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Aula 2 - Wilhelm Reich - Psicanálise

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W i l h e l m R e i c h
A Clínica do Homem Encouraçado
Módulo II – Wilhelm Reich
Reich nasceu em 24/03/1897 na Galícia ucraniana, parte do império Austro-húngaro
filho de pais camponeses, possuía um irmão 3 anos mais novo
Tinha uma vida familiar atribulada, sua mãe a qual ele idolatrava, não era feliz em seu casamento, vindo a se suicidar quando Reich tinha 14 anos
O pai ficou arrasado com a morte da esposa e pouco tempo depois contraiu pneumonia que evoluiu para uma tuberculose,	 vindo falecer 3 anos mais tarde 
o irmão também morreu de tuberculose aos 26 anos
Após a morte do pai, Reich continuou os estudos e ao mesmo tempo em que dirigia a fazenda
V i d a d o a u t o r
Em 1916, porém, com 19 anos, a guerra se espalhou e destruiu sua propriedade
Reich deixa a fazenda e se alista no exército austríaco, torna-se oficial e luta na Itália
Em 1918 ingressa na Escola Médica de Viena, formando-se em 1922
Destacou-se brilhantemente nos estudos participando ativamente dos Seminários de Sexologia promovidos pelos 
 próprios alunos
é a partir do interesse neste tema que vem a conhecer Freud em 1919, quando ingressa na Sociedade Psicanalítica de Viena
V i d a d o a u t o r
A partir do ingresso na Psicanálise, começou a formular algumas ideias controvertidas, encontrando certa resistência entre os psicanalistas, mas ainda gozava de certo prestígio
Entre 1924 e 1930 assumiu a direção dos seminários de Psicoterapia, sendo nomeado subdiretor da Policlínica Psicanalítica entre os anos de 1928 e 1930
Em sua vida e obra, podemos destacar 3 grandes momentos:
(1919↔1926): Momento de dedicação à Psicanálise com atenção à sexualidade e sua relação com as neuroses
(1927↔1935): Momento de crítica à Psicanálise ortodoxa, com a proposta de uma psicanálise revolucionária próxima ao Marxismo
(1936↔1957): Abandono gradual da práxis político-psicanalista e incursão pela Fisiologia, Biologia até a Cosmogonia
V i d a d o a u t o r
Parte I
 
Reich e a Psicanálise
Ao se aproximar da Psicanálise, o conceito de libido como energia psíquica e a relação desta energia com as ideias e representações mentais chamam a atenção de Reich que...
... logo estende a relação entre estes dois conceitos com a influência somática, associando ideia psíquica, libido e origem somática aos sintomas neuróticos dos pacientes que se deparava
Percebe que a intensidade de uma ideia psíquica depende do grau de excitação somática a qual se acha conectada, ou seja:
indivíduos com baixa excitação sexual têm dificuldade maior em evocar ideias de conteúdo sexual, ao contrário daqueles com alta excitação sexual, que apresentam fantasias intensas e vívidas;
após a satisfação sexual, as ideias voltam a surgir de maneira tênue e imprecisa, enquanto que o impedimento da ideia sexual em indivíduos com alta excitação não diminui a excitação 
Reich e a Psicanálise
Seu ponto de partida é a classificação proposta por Freud no ano de 1915, ao sugerir etiologias distintas para o surgimento das neuroses:
a) Psiconeuroses: neuroses com causa psíquica cujo sintomas são a expressão simbólica de conflitos infantis
b) Neuroses atuais: causadas por uma disfunção somática atual, originada a partir da insatisfação sexual
A relação das neuroses com a sexualidade surge na obra de Freud (1895) relacionada primeiramente com as neuroses atuais, somente depois, com o nascimento da Psicanálise é que as primeiras começam a ganhar maior importância
ao longo de sua construção teórica Freud chega a propor uma relação entre elas e ainda que não viesse a retomar estes conceitos, tais ideias tiveram forte influência na obra de Reich
Reich e a Psicanálise
Alguns psicanalistas rejeitaram a ideia de Freud, alegando que toda neurose tem origem psíquica e não somática.
Freud não se preocupou, mas também não retomou a proposta de um núcleo neurótico atual. Já Reich destacou 2 conceitos freudianos:
a relação entre origem psíquica e origem somática da neurose: relação entre ideias e excitação somática
que um núcleo neurótico atual, resultante da frustração sexual, possa ser atuante na psiconeurose
Fator atual 
(pressões morais, sociais)
Frustração 
(do desejo sexual)
Estase
Libidinal
Sintoma neurótico atual 
(núcleo neurótico atual)
desencadeia
Psiconeurose 
(conflitos infantis)
Reich e a Psicanálise
A partir daí, Reich conclui que:
se uma excitação (somática) energiza uma ideia (psíquica) e se esta é incompatível com a consciência (por razões morais), será inibida e se frustrará, enquanto a energia se acumula (estase) sem poder se realizar
esta energia acumulada (estásica) terá que se associar a outra ideia para “descarregar-se”, podendo, então, conectar-se a ideias associadas a conflitos infantis
o que originaria os sintomas neuróticos
Para Reich as psiconeuroses aparecem sobre a base de uma inibição sexual atual, portanto:
as psiconeuroses têm um núcleo neurótico atual e as neuroses atuais têm uma superestrutura psiconeurótica
Reich e a Psicanálise
Para Reich a neurose é um transtorno somático devido à frustração e consequente desvio da energia sexual
psiconeurose  neuroses atuais
O desvio da energia é sempre resultante de uma inibição psíquica:
Na normalidade: energia  ideia
Na neurose:
energia
(inibição psíquica)
ideia
energia
acumulada
ideias infantis substitutas das ideias atuais
(em sua origem não patológicas, mas agora sobrecarregadas de energia sexual)
ideia
Reich e a Psicanálise
A energia não satisfeita/realizada, ou seja, a energia estásica pode se manifestar de duas formas:
Através de sintomas neuróticos (neurose obsessiva, fobia irracional)  neurose sintomática
Através de traços de caráter neurótico (ordem excessiva, timidez ansiosa)  neurose assintomática
Reich e a Psicanálise
energia
(inibição psíquica)
ideia
energia
acumulada
ideias infantis substitutas das ideias atuais
(em sua origem não patológicas, mas agora sobrecarregadas de energia sexual)
ideia
Reich não chega a desenvolver uma teoria da personalidade, mas a sua gênese estaria diretamente relacionada à construção do caráter, ou da couraça caracterológica
O conceito de caráter foi inicialmente discutido por Freud (Caráter e Erotismo Anal, 1908), mas foi Reich quem utilizou a análise e interpretação do caráter como recurso técnico, ao invés de analisar somente os sintomas dos pacientes
o caráter é um conceito psicanalítico que enfatiza a necessidade do ego em se defender das forças externas e instintivas (internas)
Para Reich o caráter se compõe das atitudes habituais de uma pessoa e de seu padrão consistente de respostas para as mais variadas situações de vida
à medida que estas defesas do ego se tornam cronicamente ativas e automáticas elas evoluem para a formação de uma couraça caracterológica
O C a r á t e r 
Deste modo a formação do caráter tem por base o conflito entre as demandas pulsionais e o meio externo
Trata-se de uma função egóica de proteção, ligada às pulsões de autoconservação, podendo ser considerada portanto um mecanismo de proteção narcísica
O caráter, portanto inclui atitudes e valores conscientes, estilo de comportamento (timidez, agressividade) e atitudes físicas (postura, hábitos de manutenção e movimentação do corpo)
O C a r á t e r 
Id
(demandas internas, pulsões, desejo)
Ego
Demandas Externas
(algumas introjetadas e internalizadas pelo superego)
Ego
Id
Pressões
Externas
Caráter
O C a r á t e r 
Do ponto de vista econômico da energia, temos:
a energia libidinal não realizada se concentra (estase) forçando a sua realização (saída)
uma parte desta energia será utilizada pelo ego sob a forma de uma formação reativa (contracatexia), a fim de reprimi-la
Há, portanto, formação de um círculo vicioso onde:
Este desenvolvimento vai formando “camadas” e estratificações do caráter, o resultado final seria o modo como o ego se organizou para lidar
com estas forças ao longo do desenvolvimento
O C a r á t e r 
inibição
estase
Há aumento das 
forças repressivas
(aumenta)
(força o ego)
Cronificação do caráter
ou da couraça caracterológica
Breve revisão de alguns conceitos psicanalíticos
Para Freud grande parte da vida mental é inconsciente, constituído de impressões de natureza sexual
sexualidade que em psicanálise não deve ser confundida com genitalidade, vez que esta última é apenas umas das possíveis formas de manifestação da sexualidade
A sexualidade, portanto nada mais é que o modo como o impulso (representante psíquico das excitações internas) se organiza e procura satisfação (resolução)
impulso é, portanto uma forma de energia que se situa entre o somático e o psíquico, apresentando 4 características básicas:
Origem
Especificidade
Objetivo
Objeto
Sexualidade e Impulso
A origem da energia do impulso é somática e se localiza na região onde a excitação nasce
Sua especificidade se configura em uma força contínua que visa a satisfação ...
... alcançá-la de um modo específico é o objetivo do impulso, o qual necessitará de ...
... um objeto para a sua realização
satisfação é, portanto entendida como a diminuição da intensidade da pressão ocasionada pela excitação
Freud dividiu os impulsos em duas categorias:
Autoconservação: ligados à necessidades fisiológicas de sobrevida
Sexuais: sem ligação às necessidades fisiológicas de sobrevida
Sexualidade e Impulso
Inicialmente, no início da vida, os processos mentais são orientados pelo princípio do prazer-desprazer (primário)
esforço para alcançar prazer e evitar/afastar-se de situações que possam suscitar desprazer
Ao levar em conta a realidade os processos mentais se veem obrigados a adiar a satisfação do impulso, e um novo princípio de funcionamento é introduzido:
embora mais limitado, se torna uma fonte de satisfação segura, que leva em conta a realidade (processo secundário)
Qual dos impulsos são os primeiros a ceder ao p. da realidade?
Sexualidade e Impulso
excitação
interna
externa
impulso
sexual
auto
conservação
pré-genital
genital
Em termos de objeto, os impulsos de natureza sexual, denominados de libido podem fazer 2 formas de investimento:
em um objeto externo/diferente/não-eu
Libido objetal  catexia
ou no próprio eu, direcionada ao ego
Libido do ego  contracatexia
Em sua constituição/origem, o ego necessita ser investido pela libido, formando o que Freud denominou de:
Narcisismo primário  processo normal, dentro do curso regular do desenvolvimento libidinal, diferente de ...
Narcisismo secundário  processo patológico, quando após uma escolha objetal ter sido feita o sujeito recorre ao narcisismo
A libido e o ego
Para a libido evoluir de um investimento narcisista para um investimento objetal é necessário percorrer os diferentes estágios psicossexuais, incluindo o complexo de Édipo
O caráter, portanto envolve a aquisição e estruturação de um certo número de traços e marcas deixadas no sujeito ao longo de seu processo de desenvolvimento
uma postura típica do sujeito frente aos diferentes acontecimentos e situações de vida
Fase oral
Fase anal
Fase fálica
 C o m p l e x o d e É d i p o 
Latência
Fase Genital
Libido e Caráter
Fases pré-edípicas 
Desenvolvimento psicossexual
Fase oral
de sucção
canibal 
Fase anal
de expulsão
de retenção
Fase fálica
C o m p l e x o d e É d i p o
Período de latência
Fase genital
Libido e Caráter
Relação objetal
Relação narcisista
Relação autoerótica
Gênese da couraça
inibição por pressões externas
Contracatexia (parte da energia do id é utilizada pelo ego para inibir o desejo)
pulsão
reprimida
energia
libidinal
traço de caráter (a libido cria brechas através da couraça)
o trabalho de defesa egóica leva a um disfarce dos desejos sexuais
... aparece no comportamento, como um traço de caráter que busca a gratificação parcial do desejo – (diminuição da tensão)
inibição
uma nova contracatexia passa a impedir a emergência de tal traço, dando origem a um novo comportamento
traço superficial de caráter, que atinge uma conciliação parcial entre a realização indireta do desejo e as demandas sociais
... e assim sucessivamente até o indivíduo encontrar um traço de caráter relativo socialmente aceito
Este traço se mantém até que novas pressões externas forcem uma inibição
estratificação do caráter
A realização indireta e parcial das pulsões sexuais torna-se possível através de brechas mais ou menos fixas, na couraça, que se interpõem entre o ego e o mundo exterior
No entanto, devido à realização apenas parcial da libido, a energia represada aumenta levando à:
cronicidade e rigidez da couraça
diminuição do prazer sexual e da capacidade de descarga
A falta de satisfação sexual e a frustração dos desejos levam a uma reação agressiva que também acaba sendo inibida gerando novamente angústia
Através de “fendas” na couraça a libido pode fluir, de modo pouco móvel, para o exterior (libido objetal) ou refluir para o ego (libido narcísica)
Libido e Caráter
energia
libidinal
Realização direta da energia (libido objetal)
libido
narcísica
Realização parcial da energia (libido objetal)
Libido e Caráter
Possibilidades de realização da libido
Id
Caráter Neurótico
Caráter Genital
Ego/Couraça
Energia estásica
Energia libidinal
Id
Caráter Neurótico
há um encouraçamento crônico que leva a atitudes rígidas diante das diferentes demandas
resultando em um modo de reação estereotipado
A energia sexual não pode descarregar-se pela plena potência orgástica, devido às repressões, canalizando-se para pontos de fixação pré-genitais, ou seja ...
a energia libidinal não consegue se ligar ao prazer genital (coito)
A energia se liga a outras formas de prazer (pré-genital):
sexo oral, anal, jogos sadomasoquistas, homossexualidade, voyeurismo, masturbação ou abstinência sexual
Caráter Neurótico x Genital
Caráter Genital
a couraça torna-se móvel e adaptativa, pois:
há a realização direta da energia, ou indireta, através da sublimação
Estabelece-se a primazia genital e a plena descarga orgástica (é capaz de experimentar livre e plenamente o orgasmo sexual, descarregando por completo toda a libido excessiva)
as pulsões pré-genitais canalizam-se para as realizações genitais e estabelecem com elas, uma unidade (primazia genital)
Caráter Neurótico x Genital
realização sexual
sublimação
(inibição sem recalcamento)
fluxo
energia libidinal
Caráter Neurótico x Genital
Caráter Neurótico
(impotência orgástica)
Caráter Genital
(potência orgástica)
energia
libidinal
(estase da energia) 
liga-se a pontos de fixação pré-genital
Realização parcial
da energia
energia
libidinal
sublimação (realização indireta)
inibição sem recalcamento
 (não há energia acumulada, a descarga orgástica é total)
Embora não tivesse formulado uma teoria a respeito da personalidade, Reich a considerava como:
a somatória funcional de sua história incorporada ao presente sob a forma de atitude de caráter (Traços de caráter), os quais...
condensam em si toda a história de conflitos enfrentados pelo indivíduo e suas consequentes resoluções
Os traços de caráter são resultados de forças defensivas repressoras sentidas como partes integrantes da personalidade, aceitas pelo ego (neurose assintomática)
por exemplo: preocupação com ordem e limpeza (a pessoa pode ter estas características bem evidentes, porém, esse traço não é significativo ou patológico)
Traço de caráter e Sintoma
Quando esta couraça não consegue dar conta de equilibrar as forças que controlam a realização da libido, irrompem-se através da couraça caracterológica os sintomas neuróticos
Os sintomas neuróticos geralmente são vivenciados como estranhos ao indivíduo, como elementos exteriores à psiquê, levando-o a uma disfuncionalidade (neurose sintomática)
por exemplo: comportamento obsessivo-compulsivo
de ordem e/ou limpeza dentro de um quadro de Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) – o problema é significativo e patológico
A timidez ansiosa pode ser um exemplo de um traço de caráter frente a uma pulsão pré-genital (fase fálica  desejo de ser admirado, de possuir atributos que os outros almejam), sua expressão se deve à formação reativa conhecida como vergonha, o que pode predispor o indivíduo a desenvolver um sintoma neurótico de Fobia Social
Traço de caráter e Sintoma
Para Freud, a eliminação dos sintomas ocorre através da conscientização dos conflitos inconscientes, assim como da compreensão da angústia
Para Reich, não basta apenas tornar consciente os conflitos infantis (inconscientes), é necessário ainda, eliminar a fonte de energia que sobre eles investe (energia estásica), ou seja, a perturbação de descarga orgástica
No entanto, Reich irá perceber que o conflito ainda 
 se mantém “energetizado” mesmo após o restabele-
 cimento de relações sexuais pelo paciente
isto leva Reich à análise da função do orgasmo
Freud x Reich
A descarga da energia libidinal só ocorre quando o orgasmo é pleno  plena potência orgástica
A plena potência orgástica se dá em indivíduos onde ocorra a primazia genital
são os indivíduos capazes de atingir os movimentos ondulatórios do corpo
A Função do Orgasmo
Orgasmo
Tensão
(carga energética)
Queda da
excitação
movimentos
involuntários
Relaxação
(descarga energética)
Controle
voluntário
Relaxamento
Penetração
Quando não ocorre a primazia do genital (há investimento em fantasias pré-genitais) a descarga não é total, mantendo-se grande parte da energia em estase, gerando:
impotência orgástica
A impotência orgástica aumenta a quantidade de energia acumulada (estásica), gerando angústia e realimentando a pré-genitalidade do sujeito
A frustração gera agressividade e angústia, estas por formação reativa fortalecem a couraça caracterológica neurótica e acumulam cada vez mais energia:
Etiologicamente, há tanta angústia por trás da excessiva polidez de uma pessoa quanto por trás da reação grosseira e ocasionalmente brutal de outra. Uma diferença nas circunstâncias determina a maneira como uma pessoa lida ou tenta lidar com esta angústia (Reich – Análise do Caráter 1933 – 1945 – 1949).
A Função do Orgasmo
As principais contribuições de Reich à Psicanálise referem-se a introdução da técnica de análise do caráter, onde:
ao invés de analisar o conteúdo dos sintomas, interpreta-se e confronta-se o paciente com seus traços de caráter
Os fundamentos (metapsicologia) de Reich para esta técnica centram-se na ideia de que a neurose de caráter (assintomática) é anterior à neurose sintomática
o sintoma é apenas a eflorescência da estrutura de caráter , assenta-se sempre em uma neurose de caráter
Analisar o caráter é analisar as resistências do paciente à terapia, à associação livre
Resistência = busca ativa e repetitiva do direito de continuar a existir, ou seja, o modo como o indivíduo se organizou para lidar com as adversidades (internas e externas) = caráter
Análise do caráter

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