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A LITERATURA EM BLUMENAU/SC NA DÉCADA DE 1980: Uma geração construtora de identidades

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A LITERATURA EM BLUMENAU/SC NA DÉCADA DE 1980:
Uma geração construtora de identidades
Carlos Eduardo Santos
Karoline Stephanie Camilo
Lucas Mateus Pereira Costa
Maria de FatimaVenutti
Professor Tutor: Silvana Montibeller Burg
Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI
Licenciatura em História (HID 0352) – Seminário da Prática VI
15/ 06 /16
RESUMO
A década de 1980 foi berço de uma geração cultural diferenciada em todoo Brasil. Porém, em Blumenau/ SC, a Literatura local teve sua formação e desenvolvimento alavancados por um forte movimento de poetas e escritores que derrubaram barreiras e muros sócio culturais entre os anos de 1986 até 1989. Toda essa movimentação deflagrou a cisão da literatura com outras artes, como as Cênicas e a Plásticas, provocando a exposição de um senso crítico da política cultural existente e, estabelecendo para os dias de hoje, a solidificação de poetas e escritores daquela época e que ainda mantém vivo seu trabalho literário. Uma das maiores greves de trabalhadores da indústria têxtil da cidade, mandatos políticos que favoreciam o desenvolvimento econômico da elite social e ainda, duas grandes enchentes que assolaram Blumenau perfazem o cenário sócio cultural do período. Enquanto tema a ser estudado na Historiografia do Tempo Presente e por não possuir trabalhos relevantes acerca deste movimento cultural, a pesquisa busca levantar, registrar e estudar as possibilidades que levaram os componentes deste grupo, através das artes, a desenvolverem diversas ações culturais pela cidade, consolidando uma respeitosa literatura local.
Palavras-chave:Associação de Poetas e Escritores Independentes. Literatura em Blumenau. Poesia em Blumenau.
1 INTRODUÇÃO
A proposta desse trabalho é conhecer, analisar e discutir a existência da AssociaçãoPoetas Independentes (API), posteriormente alterada para Associação Poetas e Escritores Independentes (APEI) considerando sua ação cultural dentro dos estudos da História do Tempo Presente.
É notório que muitas vezes certos conteúdos da disciplina de História parecem ficar longe do dia a dia dos estudantes e, por consequência, fazendo pouco sentido. Nessa percepção e na busca pela compreensão e interação dos conteúdos, podemos utilizar da História do Tempo Presente, um campo historiográfico que aproxima oestudante, fazendo-o sentir-se parte da história e perceber comopode ser afetado por ela. Deste modo, o maior objetivo deste trabalho é analisar como o evento de existência da API/APEI fomentou a cultura de Blumenau no período de 1986 a 1989, derivando aformação profissional e cultural de vários artistas que ainda sobrevivem das artes.
	Porém, para que possamos compreender a importância do tema escolhido para esse trabalho, há que se entender, inicialmente, algumas definições sobre a História do Tempo Presente e de como a Cultura, enquanto fator movimentador e desencadeador das estruturas historiográficas, infere nos campos sociais, políticos e econômicos de uma sociedade. Assim, a seção 2, Cultura na História do Tempo Presente, apresenta algumas considerações sobre essa área da História e os aspectos que consideramos relevantes para a análise do período escolhido.
	A seção 3 – Contextualizando o período (1986-1989) – situa o leitor na Blumenau daquele período, tanto econômica, política e culturalmente. Os acontecimentos nacionais, políticos, econômicos e sociais tecem o momento vivido pela sociedade blumenauense, destacando-se o advento da maior greve têxtil da região como fator modificador de uma cultura social germânica.
	Por sua vez, a seção 4 – O início de tudo -aborda o processo de inicialização do movimento literário da Associação de Poetas Independentes (API), desde a sua formação e suas ações literárias e culturais na cidade e região no período de 1986 até 1989, bem como sua coparticipação com outras áreas artísticas, como a cênicas e a plásticas. Finalizando, antes de nossas Considerações Finais acerca do trabalho, a seção 5 – Uma trajetória espetacular – traz um dos rumos tomados por alguns escritores da APEI: o NuTE (Núcleo Teatro Experimental) e sua contribuição cultural para as artes cênicas, enfatizando a importância de seu trabalho durante sua existência.
2 CULTURA NA HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE
O debate historiográfico da História do Tempo Presente, apesar de não ser mais novidade enem tanto polêmico, ainda gera problemáticas, elogios e acusações a esse ramo da história que se propõe a encarar um tempo que, até pouco, não lhe pertencia. Com relação à historiografia brasileira, o material que discute essa produção não é muito volumoso(até mesmo de produção estrangeira), o que não significa uma produção precária. (FIORUCCI, 2016, p. 111).
Fiorucci (2016, p. 111) infere que a evolução da história do presente, bem como sua firmação, se deram ancoradas nos retornos historiográficos ondeo fato, a política e a narrativa se destacavam.Afirma ainda que a política apareceu como válvula propulsora das pesquisas sobre o presente, “principalmente com o impulso dado pelos trabalhos de René Rémond, intelectual que dialogou (na contracorrente) coma segunda geração dosannales,trazendo de volta a questão da política e do contemporâneo.”. (FIORUCCI, 2016, P. 112). Com o advento da Nova História Cultural, sob o amparo dosannales, novos temas, novas fontes e objetos entraram para o cardápio dos historiadores, diversificando as possibilidades e potencialidades do fazer histórico no geral, especificamente do estudo do presente. A partir daí, Cultura e Política frequentemente se cruzaram, enriquecendo resultados das pesquisas e oferecendo muitas opçõesde ações para os profissionais que queriam se desprender de amarras impostas pela prática historiográfica. (FIORUCCI, 2016, p. 112).
Para Fiorucci (2016, p. 112), esse contexto de mudanças influenciou debates epistemológicos, gerando novidades nos escritos historiográficos. Aceleração do mundo atual, o avanço tecnológico, a globalização, o poder da mídia e outros acontecimentos modificaram as relações sociais, políticas, culturais e econômicas, características do mundo pós guerra, assim como provocaram possibilidades, cada vez maiores, de produção de informações e de bens culturais. Começaram a surgir, a partir dos anos 70, as produções historiográficas sobre o tempo presente, diferentes das produções atuais. Fiorucci (2016, p. 114) nos lembra que a escrita da história o tempo presente “é evolutiva e tem suas fronteiras móveis, condição que determina temporalmente até que ponto a escrita do tempo presente pode ser considerada como tal, já que atinge um momento em que já não faz mais parte do presente, mas do passado.”.
A temática do tempo presente solicita que o profissional da história esteja consciente e alerta com o seu tempo e momento histórico. Não mais imerso em tempos e momentos históricos longínquos do passado. Esta temática possibilita que o historiador se aproxime de outras áreas do conhecimento, tais como a Sociologia, Economia e Geografia, Geopolítica, entre outras. […] Na História do tempo presente, o principal objeto de estudo do historiador são os fatos, os acontecimentos que podem até ocorrere se concentrar num determinado espaço geográfico, mas que possuem a capacidade de repercutir e ganhar amplitude no sentido de afetar e tocar um amplo público. (SANTOS; FOCHI; SILVA, 2016, p. 123).
Inserida dentro da temática de presente, aCultura mostra-se como fator fundamental na orientação de estudos historiográficos.Ao se examinarem alguns teóricos confirma-se que o contexto de cultura vai reformulando-se conforme cada povo e sua origem, ou seja, a cultura vai mudando conforme cada sociedade e suas gerações. O que era cultura para algumas pessoas há 50 anos, hoje não é mais. No entanto, verifica-se as circunstâncias de contexto apresentado de cultura, ainda que se tenha muito a dizer sobre, sendo apresentada para uns de uma forma e paraoutros de outra forma, podemos mencionar, por exemplo, o autor Roque de Barros Laraia, antropólogo,com uma visão muito acentuada no conceito cultural:
[...] Homens de culturas diferentes usam lentes diversas e, portanto, têm visões desencontradas das coisas. Por exemplo, a floresta amazônica não passa para o antropólogo- desprovido de um razoável conhecimento de botânica- de um amontoado confuso de árvores e arbustos, dos mais diversos tamanhos e com uma imensa variedade de tonalidades verdes. A visão queum índio Tupi tem deste mesmo cenário é totalmente diversa: Cada um desses vegetais tem um significado qualitativo e uma referência espacial. Ao invés de dizer como nós: “lhe encontro na esquina junto ao edifício x”, eles frequentemente usam determinadasárvores como ponto de referência. Assim, ao contrário da visão de um mundo vegetal amorfo, a floresta é vista como um conjunto ordenado, constituído de formas vegetais bem definidas. A nossa herança cultural, desenvolvida através das inúmeras gerações, sempre nos condicionou a reagir depreciativamente em relação ao comportamento daqueles que agem fora dos padrões aceitos pela maioria da comunidade. (LARAIA, 2001, p. 67)
	Desse modo, pressupõe-se que o conceito de cultura está intrinsicamente vinculado à diferença das coisas, ou seja, o que um antropólogo vê em uma determinada floresta, o índio tem outra visão completamente diferente, sendo constituída na vivência social em um determinado local. No entanto, interpretando a cultura, o viés a chegar é a construção de uma determinada sociedade ou uma comunidade em determinado lugar, sendo desenvolvida através de convivências sociais e relações de comportamento em meios específicos de um povo. Laraia (2001, p. 16) ainda descreve:
[...] Qualquer um dos leitoresque quiser constatar, uma vez mais, a existência dessas diferenças não necessita retornar ao passado, nem mesmo empreender uma difícil viagem a um grupo indígena, localizado nos confins da floresta amazônica ou em uma distante ilha do Pacífico. Basta comparar os costumes de nossos contemporâneos que vivem no chamado mundo civilizado. Esta comparação pode começar pelo sentido do trânsito da Inglaterra, que segue a mão esquerda. Pelos hábitos culinários franceses, onde rãs e escargots (capazes de causar repulsa a muitos povos) são considerados como iguarias, até outros usos e costumes que chamam a atenção para as diferenças culturais.
Portanto, a construção de uma cultura está ligada diretamente a um determinado povo, sendo constituído pelacomunidade, uma cidade e até os grandes centros urbanos no modelo cultural basicamente socializado. Cabe destacar conjuntamente os hábitos de um determinado povo e de uma geração no qual está mudando de forma imprescindível.
3 CONTEXTUALIZANDO O PERÍODO(1986-1989)
O ano de 86 era assim, metáforo-simbólico de inquietações que iam dentro de todas as gentes, jovens e angustiadas com o futuro seu e do planeta. Assistíamos a repercussão do acidente na Usina Nuclear de Chernobyl, as novidades da genética, comque a descoberta do DNA mitocondrial que localizou uma “Eva” que teria vivido na África há 250 mil anos e ficávamos confusos com o cruzado, criado pelo Governo Sarney, que congelou os preços de bens e serviços e criou o “gatilho" que reajustou salários sempre que a inflação chegava a 20%. (MARTINS, 2011b, p. 23).
A década de 1980, no Brasil, poderia ser classificada como um período de transformações: sociais, políticas, econômicas e culturais. A luta pela retomada da democracia, finalizandoum período de ditadura militar, com o aval de um presidente militar, João Batista de Oliveira Figueiredo (1918-1999); a concessão da Anistia aos exilados políticos; a campanha pelas “Diretas Já”, movimento político que levou a população às ruas, pintando os rostos com as cores da bandeira brasileira, reivindicando eleições diretas; a economia com inflação acima da casa dos três dígitos e planos econômicos sendo criados e dissolvidos na mesma velocidade (Plano Cruzado, Plano Cruzado 2, Plano Verão); a globalização sendo conceituada, caracterizando o avanço do capitalismo, associado ao desenvolvimento das telecomunicações e dos transportes; a cultura aflorando artistas de vários gêneros. Nesse cenário nacional, a cidade de Blumenau, em Santa Catarina, viveu também suas transformações.
	Blumenau era governada por Dalto dos Reis (1983-1988), do PMDB, e um dos responsáveis por importar a Oktoberfest que chega, em outubro de 1984, para Blumenau. Durante os primeiros anos de seu mandato a cidade sofre enchentes devastadoras, para a reconstrução da cidade lança o projeto “Nova Blumenau” e implanta o distrito industrial para que as empresas aqui permaneçam. Inicia a construção do novo prédio da biblioteca municipal “Fritz Müller” e do Arquivo Histórico José Ferreira da Silva. Inaugura o Complexo esportivo do SESI e o centro de convenções e outras ações importantes. (PETRY, 2000).
Os anos de 1983 e 1984 para os blumenauenses foram inesquecíveis. A cidade viveu duas grandes enchentes que marcaram, profundamente, a população e a economia do Vale do Itajaí. Em 1983, as chuvas que começaram no início de julho, levaram o rio Itajaí-Açu ao seu nível máximo: 15 metros e 34 centímetros e por 32 dias a cidade e sua população viveram momentos de privação e muita dificuldade. Em 1984, a história se repete após muita chuva, em 07 de agosto o rio atinge a marca de 15 metros e 46 cm, doze a mais que o ano anterior. (DAY, 2016).
Viver nas décadas de 80/90 não foi simples, nem vazio, muito menos. Décadas Perdidas, como descrevem alguns historiadores. Descendíamos de gerações operárias, serviçais e subjugadas pelos meios de produção que não eram nossos. Tempo em que um tapinha doía e respeito tinha relação com punição. Deus brilhava onipotente no berço esplêndido do País, [...], todos estreavam a idade adulta aos 14 anos, onde aforça de trabalho não libertava, mas permitia algumas pequenas rebeldias. (MARTINS, 2011a, p. 97, grifo do autor).
Martins (2011a, p. 97) relata nesse período a inauguração do prédioda nova Prefeitura, das festas nos clubes Guarani e Subtenentes e das boates Baturité e Eagles, de compartilhar garagens ao som amador de amigos e aos domingos ir ao Cine Bush. “Culturalmente fervíamos com osFECeFUC(festivais estudantil e universitárioda canção), com as bandas locais comoSementes da Terra,Griffo e os Blumenália, que mais tarde desembocaram nos Rock na Rua”. (MARTINS, 2011a, p. 98, grifo do autor). E ressalta ainda que as décadas de 80-90 foram responsáveis pelo maior avanço tecnológico humano, os recursos utilizados hoje, foram testados e consolidados naquela época. E continua: “Vivemos o fim da guerra fria e a queda doMuro de Berlim, a reabertura democrática [...] e choramos (creiam) pela morte do presidente eleito Tancredo Neves.”.(MARTINS, 2011a, p. 98, grifo do autor).
	A Constituição Cidadã (1988) mobilizou universitários e operários; todos exigiam mudanças radicais nos rumos políticos do país. A eleição, a posse e o impeachment de Fernando Collor de Mello. Nos anos 80, questões sociais, valores da família, da tradição e da propriedade foram aprofundadas num profundo mergulho existencialista. As Organizações Não Governamentais começaram a surgir e a Blumenau de operários comportados e conformados participa da Greve Geral de 1989. (MARTINS, 2011a, p. 99).
Krzizanowski (2004) comenta o quão as condições políticas do país, associadas aos efeitos da crise econômica dos últimos anos de 1980, tornaram irreversíveis os conflitos de classe. A classe trabalhadora descontente e o ressurgimento do movimento operário, fortalecendo movimentos grevistas que surgem com um duplo significado: “Expressam um momento de rebeldia do trabalho frente à dominação do capital e um processo de aproximação das lideranças sindicais com as bases, colocando em xeque-mate a estrutura oficial e ‘pelega’ dos sindicatos.” (KRZIZANOWSKI, 2004, p. 45). Dentro desse contexto, as Centrais Sindicais da época (CUT e CGT), mobilizam os trabalhadores para uma greve geral em março de 1989, cujoobjetivo principal era o protesto contramais um plano econômico, o “Plano Verão”. Este, traria uma defasagem salarial muito grande e os trabalhadores acumulavam perdas há muito tempo. (KRZIZANOWSKI, 2004, p. 47).
	Em Blumenau, segundo Krzizanowski (2004, p. 50-51), os trabalhadores da Tecelagem Kuehnrich – TEKA, após receberem o contracheque de fevereiro paralisaram suas atividades, estendendo a ação a outras empresas do setor (Maju, Cremer, Sul Fabril, Hering e outras). No centro da cidade, 70% do comércio estava de portas fechadas. As indústrias viram 90% dos empregados de braços cruzados; escolas paralisaram; dos 43 Bancos, somente alguns abriram; o transporte coletivo não funcionavam. A cidade estava literalmente parada. Em 13 de março de 1989, a cidade amanheceu com 40 mil trabalhadores têxteis parados e com várias outras categorias que aderiram ao movimento. A consequência mais importante da greve geral em Blumenau foi justamente a quebra de visão mítica dos trabalhadores, pois segundo Schiochet (apud Krzizanowski, 2004, p. 52):
Blumenau é considerado um município modelo. Sempre existiram relações amistosas entre empresários e trabalhadores/ sindicatos. Modelo ordeiro do trabalhador de Blumenau. População ordeira em suas bases. Melhor qualidade de vida. Poucos problemas sociais. Cidade da Oktoberfest. [...] Todas essas ideias expressam algumas verdades a respeito da realidade blumenauense, porém, mais do que mostrar a realidade como ela realmente é, elas a escondem. São ideias basicamente ideológicas.
FIGURA 1 – GREVE DOS TÊXTEIS EM BLUMENAU - 1989
FONTE:http://www.sintrafite.com.br/sindicato/historia/
Acesso em 24 abr. 2016.
FIGURA 2 – GREVE DOS TÊXTEIS EM BLUMENAU - 1989
FONTE:http://www.sintrafite.com.br/sindicato/historia/
Acesso em 24 abr. 2016.
Em 22 de março de 1989, o Sindicato dos têxteis entra em acordo com o Sindicato Patronal e a grevetermina, deixando um marco na história de Blumenau como a maior greve espontânea deflagrada, chegando a atingir a paralisação de quase 44 mil trabalhadores.
	Martins (2011a, p. 97) enfatiza que ao mesmo tempo foi nessa atmosfera embaçada da década de 1980que artistas de várias vertentes criaram, organizaram, expuseram e fizeram arte. “Havia uma efetiva transversalidade e o trabalho de um refletia no outro, num tempo de solidariedade radical.”. (MARTINS, 2011a, p. 97). E relata:
As madrugadas em busca dasDiretas introduziram arte, poesia e música ao Movimento Estudantil que buscava ampliar o número de universidades públicas (em 1985 fomos vice-presidente do DCE e viajamos para Brasília em busca daFederalização da FURB). Concomitantemente, filmes alternativos e proibidos eram exibidos em sessões privé, movimentos revolucionários como o8 de Outubroabandonavam os treinamentos deguerrilhano Spitzkopf e no Refúgio e integramos e abandonamos partidos organizados. (MARTINS, 2011a, p. 100, grifos da autora).
4 O INÍCIO DE TUDO
	O dia 5 de março de 1986 foi especial. Vários poetas se reuniram na sede do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da FURB e criaram a Associação de Poetas Independentes (API). Com o objetivo de congregar poetas novos, que não tinham nenhuma publicação de seus trabalhos, para juntos levarem a poesia para as ruas da cidade, bem como a publicação de uma antologia para divulgação dos novos poetas. As reuniões aconteciam aos sábados à noite e, inicialmente, fizeram parte da Associação ospoetas Eliana Wobeto, Carlos A. P. Vinci, Raquel Furtado, Newton Roberto, Jorge Caju, Douglas Zunino e Fabrício Wolff. (DCE, 1986).
	A iniciativa partiu de Douglas Zunino e Jorge Caju, poetas que já possuíam trabalhos publicados em jornais e, a nívelnacional pela Editora Shogum. Argumentando que a ideia era revolucionária, inovadora e que poderia revelar grandes valores que ainda não tinham a oportunidade de se manifestar. (SANTA CATARINA, 1986). A composição da primeira diretoria da associação teve Douglas Zunino como presidente, Jorge Caju como vice e Rosane Magaly Martins como secretária. Porém, após a formulação e aprovação do estatuto a API, em 17 e maio de 1986, foi eleita uma nova diretoria, com mandato de um ano. Rosane Magaly Martins assumiu apresidência tendo Ana Maria Bacca como vice e Eliana Wobeto como secretária. (AHJFS, 1988). 
Como primeira atividade pública da Associação, em 14/03/1986 uma Exposição de poemas na Praça João Mosimann (Moellmann) e a distribuição de um manifesto à população. Declamação de poemas, distribuição de mini poemas ao público, apresentação de pout pourri poético, realização de Noites de Poesia e Saraus em casas de shows, realização de palestras com temas voltados à literatura,concursos de poesia anível estadual, Varais de Poesia, participação da entidade na Bienal Internacional do Livro em 1986, Mural de Poemas em vários locais da cidade, intervenções poéticas em vários espaços, participação de poetas em peças teatrais, dentre tantas outras açõesda API em prol da divulgação de seus escritores e poetas.(AHJFS, 1988). A repercussão do Varal Poético da API foi um sucesso. Escolas faziam contato para que o trabalho fosse divulgado para os alunos e a mídia mantinha-se atenta aos passos que os poetas integrantes davam.
	Dentre as muitas ações literárias da entidade, em agosto de 86, promove um concurso de poemas em nível estadual, intitulado “Choppoesia 86”. Com o tema Blumenau, chopp, tradição germânica e suas festas, a entidade premiou os três primeiros colocados com valores em dinheiro e, segundo sua presidente, Rosane Magaly Martins, “a área cultural tem tido pouco incentivo, a literatura está esquecida e ninguém ainda despertou para o valor da poesia no Estado”. (ASSOCIAÇÃO, 1986). Ações individuaistambém são realizadas pelos poetas e escritores. Como exemplo, a poeta Rosane Magaly Martins distribui, ao preço de dois cruzados, um prospecto contendo quatro poemas de sua autoria, ilustrados pelo cartunista Clóvis Paulo Stocker. Porém, as imagens e poemas escandalizam “com o sentido erotizante dos textos e principalmente das ilustrações. [...] onde o sexo é abordado sem pudor e sem vergonha, explícito, real, libertina e licenciosamente.”. (NASCIMENTO, 1986).
	Outra ação de destaque da APEI, ainda em 1986 e que mereceu destaque na mídia da época, sendo inclusive chamada de capa de jornal) foi a utilização do tapume da obra de construção do atual Banco Safra, na R. Sete de Setembro, região central da cidade, para a divulgação da poesia. A ação, intitulada“Poetas na Rua, Arte no Tapume”, foi autorizada pela construtora e teve a participação da população que por ali passava, contribuindo com seu lado artístico, exprimindo revolta, amor, conotações pessoais e outros de cunho social. (POESIA, 1986). Segundo Gouveia (1987, p. 3), a poesia, a literatura começava a ser conhecida pela cidade e região e no final de 86, Alexandre Venera, então diretor do NuTE (Núcleo de Teatro Experimental), convida os escritores da entidade a participarem da montagem das peças “O mendigo e o cão”, de Bertolt Brecht e “Classe Glacê”, do próprio NuTE, iniciando-se ali a integração da literatura com as artes cênicas. Gouveia (1987, p. 3) ainda destaca o trabalho e pout-pourris poéticos realizados pela APEI no Teatro Carlos Gomes e da trajetória de projetos polêmicos, como o concurso Choppoesia, em que o poder público divulgou, mas não contribuiu de forma alguma com a premiação, impedindo, inclusive, que a premiação acontecesse na III Oktoberfest, mas que, segundo Tania Rodrigues, a comissão organizadora teve que subir ao palco quase que à força para anunciar os premiados e entregar os prêmios.
	Em fevereiro de 1987, a entidade viu a necessidade de alterar sua razão social, tendo em vista que escritores a procuravam com interesse em participarem e divulgarem seu trabalho. Nesse momento e, para darem chance aos talentos de outras áreas literárias, a entidade foi alterada para APEI – Associação de Poetas e Escritores Independentes. (ASSOCIAÇÃO, 1987).
	No mesmo ano, acontece a edição doopúsculo “COUVERT”, pela Fundação e Casa Dr. Blumenau(hoje Fundação Cultural de Blumenau), com tiragem de 400 (quatrocentos) exemplares. (SANTA CATARINA, 1987).
FIGURA 3 – CAPA DO OPÚSCULO COUVERT
FONTE: Imagem dos autores.
FIGURA 4 – ABERTURA DO OPÚSCULO COUVERT, P. 2 E
FONTE: Imagem dos autores.
	O opúsculo, com poemas de Valdomiro Ramos, Tania Silvia Rodrigues, Salete de Lourdes Oliveira, Rose Mari da Silva, Rosane Magaly Martins, Raquel Furtado, Johanes Haertel, Gilberto Francisco de Oliveira, Eliana Wobeto, Eigmar Rosemari Theiss, Carlos Crescêncio dos Santos, Carlos Alberto Peixer Vinci, Andrea Regina Mattos Soares e Ana Maria Bacca, era vendido pelos próprios autores nos diversos eventos em que a entidade participava, angariando fundos para as diversas ações culturais realizadas pela APEI.
	O apoio político às açõesda APEI foi sempre um entrave. O que Speckart (1988) relata em 1988 não é muito diferente do que ainda acontece atualmente:
Dinheiro e cultura nunca andaram muito juntos. Nem os 'produtores de cultura' são muito acostumados a ganhar a vida nas esquinas dapintura, escultura, artesanato e literatura; nem – e muito menos – os organismos promotores de cultura têm por hábito receber cheques com muitos zeros à direita, dos governos centrais. (SPECKART, 1988).
	Em 11/03/1988, acontece o lançamento oficial do livro Poetas Independentes, antologia poética em que participam os poetas Ana Bacca, Carlos Alberto Peixer Vinci, Carlos Crescêncio, Eliana Wobeto, Raquel Furtado, Rosane Magaly Martins, Salete Delourdes e Tânia Rodrigues. (AHJFS, 1988). Com o aval de doiscríticos literários catarinenses: Lauro Junkes e Celestino Sachet, os autores tinham a expectativa de muitos comentários e destaques, esperando a valorização e apoio para edições posteriores, já que acreditavam em uma segunda edição ainda para 1988. (REIS,1988). Porém isso nunca aconteceu.
FIGURA 3 – CAPA DO LIVRO POETAS INDEPENDENTES
FONTE: Imagem dos autores.
Nascimento (1988, p. 5-6) registraque os poetas emergentes sempre estão a desdobrarem-se, na tentativa de conquistar um espaço e público. Os obstáculos são sempre os mesmos, porém em Blumenau, um grupo de novíssimos valores poéticos criou a APEI (Associação de Poetas e Escritores Independentes, realizando Varais Literários, apresentações em Público, Recitais, venda de opúsculos em praças públicas, escolas, universidades, bares, danceterias e etc., divulgando seus textos ousados e corajosos, quase sempre de natureza moral, social e política. (NASCIMENTO, 1988, p. 5).
Empolgados com o gratificante e emocionante trabalho de distribuição da poesia, o grupo estendeu sua ação às áreas teatral, musical e coreográfica, criando ou coparticipando de espetáculos com outros núcleos artísticos[!].
Nãotememos afirmar que o seguro desempenho e firmes propósitos do grupo vêm conferindo-lhe o justo conceito de ser um dos mais destacados movimentos literários de Santa Catarina. Em Blumenau, seguramente, depois da Catequese Poética de Lindolf Bell, a atividade e o ‘agito’ do grupo APEI praticamente dominam e fazem o momento cultural na cidade, numa autêntica e necessária retomada da poesia. (NASCIMENTO, 1988, p. 5-6).
Para Sachet (2012, p. 205), “Abordar a contemporaneidade da produção poética, a partir de 1980 [...] significa levantar os sinais de diferenças entre o que se está fazendo e o que vinha sendo feito nas gerações anteriores, marcadas pelas vanguardas e até pela marginália.”. Seria muito melhor olhar pra dentro do verso e detectar relações entre o poeta e o poema; entre a dependência do contexto e independência do sujeito; entre prazer de produzir em liberdade e dever seguir modelos impostos por autoridades da crítica. Assim, os poetas “independentes” – porque não se submetem a gruposouideologias – manifestam o fascínio pelo exercício amoroso de ser poeta, assim como o fascínio pela missão poética. (SACHET, 2012, p. 206).
	Nascimento (1988) registra que “Nunca uma antologia poética conquistou (e continua conquistando) junto à mídiajornalística catarinense, tanto espaço para sua divulgação.”. Ressalta também o acompanhamento da trajetória, quase impossível, da APEI e de seus desdobrados esforços para manter acesa a chama da literatura na cidade e região, articulando-se com outras associações e áreas culturais, como os artistas plásticos, músicos e o teatro. (NASCIMENTO, 1988).
	O último registro de ação da APEI no Relatório de Atividades deixado por Rosane Magaly Martins no Arquivo Histórico José Ferreira da Silva, em Blumenau, é de13 de maio de 1988 – Lançamento do livro em Itajaí. (AHJFS, 1988). Já o Livro de Atas da entidade, também de posse do Arquivo Histórico, apresenta uma última reunião em 21 de maio de 1988, cuja pauta possui, inclusive, a posse de uma nova diretoria e a intenção de lançamento do livro Poetas Independentes em Florianópolis, no MASC, não sendo possível precisar a data exata em que a entidade foi extinta. Segundo Martins (2011a, p. 106), o livro Fel do Cio (1989), de sua autoria teve vários lançamentos articulados com exposições de desenhos de Tadeu Bittencourt com protestos essenciais e uma repercussão grande com a performance da atriz Mary Ferreira, recitando alguns poemas do livro e saindo nua de uma caixa, caminhando pelos convidados, nos jardins do Mausoléu da família Dr. Blumenau. O espetáculo seguiu para Florianópolis, Joinville, Tubarão e São Paulo.
No retorno da vida os artistas prosseguiram em suas profissões e os arquivos seguiram para o Arquivo Histórico, onde respiram ao lado das histórias nobres epreservadas da cidade. (MARTINS, 2011, p. 106).
5 UMA TRAJETÓRIA ESPETACULAR
	Rodrigues (2011, p. 9) relata que em 1986 a Associação dos Poetas Independentes de Blumenau (API), da qual foi filiada, iniciava suas atividades. Maistarde, a necessidade de agregar escritores de vários estilos faz com que a mesma se torne Associação de Poetas e Escritores Independentes (APEI) e, em seus primeiros passos, o contato com o Núcleo de Teatro e Experimental, o NuTE, mais tarde Núcleo de Teatro e Escola, iniciando assim, a troca de informações com os teatreiros da cidade, comandados por Alexandre Venera dos Santos.
Eram tempos frutíferos: o NuTE com suas montagens experimentais e sempre instigantes dominava a cena local, bem antes das artescênicas ganharem espaço nas universidades. Blumenau respirava a experimentação, o experimentalismo. Estudava-se e encenava-se Grotowxki, Brecht, Moliére, Shakespeare, entre outros. (RODRIGUES, 2011, p. 9)
	Iniciando com poucos componentes, o NuTE foi crescendo e, com o passar dos anos, foi crescendo e provocando, positivamente, o surgimento de nossos grupos como o Arteatroz, Grupo Meu Corpo e Contra Senha, segundo Rodrigues (2011), aumentando a produção e trazendo vida ao teatro que era produzido às margens do Itajaí-Açu. Para Raniere (2016), o NuTE possui uma intensa e singular história teatral entre os grupos teatrais Catarinenses: “Em seus 18 anos de atividade, O NuTE produziu dezenas de espetáculos, entre montagens profissionais e de alunos, fundou a primeira escola “livre” de teatro em Santa Catarina. Inspirou a realização do Festival Universitário de Teatro de Blumenau.” E mais:
Produziu por 13 anos consecutivos os JOTE-TITAC (Jogos de Teatro – Texto, Interpretação e Técnica em Artes Cênicas) fomentando a produção dramatúrgica e o “re-desenvolvimento” cenotécnico local;
Criou uma Biblioteca de Teatro com uma “textoteca” (um acervo de textos teatrais) Editando e publicando livros, cadernos e apostilas sobre teatro;
Ministrou cursos de Interpretação paraCinema e TV, produzindo vinhetas comerciais e o documentário (encomendado para o aniversário da TV Galega) “O Pioneiro da Imprensa: Hermann Baumgarten”;
Criou escolas e cursos permanentes de teatro em cidades vizinhas (Pomerode, Indaial, Gaspar e outras);
Criou o mini-auditório “(O) Caso”, transformando um corredor ocioso do Teatro Carlos Gomes em palco/arena multiuso com plateia para cerca de 40 pessoas;
Incentivou a criação (apoiandona produção técnico-artística) de mais de 20 Grupos de Teatro. Produziumais de cinquenta espetáculos teatrais e teve mais de 2 mil alunos. (RANIERE, 2016).
	Rodrigues (2011, p. 9-10) ressalta que, com a criação dos Jogos de Teatro (JOTE-Titac), além de novos, grupos, também surgiram os autores de peças teatrais. Novos escritores, então experimentados na poesia, nos contos e crônicas, despertaram também o interesse pelo teatro. Assim, textos expressivos ganharam os palcos da cidade.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa teve como objetivo conhecer e observar o movimentoliterário e cultural proporcionado pela Associação Poetas Independentes (API), posteriormente Associação de Poetas e Escritores Independentes (APEI), ocorrido em Blumenau/SC no período de 1986 a 1989. Perceber como a Cultura de uma sociedade pode ser analisada, estudada e reconduzida dentro do contexto da História do Tempo Presente, um campo recente da historiografia, mas sobremaneira importante para a compreensão de aspectos sócio econômicos e político culturais deste grupo. Propomos assim oafastamento depropostas de estudos sobre a 1ª Guerra Mundial, 2ª Guerra Mundial, Guerra Fria e tantos outros temas comumente utilizados em pesquisas, bem como a amplitude de temas atuais que podem ser discutidos e analisados por historiadores, mostram-se como um oceanoaberto ao conhecimento e às pesquisas. A História do Tempo Presente torna-se mais fascinante e instigante ao pesquisador crítico e investigativo.
Na pesquisa, pudemos considerar o momento vívido da época e as mudanças sociais ocorridas. Saindo de uma ditadura militar, o país abria-se para a democracia, refletindo até mesmo no comportamento das pessoas. Igualmente foi uma década em que Blumenau recebia muitos imigrantes, o que igualmente influenciou no comportamento da sociedade. Na área econômica, a grevedos têxteis (1989) foi emblemática. Tudo isto mexeu com a vida em sociedade e com a própria cultura das pessoas. Encerrava-se o ciclo do domínio do poder econômico de meia dúzia de grandes empresas, cujo golpe final viria com a abertura do mercado para produtos estrangeiros, no governo Collor. Em Blumenau, o movimento artístico-cultural também foi relevante. Blumenália, a Galeria Açu Açu de Lindolf Bell, Associação dos Poetas Independentes, o NuTE e tantas outras manifestações artísticas que ocorreram nadécada que, infelizmente, não pudemos pontuar. Mas o mais importante foi perceber como toda essa cultura ascendente foi fundamental para a construção da identidade da cidade nos anos e décadas seguintes, influenciando novas gerações e ideais culturais.
Aideia de uma associação que reunisse poetas independentes, pessoas que faziam poesia autonomamente mas que não gostavam muito da ideia de uma “organização” ou “entidade” para fazer seu trabalho e muito menos queriam esperar por possíveis ações ou benefícios do poder público. Quando criada, a API – Associação dos Poetas Independentes, desenvolveu inúmeras ações, atos, intervenções e trouxe a “atitude” cultural para afrontar com a cultura germânica e seus pudores e conceitos morais. O objetivo principal eradivulgar o trabalho de seus membros nas ruas, com exposições, declamação, varais literários que, prioritariamente, eram realizados em praças públicas. Havia uma efervescência cultural na cidade e o momento de final de período de ditadura militar empurrou para fora o brado daqueles que queriam falar, queriam dizer, queriam mostrar. A arte é, sem dúvida, uma das melhores maneiras de nos expressarmos. Percebemos que os ares de mudança política foram fundamentais para fazer surgir novos movimentos culturais, emuma cidade que sempre teve uma movimentação artístico-cultural forte.
Daquele grupo, a maioria seguiu o caminho das artes. Rosane Magaly Martins manteve-se na literatura, publicando vários livros e escolheu a advocacia como profissão. Douglas Zunino, tornou-se o “poeta marginal”, vivendo de sua literatura, publicando livros através de incentivospúblicos e vendendo-os em todos os cantos da cidade. Raquel Furtado publicou dois livros, ingressou na Academia Blumenauense de Letras e atualmente é funcionáriapública do município. Ana Maria Bacca não chegou a publicar livros, enveredou pelas salas de aulas e hoje, aposentada, tem a fotografia como hobby. Tania Rodrigues publicou alguns livros (um infantil), foi funcionária pública da Secretaria Municipal de Turismo e hoje engole uma aposentadoria que mal dá para sobreviver. Outros enveredaram para o teatro e para a música. Poucos são aqueles jovens (hoje cinquentões) de talento artístico da década de 1980 em Blumenau que não fugiram às raízes e mantêm suas veiasartísticas pulsando.
O profissional de sala de aula poderia utilizar-se dessa pesquisa para, dentro da História do Tempo Presente, realizar uma interdisciplinaridade com disciplinas como Língua Portuguesa, Artes e História num trabalho conjunto de comunicação das linguagens artísticas da cidade, permeando pelos momentos econômicos e sociais que a cidade viveu naquela década, realizando um estudo de caso e as mudanças comportamentais e de identidade cultural que se fizeram importantes e refletiram a atualconjuntura política desta sociedade.
Mentirosos
As coisas não são
do jeito que me contaram
são melhores
são piores
(Ana Maria Bacca, In: Poetas e Contistas, 1989)
REFERÊNCIAS
ARQUIVO HISTÓRICO JOSÉ FERREIRA DA SILVA (AHJFS).Relatório de atividadesda APEI – Associação de Poetas e Escritores Independentes de 05/03/86 até 28/05/1988. Blumenau, 1988.
ASSOCIAÇÃO DOS POETAS INDEPENDENTES PROMOVE O CONCURSO “CHOPPOESIA 86”.O Estado, Florianópolis, 06 ago. 1986. Blumenau-Brusque, p. 10.
ASSOCIAÇÃO DE POETAS ABRE ESPAÇO PARA OS ESCRITORES INDEPENDENTES.Jornal de Santa Catarina. Blumenau, 8/9 fev. 1987. Política/Opinião, p. 2.
DAY, Adalberto. Enchente de 1983. Disponível em:http://adalbertoday.blogspot.com.br/search?q=enchente+1983&btnG=Pesquisar. Acesso em 29 abr. 2016.
DCE – Furb.Criada a API. Blumenau: FURB, mar. 1986.
FIORUCCI, Rodolfo.Considerações acerca da História do Tempo Presente.Revista EspaçoAcadêmico, Ano XI, n. 125, p. 110-121, out. 2011. Disponível em:http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/12565. Acesso em 29 abr.2016.
GOUVEIA, André.Os poetas independentes conquistam o seu espaço.Jornal A Notícia. Joinville, 11 out. 1987, p. 3.
KRZIZANOWSKI, Moacir.O cotidiano da greve têxtil.Revista Blumenau em cadernos, tomo XLV, n. 05/06, maio/jun. 2004, p. 45-66.
LARAIA, Roque de Barros.Cultura:Um conceito antropológico. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2001.
MARTINS, Rosane Magaly. Do fel ao fio: duas décadas do olhar feminino sobre o feminino. Blumenau: Nova Letra, 2011a.
MARTINS, Rosane Magaly. Veias cativas. In: RANIERE, Édio (org.).Livreto Espetacular.Blumenau: Liquidificador, 2011b. p. 23-26.
NASCIMENTO, Vilson.Rosane distribui poemas sem pudor.Jornal de Santa Catarina. Blumenau, 27 ago. 1986. Sociedade, p. 21
NASCIMENTO, Vilson.Apresentação. In: BACCA, Anaet al.Poetas Independentes. Blumenau: Fundação Casa Dr. Blumenau, 1988, p. 5-6.
PETRY, Sueli Maria Vanzuita. Blumenau e sua contemporaneidade. In:Blumenau em Cadernos. Tomo XLI – n° 9/10 – Setembro/Outubro – 2000. p. 100.
POESIA NA RUA. ARTE ONDE O POVO ESTÁ.Jornal de Santa Catarina. Blumenau, 28 out. 1986. Blumenau, p. 13.
RANIERI, Édio.O NuTE. Disponível em:https://nuteparatodos.wordpress.com/o-nute/. Acesso em 20 abr. 2016.
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SPECKART,Sidney Luiz.Novo ano, novos planos. E a cultura?.Jornal de Santa Catarina. Blumenau, 10/11 jan. 1988, p. 25.
ANEXOS
- Relatório de Atividades da APEI- Associação de Poetas e Escritores Independentes de 05/03/86 a 28/05/88, por Rosane Magaly Martins.(p. 1 -4)
- Jornal SantaCatarina, 04 mar. 1986
- Jornal Santa Catarina, 06 mar. 1986
- Jornal DCE – FURB, mar. 1986
- Imagens Varal Literário no Dia Nacional da Poesia, 14 mar. 1986
- Jornal O Estado, 06 ago. 1986
- Jornal Santa Catarina, 28 out. 1986
-Jornal Santa Catarina, 28 out. 1986
- Jornal Santa Catarina, 8/9 fev. 1987
- Imagem capa do opúsculo Couvert
- Imagem p. 1 do opúsculo Couvert
- Jornal Santa Catarina, 14 mar. 1987
- Jornal A Notícia, 11 out. 1987
- Jornal Santa Catarina, 10/11 jan. 1988
-Jornal Santa Catarina, 6/7 mar. 1988
- Ata da 53ª reunião da Associação de Poetas e Escritores Independentes – 21/05/1988.

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