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CÉLULAS SANGUÍNEAS: hematopoese e visão geral do hemograma O sangue é uma suspensão de células (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas) em um líquido complexo, o plasma (água, sais minerais, vitaminas, proteínas, glicídios, lipídios). Funções do sangue: transporte de gases, defesa do organismo, coagulação, veiculação de nutrientes, regulação térmica e hídrica, manutenção do equilíbrio ácido-básico. Volume Sanguíneo Total – VST: Aproximadamente de 6 a 8 % do peso corporal do paciente. Mulheres: apresentam em média VST de 3.000 a 4.500 mL Homens: apresentam em média VST de 3.500 a 5.800 mL Características do sangue • Circula na forma líquida. • Fora do organismo passa para o estado de gel (coágulo). • O coágulo libera uma parte líquida, o soro. HEMATOPOESE. Formação das células sanguíneas Hematopoese no período intrauterino: • Fase pré-hepática (2 semanas a 2 meses): produção de hemácias jovens pelo saco vitelínico (megaloblastos); • Fase hepatoesplênica (2 a 6 meses): produção de eritrócitos, plaquetas e granulócitos • Fase mielóide (6 meses...): produção de eritrócitos, plaquetas, granulócitos e linfócitos. Hematopoese no período extrauterino: • Fase criança • Fase adulta • Fase senil: há queda de 30% da celularidade vermelha Hematopoese local: Medula óssea: • Até os dois anos, têm origem na medular de todos os ossos. • A partir do 3º ano apenas os ossos chatos têm a função. Medular dos ossos longos com gordura 45% de elementos figurados (células) 55% de plasma (substância intercelular). Glóbulos vermelhos - Compreendem a maioria dos elementos figurados do sangue variando entre 4,0 a 6,0 milhões por mm3. - A quantidade de eritrócitos pode variar com a idade e o sexo. Glóbulos brancos - Apresentam características morfológicas e funções específicas. - Encontrados na quantidade de 5.000 a 11.000 por mm3 de sangue. Plaquetas - Consideradas como fragmentos celulares, sendo importantes no processo de hemostasia primária. - A quantidade pode variar entre 150.000 a 450.000 por mm3 de sangue. * Somente quando a parte vermelha coagula que a parte amarela é chamada de soro. Vermelha líquida = células + plasma Vermelha sólida = coágulo + soro (+gel) Soro = pobre em fibrinogênio Plasma = alto teor de fibrinogênio Hemácias. A hemácia vai envelhecendo e vai mudando sua forma (bicôncava pra esférica) pela perda de espectrinas. Existe uma doença chamada esferocitose hereditária, a qual a hemácia vai pra corrente sanguínea já arredondada (hemácia com menor tempo de vida). Quantidade: hemácias > plaquetas > leucócitos Tamanho: leucócitos > hemácias > plaquetas Hematopoese extramedular: retomada de hematopoese hepática em necessidades extremas. Função hematopoetica: extremidade de ossos longos e ossos achatados (externo, costela, parte da bacia e parte do crânio). Fase hepatoesplênica: os órgãos hematopoeticos (baço e fígado) vão passar a ser hepatolíticos na vida adulta. 50% dos ossos chatos com gordura • Hematopoese extramedular • A celularidade da medula óssea diminui com a idade: 65 anos – redução de 30% Daí em diante – reduz até 50% Ambiente da medula óssea: Estroma medular • Adequado para sobrevida, renovação e formação de cls progenitoras. • Células do estroma e microrrede vascular • Adipócitos, fibroblastos, cls endoteliais e macrófagos. • Secretam moléculas extracelulares e fatores de crescimeto. A célula tronco pluripotente tem a capacidade de auto-renovação e diferenciação nas linhagens mielóides e linfóides. A medida que se diferenciam e se dividem as células progenitoras se tornam mais restritas a uma linhagem chamadas de células precursoras unilinhagem ou Unidades Formadoras de Colônias (CFUs – colony- froming units). Células progenitoras ou precursoras de linhagem específicas, perdem o poder de auto-renovação pelo comprometimento com uma via específica. Uma célula tronco hematopoética dá origem a células tronco multipotenciais que se diferenciam em células progenitoras. As células progenitoras dão origem a duas linhagens: a linhagem mielóide (célula progenitora mielóide) que dá origem aos neutrófilos monocitos, eritrócitos, eosinófilos, plaquetas e basófilos; e a linhagem linfóide (célula progenitora linfóide) que vai dar origem a todos aos linfócitos. Esse processo é denominado hematopoese. A hematopoese depende de uma série de interações celulares mediadas por substâncias estimuladoras e depressoras, que permitem a manutenção do nível adequado das células do sangue. Os fatores estimulantes da hematopoese ou fatores de crescimento são glicoproteínas que atuam na sobrevivência, proliferação e diferenciação das células hematopoéticas. Existem várias enzimas em comum entre as cascatas envolvidas na transmissão dos sinais gerados pelos receptores tirosina quinase e pelas citocinas. Alguns destes fatores são as Célula tronco Sangue Mobilização Célula tronco Sangue Homing células tronco diferenciação autorrenovação Adipócitos: estimulam a hematopoese citocinas e tirosina-quinases. (Citocinas: eritropoetina, trombopoetina, interferons α,β e γ e Tirosina-quinase: CSF-Fatores estimulantes de colônias). Regulação da Hematopoese: Fatores de crescimento hematopoéticos • São hormônios glicoproteicos que regulam a proliferação e diferenciação das células progenitoras hematopoéticas. • Agem no local de produção ou circulam no plasma. • Também inibem a apoptose e afetam a função das cls maduras. • Formadas principalmente no estroma medular Eritropoetina no rim e trombopoetina no fígado • Podem agir em uma célula particular ou em várias Ex: Granulócitos e monócitos são estmulados pela IL-1 e TNF liberados na infecção ou inflamação. Interferon-gama inibe a hematopoese: anemia aplástica HEMOGRAMA • O Hemograma é o exame que avalia quantitativa e qualitativamente as células sanguíneas. • É o exame complementar mais requerido, fazendo parte das revisões de saúde. • Pouco invasivo e rápido • Fundamental na triagem • Indispensável ao diagnóstico e acompanhamento • Doenças infecciosas, crônicas em geral, emergência clínica, cirúrgica e trauma 1- SISTEMA RETÍCULO ENDOTELIAL Função hemolítica: • Espalhado por todo o organismo (principalmente baço e fígado). 2-ÓRGÃOS HEMATOPOÉTICOS ESPECÍFICOS Formação dos glóbulos sanguíneos: a) MEDULA ÓSSEA b) FORMAÇÕES LINFÁTICAS Controle através de complexa interação molecular entre as células na medula óssea e os fatores que atuam neste processo. Produção intensa de um tipo celular faz com que haja redução da produção dos outros tipos celulares. ERITROGRAMA: AVALIAÇÃO DA SÉRIE VERMELHA Formação dos eritrócitos na medula óssea: A eritropoese ocorre a partir dos eritroblastos, que são grandes células com nucléolos. A partir desta célula originam-se por reprodução celular o Eritroblasto basófilo, que após 24/48 horas se transforma por maturação em Eritroblasto policromático. Esta célula vive em média 24 horas e se diferencia em Eritroblasto ortocromático, onde a Hb se forma, e 12 horas depois, perde o seu núcleo e dá origem ao reticulócito. O reticulócito ainda possui resquícios de ribossomos e tem um período de vida médio de 3 dias, quando se transforma em eritrócito e é liberado da medula óssea para o sangue circulante. Durante a maturação na medula óssea, o eritrócito perde o núcleo e as outras organelas. No período de 120 dias em média, o corpúsculo é digerido pelos macrófagos, principalmenteo baço. Somente quando madura, a hemácia é capaz de exercer as suas funções com eficiência. ii= Uma célula indiferenciada, mas já orientada para a linhagem eritroblástica, é capaz de responder ao estímulo da EPO na medula óssea. Ocorrem 3 divisões mitóticas sucessivas, de modo a se formarem 16 células filhas. A divisão mitótica ocorre nos proeritroblastos, eritroblastos basófilos e nos policromatófilos. O Eritroblasto basófilo se divide em dois Eritroblastos policromatófilos. Nesta fase, ocorre a finalização da síntese de DNA, que por sua vez é controlada pelo aumento da síntese. Os eritroblastos ortocromáticos não se dividem e seus núcleos sofrem degeneração (o DNA nuclear é cercado por uma fina camada hemoglobínica do citoplasma celular e é expulso envolto numa capa de membrana). Os eritroblastos ortocromáticos perdem os núcleos também pelo processo de Fatores de crescimento e maturação na eritropoese: GM-CSF: fator estimulante de colônia granulócitos e monócitos IL-3: Interleucina 3 Epo: Eritropoese Pro-eritroblasto Eritroblasto basófilo Eritroblasto ortocromático Reticulócito Hemácia Eritroblasto policromatico MEDULA SANGUE extrusão, ou seja, sua expulsão através do citoplasma. O que sobra da célula sem núcleo é o eritrócito jovem recém formado, rico em hemoglobina ou reticulócito. Este vive cerca de 3 dias na circulação, transformando-se em eritrócito maduro. Os eritrócitos ou hemácias, são células anucleadas e sem inclusões de retículo. Os eritrócitos são as células mais numerosas no sangue, seu citoplasma é formado por 1/3 de hemoglobina e 2/3 de água. Sua função é carrear hemoglobina, que por sua vez, transporta O2 dos pulmões para os tecidos e CO2 dos tecidos para os pulmões. A medida que a célula envelhece e flexibilidade vai diminuindo, não consegue mais atravessar os sinusóides do baço e é então fagocitada pelo macrófago. RETICULÓCITOS: pontilhado basófilo; corados com azul de cresil brilhante FATOR DE CRESCIMENTO: ERITROPOETINA A diferenciação das células troncos em cada um dos componentes se dá através de fatores de crescimento, produzidos por órgãos como o fígado e os rins, obedecendo a estímulos do meio. A eritropoetina é uma glicoproteína e o principal fator de crescimento da linhagem eritróide está presente no plasma, e é produzida principalmente (90%) em células peritubulares renais (também no fígado e outros órgãos). A eritropoetina alcança a medula óssea através da circulação sanguínea e estimula os precursores de hemácias a proliferarem e se diferenciarem, aumentando assim o número de hemácias circulantes e satisfazendo a necessidade de oxigênio nos tecidos. A produção aumentada de eritropoetina associa-se principalmente a situações de hipóxia renal levando a elevação do hematócrito, como ocorre na doença pulmonar obstrutiva crônica, cardiopatia congênita, apnéia do sono, hemoglobinopatia com aumento de afinidade pelo oxigênio, metemoglobinemia hereditária, tabagismo e hipóxia renal localizada. Indivíduos que vivem em grandes altitudes estão submetidos a baixas tensões de oxigênio, determinando uma elevação da produção de eritropoetina e dos níveis médios de hematócrito. ERITROPOETINA: ESTERÓIDES E TESTOSTERONA A regulação da eritropoese é feita principalmente pela disponibilidade de ferro, quantidade de eritropoetina e síntese da hemoglobina. Alguns hormônios (esteróides, testosterona) podem aumentar a eritropoese, estimulando a produção ou potencializando o efeito da eritropoetina. Grandes doses de esteróides são administradas, às vezes, na tentativa de aumentar a produção de hemácias em pacientes anêmicos. HEMÁCIAS • Discos bicôncavos e anucleados que transportam oxigênio. • Não apresentam mitocôndrias • Vida média de 120 dias Eritrócitos, glóbulos vermelhos ou hemácias: São as células mais simples do corpo humano; têm como função, o transporte de oxigênio (dos pulmões para as células) e de gás carbônico, através da respiração. As hemácias são produzidas no interior dos ossos, a partir de células da medula óssea vermelha. Consistem essencialmente em uma Anemia, Altitude, Insuficiência Cardíaca, Doenças Pulmonares HIPÓXIA ERITROPOE TINA MEDULA ÓSSEA PRODUÇÃO DE ERITRÓCITOS •HEMATÓCRITO •VOLUME SANGUÍNEO TOTAL •TRANSPORTE DE O2 AOS TECIDOS Pra que contagem de reticulócito? Se a contagem for elevada, infere-se que a medula esta se esforçando para aumentar a quantidade de eritrócitos. Ocorre, por exemplo, numa perda sanguínea. Existe um quantitativo normal de reticulócitos no sangue (2%); MEDULA SANGUE (reticulócitos) BAÇO SANGUE (eritrócitos) membrana que recobre o citosol contendo uma solução de 33% de hemoglobina, baixa concentração de enzimas e um número limitado de outras substâncias. A forma bicôncava da hemácia normal proporciona grande superfície em relação ao volume, o que facilita as trocas de gases. As hemácias são flexíveis, passando facilmente pelas bifurcações dos capilares mais finos, onde sofrem deformações temporárias, mas não se rompem. A quantidade de hemácias nos indivíduos pode sofrer pequenas variações que dependem de fatores como idade, sexo e altitude, etc Hemácia como célula verdadeira? • O jovem eritrócito não possui retículo endoplasmático, mas exibem ainda vestígios do aparelho de Golgi, mitocôndrias, ribossomos os quais desaparecem ao cabo de um a três dias. • São impossibilitados de realizar a síntese de ácidos nucléicos ou proteínas. • Suprime a mitocôndria, eliminando a respiração celular, a realização do ciclo de Krebs e a fosforilação oxidativa fazendo com que as hemácias não mais consumam oxigênio, passando a desempenhar eficientemente sua função principal de transporte de hemoglobina, esta, intrinsecamente ligada ao transporte dos gases oxigênio (O2) e carbônico (CO2) Membrana eritrocitária: • Cargas da membrana – potencial zeta: as hemácias se repelem, impedindo a aglutinação de hemácias • Estrutura: as espectrinas que são responsáveis pela biconcavidade • Transporte 2,3-DPG: São enzimas já presentes na corrente sanguínea e é produzida de acordo com a necessidade. Quanto mais elevada for a situação de hipóxia (menor PO2), mais 2,3-DPG será produzido, mantendo o processo de transferência de oxigênio para os tecidos. A enzima é ativada pelo baixo pH e tem a capacidade de enfraquecer a ligação oxigênio-hemoglobina, permitindo que o oxigênio saia para os tecidos. HEMOGLOBINA • É uma proteína quaternária encontrada nos eritrócitos; • Parte estritamente proteica: globina • Parte não proteica: grupo prostético (radical heme) Formado por 4 núcleos de ferro + porfirina Formada por quatro monômeros, dois alfa e dois beta, cada um ligado a uma molécula de Fe através do anel de porfirina; formando uma estrutura tridimensional. Cada molécula de hemoglobina tem 4 átomos de ferro. O oxigênio dos pulmões entra nas hemácias e se combinam com o ferro da hemoglobina e são transportados pelo corpo. Uma hemácia contém 300 milhões de moléculas de hemoglobina, cada hemoglobina com quatro moléculas de oxigênio. Hemoglobinas de um indivíduo normal após os 6 meses de idade: Pode prolongar a vida útil Devido a variações nas cadeias polipeptídicas, distinguem-se vários tipos de hemoglobina, dos quais três são consideradas normais num indivíduo a partir dos seis meses de idade: hemoglobinas Hb A, HbA2 e HbF. Na tabela ao lado está representado o quadro de Hb de um indivíduo a partir de 6 meses de idade; A HbF é a única no feto, aproximadamente 100% das hemácias tem essa hemoglobina. O RN apresenta cerca de 80%, e sua taxa baixa progressivamente até o oitavo mês de idade,quando atinge porcentagem semelhante à encontrada no adulto. A hemoglobina fetal é muito ávida pelo oxigênio, tendo importante papel na vida fetal, pois o feto não tem acesso ao ar e obtém oxigênio do sangue materno, através da placenta. G6PD: Glicose-6-fosfato-desidrogenase É responsável pela produção de energia anaeróbia (10 – 15%) pois é importante na quebra da glicose para fornecimento de energia. Faz, também, o controle de radicais livres na hemácia: defesa contra agentes oxidantes Libera Glutationa redutase (anti oxidante) Defesa contra: Superóxido (O2), o H2O2 e o radical Hidroxila (OH-). ANÁLISE DO ERITROGRAMA Venopunção: • Anticoagulante EDTA (Etileno di-amino tetracético) • Coleta de sangue venoso a vácuo • Homogeneização: proporção de anticoagulante para sangue de 1:9 Alterações cronobiológicas: • Horário Aumento de eritrócitos no decorrer do dia Aumento de leucócitos à tarde Considerado irrelevante Coleta em qualquer horário • Exercício físico Leucocitose (neutrofilia) Aguardar 12 a 24 horas • Refeição Duas horas após as ricas em gordura Armazenamento do material: • O ideal é a análise imediata • Espera em homogeneizadores HEMOGLOBINAS NORMAIS % Hb A (alfa2-beta2) 95% Hb A2 (alfa2-delta2) 2,5 Hb A/c (com glicose) 2,5 Hb fetal (alfa2-gama2) 0,5 Talassemia: deficiência na produçãoo de globinas • Alfa menor, beta menor e beta maior Anemia sideroblástica: deficiência na produção do anel de perforina (alta concentração sanguínea de Fe) Anemia ferropriva: baixa concentração sanguínea de Fe Anemia falciforme: problema na globina beta • HbA deixa de ser A e passa a ser HbS Anemia hemolítica: deficiência de G6PD • 8 a 25ºC: até 12 horas • 1 a 7ºC: 24 a 48 horas Metodologias – Contadores automatizados • Wallace Colter, 1950. • Contadores eletrônicos de pequeno porte Impedância • Contadores automatizados de grande porte Citometria de fluxo • Perfuração sequencial com agulha aspiradora (probe) • Raques móveis identificadas por código de barras • Modelos robotizados: confecção e coloração de lâminas • Rápido, bom custo-benefício e redução dos erros técnicos. COMPOSIÇÃO E FAIXAS DE REFERÊNCIA DO ERITROGRAMA • Os parâmetros de um eritrograma podem variar dependendo da idade dos indivíduos, sexo e da metodologia utilizada para realização do exame, por cada laboratório. • Alguns fatores geográficos podem também afetar o número de eritrócitos Faixas diferentes para regiões específicas HEMÁCIAS – Hm: • Contagem manual (câmara de Neubauer) ou técnica automatizada (aparelho) • Unidade: milímetros cúbicos de sangue Contagem manual de hemácias • Cansativos e demorados: Propícios a erros técnicos • Substituídos por equipamentos automatizados • Câmara de Neubauer Diluir em líquido próprio (salina ou Hayem) HEMATÓCRITO – Ht: volume globular ocupado só por hemácias • Técnica manual (microhematócrito) ou técnica automatizada (aparelho) • Unidade: gramas por decilitros Contagem de Hematócrito Microcentrífuga tubos capilares cartela para microhematócrito A anemia é a doença mais prevalente em todo o mundo principalmente em países em desenvolvimento como o Brasil passando a ser um problema de saúde pública. Pode-se afirmar que, atualmente, a anemia ferropriva é o problema nutricional de maior magnitude, não só no Brasil, como em todo mundo, afetando mais de 700 milhões de pessoas e a carência de ferro é o seu principal agente etiológico sendo esse um dos principais motivos que justificam a alta prevalência da anemia microcítica. Estimativas feitas pela Organização Panamericana de Saúde apontam o Peru como o país com maior prevalência de anemia em toda América Latina, seguido do Brasil, onde 35% das crianças de 1 a 4 anos são anêmicas. Assim sendo, seriam quase 5 milhões de crianças com anemia no Brasil, apenas nessa faixa etária. Hemácias 4 a 6 milhões/mm3 Hematócrito 36 a 53% Hemoglobina 12 a 18 g/dl VCM 82 a 97 μm3 HCM 26 a 32 pg CHCM 31 a 36 g/dl RDW 11,5 a 15.5% Componentes básicos: Identificação da anemia Índices hematrimétricos: Classificação da anemia HEMOGLOBINA - Hb: • Técnica manual (cianometemoglobina) ou técnica automatizada (aparelho) • Unidade: gramas por decilitros • Padrão normal: Homens 13; mulheres 12; bebês e grávidas 11 * Grávidas: aumento de Hb, mas o plasma também aumenta ÍNDICES HEMATIMÉTRICOS: O VCM foi criado por Wintrobe, na década de 30, pela divisão do Hematócrito pela contagem de eritrócitos, e permitiu mostrar numericamente que há mesmo anemias caracterizadas por eritrócitos maiores ou menores que o normal, como a observação microscópica já sugeria. Outro índice hematimétrico, a hemoglobina corpuscular média (HCM), é calculada dividindo – se a dosagem de hemoglobina pelo numero de eritrócitos presentes no mesmo volume de sangue; a HCM, em ampla faixa, é paralela ao VCM, isto é, glóbulos grandes tem muita hemoglobina, glóbulos pequenos têm pouca. A concentração da hemoglobina corpuscular média (CHCM) é a concentração (em peso por volume) da hemoglobina dentro dos eritrócitos. Este índice avalia a hipocromia. O RDW é um subproduto da medida eletrônica do volume dos eritrócitos, que são medidos um a um, o computador do aparelho, de posse de todos os números, gera uma curva de frequência com volume em fentolitros na abscissa e numero de células na ordenada.. Valores de RDW acima de 16% indicam a presença de populações celulares heterogêneas diretamente relacionadas com o grau de anisocitose. HEMÁCIAS X 3 = HB X 3 = HEMATÓCRITO O hematócrito mede o volume globular considerando a quantidade de glóbulos vermelhos em um determinado volume de sangue. Os quatro pacientes acima apresentam diferentes volumes globulares: 1- 50%; 2-45%; 3-30%; 4- 25% . O volume de glóbulos vermelhos no sangue total é determinado pelo hematócrito que define o percentual de glóbulos vermelhos existente em um determinado volume de sangue total colhido em tubo com EDTA. A técnica mais empregada para determinação do hematócrito (Ht) quantifica as hemácias em porcentagem. A medida do hematócrito pode ser realizada através da centrifugação do sangue em tubos capilares e depois, lida em tabelas padronizadas. O hematócrito também é determinado pela medida do VCM em automação. Volume Corpuscular Médio – VCM: tamanho da hemácia • Unidade: micrômetros cúbicos NORMOCITOSE, MICROCITOSE OU MACROCITOSE Hemoglobina Corpuscular Média – HCM: teor médio de Hb na hemácia • Unidade: pictogramas * É paralelo ao VCM Concentração de HCM - CHCM: referenciar a coloração da hemácia; teor de Hb por área • Unidade: gramas por decilitros NORMOCROMIA, HIPOCROMIA, HIPERCROMIA Amplitude de Distribuição Eritrocitária – RDW: é apenas calculado por equipamento; avalia o desvio padrão da média do tamanho das hemácias; com anisocitose = grande variação. • Unidade: por cento GRAU DE ANISOCITOSE = grande variação de tamanho * Caracteriza a anemia ferropriva, por exemplo ALTERAÇÕES NOS GLÓBULOS VERMELHOS: Ao microscópio óptico podemos visualizar as alterações quantitativas e qualitativas dos glóbulos vermelhos. Pacientes com anemia apresentam alterações nos eritrócitos. Essas podem ser qualitativas e quantitativas. As hemácias sofrem alterações na sua forma, função e quantidade. As alterações quantitativas são: eritropenia; eritrocitose e policitemia, (tipo grave de eritrocitose). As qualitativas são: anisocitose; pecilocitose, também denominada de poiquillocitose e hipocromia;essas alterações ocorrem em diversos tipos de anemias. Exames de sangue simples como a determinação da hemoglobina, contagem de glóbulos vermelhos, hematócrito e índices hematimétricos podem identificar uma anemia. Lembrando que examinar estes parâmetros não substitui o exame da lâmina. Deve-se saber como avaliar uma distensão sanguínea para conduzir de forma ideal o paciente anêmico. A morfologia das hemácias frequentemente fornece importantes informações adicionais. As figuras acima representam as várias alterações que podemos encontrar em um paciente com anemia. ALTERAÇÕES QUANTITATIVAS: eritopenia, eritrocitose e policitemia. A eritropenia é a diminuição do número de glóbulos vermelhos no sangue circulante. Na eritropenia, a contagem de eritrócitos no eritrograma é no mínimo, abaixo de quatro milhões de hemácias por milímetros cúbicos de sangue. A eritrocitose é o aumento do número de glóbulos vermelhos. Na eritrocitose, o número de eritrócitos é maior que seis milhões de hemácias por milímetros cúbicos de sangue Nas policitemias o número de glóbulos vermelhos se encontra muito aumentado, o volume globular (hematócrito) está acima 60%. Podem ser divididas em: 1. Policitemia Vera: É uma doença mieloproliferativa na qual todos os setores do sistema hematopoiético fogem ao mecanismo de regulação, com hiperplasia global. Ocorre eritrocitose, leucocitose e trombocitose. O paciente pode apresentar tromboses ou sangramentos anormais além de hipervolemia e hiperviscosidade, que resultam em obstrução vascular, redução do fluxo sanguíneo, estase e hipóxia tissular. Estas alterações aumentam a incidência de trombose, tromboembolias e hemorragias. 2. Policitemia Secundária: geralmente é provocada por aumento de eritropoetina com consequente aumento no número dos eritrócitos. Ocorre geralmente devido a tumores renais e como resposta a hipóxia tissular. VCM = HT . 10 Hm HCM = Hb . 10 Hm CHCM = Hb . 100 HT 3. Policitemia Relativa: É a chamada policitemia do stress ou dos fumantes. A eritrocitose ocorre devido aos hábitos ou estado emocional do paciente. É uma pseudopolicitemia; o que ocorre na realidade é uma perda de líquidos corporais. ALTERAÇÕES QUALITATIVAS: anisocitose, pecilocitose e hipocromia; estão relacionadas com tamanho, forma e concentração da hemoglobina na hemácia. A anisocitose é a alteração no volume (tamanho) do eritrócito. Algumas anemias, como por exemplo, as provocadas por deficiência de ferro, apresentam em distensões sanguíneas, hemácias com o volume diminuído. Essas hemácias são denominadas de micrócitos. Nas anemias ferroprivas o primeiro estágio caracteriza-se como normocítico e normocrômico. O segundo estágio apresenta microcitose discreta, com hipocromia discreta ou sem hipocromia e o último estágio caracteriza-se como microcítico e hipocrômico. A anisocitose é o primeiro sinal morfológico da anemia ferropriva, como consequência o RDW fornece valores aumentados. As deficiências de vitamina B12 e ácido fólico, provocam aparecimento de hemácias grandes nas distensões sanguíneas, essas hemácias com o tamanho aumentado, são denominadas de macrócitos. Os macrócitos resultam da omissão de divisões durante a maturação dos eritrócitos e são encontrados em distúrbios da eritropoese com maturação nuclear anormal. A microcitose representa uma evidência morfológica da capacidade diminuída dos precursores das hemácias na produção de hemoglobina que ocorre devido a: 1. Ferro insuficiente chegando aos normoblastos para a síntese normal de hemoglobina, quando, o conteúdo de ferro total no organismo está reduzido (anemia ferropriva) ou, a liberação do ferro pelos fagócitos mononucleares está prejudicada, apesar do conteúdo total no organismo ser adequado. 2. Defeitos genéticos hereditários que diminuem a síntese de uma das cadeias polipeptídicas da globina. 3. Afecções incomuns que prejudicam a função de enzimas que catalisam a síntese do heme. As anemias macrocíticas podem se enquadrar em duas categorias morfológicas: 1. Anemias macrocíticas com macrócitos ovais e células em lágrimas: Esses achados morfológicos de eritropoese bastante alterada são encontrados em anemias megaloblásticas e miolofibrose com metaplasia mielóide extramedular. ERITROPENIA < 4 milhões /mm3 ERITROCITOSE > 6 milhões /mm3 POLICITEMIA Ht > 60% ANISOCITOSE POLICITEMIA RELATIVA POLICITEMIA VERA ESTRESSE FUMO A forma mais grave, porque sem tratamento o paciente apresenta sobrevida de 2 anos apenas, devido a tromboses ou hemorragias fatais. POLICITEMIA SECUNDÁRIA TUMOR RENAL HIPÓXIA TISSULAR OU AUMENTO DA ERITROPOETINA P O L IC IT E M IA 2. Anemias macrocíticas com macrócitos predominantemente redondos: Esse tipo de morfologia macrocítica se encontra em doença hepática crônica, pacientes tratados com agentes quimioterápicos citotóxicos, anemia aplásica refratária, entre outras. A pecilocitose ou poiquilocitose é a alteração na forma do eritrócito, que ocorre em muitas doenças, tais como: hemoglobinopatias, processos de hemólise, doenças hepáticas, etc. A nomenclatura da pecilocitose, está relacionada a forma que a hemácia adquire nas distensões sanguíneas. Pode ser visualizada em microscopia óptica. ✓ Ovalócitos, quando ovais; ✓ Esquizócitos, quando amorfas; ✓ Esferócitos, quando em forma de esfera; ✓ Eliptócitos, quando em forma de elipse ✓ Hemácias em alvo, quando em forma de alvo; e assim por diante... Observamos em microscopia óptica, que pacientes com talassemias - 2 apresentam predominância de células em alvo nas distensões sanguíneas. PECILOCITOSE A N IS O C IT O S E MICROCITOSE MACROCITOSE VCM (<80 fl) anemia microcítica VCM (>97 fl) anemia macrocítica A hipocromia demonstrada nesta distensão sanguínea, caracteriza uma diminuição na síntese de hemoglobina desse paciente. O conteúdo hemoglobínico encontra-se diminuído e é evidente, uma palidez nos glóbulos vermelhos, visualizados através da microscopia óptica. ✓ A hipocromia pode ocorrer nas talassemias e deficiências de ferro severa. O índice hematimétrico que está relacionado com o conteúdo hemoglobínico é o CHCM- concentração da hemoglobina corpuscular média. Na hipocromia o CHCM está baixo, isto é, abaixo de 31 gramas por decilitros. ERITROGRAMA. O eritrograma é um exame de triagem rápido, simples e de baixo custo, que permite visualizar as alterações nos glóbulos vermelhos, apresentadas pelo paciente e permite também uma orientação no diagnóstico da provável anemia do indivíduo. A finalidade do eritrograma é classificar a anemia com base no tamanho das hemácias, para verificar, por exemplo, uma deficiência de ferro ou de vitamina, como a cobalamina. Identificar alterações morfológicas nas hemácias a fim de investigar hemoglobinopatias, esferocitoses, eliptocitoses etc. Além disso, o eritrograma, associado a uma contagem de reticulócitos, pode fornecer dados para identificar as bases cinéticas de uma anemia, como produção insuficiente por algum distúrbio na hematopoese, por exemplo, ou perda sanguínea por hemorragia ou hemólise. HIPOCROMIA P E C IL O C IT O S E Hemácia em lágrima Esferócito Ovalócito Eliptócito Esquizócito Hemácias em alvo As hemácias em alvo surgem também, nas deficiências de ferro e doenças hepáticas severas. Os estomatócitos estão associadosao alcoolismo crônico e agudo, e também, a doenças hepáticas Os drepanócitos costumam estar presentes em distensões sanguíneas de pacientes com doença falciforme. As hemácias desses pacientes podem ser submetidas, in vitro, à desoxigenação pelo metabissulfito de sódio, sendo vistas ao microscópio com a forma de foice. Essa forma é característica de hemácias que contem hemoglobina “S“ no seu interior H IP O C R O M IA ERITROBLASTO ORTOCROMÁTICO ERITROBLASTOS BASOFÍLICOS A presença de hemácias jovens em distensões sanguíneas, do sangue periférico, pode sugerir uma hemólise intensa com medula hiperegenerativa. ✓ Nas anemias auto-imunes é comum a presença de eritroblastos ortocromáticos revelando a hemólises. ✓ A presença de eritroblasto basofílico no sangue periférico pode sugerir desordens hematológicas, como por exemplo leucemias. HEMÁCIAS 2.500.000 / mm 3 de sangue HEMATÓCRITO 13,7 % HEMOGLOBINA 3,9 g% VCM 54,7 fentolitros HCM 15,4 picogramas CHCM 28,2 gramas/decilitros RDW 35,2 O resultado ao lado revela uma anemia microcítica e hipocromica num paciente com anemia ferropriva muito grave. Observa-se que o paciente apresenta uma eritropenia e o Ht e Hb muito baixos. O RDW alto revela uma anisocitose intensa. O índice RDW vem sendo utilizado como ferramenta complementar no diagnóstico de alguns tipos de anemias. Na interpretação do eritrograma, com suspeita de uma anemia, deve ser dada atenção especial ao número de eritrócitos (Hm), valores de hemoglobina (Hb), Hematócrito (Ht), assim como aos índices hematimétricos (VCM, HCM, CHCM e RDW), além da observação da morfologia eritrocitária, para se possibilitar possíveis diagnósticos. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE ANEMIA: Redução da hemoglobina – Homens: <13,0 mg/dL – Mulheres: < 12,0 mg/dL – Gestantes e crianças: < 11,0 mg/dL Legenda RBC-Hemácias HGB-Hemoglobina HCT-Hematócrito MCV-Volume corpuscular médio MCH-Hemoglobina corpuscular média MCHC-Concentração da hemoglobina corpuscular média RDW-Índice de distribuição das hemácias H-high- Alto L-Low- Baixo + - Intensidade Eritrograma de paciente com anemia macrocítica por automação. Observar o VCM e o RDW muito altos. A eritropenia acentuada, Hb e Ht muito baixos, demonstram a gravidade do processo. O aparelho liberou vários sinais de alerta (flegs)
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