo de com-
posição. 
 Abaixo, um exemplo de erotismo no soneto, uma ousadia de Vinícius:
 soneto de despedida (Fragmento)
 Uma lua no céu apareceu
 Cheia e branca; foi quando, emocionada,
 A mulher a meu lado estremeceu
 E se entregou sem que eu dissesse nada.
Poesia social
A poesia de cunho social também foi característica da obra de Vinícius. 
Neste tipo de poema, o poeta se utiliza de uma linguagem ainda mais simples e 
mais direta, chegando quase ao didatismo. O seu objetivo é despertar a consci-
ência social no leitor por via de quem o lê ou o ouve.
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O melhor exemplo dessa poesia social é o poema Operário em construção, 
que fecha sua antologia poética, do qual se reproduz o trecho abaixo:
Era ele que erguia casas
Onde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asas
Ele subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.
Mas tudo desconhecia
De sua grande missão:
Não sabia, por exemplo
Que a casa de um homem é um templo
Um templo sem religião
Como tampouco sabia
Que a casa que ele fazia
Sendo a sua liberdade
Era a sua escravidão.
[...]
Notou que sua marmita
Era o prato do patrão
Que sua cerveja preta
Era o uísque do patrão
Que seu macacão de zuarte
Era o terno do patrão
Que o casebre onde morava
Era a mansão do patrão
Que seus dois pés andarilhos
Eram as rodas do patrão
Que a dureza do seu dia
Era a noite do patrão
Que sua imensa fadiga
Era amiga do patrão.
E o operário disse: Não!
E o operário fez-se forte
Na sua resolução.
[...]
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Vinícius de Moraes
4. a oBRa
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Antologia poética
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A obra Antologia poética já passou por algumas versões. A primeira pu-
blicação aconteceu em 1954, pela editora A Noite, do Rio de Janeiro. O volume 
abre-se com uma advertência (do autor, sem dúvida, embora sem assinatura, 
com indicação de local e data):
Poderia este livro ser dividido em duas partes, correspondentes a dois períodos 
distintos na poesia do A.
A primeira, transcendental, frequentemente mística, resultante de sua fase cristã, 
termina com o poema “Ariana, a mulher”, editado em 1936. Salvo, aqui e ali, umas pe-
quenas emendas, a única alteração digna de nota nesta parte foi reduzir-se o poema “O 
cemitério da madrugada” às quatro estrofes iniciais, no que atendeu o A. a uma velha 
idéia de seu amigo Rodrigo M. F. de Andrade.
À segunda parte, que abre com o poema “O falso mendigo”, o primeiro, ao que 
se lembra o A., escrito em oposição ao transcendentalismo anterior, pertencem algumas 
poesias do livro Novos poemas, também representado na outra fase, e os demais versos 
publicados posteriormente em livros, revistas e jornais. Nela estão nitidamente marcados 
os movimentos de aproximação do mundo material, com a difícil mas consistente repulsa 
ao idealismo dos primeiros anos.
De permeio foram colocadas as Cinco elegias (1943), como representativas do 
período de transição entre aquelas duas tendências contraditórias, – livro também onde 
elas melhor se encontram e fundiram em busca de uma sintaxe própria.
Não obstante certas disparidades, facilmente verificáveis no índice, impôs-se o 
critério cronológico para uma impressão verídica do que foi a luta mantida pelo A. contra 
si mesmo no sentido de uma libertação, hoje alcançada, dos preconceitos e enjoamentos de 
sua classe e do seu meio, os quais tanto, e tão inutilmente, lhe angustiaram a formação.
Los Angeles, junho de 1949.
Esse volume apresentava, nas “orelhas“, o seguinte texto do escritor Ru-
bem braga.
Este livro reúne a maior e a melhor parte da obra de um dos grandes poetas do Brasil.
Vinícius de Moraes nasceu no Rio, em 1913, aqui se formou em Direito e entrou, 
por concurso, para a carreira diplomática. Serviu durante quatro anos no consulado bra-
sileiro em Los Angeles e está no momento como secretário de nossa embaixada em Paris. 
Seu primeiro livro foi O caminho para a distância, do qual pouco aproveitou nesta 
seleção, seguindo-se Ariana, a mulher e Forma e exegese, com o qual conquistou o 
Prêmio Felipe de Oliveira. Publicou a seguir Novos poemas, Cinco elegias, Poemas, 
sonetos e baladas e pátria minha que firmaram seu nome, no consenso da crítica, como 
o melhor poeta da turma que hoje entra pela casa dos quarenta. Alguns desses livros 
foram feitos em edições limitadas; todos estão há longo tempo esgotados, o que faz com 
que grandes admiradores de Vinícius de Moraes conheçam apenas uma pequena parte de 
sua obra. Esta seleção, feita pelo próprio poeta com a ajuda de amigos – principalmente 
Manuel Bandeira –, adquire, assim, uma grande importância, pois possibilita um estudo 
da evolução do poeta e a admiração do que ele tem feito de mais alto e melhor.
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Vinícius de Moraes
Vindo de um misticismo de fundo religioso para uma poesia nitidamente sensual 
que depois se muda em versos marcados por um fundo sentimento social, a obra de Vi-
nícius tem como constante um lirismo de grande força e pureza. Ainda com o risco de 
incorrer na censura dos que levam suas preocupações puritanas ao domínio das artes, 
não quiseram os amigos do poeta, principalmente o que assina esta nota, e assim se faz 
responsável por esta resolução, suprimir algumas palavras ou expressões mais fortes 
que de raro em raro aparecemem seus versos. Isso fará com que não seja recomendável a 
presença deste livro em mãos juvenis – mas resguarda a pureza de sua poesia, que tudo, 
em poesia, transfigura. Estamos certos de que, com a edição deste livro, a obra de Vinícius 
de Moraes ganhará uma popularidade maior, e passará a ter, entre o público, o lugar de 
honra que há muito ocupa no espírito e no sentimento dos poetas e dos críticos.
Uma segunda edição, acrescida de uma seleção dos Novos poemas II, (1959), 
aconteceu anos mais tarde, em 1960, pela Editora do Autor. Porém, anos mais 
tarde, já postumamente, uma nova versão da obra foi lançada, em 2003, da qual 
apresentamos o texto introdutório:
nova antologia poética
A antiga Antologia poética de Vinícius de Moraes data de 1954. Foi organizada 
pelo próprio autor (com a ajuda de amigos, principalmente Manuel Bandeira), que a 
atualizou em 1967, mantendo sua estrutura.
Esta nova antologia poética vem assinada pelos poetas Antônio Cícero e Euca-
naã Ferraz, e foi lançada originalmente em 2003. Os organizadores reviram conceitos, 
refizeram a estrutura e montaram uma seleção criteriosa, lançando um olhar renovado 
sobre a obra viniciana.
Tanto a crítica especializada quanto o público reconheceram de imediato que na 
nova antologia a poesia de Vinícius de Moraes mostra-se mais livre, mais moderna, mais 
densa e, simultaneamente, mais leve. O volume foi um sucesso imediato, e logo passou 
a ser editado também na Companhia de Bolso.
Ele passa a fazer parte, agora, do novo projeto editorial das obras de Vinícius de 
Moraes e traz, entre outras novidades, um belo caderno de imagens com diversas fotos 
inéditas, reprodução de manuscritos e documentos raros. Fechando o volume, o leitor 
encontrará uma seleção de textos críticos, entre eles a orelha da “velha” Antologia poética, 
assinada por Rubem Braga, seguindo-se uma cronologia da vida e da obra deste que é um 
dos maiores poetas brasileiros do século XX. 
estRutuRa da oBRa
Como já foi explicitado anteriormente, a obra apresenta poemas de fases 
distintas do poeta, assim representadas:
– 27 poemas correspondentes à fase transcendental do poeta (1933-1936);
– 05 elegias que ilustram a fase de transição do poeta (1943);
– 112 poemas correspondentes à fase de maior aproximação do mundo material.
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Antologia poética
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análise dos PoeMas
• Primeira parte
Iniciaremos nossa análise de forma cronológica, ou seja, primeiramente 
trabalharemos com os poemas da fase transcendental e mística do autor.
Durante a produção poética das obras dessa primeira fase, Vinícius apresenta 
certa singularidade essencial em não ter pertencido, realmente, a uma geração, 
no sentido convencional da palavra, mas a um grupo ideológico: o dos escritores 
católicos, que juntamente com Jorge de Lima, Murilo Mendes, Octávio de Faria, 
Otto Lara Resende, Pedro Nava, Augusto Frederico Schmidt e outros procuravam 
restaurar em Cristo não só a poesia, mas também o pensamento brasileiro em 
geral, construindo uma restauração que se pretendia não arcaizante, mas sim, 
modernizante. 
Sob esse aspecto, a restauração católica tinha algo de desesperado, pro-
curando reconquistar a intelectualidade, corrigindo-lhe a perigosa deriva es-
querdista. Vinícius, a esse tempo, mostrava-se resistente ao Modernismo de 22, 
repelindo, principalmente, o que considerava um anarquismo formal. 
A seguir, um poema representativo dessa temática:
o olhar para trás (Fragmento)
Nem surgisse um olhar de piedade ou de amor
Nem houvesse uma branca mão que apaziguasse minha fronte palpitante...
Eu estaria sempre como um círio queimando para o céu a minha fatalidade
Sobre o cadáver ainda morno desse passado adolescente.
Talvez no espaço perfeito aparecesse a visão nua
Ou talvez a porta do oratório se fosse abrindo misteriosamente...
Eu estaria esquecido, tateando suavemente a face do filho morto
Partido de dor, chorando sobre o seu corpo insepultável.
Talvez da carne do homem prostrado se visse sair uma sombra igual à minha
Que amasse as andorinhas, os seios virgens, os perfumes e os lírios da terra
Talvez… mas todas as visões estariam também em minhas lágrimas boiando
E elas seriam como óleo santo e como pétalas se derramando sobre o nada.
[...]
Agora porém estou vivendo da tua chama como a cera
O infinito nada poderá contra mim porque de mim quer tudo
Ele ama no teu sereno cadáver o terrível cadáver que eu seria
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Vinícius de Moraes
O belo cadáver nu cheio de cicatriz e de úlceras.
Quem chamou por mim, tu, mãe? Teu filho sonha...
Lembras-te, mãe, a juventude, a grande praia enluarada...
Pensaste em mim, mãe? Oh, tudo é tão triste
A casa, o jardim, o teu olhar, o meu olhar, o olhar de Deus...
E sob a minha mão tenho a impressão da boca fria murmurando
Sinto-me cego e olho o céu e leio nos dedos a mágica lembrança
Passastes, estrelas... Voltais de novo arrastando brancos véus
Passastes, luas... Voltais de novo arrastando negros véus...
Essa produção, que faz parte da primeira fase, revela-se impregnada de 
Romantismo, com influências nítidas de Rilke e Whitman, marcada por uma 
retórica discursiva em que a mulher aparece como tentação impura, o eu lírico 
se apresenta confuso, perdido, culpado, e a morte se impõe.
A seguir, poemas representativos dessa temática:
o poeta (Fragmento)
Quantos somos, não sei... Somos um, talvez dois, três, talvez, quatro; cinco, talvez 
 [nada
Talvez a multiplicação de cinco em cinco mil e cujos restos encheriam doze Terras
Quantos, não sei... Só sei que somos muitos – o desespero da dízima infinita
E que somos belos deuses mas somos trágicos.
Viemos de longe... Quem sabe no sono de Deus tenhamos aparecido como espectros
Da boca ardente dos vulcões ou da órbita cega dos lagos desaparecidos
Quem sabe tenhamos germinado misteriosamente do sono cauterizado das batalhas
Ou do ventre das baleias quem sabe tenhamos surgido?
Viemos de longe – trazemos em nós o orgulho do anjo rebelado
Do que criou e fez nascer o fogo da ilimitada e altíssima misericórdia
Trazemos em nós o orgulho de sermos úlceras no eterno corpo de Jó
E não púrpura e ouro no corpo efêmero de Faraó.
Nascemos da fonte e viemos puros porque herdeiros do sangue
E também disformes porque – ai dos escravos! não há beleza nas origens
Voávamos – Deus dera a asa do bem e a asa do mal às nossas formas impalpáveis
Recolhendo a alma das coisas para o castigo e para a perfeição na vida eterna.
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[...]
Quantos somos, não sei... somos um, talvez dois, três, talvez quatro; cinco, talvez, nada
Talvez a multiplicação de cinco mil e cujos restos encheriam doze Terras
Quantos, não sei… Somos a constelação perdida que caminha largando estrelas
Somos a estrela perdida que caminha desfeita em luz.
Fase de transição: Cinco elegias
No próprio dizer do poeta, as Cinco elegias são representativas do período 
de transição entre as duas tendências contraditórias de sua produção poética, 
uma mais mística e a outra, mais cotidiana. 
Nas Elegias, notamos o início dessa transformação não só nas temáticas, 
mas também na estruturação mais livre dos poemas, tanto em relação às rimas 
como às métricas, como veremos a seguir.
elegia quase uma ode (Fragmento)
Meu sonho, eu te perdi; tornei-me em homem.
O verso que mergulha o fundo de minha alma
É simples e fatal, mas não traz carícia...
Lembra-me de ti, poesia criança, de ti
Que te suspendias para o poema como que para um seio no espaço.
Levavas em cada palavra a ânsia
De todo o sofrimento vivido.
Queria dizer coisas simples, bem simples
Que não ferissem teus ouvidos, minha mãe.
Queria falar em Deus, falar docemente em Deus
Para acalentar tua esperança, minha avó.
Queria tornar-me mendigo, ser miserável
Para participar de tua beleza, meu irmão.
Queria, meus amigos... queria, meusinimigos...
Queria...
 queria tão exaltadamente, minha amiga!
[...]
Pobre de mim, tornei-me em homem.
De repente, como a árvore pequena
Que à estação das águas bebe a seiva do húmus farto
Estira o caule e dorme para despertar adulta
Assim, poeta, voltaste para sempre.
20
Vinícius de Moraes
No entanto, era mais belo o tempo em que sonhavas...
Que sonho é minha vida?
A ti direi que és tu, Maria Aparecida!
A vós, no pudor de falar ante a vossa grandeza
Direi que é esquecer todos os sonhos, meus amigos.
Ao mundo, que ama a lenda dos destinos
Direi que é o meu caminho de poeta.
A mim mesmo, hei de chamá-lo inocência, amor, alegria, sofrimento, morte, 
 [serenidade
Hei de chamá-lo assim que sou fraco e mutável
E porque é preciso que eu não minta nunca para poder dormir.
Ah
Devesse eu jamais atender aos apelos do íntimo...
Teus braços longos, coruscantes; teus cabelos de oleosa cor; tuas mãos musicalíssimas; 
teus pés que levam a dança prisioneira; teu corpo grave de graça instantânea; o modo com 
que olhas o âmago da vida; a tua paz, angústia paciente; o teu desejo irrevelado; o grande, o 
infinito inútil poético! tudo isso seria um sonho a sonhar no teu seio que é tão pequeno...
Ó, quem me dera não sonhar mais nunca
Nada ter de tristezas nem saudades
Ser apenas Moraes sem ser Vinícius!
[...]
elegia lírica (Fragmento)
Um dia, tendo ouvido bruscamente o apelo da amiga desconhecida
Pus-me a descer contente pela estrada branca do sul
E em vão eram tristes os rios e torvas as águas
Nos vales havia mais poesia que em mil anos.
[...]
A minha namorada é tão bonita, tem olhos como besourinhos do céu
Tem olhos como estrelinhas que estão sempre balbuciando aos passarinhos...
É tão bonita! tem um cabelo fino, um corpo de menino e um andar pequenino
E é a minha namorada... vai e vem como uma patativa, de repente morre de amor
Tem fala de S e dá a impressão que está entrando por uma nuvem adentro...
Meu Deus, eu queria brincar com ela, fazer comidinha, jogar nai-ou-nentes
Rir e num átimo dar um beijo nela e sair correndo
E ficar de longe espiando-lhe a zanga, meio vexado, meio sem saber o que faça...
A minha namorada é muito culta, sabe aritmética, geografia, história, contraponto
E se eu lhe perguntar qual a cor mais bonita ela não dirá que é a roxa porém brique.
Ela faz coleção de cactos, acorda cedo vai para o trabalho
E nunca se esquece que é a menininha do poeta.
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Antologia poética
A
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[...]
Na elegia a seguir, note a aproximação do poeta aos acontecimentos coti-
dianos:
 elegia desesperada (Fragmento)
Alguém que me falasse do mistério do Amor
Na sombra – alguém! alguém que me mentisse
Em sorrisos, enquanto morriam os rios, enquanto morriam
As aves do céu! [...]
[...]
 o desespero da piedade
Meu senhor, tende piedade dos que andam de bonde
E sonham no longo percurso com automóveis, apartamentos...
Mas tende piedade também dos que andam de automóvel
Quando enfrentam a cidade movediça de sonâmbulos, na direção.
Tende piedade das pequenas famílias suburbanas
E em particular dos adolescentes que se embebedam de domingos
Mas tende mais piedade ainda de dois elegantes que passam
E sem saber inventam a doutrina do pão e da guilhotina.
Tende muita piedade do mocinho franzino, três cruzes, poeta
Que só tem de seu as costeletas e a namorada pequenina
Mas tende mais piedade ainda do impávido forte colosso do esporte
E que se encaminha lutando, remando, nadando para a morte.
[...]
Tende piedade dos barbeiros em geral, e dos cabeleireiros
Que se efeminam por profissão mas que são humildes nas suas carícias
Mas tende mais piedade ainda dos que cortam o cabelo:
Que espera, que angústia, que indigno, meu Deus!
Tende piedade dos sapateiros e caixeiros de sapataria
Que lembram madalenas arrependidas pedindo piedade pelos sapatos
Mas lembrai-vos também dos que se calçam de novo
Nada pior que um sapato apertado, Senhor Deus.
Tende piedade dos homens úteis como os dentistas
Que sofrem de utilidade e vivem para fazer sofrer
Mas tende mais piedade dos veterinários e práticos de farmácia
Que muito eles gostariam de ser médicos, Senhor.
22
Vinícius de Moraes
[...]
O eu lírico continua pedindo piedade para os políticos, as mulheres, a moça 
feia, a mulher na hora do parto, as desquitadas, as casadas, as vagabundas, as 
primeiras namoradas etc., e ao fim:
Tende piedade, Senhor, das santas mulheres
Dos meninos velhos, dos homens humilhados – sede enfim
Piedoso com todos, que tudo merece piedade
E se piedade vos sobrar, Senhor, tende piedade de mim!
A respeito da última elegia, assim se pronunciou o poeta na introdução 
da obra: “Quanto à última, escrevi-a de jato, naquele maio de 1939, em Londres, 
vendo, do meu apartamento, a manhã nascer sobre os telhados novos do bairro 
de Chelsea. A qualidade da experiência vivida e o lugar onde a vivi criaram-lhe 
espontaneamente a linguagem em que se formou, mistura de português e inglês, 
com vocábulos muitas vezes inventados e sem chave morfológica possível. Mas 
não houve sombra de vontade de parecer original. É uma fala de amor como a 
falei, virtualmente transposta para a poesia, na qual procurei traduzir, dentro 
de sonoridades estanques de duas línguas que me são tão caras e com arranjos 
gráficos e ordem puramente mnemônica, isso que foi a maior aventura lírica da 
minha vida.”
 Fragmento
Greenish, newish roofs of Chelsea
Onde, merencórios, toutinegram rouxinóis
Forlornando baladas para nunca mais! 
Ó imortal landscape 
 no anticlímax da aurora!
 ô joy for ever!
Na hora da nossa morte et nunc et semper
Na minha vida em lágrimas! 
 uer ar iú 
Ó fenesuites, calmo atlas do fog
Impassévido devorador das esterlúridas?
Darling, darkling I listen... 
 “... it is, my soul, it is
Her gracious self...” 
 murmura adormecida
É meu nome!... 
 sou eu, sou eu, Nabucodonosor!
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Antologia poética
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Motionless I climb 
the wa 
 t 
 e 
 r 
Am I p a Spider?
Am I p a Mirror?
 e 
Am I s an X Ray?
No, I’m the Three Musketeers 
 rolled in a Romeo.
 Vírus
Da alta e irreal paixão subindo as veias
Com que chegar ao coração da amiga. 
 Alas, celua
Me iluminou, celua me iludiu cantando
The songs of Los; e agora 
 meus passos
 são gatos
Comendo o tempo em tuas cornijas
Em lúridas, muito lúridas
Aventuras do amor mediúnico e miaugente...
So I came 
 – from the dark bull-like tower
 fantomática
[…]
segunda parte
Os poemas mais conhecidos do poeta estão reunidos nessa parte da obra. 
Adotando uma postura mais voltada para a realidade, seu interesse volta-se para 
os aspectos do cotidiano e para o relacionamento amoroso, muito influenciado 
pela lírica camoniana.
Nessa fase, a linguagem torna-se mais dinâmica, mais concisa e mais 
criativa, embora o poeta não abandone a forma fixa dos sonetos, porém revi-
gora o modelo, adicionando-lhe linguagem cotidiana e coloquial, sem perder 
a profundidade.
Digna representante dessas mudanças programadas, o poeta inicia a se-
24
Vinícius de Moraes
gunda parte da obra com o poema a seguir:
o falso mendigo (Fragmento)
Minha mãe, manda comprar um quilo de papel almaço na venda
Quero fazer uma poesia.
Diz a Amélia para preparar um refresco bem gelado
E me trazer muito devagarinho.
Não corram, não falem, fechem todas as portas a chave
Quero fazer uma poesia.
Se me telefonarem, só estou para Maria
Se for o Ministro, só recebo amanhã
Se for um trote, me chama depressa
Tenho um tédio enorme da vida.
O tema que parece ter sido desenvolvido, anos mais tarde, na música Garota 
de Ipanema, em parceria com Tom Jobim, já aparece no poema abaixo:
a mulher que passa (Fragmento)
Meu Deus, eu quero a mulher que passa.
Seudorso frio é um campo de lírios
Tem sete cores nos seus cabelos
Sete esperanças na boca fresca!
Oh! como és linda, mulher que passas
Que me sacias e suplicias
Dentro das noites, dentro dos dias!
Poeta da paixão, os temas amor e mulher são recorrentes na obra de Vinícius:
 ternura (Fragmento)
Eu te peço perdão por te amar de repente
Embora o meu amor seja uma velha canção nos teus ouvidos
Das horas que passei à sombra dos teus gestos
Bebendo em tua boca o perfume dos sorrisos
Poema para todas as mulheres (Fragmento)
No teu branco seio eu choro.
Minhas lágrimas descem pelo teu ventre
E se embebedam do perfume do teu sexo.
Mulher, que máquina és, que só me tens desesperado
Confuso, criança para te conter!
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Antologia poética
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A sensualidade da entrega amorosa pode ser representada pelo poema 
abaixo:
os acrobatas (Fragmento)
Subamos!
Como dois atletas
O rosto petrificado
No pálido sorriso do esforço
Subamos acima
Com a posse física dos braços
E os músculos desmesurados
Na calma convulsa da ascensão.
O poeta também selecionou, para sua Antologia, poemas que dedicara a 
amigos (Manuel Bandeira1, Pedro Nava2, Graciliano Ramos, João Cabral de Melo 
Neto, Rubem Braga, Mário de Andrade), ou ainda para seus mestres na arte da 
poesia (Rilke, Verlaine3, Rimbaud, Baudelaire).
Verlaine (Fragmento)
Verlaine, pobre alma sem rumo 
Louco, sórdido, grande irmão 
Do sangue do meu coração 
Que te despreza e te compreende 
saudade de Manuel Bandeira (Fragmento)
Não foste apenas um segredo
De poesia e de emoção
Foste uma estrela em meu degredo
Poeta, pai! áspero irmão.
1 Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho (Recife, 1886 – Rio de Janeiro, 1968). Poeta representante da chamada 1ª fase 
do Modernismo brasileiro. Autor de Libertinagem, Estrela da manhã e muitas outras. Além de poeta, exerceu as funções de 
crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor.
2 Pedro da Silva Nava (Juiz de Fora, 1903 – Rio de Janeiro, 1984). Intelectual, amigo de inúmeros artistas e intelectuais de 
sua época. escritor e médico.
3 Paul Marie Verlaine (1844 – 1896) é considerado um dos maiores e mais populares poetas franceses.
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Vinícius de Moraes
Balada de Pedro nava
(o anjo e o túmulo)
i
Meu amigo Pedro Nava
Em que navio embarcou:
A bordo do Westphalia
Ou a bordo do Lidador?
Em que antárticas espumas
Navega o navegador
Em que brahmas, em que brumas
Pedro Nava se afogou?
Juro que estava comigo
Há coisa de não faz muito
Enchendo bem a caveira
Ao seu eterno defunto.
Ou não era Pedro Nava
Quem me falava aqui junto
Não era o Nava de fato
Nem era o Nava defunto?...
Se o tivesse aqui comigo
Tudo se solucionava
Diria ao garçom: Escanção!
Uma pedra a Pedro Nava!
Uma pedra a Pedro Nava
Nessa pedra uma inscrição:
“– deste que muito te amava
teu amigo, teu irmão...”
Mas oh, não! que ele não morra
Sem escutar meu segredo
Estou nas garras da Cachorra
Vou ficar louco de medo
Preciso muito falar-lhe
Antes que chegue amanhã:
Pedro Nava, meu amigo
DESCEU O LEVIATÃ!
[...]
Considerado o maior sonetista brasileiro, Vinícius reuniu, nessa parte 
de sua Antologia, 26 sonetos, tanto os mais famosos como de fidelidade, do maior 
amor, da separação, do amor total –, quanto alguns menos conhecidos do grande 
público – como de intimidade, de agosto, de contrição, de véspera e outros.
soneto do amor total (Fragmento)
Amo-te tanto, meu amor... não cante
O humano coração com mais verdade...
Amo-te como amigo e como amante
Numa sempre diversa realidade
soneto de aniversário (Fragmento)
Passem-se dias, horas, meses, anos
Amadureçam as ilusões da vida
Prossiga ela sempre dividida
Entre compensações e desenganos.
A Antologia também apresenta diferentes poemas de cunho social. Acima 
já mencionamos o longo poema O operário em construção, cuja epígrafe estabelece 
comparação com o momento de conscientização política do operário, que, pela 
primeira vez, percebendo-se explorado, diz não ao patrão:
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Antologia poética
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o operário em construção (Fragmento)
E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe num momento de tempo todos os 
reinos do mundo. E disse-lhe o Diabo: – Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim 
me foi entregue e dou-o a quem quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu. E Jesus, 
respondendo, disse-lhe: – Vai-te, Satanás; porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só 
a Ele servirás.
Lucas, cap. V, vs. 5-8.
[...]
Sentindo que a violência
Não dobraria o operário
Um dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.
De sorte que o foi levando
Ao alto da construção
E num momento de tempo
Mostrou-lhe toda a região
E apontando-a ao operário
Fez-lhe esta declaração:
– Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfação
Porque a mim me foi entregue
E dou-o a quem bem quiser.
Dou-te tempo de lazer
Dou-te tempo de mulher.
Portanto, tudo o que vês
Será teu se me adorares
E, ainda mais, se abandonares
O que te faz dizer não.
Disse, e fitou o operário
Que olhava e que refletia
Mas o que via o operário
O patrão nunca veria.
O operário via as casas
E dentro das estruturas
Via coisas, objetos
Produtos, manufaturas.
Via tudo o que fazia
O lucro do seu patrão
E em cada coisa que via
Misteriosamente havia
A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
[...]
outro poema importante a ser destacado da obra é O dia da criação, 
em que o poeta, tomando como base a gênese humana, a partir de um óti-
ca religiosa, elege o “sábado” como o dia em que tudo acontece. O poema 
apresenta três partes: introdução ao tema (“Hoje é o dia do presente”), de-
senvolvimento (“Porque hoje é sábado”) e conclusão (“de que Deus criou o 
homem no sábado”).
28
Vinícius de Moraes
o dia da criação (Fragmento)
Macho e fêmea os criou.
 Gênesis, 1, 27
 i
[...]
Hoje é sábado, amanhã é domingo
Amanhã não gosta de ver ninguém bem
Hoje é que é o dia do presente
O dia é sábado.
Impossível fugir a essa dura realidade
Neste momento todos os bares estão repletos de homens vazios
Todos os namorados estão de mãos entrelaçadas
Todos os maridos estão funcionando regularmente
Todas as mulheres estão atentas
Porque hoje é sábado.
Para finalizarmos esta análise da obra, indicaremos, a seguir, os poemas 
mais conhecidos da Antologia daquele que foi o maior “poetinha” da 2ª fase do 
Modernismo brasileiro: Vinícius de Moraes.
– Soneto de fidelidade
– A um passarinho
– Soneto do maior amor
– Soneto de separação
– Poema de Natal
– Poema enjoadinho
– A rosa de Hiroshima
– Pátria minha
– Poética (I)
– Receita de mulher
Além da leitura integral da obra, sugerimos a todos uma visita ao site 
oficial do autor http://www.viniciusdemoraes.com.br/ e o documentário (DVD) 
abaixo:
Vinícius (2005)
Direção: Miguel Faria Jr. 
O documentário mostra a vida, a obra, a família, os amigos e os amores de 
Vinícius de Moraes; apresenta também a essência criativa do artista e filósofo do 
cotidiano e as transformações do Rio de Janeiro, por meio de raras imagens de 
arquivo, entrevistas e interpretações de muitos de seus clássicos.
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5. exeRCíCios
1. Cesgranrio-RJ
 Pátria minha
A minha pátria é como se não fosse, é íntima 
Doçura e vontade de chorar; uma criança dormindo
É minha pátria. Por isso, no exílio
Assistindo dormir meu filho
Choro de saudades de minha pátria.
Se me perguntarem o que é a minha pátria, direi:
Não sei. De fato, não sei (...)
Mas sei que a minha pátria é a luz, o sal e a água
Que elaboram e liquefazem a minha mágoa
Em longas lágrimas amargas.
Vontade de beijar os olhos de minha pátria
De niná-la, de passar-lhe a mão pelos cabelos... 
Vontade de mudar as cores do vestido (auriverde!) tão feias
De minha pátria, de minha pátria sem sapatosE sem meias, pátria minha
Tão pobrinha!
Porque te amo tanto, pátria minha, eu que não tenho
Pátria, eu semente que nasci do vento
Eu que não vou e não venho, eu que permaneço
Em contacto com a dor do tempo (...)
Ponho no vento o ouvido e escuto a brisa
Que brinca em teus cabelos e te alisa
Pátria minha, e perfuma o teu chão...
Que vontade me vem de adormecer-me
Entre teus doces montes, pátria minha 
Atento à fome em tuas entranhas
E ao batuque em teu coração.
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Vinícius de Moraes
Teu nome é pátria amada, é patriazinha
Não rima com mãe gentil
Vives em mim como uma filha, que és
Uma ilha de ternura: a Ilha
Brasil, talvez.
Apesar de modernista, Vinícius apresenta, no texto, características da estética 
romântica.
Assinale a única característica não presente nesse texto.
a) Preocupação com o eu lírico, através da expressão de emoções pessoais.
b) Valoração de elementos da natureza, como forma de exaltação da terra brasileira.
c) Sentimentos de saudade e nostalgia, causados pela dor do exílio.
d) Preocupação social, através da menção a problemas brasileiros.
e) Abandono do ideal purista dos neoclássicos na prevalência do conteúdo sobre 
a forma.
2. uel-PR
Na década de 30 do século XX:
a) o Modernismo viu esgotados seus ideais, com a retomada de uma prosa e de 
uma poesia de caráter conservador.
b) a poesia se renovou significativamente, graças a poetas como Carlos Drum-
mond de Andrade, Vinícius de Moraes e Murilo Mendes.
c) não houve surgimento de grandes romancistas, o que só viria a ocorrer na 
década seguinte.
d) predominou, ainda, o ideário modernista dos primeiros momentos, sendo 
central a figura de Graça Aranha.
e) a poesia abandonou de vez o emprego do verso, substituindo-o pela compo-
sição de palavras soltas no espaço da página.
3. Vunesp
A partir da leitura dos seguintes poemas, assinale a alternativa incorreta com 
relação ao Modernismo.
 i. Vício da fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
 oswald de Andrade
 ii. Poema do beco
Que importa a paisagem, a Glória, a 
baía, a linha do horizonte?
– O que eu vejo é o beco.
Manuel bandeira
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 iii. Festa familiar
Em outubro de 1930
Nós fizemos – que animação! 
Um pic-nic com carabinas.
 Murilo Mendes
 iV. a um passarinho
Para que vieste
Na minha janela
Meter o nariz?
[...]
 Vinícius de Moraes
a) Os poemas, quando não se fixam em uma cena da vida cotidiana, podem 
refletir a nossa história com muito humor e ironia.
b) Predomínio do verso livre e cultivo de poesia sintética.
c) Introdução da fala popular e elementos característicos da prosa.
d) Os poemas mostram claramente uma ruptura com os códigos literários ante-
riores quanto à forma; no conteúdo, buscam penetrar mais fundo na realidade 
brasileira.
e) As experiências de linguagem desses poemas modernistas tentam resgatar o 
formalismo e a riqueza sonora da poesia parnasiana.
4. uFsC
Assinale as proposições em que o comentário está de acordo com o texto de 
Vinícius de Moraes.
01) De repente do riso fez-se o pranto / Silencioso e branco como a bruma / E das bocas 
unidas fez-se a espuma / E das mãos espalmadas fez-se o espanto. Nesses versos, o 
poeta usa, a exemplo dos parnasianos e simbolistas, vocabulário coloquial 
e simples, próprio da linguagem cotidiana. Não há rimas.
02) Notou que sua marmita / Era o prato do patrão / Que sua cerveja preta / Era o uísque 
do patrão / Que seu macacão de zuarte / Era o terno do patrão / Que o casebre onde 
morava / Era a mansão do patrão / Que seus dois pés andarilhos/ Eram as rodas do 
patrão/ Que a dureza do seu dia/ Era a noite do patrão / (...) E o operário disse: Não! 
A exemplo de padre José de Anchieta, do Barroco, que em Sermões procurou 
mostrar as disparidades socioeconômicas entre os índios e os colonizadores 
portugueses no século XIX, Vinícius de Moraes, no poema Operário em cons-
trução, procurou registrar o contraste existente entre operário e patrão.
04) O poeta reinterpreta o Natal, fazendo alusão ao comunismo, nos seguintes 
versos:
 Nasceu num estábulo / Pequeno e singelo / Com boi e charrua / Com foice e martelo.
08) Em: E agora José? / A festa acabou, / a luz apagou, / o povo sumiu, / a noite esfriou, 
/ e agora, José?, Vinícius manifesta o desejo de morrer, uma das características 
da literatura parnasiana.
16) Pensem nas crianças / Mudas telepáticas / Pensem nas meninas / Cegas inexatas... 
são versos do poema A rosa de Hiroshima.
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Vinícius de Moraes
5. Cesgranrio-RJ
Toda época literária mantém um diálogo com fases anteriores, tanto em relação 
à escolha temática quanto em relação ao aproveitamento de recursos formais. 
Qual a observação incorreta na relação entre os estilos de época?
a) A poesia da década de 1930 filia-se à experiência do Parnasianismo.
b) O romance de 1930 aprofunda a perspectiva do Realismo.
c) A poesia concreta valoriza os processos lúdicos do Barroco.
d) O Modernismo de 1922 redimensiona a preocupação nacionalista do Roman-
tismo.
e) A poesia de 1945 rompe com a liberdade formal do Modernismo.
6. uFRGs-Rs
Considere as afirmativas seguintes.
I. Mário Quintana usou desde o soneto até o poema em prosa para encarnar 
sua visão de mundo irônica e melancólica, em que as possibilidades formais 
aliam-se ao exame do dia a dia humilde e despretensioso do poeta e de seus 
personagens.
II. Capaz de sonetos que honram a tradição camoniana, tais como o Soneto da 
separação e o Soneto de fidelidade, Vinícius de Morais aproximou-se da bossa 
nova e da música popular brasileira e veio a se tornar letrista de sambas e 
canções.
III. Em vários momentos da obra de Cecília Meireles, a sensação de vago e in-
corpóreo é associada à temática urbana revelada em cenas repletas de humor 
e crítica ao provincianismo da elite paulista, tudo expresso em versos cuja 
sonoridade explora as dissonâncias e a fala popular.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
a) Apenas I d) Apenas II e III
b) Apenas III e) I, II e III
c) Apenas I e III
7. eneM
 Soneto de fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
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Antologia poética
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Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou ao seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama.
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
MORAES, Vinícius de. Antologia poética. São Paulo: Cia das Letras, 1992.
A palavra mesmo pode assumir diferentes significados, de acordo com a sua 
função na frase. Assinale a alternativa em que o sentido de mesmo equivale ao 
que se verifica no 3º verso da 1ª estrofe do poema de Vinícius de Moraes.
a) Pai, para onde fores, / irei também trilhando as mesmas ruas... (Augusto dos Anjos)
b) Agora, como outrora, há aqui o mesmo contraste da vida interior, que é modesta, com 
a exterior, que é ruidosa. (Machado de Assis)
c) Havia o mal, profundo e persistente, para o qual o remédio não surtiu efeito, mesmo 
em doses variáveis. (Raimundo Faoro)
d) Mas, olhe cá, Mana Glória, há mesmo necessidade de fazê-lo padre? (Machado Assis)
e) Vamos de qualquer maneira, mas vamos mesmo. (Aurélio)
8. unirio-RJ 
 a um passarinho
 Para que vieste
 Na minha janela
 Meter o nariz?
 Se foi por um verso
 Não sou mais poeta
 Ando tão feliz!
 Vinícius de Moraes1) Segundo o texto, qual é a condição fundamental para a criação poética?
2) Qual o gênero literário a que pertence o texto?
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Vinícius de Moraes
9. PuCCamp-sP 
 Uma mulher ao sol – eis todo o meu desejo
 Vinda do sal do mar, nua, os braços em cruz
 A flor dos lábios entreaberta para o beijo
 A pele a fulgurar todo o pólen da luz.
A quadra anterior introduz um soneto de Vinícius de Moraes. Nesses versos, o 
leitor pode comprovar a seguinte característica da lírica amorosa do poeta:
a) dilaceramento provocado pela paixão carnal e pela ânsia de salvação religio-
sa.
b) reconhecimento da fugacidade do tempo, revelada num momento de excitação 
sensual.
c) celebração da amada num quadro cotidiano, valorizando-se o estilo típico 
dos modernistas combativos.
d) visão mística, na qual os desejos são sublimados e a natureza é diviniza-
da.
e) exaltação erótica, integrada no mundo natural e elevada ao plano do subli-
me.
10. uFsM-Rs
A respeito da poesia de Vinícius de Moraes, assinale verdadeiro (V) ou falso (F) 
em cada afirmação a seguir.
( ) Sob a forma de soneto, privilegia temáticas líricas, sobretudo o amor e suas 
múltiplas manifestações.
( ) Celebra a sensualidade com versos que apresentam imagens a respeito do 
sexo e do corpo.
( ) O cunho erótico dos poemas exclui a experiência mística do amor.
A sequência correta é:
a) V – F – F d) V – F – V
b) V – V – F e) F – F – V
c) F – V – F
11. uFsM-Rs
 soneto da separação
1 De repente do riso fez-se o pranto
2 Silencioso e branco como a bruma
3 E das bocas unidas fez-se a espuma
4 E das mãos espalmadas fez-se espanto.
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Antologia poética
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5 De repente da calma fez-se o vento
6 Que dos olhos desfez a última chama
7 E da paixão fez-se o pressentimento
8 E do momento imóvel fez-se o drama.
Vinícius de Moraes, nos versos transcritos, mostra como, na separação amorosa, uma 
coisa se transforma em outra. Em que verso(s) não há registro de tal transformação?
a) v. 2 e v. 6 d) v. 3 e v. 4
b) v. 1 e) v. 7 e v. 8
c) v. 5
12. uePG-PR
A segunda fase do nosso Modernismo (1930-1945) mostrou o amadurecimento de vá-
rias linhas temáticas e de processos artísticos. Firmou-se nesse período a poesia de:
01) Carlos Drummond de Andrade e Murilo Mendes.
02) José Lins do Rego e Vinícius de Moraes.
04) Augusto dos Anjos e Cruz e Sousa.
08) Cecília Meireles e Vinícius de Moraes.
16) Emiliano Perneta e Cassiano Ricardo.
13. uFRGs-Rs
Leia as estrofes abaixo, de Vinícius de Moraes, e a afirmação que as seguem.
 soneto de despedida
1 Uma Lua no céu apareceu
2 Cheia e branca; foi quando, emocionada
3 A mulher a meu lado estremeceu
4 E se entregou sem que eu dissesse nada.
5 Larguei-as pela jovem madrugada
6 Ambas cheias e brancas e sem véu
7 Perdida uma, a outra abandonada
8 Uma nua na terra, outra no céu.
por meio de versos em que é perceptível um lirismo
 , típico de sua poesia, Vinícius de Moraes aproxima a mulher 
e a Lua, fundindo-as, em alguns momentos, como acontece no verso de número 
 .
Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas acima.
a) octossílabos – amoroso – 6 d) octossílabos – despojado – 7
b) heptassílabos – social – 7 e) decassílabos – sensual – 6
c) decassílabos – moralizante – 8
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Vinícius de Moraes
14. ueM-PR
Leia o texto a seguir e assinale o que for correto.
 soneto da separação
De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama.
De repente, não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente.
Fez-se do amigo próximo o distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente.
 Vinícius de Moraes
01) A teoria literária moderna reconhece três gêneros literários fundamentais – o épico, 
o lírico e o dramático – e, apesar de não fazer diferença de prestígio entre eles, 
não aceita a mistura deles em uma mesma obra literária. Podem-se subdividir 
esses três gêneros em espécies ou formas: o soneto é uma das formas dramáticas; 
a tragédia é uma das formas épicas; a balada é uma das formas líricas.
02) No texto acima, predomina o gênero dramático, que tem a sua manifesta-
ção mais viva nos aspectos trágicos, procurando representar os conflitos e 
os dramas vivenciados pelos homens e a precariedade do mundo em que 
estão inseridos. Nesse caso específico, trata-se de representar o drama da 
separação de dois amantes.
04) No texto acima, predomina o gênero lírico, caracterizado, essencialmente, 
por manifestar a subjetividade do eu lírico, expressando-lhe os sentimentos, 
as emoções, o mundo interior. De modo geral, a musicalidade é um elemento 
fundamental no texto lírico. Nesse texto de Vinícius de Moraes, além das rimas, 
a ocorrência considerável de fonemas sibilantes /sê/ e a semelhança de som de 
palavras como fez, espuma, espalmadas, espanto etc. consistem nos principais 
recursos empregados pelo artista para alcançar a referida sonoridade.
37
Antologia poética
A
o
l-
11
08) No texto anterior, pertencente ao gênero lírico, predominam: a) a antítese como 
figura de linguagem; b) a referência a fatos presentes como deflagradores do 
conflito do eu lírico; c) a função conativa da linguagem; d) os versos decassílabos; 
e) as rimas consoantes, pobres e interpoladas; f) o emprego da linguagem figu-
rada; g) a expressão do conflito do eu lírico decorrente da separação amorosa.
16) Pode-se afirmar que: a) a antítese, figura de linguagem predominante no texto 
anterior, exprime ideias cuja força significativa reside na oposição dos contrá-
rios. É o que acontece no verso “E do momento imóvel fez-se o drama”, em 
que o conflito vivido pelo eu lírico atinge seu ponto culminante; b) no texto 
literário, dependendo do contexto, uma mesma palavra pode ter uma signi-
ficação objetiva (denotação) ou sugerir outras significações, marcadas pela 
subjetividade do emissor (conotação). No verso “De repente da calma fez-se 
o vento”, as palavras estão empregadas em sentido figurado ou conotativo.
32) Pode-se afirmar que: a) o soneto, composto de dois quartetos e de dois 
tercetos, é uma das formas poemáticas mais tradicionais e difundidas nas 
literaturas ocidentais e expressa, quase sempre, conteúdo lírico; b) o soneto 
costuma conter uma reflexão sobre um tema ligado à vida humana. No texto 
anterior, Vinícius de Moraes, ao retomar esse modo tradicional de compor 
versos, presta homenagem aos grandes clássicos da literatura, reconhecendo, 
no presente, a herança cultural do passado.
15. uFRs
Considere os fragmentos a seguir, respectivamente, da canção Amor maior, da 
banda Jota Quest, e do Soneto do maior amor, de Vinícius de Moraes.
 amor maior
Eu quero ficar só
Mas comigo só
Eu não consigo
[...]
É preciso amar direito
Um amor de qualquer jeito
Ser amor a qualquer hora
Ser amor de corpo inteiro
Amor de dentro pra fora
Amor que eu desconheço
Quero um amor maior...
Um amor maior que eu
[...]
soneto do maior amor
Maior amor nem mais estranho existe
Que o meu, que não sossega a coisa amada
E quando a sente alegre, fica triste
E se a vê descontente, dá risada.
Sobre os fragmentos anteriores, são feitas as seguintes afirmações.
38
Vinícius de Moraes
I. Os dois poetas exaltam um sentimento amoroso intenso, mas não correspon-
dido pela amada.
II. Tanto a canção do grupo Jota Quest quanto os versos do soneto de Vinícius 
apresentam uma rigidez formal típica da poesia contemporânea.
III. Os versos de Vinícius manifestam sentimentos contraditóriosem relação à 
amada, enquanto os de Flausino evidenciam um desejo de um amor completo, 
totalizante.
Qual(is) está(ão) correta(s)?
a) Apenas I d) Apenas II e III
b) Apenas II e) I, II e III
c) Apenas III
16. uFsM-Rs
no poema A hora íntima, Vinícius de Moraes pergunta Quem pagará o enter-
ro e as flores / Se eu me morrer de amores?. Nessa passagem, os versos de Vinícius 
retomam, num tom ameno e voltado para a temática da relação amorosa, a ideia 
de “se eu morresse amanhã”, consagrada por:
a) Álvares de Azevedo – condoreiro romântico.
b) Castro Alves – lírico romântico.
c) Fagundes Varela – condoreiro romântico.
d) Álvares de Azevedo – lírico romântico.
e) Castro Alves – condoreiro romântico.