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FACULDADE 7 DE SETEMBRO 
 
 
 
 
 
CURSO: Administração 
DISCIPLINA: Pesquisa de Mercado 
PROFESSORA: Lorena Lourenço 
MATERIAL DO ALUNO 
– UNIDADE I 
 
 
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO 
Unidade I - Introdução à Pesquisa 
1.1 Conceitos e definições de pesquisa 
1.2 Aplicação da pesquisa para a área de Marketing 
1.3 Papel da pesquisa de marketing na tomada de decisões 
1.4 Sistema de Informações de Marketing e a pesquisa 
1.5 Visão Geral das Etapas do Processo de Pesquisa de marketing 
 
Unidade II- Planejamento da pesquisa de marketing 
 
2.1 Reconhecimento/formulação do problema 
2.2 Determinação dos objetivos e hipóteses de pesquisa 
2.3 Tipos de Pesquisa 
2.4 Métodos de Pesquisa 
2.5 Métodos de coleta de dados 
2.6 Meios de coleta de dados 
2.7 População x Amostra 
2.8 Planejamento da coleta de dados 
 
Unidade III - Execução da pesquisa 
3.1 Preparação do campo (pré-teste) 
3.2 Realização do do campo 
3.3 Tabulação, Análise, Interpretação e Conclusão dos resultados 
 
UNIDADE IV – Comunicação dos Resultados 
4.1 Comunicação dos resultados (conclusões e recomendações) 
4.2 Redação de relatório de pesquisa (gráficos, tabelas, figuras e textos) 
4.3 Apresentação dos principais resultados da pesquisa 
 
 
 
 
 
 
 
 
Unidade I - Introdução a Pesquisa 
 
1.1 Conceitos e definições 
 
Os negócios de pesquisa de marketing passaram a desenvolver-se no Brasil por 
solicitação de filiais de empresas de origem nos EUA aqui instaladas. 
 
O primeiro registro de pesquisa realizada no Brasil data de 1934 e refere-se ao estudo 
sobre hábitos e preferências de consumidores de café, realizada pela agência de 
publicidade N.W.Ayer (de origem nos EUA) para o Departamento Nacional do Café. A 
N.W.Ayer havia montado escritório no Brasil, em 1931, com uma filial para atender a 
Ford. Foi um período em que diversas empresas estrangeiras instalaram operações aqui, 
induzindo suas agências de publicidade a fazerem o mesmo para atendê-las. Foi dessa 
época a vinda de J. Walter Thompson (1929) para atender a General Motors e da 
McCann-Erickson para atender a Unilever. 
 
A Pesquisa de Mercado é uma ferramenta importante para que se obtenha informações 
valiosas sobre o mercado em que atua ou pretende atuar. Quanto maior o conhecimento 
sobre o mercado, clientes, fornecedores, concorrentes, melhor será o desempenho do 
negócio. 
 
O que é? 
 
Pesquisa de mercado é a coleta de informações junto ao consumidor, concorrente ou 
fornecedor para orientar a tomada de decisões ou solucionar problemas de empresários 
e empreendedores. 
 
Uma definição mais formal de pesquisa de mercado, segundo a Associação Nacional de 
Empresas de Pesquisa de Mercado (ANEP): 
 
“A coleta sistemática e o registro, classificação, análise e apresentação objetiva 
de dados sobre hábitos, comportamentos, atitudes, valores, necessidades, opiniões e 
motivações de indivíduos e organizações dentro do contexto de suas atividades 
econômicas, sociais, políticas e cotidianas”. 
 
Segundo a American Marketing Association, 
 
“Pesquisa de marketing é a função que liga o consumidor, o cliente e o público ao 
marketing através da informação – informação usada para identificar e definir 
oportunidades e problemas de marketing, gerar, refinar e avaliar a ação de marketing; 
monitorar o desempenho de marketing e aperfeiçoar o entendimento de marketing como 
um processo. Pesquisa de marketing especifica a informação necessária destinada a 
estes fins; projeta o método para coletar informações; gerencia e implementa o processo 
de coleta de dados; analisa resultados e comunica os achados e suas implicações”. 
 
“Pesquisa de marketing é a função que vincula consumidor, cliente e público ao 
profissional de marketing por meio de informações – as quais são utilizadas para 
identificar e definir oportunidades e problemas de marketing: gerar, refinar e avaliar as 
ações de marketing; monitorar o desempenho de marketing; e aprimorar a compreensão 
de marketing como um processo”. (CHURCHILL, 2011) 
 
Vale salientar que as denominações pesquisa de mercado e pesquisa de marketing são, 
frequentemente, e erroneamente, usadas como sinônimos. Enquanto a primeira restringe 
o seu foco ao mercado da empresa ou de um produto seu, a segunda compreende a 
pesquisa de todo tipo de dado que diz respeito a atividade de Marketing da empresa, 
incluindo os elementos abrangidos pela pesquisa de mercado, como: levantamentos de 
mercado, previsão de demanda e de vendas, pesquisa da imagem da empresas e seus 
produtos, etc. 
 
Portanto, pode-se estabelecer como diferenças entre pesquisa de mercado e pesquisa 
de marketig: 
- Pesquisa de mercado: lida com questões mais abrangentes do mercado. Relaciona-se 
com todas as variáveis incontroláveis do marketing. É de interesse de toda a 
organização. 
- Pesquisa de marketing: lida com questões específicas do marketing. Relaciona-se com 
todas as variáveis controláveis do marketing. 
 
Quando realizada corretamente, a pesquisa de mercado oferece informações 
consistentes, que, somadas à experiência e ao sentimento do empreendedor, tornam o 
processo decisório mais rico e preciso. 
 
Ações como visitar a concorrência para verificar os pontos fortes e fracos, ouvir 
reclamações de clientes ou mesmo observar como as pessoas caminham dentro de uma 
loja são importantes fontes de informações, muitas vezes desprezadas por novos e 
antigos empresários. 
 
Por que fazer? 
 
Pesquisa de mercado deve ser feita para verificar a validade e a viabilidade de uma 
hipótese ou responder questões-chave do negócio. 
 
Ela deve ser entendida apenas como um meio para obter informações e 
conseqüentemente dar base a decisões melhores no âmbito do marketing da empresa 
ou futura empresa. Não se faz pesquisa apenas por fazer. Antes de qualquer coisa 
precisa haver uma dúvida, uma questão, uma percepção de que algo ocorre no mercado. 
 
A empresa deve recorrer às pesquisas sempre que tiver que tomar decisões de 
marketing importantes, tais como: 
 
• Expandir a área geográfica de atuação, 
• Entrar em novos segmentos de mercado ou canais de distribuição, 
• Lançar ou aperfeiçoar produtos e serviços, 
• Dimensionar a equipe de vendas, 
• Credenciar revendedores ou distribuidores, 
• Escolher um ponto comercial, 
• Definir qualidade e variedade dos produtos e serviços a ser comercializados, 
• Definir os meios de divulgação mais adequados, 
• Ajustar preços, 
• Posicionar produtos e marcas, 
• Iniciar um novo negócio (deve fazer parte do plano de negócios). 
 
Para que serve? 
 
• Para conhecer e monitorar o mercado consumidor e concorrente; 
• Dimensionar a demanda; 
• Verificar a presença do público-alvo (clientes e prospects); 
• Avaliar resultados de ações de marketing; 
• Identificar e dimensionar problemas ou necessidades; 
• Observar tendências; 
• Avaliar a satisfação dos consumidores; 
• Testar produtos e estratégias antes do seu lançamento; 
• Analisar as práticas da concorrência (quantidade e agressividade); 
• Monitorar a dinâmica e o comportamento dos diferentes segmentos e nichos. 
 
A pesquisa de mercado ganha importância à medida que os mercados ficam cada vez 
mais saturados de competidores e as mudanças no comportamento dos clientes se 
tornam mais intensas e freqüentes, deixando o processo de decisão de marketing cada 
dia mais complexo. 
 
Quem realiza a pesquisa? 
 
As três principais categorias de empresas que conduzem pesquisa de marketing são: 
produtores de bens e serviços; agências de publicidade; empresas de pesquisa de 
marketing. 
 
- Produtores de bense serviços 
 
A pesquisa de marketing começou a crescer, de fato, quando as empresas descobriram 
que não poderiam mais vender tudo o que conseguiam produzir, e sim que teriam que 
medir as necessidades de mercado e produzir na mesma proporção. Recorreu-se, então, 
á pesquisa de marketing para estimar as necessidades. A medida que os consumidores 
passarem a ter mais opções no mercado, o marketing passou a a assumir um papel mais 
dominante em relação à produção. Emergiu o conceito de marketing e junto com ele a 
reorganização do esforço de marketing. Muitos departamentos de pesquisa de marketing 
nasceram com essa reorganização. 
 
Embora o crescimento do número de novos departamentos de pesquisa de marketing 
tenha diminuído recentemente, a maioria das grandes empresas tem uma ou mais 
pessoas designadas especificamente para a atividade de pesquisa de marketing. Esses 
departamentos são comuns nos fabricantes industriais e de bens de consumo, que 
realizam pesquisas projetadas para desenvolver e comercializar os produtos que 
fabricam. Esses departamentos também são comuns em editoras e empresas de rádio e 
televisão, que realizam uma quantidade considerável de pesquisas com o objetivo de 
medir o tamanho do mercado alcançado com a sua mensagem e traçar um perfil 
demográfico de suas audiências. 
 
- Agências de publicidade 
 
As agências de publicidade geralmente realizam pesquisas destinadas a auxiliar na 
elaboração de campanhas publicitárias eficazes. Isso envolve testar abordagens 
alternativas á redação ou à arte usada no anúncio, ou ainda, investigar a eficácia de 
várias celebridades como porta-vozes.No entanto, muitas agências também realizam 
pesquisas de marketing para seus clientes para determinar o potencial de mercado para 
um novo produto ou para participação do cliente no mercado. Ocasionalmente, as 
agências também fazem pesquisa para entender melhor os consumidores, seus 
interesses e comportamentos, a fim de atender a seus clientes corporativos. 
 
- Empresas de pesquisa de marketing 
 
Existem ainda as empresas especializadas em pesquisa de marketing. Nos Estados 
Unidos a indústria de pesquisa de marketing U$ 8,6 bilhões. Embora a maioria das 
empresas de pesquisa de marketing sejam de pequeno porte, alguma são 
empreendimentos de tamanho considerável como Nielsen, IML, Taylor Nelson. Algumas 
empresas fornecem pesquisas sindicalizadas, ou seja, coletam determinadas 
informações de maneira regular e depois as vendem para os clientes interessados. 
Outras empresas entretanto são especializadas em pesquisas sob medida. 
 
1.2 Aplicação da pesquisa para área de marketing 
 
Muitos confundem pesquisa de mercado com a aplicação de questionários ou realização 
de entrevistas. Essas atividades são apenas algumas das formas de obter determinadas 
informações. Para tomar decisões acertadas, o empresário pode usar diversos tipos de 
pesquisa. Até mesmo a simples observação da concorrência pode ser chamada de 
pesquisa. 
 
Um erro muito comum e grave é acreditar que a pesquisa de mercado sozinha é 
suficiente para avaliar a viabilidade de um negócio. O instrumento completo de análise 
de viabilidade é o plano de negócios, que necessariamente contém uma pesquisa. A 
pesquisa é insuficiente, pois oferece apenas informações sobre o mercado, e não sobre 
o modelo de negócios a ser implantado. 
 
Também não se deve fazer pesquisa se a empresa não está em condições de usar os 
resultados obtidos para melhorar a sua atuação no mercado. Lembre-se da regra: 
informações que não levam a decisões práticas são quase sempre perda de tempo e 
dinheiro. 
 
O sucesso do marketing genuíno depende de, primeiro, recolher as informações 
continuamente e de modo apropriado e, segundo, de comunicar essas mesmas 
informações de maneira eficaz, para toda a organização. Ambas as ações podem ser 
realizadas sistematicamente com um sistema CRM. Outra abordagem diz respeito a 
determinado pesquisador coletar ativamente as informações e compartilha-la com outros 
departamentos da empresa, o que a maioria das pessoas conclui quando a frase 
“pesquisa de marketing” é utilizada. A terceira característica do sucesso do marketing 
está relacionada a tomar e colocar em prática decisões certeiras, a partir de informações 
coletadas. Gestores de várias áreas de marketing são responsáveis por direcionar esse 
processo, e pesquisadores, por realizar a maior parte dele. Gerentes e pesquisadores de 
marketing trabalham em conjunto, em uma parceria próxima, muito bem-sucedida 
quando os gerentes entendem os processos de pesquisa e os pesquisadores entendem 
os processos gerenciais. Enquanto os gerentes pertencem as organizações, os 
pesquisadores tanto podem trabalhar na empresa quanto, mais comumente, serem de 
empresas externas de pesquisa de marketing. 
 
As pesquisas mais comuns e suas principais aplicações 
 
• Potencial de consumo – usada para avaliar a demanda de produtos e serviços e 
embasar decisões de entrada em mercados desconhecidos 
• Satisfação do cliente – usada para identificar falhas e oportunidades de melhoria nos 
produtos e serviços, pode ser feita de forma contínua ou esporádica. 
• Participação de mercado (market share) – mede a força da empresa e de seus 
concorrentes no mercado e, entre outras aplicações, usada para direcionar os esforços 
promocionais, a força de vendas e a propaganda. 
• Preferência (share-of-mind) – usada em conjunto com a de participação de mercado, 
permite observar a elasticidade do mercado com relação a produtos e marcas, ajudando 
a dimensionar os investimentos em comunicação. 
• Lembrança (recall top-of-mind) – utilizada para avaliar a eficiência da comunicação e a 
percepção de qualidade do produto. 
• Mídia – empregada para medir a participação e o perfil do público-alvo de um veículo 
de comunicação, serve para escolher onde e quando anunciar. 
• Comportamento do consumidor – usada para desenvolver produtos e embasar 
campanhas publicitárias. 
• Teste de novos produtos e serviços – utilizado para avaliar e ajustar produtos, 
• Escolha de ponto-de-venda – usada para avaliar a melhor alternativa de local para a 
instalação de determinado negócio. 
• Preço (venda ou compra) – usado para ajustar preços e o posicionamento de mercado, 
bem como para avaliar a viabilidade da entrada em novos mercados. 
 
Uma classificação de pesquisa de mercado 
 
A definição de pesquisa afirma que as organizações se comprometem com a pesquisa 
de mercado por dois motivos: identificar e solucionar os problemas de marketing. Essa 
distinção serve como base para classificar a pesquisa de mercado em uma pesquisa de 
identificação do problema e uma pesquisa de solução do problema. 
 
A pesquisa de identificação do problema implica ir a fundo para identificar o problema 
subjacente que o gerente de marketing está enfrentando. Muitas vezes esses problemas 
não são evidentes ou ainda surgiram no futuro. A pesquisa de identificação do problema 
é usada para analisar o potencial de mercado, participação de mercado, a imagem da 
marca ou da empresa, as características do mercado e as vendas. Também é utilizada 
nas previsões de curto e longo prazo e na descoberta de tendências comerciais 
 
 
 
A identificação do problema é o mais comum dos dois modelos de pesquisa e é 
realizada por quase todas as empresas de marketing. Esse tipo de pesquisa é utilizada 
para avaliar o ambiente e diagnosticar os problemas. As informações referentes as 
alterações de mercado proporcionam um alerta inicial para futuros problemas ou futuras 
oportunidades. Uma empresa que está atuando em um mercado crescente, mas 
sofrendo um declínio de participação demercado, pode estar lidando com problemas 
específicos como propaganda ineficaz ou alta rotatividade da equipe de força de vendas. 
Em outros casos, os problemas como declínio na demanda podem ser comuns a todas 
as empresas da indústria. 
 
Uma vez que o problema ou oportunidade forem identificados, a empresa realiza uma 
pesquisa de solução do problema para resolvê-los. A pesquisa de identificação de 
problema e a de solução de problemas andam juntas, e determinado o projeto de 
pesquisa de marketing pode-se combinar os dois tipos de pesquisa. 
 
Tipos de pesquisa de resolução de problema: 
* Pesquisa de segmentação: 
• Determinar as bases da segmentação. 
• Estabelecer o potencial de mercado e a responsividade para vários segmentos. 
• Selecionar os segmentos-alvo de mercado. 
• Criar perfis de estilos de vida: demografia, mídia e características da imagem do 
produto. 
*Pesquisa de Produto: 
• Teste de conceito. 
• Determinar o design ideal para o produto. 
• Testes de embalagem. 
• Modificação de produto. 
• Posicionamento e reposicionamento da marca. 
• Teste de marketing. 
• Teste de controle. 
*Pesquisa de preço: 
• Políticas de precificação. 
• Importância do preço na escolha da marca. 
• Precificação da linha de produtos. 
• Elasticidade de preço da demanda. 
• Iniciando e respondendo a mudanças no preço. 
*Pesquisa de promoção: 
• Orçamento ideal de propaganda. 
• Relacionamento de promoção de vendas. 
• Mix promocional ideal. 
• Decisões quanto a matérias jornalísticas. 
• Decisões de mídia. 
• Testes de propaganda criativa. 
• Avaliação de eficiência da propaganda. 
• Verificação de reclamações. 
*Pesquisa de distribuição: 
Determina: 
• tipos de distribuição; 
• atitudes dos membros do canal de distribuição; 
• intensidade da cobertura de atacado e varejo; 
• margens do canal; 
• locais de varejo e lojas de fábrica. 
 
1.3 Função da pesquisa de marketing na tomada de decisão 
 
 
 
Diferentes empresas necessitam de diferentes tipos de informações e estas podem ser 
de diversos modos. O pessoal de vendas utiliza resultados de estudos de pesquisa de 
marketing para vender melhor seus produtos. Os políticos usam as pesquisas de opinião 
para elaborar suas estratégias de campanha. Até igrejas usam as pesquisas de 
marketing para determinar quando serão realizados seus cultos. A questão é que a 
pesquisa de marketing é uma atividade essencial para pode assumir várias formas, 
entretanto, sua função básica é coletar informações necessárias para auxiliar os 
gestores a tomarem decisões mais acertadas. 
 
A pesquisa de marketing na verdade tem uma ampla gama de aplicações e um papel 
crucial no processo de tomada de decisão. Uma maneira de descrever a função da 
pesquisa de marketing é considerar o paradigma de marketing abaixo: 
 
 
 
Um dos principais objetivos do marketing é identificar e, em seguida, satisfazer as 
necessidades dos clientes (por exemplo, consumidores, funcionários, acionistas, 
fornecedores). Para isso, o gerente de marketing precisa de informações a respeito dos 
clientes, concorrentes e outras características, como as tendências ambientais do 
mercado. Nos últimos anos, as informações de mercado, quando obtidas em tempo 
oportuno, têm-se tornado cada vez mais valiosas. Por exemplo, a velocidade com que 
novos produtos entram no mercado, a concorrência nacional e internacional, o aumento 
da demanda e os consumidores bem informados contribuem para a importância desse 
tipo de dado. 
 
A tarefa da pesquisa de marketing é avaliar as informações necessárias e fornecer à 
gerência informações relevantes, precisas, confiáveis, sólidas e atuais para auxiliar na 
tomada de decisão, conforme a figura 1.5 apresentada acima. As empresas utilizam a 
pesquisa de marketing para se manterem competitivas e evitar custos altos associados a 
tomada de decisões medíocres, baseada em informações pouco sólidas. As decisões 
sólidas não são baseadas no instinto, na intuição ou no puro julgamento, mas sim em 
informações sólidas. Sem essas informações a gerência não consegue tomar decisões 
consistentes. 
 
Para tornar o processo de decisão ainda mais complexo, os gerentes de marketing 
também precisam controlar os fatores externos não controláveis que influenciam o 
processo de marketing. Eles incluem condições econômicas gerais (como a 
desaceleração econômica ou recessão), tecnologia (o impacto de uma nova tecnologia, 
como a internet), políticas e leis públicas (aquelas relacionadas a poluição ambiental que 
afetam as empresas automobilísticas, por exemplo), o ambiente político, concorrência 
(muitas empresa ponto.com não conseguiram sobreviver devido a concorrência) e 
mudanças sociais e culturais (como a revisão dos papéis maritais tradicionais). Outro 
fator nesse conjunto é a complexidade dos vários grupos de consumo: consumidores, 
funcionários, acionistas e fornecedores. O gerente de marketing precisa tentar incorporar 
e monitorar todos esses fatores. A pesquisa de marketing remove algumas das 
incertezas e melhora a qualidade da tomada de decisão nesse ambiente altamente 
complexo. 
 
Em síntese, a pesquisa de marketing precisa agregar valor à tomada de decisão de 
marketing e, sem dúvida, à organização inteira. Observe que os gerentes de marketing 
não trabalham isolados de outras funções da organização. De certa forma, a orientação 
em marketing incorpora uma perspectiva multifuncional para atender as necessidades 
dos clientes e alcançar uma rentabilidade de longo prazo. Portanto, a pesquisa de 
marketing deve se conectar com as outras funções da organização como fabricação, 
pesquisa e desenvolvimentos, finanças, contabilidade e outras funções, assim como 
podem ser relevantes em determinado projeto. 
 
A decisão de conduzir a pesquisa de marketing 
 
A pesquisa de marketing não é uma saída imediata ou óbvia para encontrar soluções 
para todos os problemas gerenciais. Um administrador que enfrenta uma dificuldade não 
deve, instintivamente, decidir por uma pesquisa de marketing para encontrar uma 
solução para uma dada questão. Vários fatores devem ser considerados antes. Algumas 
vezes, o melhor é não realizar a pesquisa. Assim, a primeira decisão a ser tomada 
relaciona-se com a necessidade ou não da pesquisa em dada situação. Os fatores que 
influenciam essa decisão incluem os que se seguem. 
 
Relevância 
 
A pesquisa não deve ser feita para satisfazer uma curiosidade ou para confirmar a 
sapiência de uma decisão já tomada. A relevância surge como apoio nas atividades 
estratégicas e táticas do planejamento, isto é, ajuda a antecipar os tipos de informação 
que serão necessários. Essa informação é a espinha dorsal do sistema contínuo de 
informações. A medida que novas circunstâncias apresentam-se e as alternativas de 
decisão tornam-se específicas, os projetos de pesquisa podem ser efetuados. Durante 
todo o planejamento desses projetos, o foco deve ser constantemente a tomada de 
decisões. 
 
Tipo e natureza da informação buscada 
 
A decisão de empreender ou não uma pesquisa de marketing depende do tipo e da 
natureza da informação procurada. Se a informação necessária para a tomada de 
decisão já existe dentro da organização, seja na forma de resultado de um estudo feito 
pára outro problema, seja na forma de experiências e talentos, a pesquisa não é 
oportuna. Nessas condições, uma nova pesquisa seria redundante e significaria perda de 
dinheiro. 
 
Exemplo: A Procter e Gamble, usando do seu conhecimento do mercado de café nos 
EUA, lançou o café instantâneo Folger em todo o país com apenas uma pesquisa prévia.O mesmo acontece com muitas organizações que vêm acumulando experiências em um 
mercado em particular e já possuem as informações necessárias para resolver certos 
problemas. 
 
Momento 
 
As decisões sobre pesquisas são limitadas pela marcha dos acontecimentos. 
Frequentemente, essas decisões têm um prazo determinado e precisam ser tomadas de 
acordo com um cronograma, utilizando-se de quaisquer informações disponíveis. 
 
Se um novo produto deve ser lançado na primavera, todas as decisões baseadas em 
pesquisa, como preço, formulação, nome, tema publicitário e outras, precisam desses 
dados bem antes. 
 
Um dos papéis do sistema de planejamento é programar as pesquisas necessárias de 
forma que seus resultados estejam disponíveis a tempo de influenciar as decisões. A 
formulação de respostas para ações da concorrência é a maior fonte de pressão sobre 
os pesquisadores, pois os resultados são sempre esperados para ontem 
 
Disponibilidade de recursos 
 
Apesar de parecer óbvia, a necessidade dessa disponibilidade, em muitas ocasiões os 
administradores solicitam a pesquisa de marketing sem o completo entendimento da de 
recursos realmente disponíveis – incluindo recursos financeiros e humanos. A ausência 
de fundos pode levar a execução imprópria e ineficaz de um projeto de pesquisa. Os 
resultados de tal pesquisa geralmente são imprecisos. 
 
Análise custo-benefício 
 
Antes de conduzir uma pesquisa de marketing, um administrador prudente deve realizar 
uma análise custo-benefício para determinar o valor da informação buscada. A 
disposição de obter informações adicionais para apoio as tomadas de decisões por uma 
pesquisa de marketing deve basear-se na percepção do administrador sobre a qualidade 
incremental e valor das informações diante do custo e tempo empregados em sua 
obtenção. 
 
 
1.4 Sistema de Informações de Marketing e a pesquisa 
 
O Sistema de Informações de Marketing é constituído de pessoas, equipamentos e 
procedimentos para a coleta, classificação, análise, avaliação e distribuição de 
informações necessárias de maneira precisa e oportuna para uso dos responsáveis 
pelas decisões de marketing. 
 
- Além de ajudar a empresa a conhecer melhor os seus consumidores, o SIM ajuda a 
estabelecer as estratégias de marketing da empresa à luz da realidade do mercado de 
atuação. 
 
- O SIM também proporciona uma forma constante de dados que facilitam a função de 
controle de administração. 
 
Principais funções do SIM: 
 
1) Proporcionar a coleta de informações: esta função determina a necessidade de 
pesquisar em várias fontes e arquivar as informações após passarem por um processo 
de seleção; 
2) Processar as informações: neste caso, o sistema deve proporcionar recursos para 
que os dados sejam analisados quanto a qualidade e a credibilidade, transformados em 
quadros e gráficos condensados e disseminados; 
3) Usar a informação fornecida: o sistema deve proporcionar informações adequadas a 
cada um dos principais executivos. As necessidades são diferentes de acordo com a 
função e os dados devem satisfazer a estas necessidades. 
 
Componentes do SIM 
 
* Sistema de Registros Internos: são informações internas obtidos na forma de 
registros ou relatórios emitidos regularmente, utilizadas pelos gerentes na identificação 
de oportunidades e possíveis problemas. 
Exemplos: Contabilidade (Relatórios financeiros, Custos, Fluxo de Caixa, etc.), Produção 
(prazos de produção, Entregas, Estoques, etc.), Atendimento a Clientes (satisfação dos 
consumidores, qualidade de serviços, etc.). 
 
* Sistema de Informações de Vendas: geram os relatórios de vendas utilizados pelos 
gerentes de marketing e vendas para o monitoramento de seus territórios e obtenção de 
previsões de vendas a qualquer momento. Exemplos: desempenho por regiões (queda 
ou aumento de vendas), Reação de Revendedores (positiva ou negativa frente a uma 
mudança), atividades dos concorrentes, etc. 
 
*Sistema de Pesquisa de Marketing: corresponde à elaboração, à coleta, à análise e à 
edição de relatórios sistemáticos de dados e descobertas relevantes sobre uma situação 
específica de marketing enfrentada por uma empresa. 
 
O SIM da empresa deve representar o cruzamento entre aquilo que os administradores 
pensam que precisam, o que eles realmente necessitam e o que é economicamente 
viável. 
 
As principais vantagens de um Sistema de Informações de Marketing são: 
- Contribuir para que melhores decisões sejam tomadasm 
- Conhecer pontos Fortes e Fracos da Empresa 
- Detectar Ameaças e Oportunidades advindas do ambiente competitivo onde a empresa 
atua 
- Subsidiar o planejamento de ações da empresa 
 
A importância da pesquisa (em qualquer área de atuação) 
 
Num mundo globalizado e em constantes mudanças, nenhuma empresa e/ou pessoa 
consegue sobreviver em ambientes competitivos sem uma real orientação para o 
mercado. O sucesso desejado depende da utilização correta das ferramentas de MKT e 
do desenvolvimento de estratégias inovadoras. Portanto, a necessidade de informações 
de mercado em tempo real é maior do que em qualquer outra época. 
 
Informações do marketing local para o nacional e para o global, pois as empresas 
normalmente buscam expandir suas atividades, desenvolvendo novos produtos, 
aumentando sua cobertura geográfica de mercado. E seus dirigentes precisam sempre 
de mais informações em curtíssimo espaço de tempo. 
 
Algumas queixas dos profissionais de marketing quanto às informações que passam por 
sua mesa são: 
• existe um excesso de dados e poucas informações; 
• as informações são dispersas, o que dificulta sua análise e compreensão; 
• alguns executivos negligenciam informações por razões pessoais; 
• muitas vezes, informações vitais demoram a chegar e, assim, perdem sua 
aplicação; 
• em algumas situações, é difícil confirmar a veracidade da informação. 
 
As empresas devem desenvolver rotinas eficientes para obter novas informações. Obter, 
registrar e distribuir informações custa tempo e dinheiro. Deve-se discutir aqui três 
questões: 
• De que tipos de informação as empresas necessitam para tomar melhores 
decisões de marketing? 
• Quais as principais maneiras de reunir informações relevantes? 
• Quais as melhores maneiras de gerenciar os dados de uma empresa, de modo 
que informações de alta qualidade possam estar fácil e rapidamente disponíveis 
aos profissionais responsáveis pela tomada de decisões na empresa? 
 
Assim, é valido citar algumas perguntas que servem para orientar as necessidades de 
coleta de informações gerenciais: 
• Que tipos de informações você obtém com regularidade? 
• Que tipos de estudos especiais você solicita periodicamente? 
• Que tipos de informações você gostaria de obter mas às quais não tem acesso 
agora? 
• Que informações você gostaria de ter diariamente? Semanalmente? 
Mensalmente? Anualmente? 
• Que revistas e relatórios comerciais você gostaria de receber regularmente? 
• Sobre que tópicos específicos você gostaria de se manter informado? 
• Que tipos de programas de análise de dados você gostaria de utilizar? 
• Quais seriam as quatro melhorias úteis no sistema de informações de marketing 
da empresa? 
 
Em termos de categorias, os Tipos de informações necessárias para as empresas são 
três: 
 
Do macroambiente 
• tendências... demográficas | econômicas | de estilo de vida | tecnológicas | 
políticas/de regulamentação; 
Do ambiente de marketing 
• informações... Dos consumidores | de colaboradores | dos concorrentes; 
Do ambiente da empresa 
• vendas e participação de mercado | pedidos de compras e renovaçãode pedidos 
| custos da empresa | lucratividade por cliente, por produto, por segmento, por 
canal, por tamanho de pedido e por área geográfica | outras informações. 
 
 
O SIM da empresa deve representar o cruzamento entre aquilo que os administradores 
pensam que precisam, o que eles realmente necessitam e o que é economicamente 
viável. Uma vantagem sólida diante da concorrência só se obtém de fato, quando se vale 
da informação e do conhecimento como diferencial competitivo. 
 
Com o risco presente constantemente nas organizações, não é prudente que se tome 
decisões sem que se tenha informação confiável e de boa qualidade. 
 
A pesquisa passou a ser uma espécie de complemento indispensável à obtenção de 
informação, além de servir como provedor de informações para os sistemas de 
informação. 
 
 
1.5 O processo de pesquisa de marketing 
 
Segundos Las Casas (2010), toda pesquisa constitui-se em um processo com etapas 
bem definidas e que devem ser coerentes e inter-relacionadas. Essas etapas são os 5 
P’s da pesquisa: propósito, planejamento, procedimentos, processamento e propagação. 
 
Propósito 
 
A determinação daquilo que se pretende fazer é o primeiro passo da pesquisa de 
marketing. Uma visão clara dos objetivos a serem perseguidos deve ser determinada 
nesta etapa. Os objetivos são decorrentes da definição do problema. 
Definir um problema é um dos passos mais importantes da pesquisa, pois é a partir da 
definição que os demais passos são conduzidos. Se houver uma definição errada, todo o 
trabalho será errado e inútil, pois de nada adiantarão os resultados que foram obtidos. 
Por essa razão, os pesquisadores dão uma atenção toda especial para essa etapa, 
buscando uma série de fatos que possam elucidar o problema como ele realmente é, e 
não apenas como se apresenta. 
 
Planejamento 
 
Após uma definição dos objetivos, a pesquisa deve ser planejada. De acordo com a 
necessidade de cada informação, o pesquisador determina o tipo de pesquisa, se a 
coleta se dará através de dados secundários ou primários e que tipo de coleta de dados 
será utilizado. 
 
Ainda quanto ao planejamento, o pesquisador deve determinar o número de pessoas 
que serão entrevistadas, e o número de pessoas que compõem o grupo de interesse do 
pesquisado for pequeno ele pode questionar todos os participantes. Entretanto, se o 
grupo for muito grande, ele deverá selecionar uma parcela deste grupo (amostragem) 
para, a partir dos resultados encontrados, generalizar aos demais membros do universo. 
 
O projeto de pesquisa segue certos procedimentos formalizados. Geralmente um projeto 
contém: 
 Título do Projeto 
 Colocação do Problema 
 Definição dos Objetivos 
 Justificativa 
 Fontes de Informação e Metodologia 
 Amostragem 
 Formulário de coleta de dados 
 Requisitos pessoais para condução da pesquisa 
 Cronograma 
 Plano de tabulação 
 Custos 
 
Procedimentos 
 
Nesta etapa da pesquisa, é feita a operacionalização de tudo o que foi planejado na 
anterior. Providências devem ser tomadas para que sejam contratados entrevistadores, 
se for o caso, processos e procedimentos devem ser estabelecidos e controle para que a 
pesquisa seja conduzida de forma apropriada. É a parte que vai colocar em prática tudo 
o que foi planejado. 
 
Processamento 
 
Após o recebimento de todos os questionários ou roteiros, eles devem ser revisados 
para assegurar-se de que todos foram preenchidos. Depois disso, devem ser codificados 
para serem processados pelo computador para tabulação. Algumas pesquisas podem 
ser tabuladas manualmente, mas a maioria passa por uma tabulação através de 
computadores. Vários quadros e gráficos surgirão nesta etapa que demonstram os 
resultados dos dados coletados. 
 
Propagação 
 
Os dados devem ser finalmente divulgados pelo pesquisador. O relatório deve ser feito 
visando às pessoas que solicitaram a pesquisa. Os detalhes a serem incluídos 
dependem do nível de conhecimento dos indivíduos. Se por acaso tiverem conhecimento 
de pesquisa, o relatório pode incluir metodologia aplicada na coleta de dados. Se o 
conhecimento destes for limitado, talvez o pesquisador prefira incluir apenas os 
resultados. Em qualquer caso, o relatório deve ser objetivo, com linguagem direta e 
clara. 
 
Um segundo autor também muito tradicional em pesquisa de mercado, Mattar, classifica 
o processo da pesquisa em 4 etapas que utilizaremos como orientação nesta disciplina 
por ser mais uma visão um pouco mais simples e prática da pesquisa. 
 
Segundo Mattar (2008), o processo de pesquisa de marketing compreende quatro 
diferentes etapas: formulação do problema de pesquisa, planejamento da pesquisa, 
execução da pesquisa e comunicação dos resultados, conforme o esquema abaixo e 
detalhado na página seguinte: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 1 
 
ARTIGO 1 - Pesquisa de Marketing é o Mapa do Labirinto 
Por João Henrique Rafael Junior 
 
Algumas décadas atrás, capacidade de investir em máquinas e novas tecnologias para 
produção era o diferencial e a garantia de progresso no mercado. Atualmente tornou-se 
necessidade básica de sobrevivência para qualquer empresa. Tal fato leva-nos a refletir 
e perceber que agora vivemos na era da informação. Novas tecnologias e meios de 
comunicação surgem em velocidade incrível, possibilitando à nova geração acesso e 
acúmulo de informações nunca visto antes. Desse modo, as pessoas capazes de obter 
informações suficientes, terão o que é mais importante no novo milênio, o conhecimento. 
Neste contexto a pesquisa de marketing deve ser considerada, com certeza, um 
investimento, uma ferramenta única e valiosíssima para a obtenção e avaliação de 
informações, e consequentemente, a construção do conhecimento. 
 
Segundo o dicionário online Priberam, “investir é a ação de aplicar capital na aquisição 
de bens para retirar proveito dessa operação”, sendo assim é inegável que a pesquisa é 
um dos maiores investimentos do nosso tempo, pois ela gera o que há de mais precioso, 
informação, que nas mãos de homens de marketing capacitados serão transformadas 
em puro conhecimento. Toda ação de marketing necessita dessas informações para 
traçar um plano estratégico, seja ele um estudo para saber o gosto, a opinião, ou a 
preferência de um cliente/indivíduo, ou para apurar o resultado de uma campanha de 
marketing ou, até, uma pré-introdução de um produto. A pesquisa, quando bem 
elaborada e definida sua razão, fornece a base para todo planejamento da campanha de 
marketing. Sem dados concretos, qualquer plano ou ação será apenas um tiro no escuro 
e o resultado sem previsão alguma, podendo assim, acarretar em perdas e prejuízos, 
imensamente, maiores que o investimento em pesquisas. 
 
Como exemplo, poderíamos comparar o mercado a um labirinto. Seria muito complicado, 
e até talvez impossível, entrar sem preparação alguma em um labirinto grande e 
perigoso, como é nosso mercado. Muitos se arriscam e entram com a cara e a coragem, 
porém pouquíssimos tem a sorte de sair vivo para contar a história. E ainda, não 
podemos nos esquecer que este labirinto é habitado por monstros terríveis e cruéis, em 
alguns casos monstros gigantescos de fama lendária, que na primeira oportunidade irão 
devorar-te e disputar à mordidas o seu espólio, esses monstros são os concorrentes e o 
espólio nossos clientes. Situação complicada? Pois irá piorar. Esse labirinto não é um 
labirinto comum. Suas paredes nunca permanecem nos mesmos lugares, estão em 
constante mudança, assim como nossa economia, ou seja, o caminho certo para a saída 
hoje, poderá levá-lo a uma armadilha amanhã. Armadilhas? Sim, armadilhastambém 
recheiam o labirinto do mercado, são locais que parecem seguros, porém quando você 
pisa, o chão se abre e te engole, o prejuízo é grande e raramente há tempo ou recurso 
para escapar. Uma expansão da linha, da marca, do produto, uma aquisição, uma fusão, 
uma campanha de marketing, todas podem parecer oportunidades a primeira vista, más 
sem a precaução necessária e estudo prévio podem tornar-se armadilhas que 
complicarão, e muito, a vida da sua empresa. Dentro deste contexto aterrador onde entra 
a pesquisa? É simples a pesquisa é nosso mapa. Ela irá fornecer todas as informações 
necessárias para que você possa percorrer o labirinto da melhor forma possível. É lógico 
que não será fácil, o mapa não irá matar os monstros ou desarmar as armadilhas, más 
você poderá desviar destes. Você pode, ainda, se perguntar: más do que me adianta um 
mapa se o labirinto está em constante mudança? Realmente esses mapas não possuem 
vida longa, se você estiver com um mapa do mês passado, provavelmente o labirinto já 
não será mais o mesmo, porém com atualizações constantes dos mapas podemos traçar 
um padrão referente às mudanças do labirinto, o que possibilitará até previsões do seu 
comportamento no futuro. Assim como nosso mapa, as pesquisas lidam com 
informações que tendem a mudar sempre, porém as informações passadas podem gerar 
conhecimento ao serem cruzadas com pesquisas futuras. Depois de todos esses fatos, 
você ainda pode discordar, bater com a mão na mesa, e dizer que pagou caro de um 
mapa e ele não lhe dava informações sobre o labirinto, más será que você soube 
explicar o que queria? Se você chegar ao vendedor de mapas e dizer, por favor, quero 
um mapa, e ele lhe der um mapa para a cidade perdida de Atlântida, escrito em 
Aramaico, ele não estará errado, foi você que não soube especificar. Portanto, assim 
como os mapas, as pesquisas são vitais para a empresa, porém é necessário se atentar 
para a elaboração de um bom briefing de pesquisa para que fiquem claras nossas 
intenções à firma pesquisadora. 
 
A pesquisa pode ter fontes internas, externas, primária, secundária, ser qualitativa, 
quantitativa, observatória, etc. O melhor tipo, cada situação dirá, más é necessário que o 
homem de marketing das empresas atuais, deixe de lado, seu achismo e sua intuição, 
que acabam deixando-o míope, e invista na melhor fonte de informações que existe, as 
pesquisas, e utilize seus dons mercadológicos para elaborar briefings de pesquisas e, 
depois, analisar os resultados obtidos, para que desse modo consiga elaborar 
estratégias de marketing embasado em informações reais e concretas, desse modo 
muito tempo e dinheiro serão poupados e os resultados não dependeram, única e 
exclusivamente, da sorte. 
 
 
http://www.portaldomarketing.com.br/Artigos/Pesquisademercado.htm 
 
 
João Henrique Rafael Junior, formado em Publicidade e Propaganda pela Universidade 
Metodista de Piracicaba, extensão em estratégia de marketing pela Fundação Getúlio 
Vargas, Cursando MBA em marketing pela Fundação Getúlio Vargas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 2 
 
Artigo 2 - Pesquisa de Mercado como ferramenta nos processos decisórios 
comerciais 
Por Ricardo Dorés 
 
O mercado, no Brasil, sofreu grandes transformações nos últimos anos. São 
transformações que impactam diretamente nos hábitos de consumo, tornando o cliente, 
de forma geral, mais exigente, econômico e resistente. 
 
O sucesso de qualquer produto e/ou serviço está diretamente ligado ao conhecimento 
adequado do mercado, altamente competitivo, onde atuamos. Cada vez mais, a 
economia de mercado está baseada na informação amparada por pesquisas e análises 
mercadológicas. 
A pesquisa de mercado é antes de tudo uma ferramenta para tomada de decisões. 
 
Você já parou para pensar quantas decisões importantes você tomou nos últimos 
meses? 
Ao lançar novos produtos, aprovar campanhas publicitárias, desenvolver novos 
distribuidores, definir a contratação de mais pessoas na área comercial, temos exemplos 
de processos decisórios e de julgamentos que envolvem riscos. A pesquisa de mercado 
é a ferramenta ideal para reduzir a margem de incertezas que sempre acompanham a 
tomada de decisões. 
Há vários tipos de pesquisas que poderíamos citar aqui, no entanto, iremos nos ater as 
mais utilizadas: 
 
Como anda o atendimento realizado pelo setor de vendas e pós-vendas de sua empresa, 
analisando as variáveis que influenciam a venda de produtos e/ou serviços? A Auditoria 
de Marketing e Vendas, vai ao encontro desta necessidade, avaliando os padrões de 
atendimento, e verificando se estes são efetivamente realizados ou não. Assim, são 
identificados pontos de melhoria para aumentar a satisfação dos clientes nas unidades 
de negócio que compõem a empresa. 
Qual o potencial de consumo de um determinado produto e/ou serviço, a ser lançado ou 
do atual portfólio de produtos de uma empresa, perante o mercado que o cerca? O 
Índice de Potencial de Consumo norteia dirigentes de empresas na busca de eficiência 
da área comercial, orientando-os sobre qual o potencial por regiões, faixa de poder 
aquisitivo, dentre tantos outros tipos de segmentações que podem ser realizados na 
tomada de decisões. 
Como e quem são os consumidores, qual estilo de vida que possuem, que tipo de mídia 
os atinge, em que faixa etária se concentram e como se dá o impulso para a compra? 
Todas essas indagações podem ser respondidas por meio de uma Pesquisa do Perfil do 
Consumidor. 
No parágrafo anterior, falamos sobre mídia e público alvo. Dependendo do veículo de 
comunicação, os horários e dias de inserções das peças promocionais são muito 
importantes. Desta forma é importante saber, qual o tipo de veículo de comunicação que 
este público lê, ouve ou assiste, seja ele jornal, revista, outdoor, rádio, tv, entre outros. A 
Pesquisa de Mídia responde estas perguntas e permite uma maior e melhor 
racionalização de custos de uma campanha publicitária. 
 
Cada vez mais, os consumidores, sacam produtos de gôndolas de supermercados, sem 
interferência humana direta presencial de terceiros nas suas decisões, ou seja, os 
produtos passaram a disputar espaços nas gôndolas de auto-serviços há muito tempo. 
Como é a embalagem do seu produto, tem a cor e o formato adequado, é prático, é 
econômico, se diferencia dos concorrentes? A Pesquisa de Embalagem, levando em 
consideração as perguntas aqui descritas, otimiza o consumo deste tipo de produtos. 
Associar informações da pesquisa aos dados estatísticos do mercado estudado, 
considerando questões pontuais econômicas, como por exemplo, fornecimento de 
matéria prima, mão de obra, sazonalidades, entre tantos outros fatores, fazem com que 
Estudos Econômicos de Mercado, colaborem no resultado efetivo das pesquisas aqui 
descritas. 
Quais as diferenças entre o seu produto e o concorrente? Se o seu produto é melhor, por 
que o concorrente vende mais? Qual a influência da marca na compra de um produto? 
No Blind Test (Teste Cego), o consumidor avalia o produto sem saber a marca do 
fabricante. Ali, frente a frente com o produto, o mercado vai dizer o que sente, o que vê 
de positivo ou negativo, o que percebe como diferente, em seguida a marca poderá ser 
revelada, ou não, e analisada a sua influência no impulso de compra. 
 
O preço é um dos componentes vitais no marketing-mix de qualquer produto ou serviço. 
Os preços praticados por seus produtos e/ou serviços estão alinhados com o mercado? 
Como estão os preços dos produtos ou serviços de seus concorrentes? Como fixar preço 
para uma promoção do seu produto? Só uma Pesquisa de Preços é capaz de fazer uma 
investigação metódica, estruturada e regular, permitindo, assim, acompanhar a evolução 
dos preços de seus produtos e os dos concorrentes. 
 
Conclusão: como vimos, utilize, sempre que possível, esta ferramentaessencial para 
tomada de decisões, pois com ela certamente irá minimizar os riscos de um projeto. 
 
 
Ricardo Dorés - Com formação acadêmica em Direito e especialização em Marketing, 
ocupou no mercado as posições de Diretor de Unidades de Negócios, Gerente de 
Unidade de Negócio, Gerente Nacional de Vendas, Gerente de Desenvolvimento de 
Mercado, Gerente de Treinamento de Vendas, Supervisor de Vendas, em empresas 
multinacionais e nacionais de grande porte, tais como: 3M, Pfizer, Glaxo, IMB, Itaú 
Seguros, dentre outras. É, há 10 anos, consultor empresarial e palestrante. É sócio-
diretor da SalesResults | Soluções para Mercados Competitivos. 
www.salesresults.com.br contato ricardo@salesresults.com.br 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANEXO 3 
ARTIGO 3 - SISTEMA DE INFORMAÇÃO DE MARKETING 
Objetivo fundamental de um sistema de informações de marketing é ajudar os 
gerentes a tomarem decisões melhores. Kotler (19) chamou inicialmente esta 
atividade de Marketing Information and Analysis Center. No entanto, em 
obras posteriores , adotou o termo Sistema de Informações de Marketing. 
A definição mais completa e consagrada de SIM é a de Cox e Good (1967): "É 
um complexo estruturado e interagente de pessoas, máquinas e 
procedimentos destinados a gerar um fluxo ordenado e contínuo de dados, 
coletados de fontes internas e externas à empresa, para uso como base na 
tomada de decisões em áreas de responsabilidade específica da administração 
de marketing". Esta mesma definição é adotada por Kotler Smith et alli (2) 
Schewe et alli, Boyd & Massy e Uhl, entre outros. 
Atualmente, outros autores de marketing adotam outras definições como 
McCarthy (1982): "... é uma forma organizada de levantamento e análise de 
dados para se obter informações que ajudem os administradores de 
marketing a tomar decisões". 
McCarthy(1982) não dá grande ênfase ao SIM. Em sua obra, a grande ênfase 
é para a pesquisa de marketing. Já, para Stanton o SIM é: "... uma estrutura 
de ação contínua, composta de pessoas, equipamentos e processos voltados 
para o futuro, destinados a gerar e processar o fluxo de informações de modo 
a ajudar nas decisões a serem tomadas pela diretoria, dentro do plano geral 
de comercialização da empresa". 
Stanton (1980) afirma que o sistema se inicia com a determinação de quais 
dados se fazem necessários. A seguir, deve proporcionar a geração ou reunião 
desses dados que passam a ser processados com o auxílio da estatistica, da 
estruturação de um modelo e de outras técnicas. Deve haver um dispositivo 
de armazenagem dos dados para posterior consulta das informações 
desejadas. 
Entretanto, Stanton (1980), em continuação à sua exposição, faz duas 
colocações cuja aceitação é discutível. 
A primeira ocorre quando diz que o sistema de informação de marketing está 
voltado para o futuro e a segunda afirma que um moderno SIM não seria 
possível sem um computador. 
Com relação à primeira colocação, a restrição que se faz é que o SIM, 
utilizando-se de dados passados e presentes e de prognósticos, auxilia o 
administrador de marketing, tanto em relação ao futuro quanto ao presente. 
Quanto à Segunda colocação, a utilização ou não do computador no SIM será 
uma questão do volume de informações a serem processadas que, por sua 
vez, dependem do porte da empresa e da complexidade do ambiente em que 
opera, além, evidentemente, da disponibilidade de recursos. 
Segundo Conrad Berenson, citado por Boyd & Massy, (1978) as vantagens 
advindas de um sistema de informação de marketing são: 
a. Pode proporcionar mais informação dentro das limitações de tempo 
exigidas pela empresa. Concomitantemente, a empresa toda pode conseguir 
melhor desempenho. 
b. Permite às grandes empresas descentralizadas usar informação que se 
acha dispersa e integrá-la de forma mais adequada. 
c. Permite maior exploração do conceito de marketing. 
d. Pode proporcionar a recuperação seletiva de informação – os usuários 
recebem apenas o que querem e de que necessitam. 
e. Pode proporcionar reconhecimento mais rápido das tendências que se 
desenvolvem. 
f. Permite muito melhor uso do material que comumente é coligido pelas 
empresas no decorrer de suas atividades, como por exemplo, vendas por 
produto, por cliente e por região. 
g. Pode permitir melhor controle do plano de marketing da empresa; por 
exemplo, pode dar sinais de alarme quando há alguma coisa errada no plano. 
h. Pode evitar que informações importantes sejam facilmente suprimidas; por 
exemplo, indicações de que um produto deve ser retirado. 
Esta lista pode ser ampliada pelas vantagens apontadas por Cundiff (1977) 
i. Reduz o número de decisões tomadas intuitivamente, pois leva à 
informação conveniente e precisa. 
j. ... depura o fluxo, muitas vezes esmagador, de informações de marketing 
que chega ao executivo, em um volume razoável, adequado e "enxuto". 
Já a necessidade e o uso crescente de sistemas de informações de marketing 
é, segundo Boyd & Massy (1978), justificado pelas seguintes tendências que 
hoje afetam o marketing: 
a. O número crescente de grandes empresas multinacionais que, 
aparentemente, estão continuamente expandindo suas linhas de produto. 
b. Os dispêndios crescentes em pesquisa e desenvolvimento e a quantidade 
de produtos novos lançados no mercado. 
c. Aumento da competição e ciclos de vida dos produtos cada vez mais curtos. 
d. A crescente utilização de planejamento estratégico por produtos e 
mercados pelos departamentos de marketing. 
e. O uso crescente (apesar de lento) de técnicas analíticas mais sofisticadas 
em marketing, incluindo modelos. 
f. A crescente disponibilidade e barateamento de equipamentos de 
processamento eletrônico de dados com a conseqüente baixa nos custos de 
processamento. 
Esta lista pode ser ampliada com as tendências apresentadas por Kotler: 
g. Mudança de marketing local para nacional e internacional 
h. Transição de necessidades do consumidor para desejos do consumidor. 
i. Transição de concorrência de preço para concorrência de não preço. 
E também ampliada com as justificativas de Stanton (23): 
j. Está ocorrendo uma diminuição do prazo concedido ao executivo para a 
tomada de decisões. 
k. A atividade de marketing está se tornando muito mais complexa e mais 
ampla em seu campo de ação. 
l. A crescente insatisfação do consumidor (dificuldade de satisfazer o 
consumidor). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Anexo 4 - Case Fox1 
 
Pesquisa Como Instrumento de Inovação 
Case preparado pela professora Ione Almeida, ESPM-SP 
Redatora-assistente Rosilene M. A. Marcelino 
 
A VOLKSWAGEN E UM BREVE HISTÓRICO DO SETOR AUTOMOTIVO 
Corria o ano de 1953 quando a Volkswagen (VW) decidiu fazer seu primeiro 
investimento em montagem e fabricação fora da Alemanha. Com um capital 
equivalente aos dias de hoje a R$ 25 milhões, chegou ao Brasil pelas mãos do 
GEIA – Grupo Executivo da Indústria Automobilística. 
 
Criado pelo então presidente Juscelino 
Kubitschek, o GEIA tinha o objetivo de 
alavancar a economia brasileira, atraindo 
capital estrangeiro para a indústria 
automobilística. 
Esse movimento teve a capacidade de 
gerar negócios para o país, como a 
indústria de autopeças, oficinas, fundições 
de ferro, revendas; ou seja, impulsionou a 
estruturação de toda a cadeia produtiva do 
setor. 
Diante de um cenário em desenvolvimento, 
a VW iniciou suas atividades no Brasil de 
forma gradativa. Primeiro, com a 
montagem de apenas dois veículos: o 
fusca sedan 1200e a Kombi. Depois, em 
1956, começou a construção de sua fábrica 
em São Paulo, no km 23 ½ da Anchieta, inaugurada três anos depois. 
Em meados de 1957, produziu a Kombi – o primeiro carro brasileiro fabricado 
 
 
1 
Fonte: Revista da ESPM – Maio/Junho de 2006, p. 126 a 137.
com mais de 50% de componentes nacionais. Em 1959, lançou o Fusca, 
considerado uma paixão nacional. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Os anos 60 foram de grande ascensão econômica. Em 1962, o Fusca tornou- 
se líder de mercado e, em 1965, a VW detinha 59% da produção nacional e 
com isso atingia 60,7% da frota de veículos que circulavam pelo país. 
 
O sucesso da empresa estava em seu posicionamento claro perante os 
consumidores: carros com mecânica robusta, de fácil manutenção, grande 
economia de combustível e com preços competitivos.
 
 
Para manter essa posição de liderança, a empresa apostou na ampliação de 
seu portfólio ao longo dos anos e lançou modelos como o Karmann-Guia, a 
Variant, TL 4 portas, o Passat, a Brasília, além de diversas variações do Fusca. 
Em 1970, a VW atingiu a marca de 1 milhão de automóveis produzidos. Dez 
anos mais tarde, a empresa lançou o Gol, carro que desde 1986 mantém a 
posição de mais vendido. Ainda nos anos 80 vieram o Voyage, a Parati, a 
picape Saveiro e um novo segmento – caminhões. 
Os anos 90 trouxeram um novo governo e um ambiente mais competitivo. A 
decisão do ex-presidente Fernando Collor de abrir o mercado para a 
importação provocou mudanças também no setor automotivo. 
A princípio, as montadoras aqui instaladas viram-se obrigadas a reagir frente 
às novas exigências do mercado para poder competir com os modelos 
concorrentes que chegavam ao país. Inovação tornou-se palavra de ordem. 
Mas o embate dessa abertura ocorreu efetivamente após 1995, quando as 
importações cederam lugar a investimentos concretos, com a instalação de 
outras montadoras no Brasil. 
Os grupos internacionais, que enfrentavam a estagnação do mercado europeu, 
vislumbraram na América Latina e, sobretudo, no Brasil, uma atraente 
oportunidade de investimento, dada a estabilização da economia e a 
possibilidade de crescimento no setor.
As empresas que aqui aportaram acreditaram no crescimento econômico, na 
elevação do poder aquisitivo da população, no desejo dos consumidores em 
adquirir carros melhores. Consequentemente, a aposta da indústria foi no 
modelo de carro médio e no de luxo. A Volkswagen fez a mesma interpretação 
de cenário e apostou no Polo e no Golf. Chegou, inclusive, a construir em São 
José dos Pinhais uma fábrica nova destinada à produção do Golf. 
Contudo, a demanda por carros melhores não aconteceu e a produção 
nacional caiu. As montadoras perceberam o equívoco e com a maior brevidade 
procuraram corrigir suas estratégias. A fabricação de carros populares emergiu 
como o caminho mais indicado. 
O legado dessa fase transformou o Brasil no país com o maior número de 
montadoras instaladas. Nem mesmo o Japão e os Estados Unidos, que são os 
maiores mercados de carro, têm esse número de players; o que por si só 
mostra o nível de complexidade existente na indústria automobilística brasileira. 
 
A REAÇÃO DA VOLKSWAGEN 
 
O posicionamento claro que garantiu a liderança de outrora não era mais 
suficiente. Carro de fácil manutenção, econômico e com preço competitivo 
tornou-se commodity. O consumidor passou a escolher de outra forma: a 
questão técnica ficou em segundo plano; a procura por design, beleza, 
acessórios, conforto, entre outros, veio à tona; aspectos intangíveis passaram a 
ter destaque – um carro, por exemplo, precisa traduzir o estilo de vida de seu 
proprietário. 
 
CASE-STUDY 
A VW estava atenta para todos esses indícios. Observou suas forças e 
fraquezas, analisou as oportunidades e as ameaças da indústria 
automobilística. 
Ficaram evidentes dois pontos críticos: (a) agilidade na tomada e implantação 
de decisões para não perder mais participação de mercado, (b) conhecer em 
profundidade as necessidades, os desejos, as aspirações e o comportamento 
de compra do consumidor. 
 
A VW canalizou esforços para rever e sincronizar estratégias, estruturas, 
processos e gestão de pessoas para garantir mais velocidade às ações. Para a 
indústria automotiva em geral é muito difícil imprimir um ritmo ágil; o 
lançamento de um carro, por exemplo, leva no mínimo 3 anos. 
Paralelamente à reestruturação, a VW contratou a empresa Ipsos2 para realizar 
um estudo de segmentação atitudinal. Essa ferramenta auxiliou a empresa a 
conhecer o perfil do consumidor, bem como compreender as necessidades de 
cada perfil. A pesquisa revelou quatro segmentos distintos de consumidor: 
 
 Entusiasmo por status: este consumidor busca prestígio, quer ter uma 
Mercedes, uma BMW. Este segmento tem-se mantido estável ao longo 
dos anos, tanto em características do perfil, como em tamanho. 
 Essencialista: é o consumidor que compra um carro pensando em 
investimento, no valor de revenda. Este segmento está em queda e abre 
espaço para dois outros grupos: o sensato e o guiado pela imagem. 
 Sensato: o consumidor procura um carro versátil, que o ajuda nas 
atividades d dia-a-dia (levar filhos à escola, ir ao supermercado) e ao 
mesmo tempo possa ser usado em viagens nos finais de semana. Este 
grupo está crescendo e é tipicamente feminino (70% são mulheres). 
 Guiado pela imagem: trata-se de um grupo de pessoas com espírito 
jovem, original e diferente. O consumidor desse segmento gosta de 
aventura e atividade radicais e seu carro precisa passar essa imagem, 
mesmo que ele não vivencie todas essas experiências. 
 
 
 
2 
“Fundada na França em 1975, a Ipsos é uma empresa independente, com capital aberto, 
administrada por profissionais de pesquisa”. O grupo fornece globalmente “pesquisa de 
marketing, propaganda, mídia, satisfação do consumidor e pesquisa de opinião pública e 
social.” Site: http://www.ipsos.com.br/default.asp?resolucao=800x600. Acessado em 
maio/2006.
 
 
 
A análise de todo contexto mercadológico e as mudanças internas contribuíram 
fortemente no desenvolvimento de um novo carro. 
 
FOX: UM CARRO TOTALMENTE DESENVOLVIDO NO BRASIL 
 
A VW estava interessada em transformar a fábrica brasileira em um pólo de 
exportação mundial. Isso foi determinante para que o projeto de um novo carro 
fosse totalmente desenvolvido no país. 
Criar um carro em até 38 meses e submetê-lo à aprovação da matriz na 
Alemanha não era tarefa fácil. Era sim um desafio e tanto, uma oportunidade 
ímpar. Isto motivou e uniu equipes de diversas áreas, como desenvolvimento, 
marketing, engenharia, tecnologia, criação, acabamento. 
Foram muitas reuniões para transformar as informações apreendidas em 
conhecimento e decodifica-las em decisões de como deveria ser este novo 
modelo. Concluíram que o carro precisava ser desenvolvido com foco nos 
passageiros 
 
(DAP – Design Around Passengers), valorizando sobretudo o espaço interno. 
 
 
A configuração da família brasileira pesou muito nesta decisão. As pesquisas 
sinalizaram, por exemplo, que a altura dos jovens havia aumentado, o que 
exigia um teto mais alto; famílias com crianças pediam um porta-malas com 
mais espaço; mulheres apreciam porta-objetos. 
Depois da construção do design outros estudos foram desenvolvidos. Sete 
meses antes do lançamento do novo carro foi realizado uma ‘clínica de 
produto’. 
Essa nova bateria de pesquisas teve duas fases, uma quanti e outra quali, e a 
amostra foi composta por pessoas que tinhama intenção de adquirir um 
veículo nos próximos meses do mesmo segmento (novo Fiesta, Corsa, Clio, 
Peugeot 206 e as versões básicas do Pálio). 
A fase quantitativa avaliou, entre outros fatores, cada um dos veículos 
concorrentes do Fox, confrontando-os frente ao novo produto. Na segunda 
fase, a qualitativa, testou-se o conceito do produto através de grupos de 
discussão. E esse conceito direcionou toda a linha de comunicação. Também 
foi realizado um estudo para a escolha do nome do carro e chegou-se à marca 
Fox, um nome curto e fácil de ser pronunciado. 
Apesar de todo o empenho, o Fox chegou ao mercado em 2003 na versão 2 
portas, mesmo com pesquisas sinalizando a preferência do consumidor pelo 
modelo de 4 portas (lançado em abril de 2004). Essa foi uma decisão 
estratégica para não atrasar o lançamento do novo produto.
 
 
 
O LANÇAMENTO DO FOX 
 
No período de introdução do novo produto, além da natural atenção 
dispensada aos concorrentes (Peugeot 206, novo Fiesta, Corsa, Clio e versões 
não básica do Pálio), a VW também se movimentou internamente para evitar 
uma canibalização. 
Assim, ao introduzir o novo produto, a VW estrategicamente diminui a produção 
do Gol para facilitar a entrada do Fox. 
O Fox chegou ao mercado como pioneiro no conceito DAP (Designed Around 
Passengers) e com a proposta de atender a um público de carro pequeno, mas 
que exige certa sofisticação. Foi direcionado ao público jovem, que alterna o 
uso urbano com o lazer fora da cidade. 
A campanha de lançamento apresentou o conceito e o posicionamento do 
produto ao público-alvo. E a comunicação trabalhou o principal atributo do 
carro – o conforto interno – e utilizou o slogan “Compacto para quem vê. 
Gigante para quem anda”.
A campanha de lançamento foi fundamental na introdução do novo carro. Na 
época, o mercado de 2 portas era de 2.000 carros/mês e esse número era 
exatamente o objetivo inicial de vendas do Fox. 
Com o mix produto e comunicação, o Fox superou as expectativas: o mercado 
absorveu o novo carro e dobrou de tamanho. Atualmente, o Fox representa 
60% do mercado de carros de 2 portas. 
 
Mesmo diante do sucesso, a VW não deixou de fazer a pesquisa Early Buyer, 
realizada sempre três meses depois do lançamento de um novo produto, com o 
objetivo de avaliar a satisfação dos primeiros compradores em relação ao 
carro. 
Além disso, a satisfação geral do consumidor também é avaliada a partir de 
indicadores do SIQ (Sistema de Informação de Qualidade), tais como: 
avaliação do show room da concessionária, do vendedor, do preço do veículo e 
do acompanhamento após a compra por parte do concessionário. 
Esse acompanhamento demonstra a preocupação da empresa em corrigir 
elementos do marketing mix. 
 
INOVAÇÃO ATRAVÉS DA EXTENSÃO DE LINHA 
 
A Volkswagen até aqui usou, estrategicamente, o ferramental de pesquisa de 
marketing no desenvolvimento, no lançamento e no monitoramento de seu 
novo produto.
 
 
 
Mas a inovação é palavra de ordem ditada pelo mercado e pelo consumidor. E 
a pesquisa de marketing passou também a dar apoio à VW na descoberta de 
novas oportunidades. Afinal, “um evento Gol, ou seja, um carro desenhado há 
mais de 20 anos e que vem se mantendo líder no mercado, é um fato que não 
se observa mais no setor”.3 
A extensão de linha do Fox foi a alternativa escolhida pela empresa para 
imprimir um ritmo de inovação. E, antes de partir para desdobramentos do Fox, 
a VW procurou mais uma vez saber e compreender a percepção do 
consumidor. 
Novas pesquisas identificaram a maneira como o consumidor segmentava o 
mercado de carros (sedan de luxo, esportivo, popular, sedan, compacto, 
exclusivos/minivans, off road, pick-up) e também alguns subgrupos (vide 
quadro). 
 
 
Como mencionado anteriormente, a Volkswagen pretendia desenvolver um 
produto que atendesse os segmentos em crescimento, o sensato e o guiado 
pela imagem. Esse direcionamento, aliado ao resultado do estudo de 
percepção do consumidor, fundamentou a decisão da companhia em estender 
a linha do Fox para off road e exclusivo/minivans. 
 
Assim, em abril de 2005, foi lançado o CrossFox. Um carro espírito off road, 
desenvolvido para atender o segmento dos guiadores pela imagem e para 
concorrer com EcoSport (Ford), Doblô e Palio Adventure (Fiat). 
 
Praticamente um ano depois, maio de 2006, chegou ao mercado mais uma 
variação do Fox, o SpaceFox. Esse carro uniu características de uma minivan 
(versatilidade e espaço interno) e de uma station (dirigibilidade e 
esportividade). O resultado foi uma sport van que chegou para competir com o 
Idea (Fiat), Meriva (GM), Perua Peugeo 206. 
Pesquisa de Mercado – Profª Lorena Lourenço – Unidade I 
Dessa maneira, a partir da extensão de linha do Fox a VW passou a atender 
seus públicos de interesse: os sensatos, com a versão 1.0, e os guiados pela 
imagem, com o CrossFox e o SpaceFox. 
O sucesso da extensão de linha pode ser mensurado no volume de vendas. No 
lançamento, as vendas do Fox eram de 2.000 veículos/mês e, hoje, 
considerando as diversas versões, alcançam um volume de 10.000 unidades. 
 
CONCLUSÃO 
Este caso ilustra o uso estratégico do ferramental de pesquisa de marketing no 
desenvolvimento e no lançamento de um novo produto, além de sua utilização 
no monitoramento do produto ao longo tempo e na descoberta de novas 
oportunidades. 
Demonstra também como a pesquisa pode auxiliar a conhecer e compreender 
melhor os anseios do consumidor e dessa forma satisfazê-lo com produtos que 
expressem exatamente seus desejos e necessidades. 
A análise estratégica das informações obtidas em estudos é fundamental no 
reposicionamento de uma marca consolidada no mercado, que estava 
envelhecida e não tinha produtos que correspondessem às exigências de um 
público com estilo de vida mais jovial.