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Tipo
Tipo é o modelo, o padrão de conduta que o estado, por meio de seu único instrumento - a lei visa impedir que seja pratica, ou determina que seja levada a efeito por todos nós.
Tipidicidade quer dizer a perfeita subsunção da conduta praticada pelo agente ao modelo abstrato previsto na lei penal, isto é, a um tipo penal incriminador.
A tipicidade se divide em duas: 
Tipicidade formal: haverá tipicidade se houver a adequação de um fato cometido à descrição que dele se na lei penal.
Tipicidade conglobante:
A conduta do agente deve ser antinormativa – contrária a norma penal
Haja tipicidade material, ou seja, que ocorra um critério material de seleção do bem
Seleção de bens
Nem toda lesão será protegida pelo direito penal. 
Aqui se afere a importância do bem no caso concreto, a fim de que possamos concluir se aquele bem específico merecer ou não ser protegido pelo direito penal
Adequação típica ou tipicidade formal 
Adequação típica de subordinação imediata ou direta- ocorrerá quando houver perfeita adequação entre a conduta do agente e o tipo penal incriminador.
Adequação típica de subordinação mediata ou indireta – ocorre quando o agente embora atue com vontade de praticar a conduta proibida por determinado tipo incriminador -, seu comportamento não consegue se adequar diretamente, perfeitamente a essa figura.
Norma de extensão – tem por finalidade ampliar o tipo penal, a fim de nele abranger hipótese não previstas expressamente pelo legislador.
Ex: art. 14, inc.II do CP, artigo 29 do CP
Injusto penal – a valoração de uma ilicitude como um injusto processa-se no instante em que o julgador considera que o agente realizou uma conduta típica e não justificada.
Elementares – são dados essenciais à figura típica, sem os quais ocorre uma atipicidade absoluta ou atipicidade relativa.
Atipicidade absoluta – quando por falta de uma elementar indispensável ao tipo, o fato praticado pelo agente torna-se um indiferente penal. Ex: furto de uso
Atipicidade relativa – quando pela ausência de uma elementar, ocorre a desclassificação. Ex: peculato – furto.
Introdução
Relembrar os elementos do tipo penal, dando ênfase para o elemento subjetivo.
Tipo doloso
Dolo é a vontade e consciência dirigidas a realizar a conduta prevista no tipo penal (Rogério Greco)
Art. 18, I – o crime será doloso quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo.
O dolo é constituído por dois elementos:
Cognitivo – conhecimento do fato constitutivo da ação típica. Consciência daquilo que se pretende praticar.
Volitivo – vontade de realizá-la. A vontade deve abranger a ação ou omissão, o resultado e o nexo causal.
Obs: a consciência da ilicitude faz parte da culpabilidade.
 Teorias do dolo
Teoria da vontade: dolo é a vontade dirigida ao resultado. Consiste na intenção mais ou menos perfeita de fazer um ato que se conhece contrário a lei.
Teoria da representação: para a existência do dolo é suficiente a representação subjetiva ou a previsão do resultado como certo. 
Teoria do consentimento: para esta teoria o dolo é a vontade que, embora não dirigida diretamente ao resultado previsto como provável ou possível, consente na sua ocorrência ou, o que dá no mesmo, assume o risco de produzi-lo.
Tipos de dolo
Dolo direto e imediato (dolo direto de primeiro e de segundo grau)
Dolo eventual
Tipo culposo
Conceito - Conduta humana voluntária que produz resultado antijurídico não querido, mas previsível e excepcionalmente previsto, que podia, com a devida atenção, ser evitado.
Requisitos:
Conduta humana voluntária, comissiva ou omissiva
Inobservância de um dever objetivo de cuidado
Resultado lesivo não querido, tampouco assumido pelo agente
Nexo de causalidade entre a conduta do agente que deixa de observar o seu dever de cuidado e o resultado lesivo dela advindo
Previsibilidade
Tipicidade
Obs: previsibilidade objetiva seria aquela em que o agente no caso concreto deve ser substituído pelo chamado homem médio de prudência normal. Na Previsibilidade subjetiva são levadas em consideração as limitações e experiências daquela pessoa, suas condições particulares.
Elementos
Imprudência – seria a conduta positiva praticada pelo agente, por não observar o seu dever de cuidado, causasse o resultado lesivo que lhe era previsível.
Negligencia – é um deixar de fazer aquilo que a diligencia normal impunha. 
Imperícia – quando ocorre uma inaptidão momentânea ou não, do agente para o exercício de arte profissão ou oficio. A imperícia está ligada basicamente a atividade profissional do agente.
Crime culposo e tipo aberto
Culpa consciente e culpa inconsciente
Quando o agente deixa de prever o resultado que lhe era previsível, fala-se em culpa inconsciente ou culpa comum.
Culpa consciente é aquela em que o agente embora prevendo o resultado, não deixa de praticar a conduta, acreditando, sinceramente, que este resultado não venha a ocorrer.
As duas distinguem-se no que diz respeito a previsibilidade. 
Diferença entre culpa consciente e dolo eventual
Na culpa, o agente embora prevendo o resultado, acredita na sua não ocorrência; o resultado previsto não é querido ou mesmo assumido pelo agente. Já no dolo eventual, embora o agente não queria o resultado diretamente, assume o risco de vir a produzi-lo.
Na culpa consciente, o agente sinceramente acredita que pode evitar o resultado; no dolo eventual, o agente não quer diretamente produzir o resultado, mas se este vier a ocorrer, não se importa. 
 Consumação e Tentativa
Art. 14 - Diz-se o crime: 
Crime consumado 
I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal; 
Tentativa 
II - tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. 
Pena de tentativa 
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
Considerações Gerais
A consumação e tentativa são dois momentos do crime distintos, que estabelecem o êxito ou não na sua empreitada criminosa. Quando consegue alcançar sua finalidade e reúne todos os elementos do tipo penal, diz-se que se tem o crime consumado, aquelas figuras presentes na parte especial do código e na legislação especial.
“Está consumado o crime quando o tipo está inteiramente realizado, ou seja, quando o fato concreto se subsume no tipo abstrato descrito na lei penal. Preenchidos todos os elementos do tipo objetivo pelo fato natural, ocorreu a consumação”. (Mirabete)
Quando não se obtém o êxito, fala-se da figura tentada, aquela que por algum motivo deu errada.
Para se chegar a esta fase, é necessário passar por um caminho, que estabelecerá o tramite da intenção criminosa, denominado iter criminis.
Iter criminis: Desde o inicio até o fim da infração penal, o agente passa por várias etapas, como se caminhasse por uma trilha que pudesse levá-lo ao êxito de seu plano criminoso. (Greco)
Na realização do crime há um caminho, um itinerário a percorrer entre o momento da ideia de sua realização até aquele em que ocorre a consumação. A esse caminho se dá o nome de iter crimnis, quer é composto de uma fase interna e de uma fase externa (atos preparatórios, atos de execução e consumação). (Mirabete)
Fases:
Cogitação – é aquela fase do iter criminis que se passa na mente do agente. Aqui ele define a infração penal que deseja praticar, representando e antecipando mentalmente o resultado que busca alcançar.(Greco) 
A cogitação não é punida, segundo a lei (....). nem mesmo a cogitação externada a terceiros levará a qualquer punição, a não ser que constitua, de per si, um fato típico, como ocorre no crime de ameaça, de incitação ao crime, de quadrilha ou bando. (mirabete)
Preparação – os atos preparatórios são externos ao agente, que passa da cogitação à ação objetiva,como a aquisição de arma para a prática de homicídio ou de uma chave falsa para o delito de furto, o estudo do local onde se quer praticar um roubo, etc.( Mirabete)
“Uma vez selecionada a infração penal que deseja cometer, o agente começa a se preparar com o fim de obter o êxito em sua empreitada criminosa. Seleciona os méis aptos a chegar ao resultado por ele pretendido, procura o lugar mais apropriado à realização de seus atos, enfim, prepara-se para que possa, efetivamente ingressar na terceira fase do iter criminis.” (Greco)
Execução – atos executórios são aqueles que se dirigem à pratica do crime, isto é, á realização concreta dos elementos constitutivos do tipo penal, ou, na lição de Welzel, “começam com a atividade com a qual o autor se põe em relação imediata com a ação típica”. (Bitencourt).
“Quando o agente ingressa na fase dos atos de execução, duas situações podem ocorrer:
O agente consuma a infração penal por ele pretendida inicialmente; ou
Em virtude de circunstâncias alheias à sua vontade, a infração não chega a consumar-se, restando, portanto, tentada.
Consumação – quando o agente consegue realizar a figura penal imaginada por ele desde o inicio (cogitação), diz-se que o crime se consumou.
Crime consumado é o crime que reúne todos os elementos de sua definição legal, ou seja, quando o fato concreto se subsume ao tipo abstrato descrito na lei penal, de acordo com o artigo 14, inciso I, do código penal brasileiro.
Exaurimento - é uma fase posterior à execução do crime, à sua consumação. O crime já se consumou e o agente consegue realizar tudo o que havia pensado. Exemplo: meliante que mata os pais para obter a herança: Recebê-la seria o exaurimento do crime já consumado (de homicídio). Na verdade, o exaurimento, em geral, ou é um crime autônomo, ou não-autônomo. Pode ser uma qualificadora ou causa de aumento de pena, ou então não ser nada. Matar e ocultar o cadáver: a ocultação é exaurimento, ou fase do exaurimento o crime de homicídio, e será um crime autônomo.
Tentativa
A tentativa é a realização incompleta do tipo penal, do modelo descrito na lei. Na tentativa há pratica de ato de execução, mas não chega o sujeito à consumação por circunstâncias alheias a vontade do agente. (mirabete)
Nestes casos, a adequação típica é feita de maneira diferente. Conjuga-se o artigo 14, inciso II (norma de extensão), ao tipo penal que o agente queria consumar e só não o fez por circunstâncias diferentes da vontade dele.
Requisitos
Dolo em relação ao resultado final – a conduta do agente deve ser dolosa, isto é, deve existir uma vontade livre e consciente de querer praticar determinada infração penal.
Inicio dos atos de execução – é necessário que o agente ingresse, obrigatoriamente, na fase dos chamados atos de execução.
Não consumação do resultado por circunstâncias alheias a vontade do agente. – qualquer fato externo aconteceu que, de qualquer modo, influencie na interrupção da execução que levaria, normalmente, à consumação da infração penal.
Espécies de tentativa:
Tentativa perfeita – também denominada de tentativa acabada ou crime falho, quando o agente esgota todos os meios que tinha a seu alcance a fim de alcançar a consumação da infração penal, que somente não ocorre por circunstâncias alheias a vontade do agente.(Greco)
A fase executória realiza-se integralmente, mas o resultado visado não ocorre por circunstâncias alheias à vontade do agente. A execução se conclui de acordo com o que o agente havia planejado, mas o crime não se consuma.(Bitencourt)
Tentativa imperfeita – também denominada de inacabada, ocorre quando o agente é interrompido durante a prática dos atos de execução, não chegando, assim, a fazer tudo aquilo que intencionava, visando consumar o delito.(Greco)
O agente, neste caso, não esgota todo o seu potencial lesivo, ou seja, não pratica todos os atos necessários para a consumação do resultado.
O processo executório é interrompido por circunstâncias alheias a vontade do agente, como por exemplo, no caso em que o agressor é segurado quando está desferindo os golpes na vítima para matá-la, sendo impedido de executar os demais atos de agressão para produzir a morte. (bitencourt) 
Tentativa branca – também denominada incruenta, quando agente, não obstante ter-se utilizado dos meios que tinha ao seu alcance, não consegue atingir a pessoa ou coisa contra a qual deveria recair sua conduta. (Greco)
Punibilidade da tentativa 
Teoria subjetiva – prega aplicação da mesma pena que a do delito consumado, fundamentando-se na vontade do autor contrária ao direito. (mirabete)
Segundo esta teoria, será aplicada ao agente a pena cominada ao crime consumado, não incidindo, outrossim, redução alguma pelo fato de ter permanecido a infração penal na fase do conatus, isto é, tentativa do crime.(Greco)
Para esta teoria, o elemento moral, a vontade do agente é decisiva, porque é completa, perfeita. (....). Desde que a vontade criminosa se manifeste nos atos de execução do fato punível, a punibilidade estará justificada. (Bitencourt)
Teoria Objetiva – esta teoria, adotada pelo nosso código, entende que deve existir uma redução na pena quando o agente não consiga efetivamente, consumar a infração penal. Quer dizer, a pena para a tentativa deve ser menor do que aquela aplicada ao agente que consegue preencher todos os elementos da figura típica. (Greco)
A teoria objetiva propõe para a tentativa pena menor que a do crime consumado, já que a lesão é menor ou não ocorreu qualquer resultado lesivo ou perigo de dano. (Mirabete)
Pena de tentativa 
Parágrafo único - Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.
Observações
Somente crime admite tentativa. O artigo 4º da lei de contravenções penais (Decreto Lei nº 3.688/41) assevera não ser punível a tentativa de contravenção penal.
Crimes que não admitem tentativa – preterdolosos, culposos, omissivos próprios.
Diferença entre os atos preparatórios e executórios
 Arrependimento eficaz, desistência voluntária 
Art. 15 - O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados.
Considerações Gerais
O artigo 15 mostra uma situação distinta do artigo 14, inciso II. Quando se fala em tentativa, discute-se a situação do individuo que por motivos alheios a sua vontade, não consumou o crime. No artigo 15, o agente voluntariamente tentará evitar o resultado, sendo beneficiado se conseguir.
Este artigo contempla dois requisitos: a desistência voluntária e o arrependimento eficaz. 
Essas figuras também são chamadas de tentativa abandonada ou qualificada. Ocorrem quando o agente inicia a execução de um crime que pretende consumar, porém não o faz por sua vontade, ou seja, vontade própria. Difere da tentativa, porque nela o agente não logra consumar o delito por circunstâncias alheias à sua vontade. (André Estefam)
Na tentativa, portanto, o agente quer, mas não pode, ao passo que, na desistência voluntária e no arrependimento eficaz, ele pode, mas não quer. (Frank)
Desistência Voluntária
O agente que inicia a realização de uma conduta típica pode, voluntariamente, interromper a sua execução. Isso caracteriza a tentativa abandonada. (......). Embora o agente tenha iniciado a execução do crime, não leva adiante; mesmo podendo prosseguir, desiste da realização típica. (Bitencourt)
Neste caso, o agente não esgota todo o seu potencial lesivo, isto é, não pratica todos os atos necessários para a consumação do resultado, parando a sua ação no meio dos atos de execução. Se o resultado não se consumar, responderá apenas pelos atos já praticados até então. Por exemplo, imaginemos que Brenda com dolo de matar, esfaqueie mauro uma vez no peito. Podendo prosseguir, pois não há nada que a impeça, desiste, tendo Mauro sofrido apenas lesões corporais. Neste caso, Brenda somente responderápor lesões corporais, o resultado mais leve, pois o crime não se consumou.
Obs: se mesmo o agente desistindo do crime, o resultado ainda sim vier a se produzir, responderá por ele normalmente. Segundo este exemplo acima, se Brenda não conseguisse evitar a morte de Mauro, responderia por homicídio, pois sua desistência não foi eficaz.
A desistência pressupõe que o agente tenha meios para prosseguir na execução, ou seja, ele ainda não esgotou o iter criminis posto a sua disposição. (André Estefam)
Arrependimento eficaz
No arrependimento eficaz o agente, após ter esgotado todos os meios de que dispunha – necessários e suficientes – arrepende-se e evita que o resultado aconteça. Isto é, pratica nova atividade para evitar que o resultado ocorra. (Bitencourt)
Fala-se em arrependimento eficaz quando o agente, depois de esgotar todos os meios de que dispunha para chegar à consumação da infração penal, arrepende-se e atua em sentido contrário, evitando a produção do resultado inicialmente por ele pretendida. (Greco)
Neste caso, o agente esgota todo o seu potencial lesivo, ou seja, realiza todos os atos necessários para a consumação do resultado, porém se arrepende, e tenta evitar que o resultado se produza. Se conseguir evitar, responderá apenas pelos atos já praticados.
É imprescindível, para a caracterização do arrependimento eficaz, que a ação do agente seja coroada de êxito; que efetivamente impeça ele a consumação. Evidentemente, não há que se falar em arrependimento eficaz se ocorreu a consumação. (Mirabete)
No arrependimento subtende-se que o sujeito já tenha esgotado todos os meios disponíveis e que, após terminar todos os atos executórios (mas sem consumar o fato) pratica alguma conduta positiva, tendente a evitar a consumação. (André Estefam)
Natureza Jurídica da desistência voluntária e do arrependimento eficaz
Para Nelson Hungria, “trata-se de causas de extinção de punibilidade, ou seja, circunstâncias que, sobrevindo à tentativa de um crime, anulam a punibilidade do fato a esse título. Há uma renúncia do Estado ao jus puniendi, inspirada por motivos de oportunidade”.
Muito embora a lei fale em exclusão da punibilidade, cuida-se, na verdade, de uma causa de exclusão da adequação típica. Note que o sujeito dá inicio à execução de um crime, o qual não se consuma. A forma tentada, entretanto, torna-se atípica com a atitude do agente, o qual, por vontade própria, evita a produção do resultado (mediante uma abstenção ou por meio de um ato positivo). (Estefam)
Concluindo, entendemos que a desistência voluntária e o arrependimento eficaz são causas que conduzem a atipicidade do fato, uma vez que o legislador nos retirou a possibilidade de ampliarmos o tipo penal com a norma de extensão relativa à tentativa. (Greco). Bittencourt segue o mesmo entendimento de Rogério Greco.
 Arrependimento posterior
Art. 16 - Nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços.
Considerações Gerais
O arrependimento posterior é figura nova no ordenamento jurídico, sendo tratado no art. 16 do Código Penal. Nele, o agente já consumou o delito, restando-lhe, agora, a reparação do dano ou a restituição da coisa, tudo isso, se possível. (Ricardo Andreucci).
É causa obrigatória de diminuição de pena, sendo aplicada na terceira fase da dosimetria ou calculo da pena, desde que preenchidos os quatro requisitos dispostos em lei.
O disposto no art. 16 é uma causa obrigatória de diminuição da pena, que pode ser reduzida de um a dois terços nos crimes cometidos sem violência ou grave ameaça à pessoa. Abrange, pois, não só os crimes contra o patrimônio (furto, estelionato, apropriação indébita, etc.) como também todos os demais em que ocorra um prejuízo patrimonial á vítima. (Mirabete)
Lembrou-se o legislador de elaborar um artigo que atendesse mais as necessidades da vítima que propriamente aos anseios do indiciado, pois que uma vez reparado o ano ou restituída a coisa até o recebimento da denúncia por ato voluntário do agente, sua pena sofrerá uma redução de um a dois terços, amenizando, dessa maneira, para a vítima, as consequências da infração penal. (Greco)
Requisitos ou Pressupostos
Há quatro requisitos ou condições que precisam ser preenchidas para a aplicação do arrependimento posterior.
1. Reparação integral do dano ou restituição da coisa 
“Exige-se a reparação do dano sofrido pela vítima ou a restituição do objeto material (alternativamente). Na primeira hipótese de dano à coisa sobre a qual recaiu a conduta delituosa, é necessário que, efetuada a restituição, ressarça também o agente o dano provocado (cumulativamente).
A reparação do dano produzido deve ser, em principio, total.não obstante, aceitando a vítima o ressarcimento parcial, nada obsta o reconhecimentos da causa de diminuição de pena disposta no artigo 16 do CP.”(Luiz Regis Prado)
“Entendemos que a reparação do dano ou a restituição da coisa devem ser totais, e não somente parciais.porém, se a vítima aceitar somente a reparação parcial do dano sofrido, deve-se aplicar o arrependimento posterior.” (Greco)
2. Momento para a reparação 
“(....) O instituto do Arrependimento posterior só é cabível se ocorrer nas seguintes fases:
Quando a reparação do dano ou a restituição da coisa é feita ainda na fase extrajudicial, isto é, enquanto estiverem em curso as investigações policiais; ou
Mesmo depois de encerrado o inquérito policial, com a sua consequente remessa à justiça, pode o agente, ainda valer-se do arrependimento posterior, desde que restitua a coisa ou repare o dano por ele causado à vítima até o recebimento da denúncia”. (Greco)
3. Crimes sem violência ou grave ameaça a pessoa (Infrações que possibilitam a aplicação do arrependimento posterior)
O arrependimento posterior só terá cabimento quando o agente praticar uma infração penal cujo tipo não preveja como seus elementos a violência ou a grave ameaça. (Greco)
Podem ser delitos patrimoniais, em que a violência ou a grave ameaça à pessoa não seja um dos elementos do tipo penal.
4. Ato voluntário do agente
O arrependimento deve advir da conduta voluntária do agente. (.....). o legislador não exigiu, porém, que a reparação do dano ou a restituição da coisa sejam espontâneas. Assim, ainda que encorajado por outrem, ou pela própria vítima, a reparar o dano ou a restituir a coisa, é bem possível o reconhecimento do arrependimento posterior. (Luis Regis prado) 
Observações Importantes
1. Diferença entre o arrependimento eficaz e o arrependimento posterior
Cabe dizer ainda, por oportuno, que o arrependimento posterior não se confunde com o arrependimento eficaz. Aquele é forçosamente posterior à consumação do fato delituoso, enquanto este último, embora verificando após o término da execução, antecede a consumação do delito. (Luis Regiz Prado)
A diferença básica entre o arrependimento posterior e o arrependimento eficaz reside no fato de que naquele o resultado já foi produzido e neste último, o agente impede a sua produção. (Greco)
2. Reparação do dano após o recebimento da denúncia.
Quando a reparação do dano se der após o recebimento da denuncia ou da queixa, não será aplicado o arrependimento posterior, pois não preenche um dos seus requisitos. 
Em casos como esse, em que a reparação ocorrer após o recebimento da denuncia ou queixa, mas antes do julgamento do processo, será aplicada uma circunstância atenuante que esta elencada no artigo 65, inciso III, alínea B, segunda parte, do código penal.
3. Extensão da redução aos co-autores
No caso de dois agentes que, por exemplo, praticam um delito de furto, pode acontecer que somente um deles (o que detinha em seu poder os bens subtraídos) voluntariamente restitua a res furtiva (coisa furtada) à vítima. Nessa hipótese, se a restituição tiver sidototal, entendemos que ambos os agentes deverão ser beneficiados com a redução, mesmo que um deles não os tenha entregado voluntariamente à vítima. Se a restituição for parcial, a nenhum deles será aplicada a causa geral de redução, pois que, nesse caso, deve operar-se a restituição total da coisa. (Greco)
Crime impossível
Art. 17 - Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime
CONSIDERAÇÕES GERAIS
O crime impossível, como o próprio nome diz, é aquele em que há a total impossibilidade da ocorrência delitiva. Aquele em que o agente entra nos meios de execução, mas que por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível ocorrer a consumação, deixando, em virtude dessa impossibilidade plena.
Crime impossível - Diz-se da tentativa quando, é impossível consumar-se o crime, ou seja, o indivíduo não consegue a consumação por dois motivos: pela ineficácia absoluta do meio empregado, ou seja, o objeto material do crime se apresenta absolutamente impróprio para alcançar o resultado criminoso; ou por absoluta impropriedade do objeto, que se dá quando o bem jurídico inexiste, ou, se existente, torna-se impossível sua consumação. Art.17 do Código Penal . (SITE. INTERNET)
TEORIAS SOBRE O CRIME IMPOSSÍVEL
- TEORIA OBJETIVA
Pura – o direito só proíbe condutas lesivas a um bem jurídico. Logo, quando a ação é incapaz, por qualquer causa de ocasionar a lesão, o fato deve ficar impune. Tal impunidade independe do grau de idoneidade da ação: inexistirá sempre conduta punível, já que nenhum bem jurídico foi efetivamente lesado ou ameaçado de lesão. (Luiz Regis Prado)
Para essa teoria, não importa se o meio ou o objeto eram absoluta ou relativamente inidôneos, para que se pudesse chegar ao resultado cogitado pelo agente, uma vez que em nenhuma dessas situações responderá ele pela tentativa.
Temperada - distingue a tentativa idônea do crime impossível com lastro no perigo causado (exige idoneidade do meio e do objeto) (Luiz Regis Prado).
Esta teoria entende somente puníveis os atos praticados pelo agente quando os meios e os objetos são relativamente eficazes ou impróprios, isto é, quando há alguma possibilidade de o agente alcançar o resultado pretendido (Greco)
- TEORIA SUBJETIVA – não importa se o meio ou objeto são absoluta ou relativamente ineficazes ou impróprios, pois que, para a configuração da tentativa, basta que o agente tenha agido com vontade de praticar a infração penal. (Greco)
ABSOLUTA INEFICÁCIA DO MEIO – 
Meio é tudo aquilo utilizado pelo agente capaz de ajudá-lo a produzir o resultado por ele pretendido.
Meio absolutamente ineficaz é aquele de que o agente se vale a fim de cometer a infração penal, mas que, no caso concreto, não possui a mínima aptidão para produzir os efeitos pretendidos. (Greco)
Ineficácia absoluta do meio: o meio empregado ou o instrumento utilizado para a execução do crime jamais o levarão à consumação. (site.internet)
MEIO RELATIVAMENTE INEFICAZ
É o meio utilizado pelo agente que pode vir ou não a produzir o resultado (Greco)
ABSOLUTA IMPROPRIEDADE DO OBJETO
Objeto é a pessoa ou coisa sobre a qual recai a conduta.
Impropriedade absoluta do objeto material: a pessoa ou a coisa sobre que recai a conduta é absolutamente inidônea para a produção de algum resultado lesivo. (site. Internet)
OBJETO RELATIVAMENTE IMPROPRIO 
Ocorre quando a pessoa ou a coisa contra a qual recai a conduta do agente é colocada efetivamente numa situação de perigo, ou seja, está apta a sofrer com a conduta do agente, que pode vir a alcançar o resultado por ele pretendido inicialmente. 
Objeto é relativamente impróprio quando, ocasionalmente, não está onde poderia ser atingido ou quando um elemento acidental do objeto, obsta a lesão. (Luiz Regis Prado)
Erro sobre elementos do tipo
Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
Considerações Gerais
Erro é falsa representação da realidade ou o falso ou equivocado conhecimento de um objeto (é um estado positivo).(Luiz Flávio Gomes).
Erro relevante para o direito penal é aquele que vivia a vontade, causando uma falsa percepção da realidade, e também aquele que vicia o conhecimento da ilicitude (Bitencour)
O erro tanto pode incidir sobre os elementos estruturais do delito – erro de tipo – quanto sobre a ilicitude da ação – erro de proibição.
Erro de tipo
Entende-se por erro de tipo aquele que recai sobre as elementares, circunstâncias ou qualquer dado que se agregue a determinada figura típica, ou ainda aquele, segundo Damásio, incidente sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou dados secundários da norma penal incriminadora. (Greco)
O erro sobre o fato típico diz respeito ao elemento cognitivo ou intelectual do dolo, sendo sua contraface. É aquele que recai sobre os elementos essenciais ou constitutivos – fáticos ou normativos – do tipo de injusto, sem os quais deixa de existir. Tanto pode decorrer de uma equívoca apreciação de ordem fática, como de errônea compreensão do direito ( Luiz Régis Prado).
Quando o agente tem esta falsa representação da realidade, falta-lhe na verdade, a consciência de que pratica uma infração penal, e dessa forma, resta afastado o dolo que, como vimos, é a vontade livre e consciente de praticar a conduta incriminada. (Greco)
Um conceito bem amplo de erro de tipo é dado por Damásio de Jesus, in verbis : “erro de tipo é o que incide sobre as elementares ou circunstâncias da figura típica, sobre os pressupostos de fato de uma causa de justificação ou dados secundários da norma penal incriminadora”. Ex.: O sujeito dispara um tiro de revólver no que supõe seja um animal bravio, vindo a matar um homem. A falsa percepção da realidade incidiu sobre um elemento do crime de homicídio. No fato cometido, ele supôs a ausência da elementar “alguém” (pessoa humana) contida na descrição do crime (art. 121,caput ). Em face do erro, não se encontra presente o elemento subjetivo do tipo do crime de homicídio, qual seja, o dolo. Não há a consciência da conduta e do resultado, a consciência do nexo de causalidade, nem a vontade de realizar a conduta contra a vítima e de produzir o resultado (morte). Há desconformidade entre a realidade e a representação do sujeito que, se a conhecesse, não realizaria a conduta.
O erro de tipo exclui sempre o dolo, permitindo a punição pela conduta culposa, se houver a previsão legal do tipo culposo.
Erro sobre a ilicitude do fato
Art. 21 - O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência. 
 Se tratando de erro invencível (escusável ou inculpável )ocorre quando não pode ser evitado pela normal diligência, ou seja, qualquer pessoa, empregando o cuidado intenso, ordinariamente exigido pelo ordenamento jurídico, nas condições em que se viu o sujeito, incidiria em erro.(site. Internet)
O erro pode ser invencível, (escusável, justificável, inevitável) exclui o dolo e a culpa, pois, na situação sem que o agente se encontrava, não havia como evitar o fato, mesmo tomando todas as cautelas necessárias. (Greco)
Há erro vencível (inescusável ou culpável) quando pode ser evitado pela diligência ordinária, resultado de imprudência ou negligência. Qualquer pessoa, empregaria a prudência normal exigida pela ordem jurídica, não cometeria o erro em que incidiu o sujeito. (site. Internet)
O erro também pode ser vencível (inescusável, injustificável, evitável), em que o autor responderá pela conduta culposa, se houver, uma vez que o dolo fica afastado. (Greco)Erro de tipo acidental
Erro de tipo acidental é aquele que, versando sobre elementos acidentais do delito ou sobre a conduta de sua execução, não exclui o dolo, em face do sujeito agir com o entendimento do caráter ilícito do seu comportamento.(site.internet)
O erro acidental não tem o condão de afastar o dolo (ou o dolo e a culpa) do agente, e, na lição de Aníbal bruno, “não faz o agente julgar lícita a ação criminosa. Ele age com consciência da antijuridicidade do seu comportamento, apenas se engana quando a um elemento não essencial do fato ou erra no seu movimento de execução. (Greco)
O erro acidental apresenta-se sob diversas formas:
1º)Erro sobre o objeto (error in objecto)
O objeto material que aqui é tratado restringe-se à coisa. O sujeito pensa estar sua conduta recaindo sobre uma determinada coisa, enquanto, na verdade, recai sobre outra. Tal erro não exclui o crime, pois a troca de objetos não impede a tipificação do delito e configuração do dolo.
2º)Erro sobre a pessoa (error in persona)
Art. 20, § 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. 
Em virtude do erro, a conduta delituosa do sujeito atinge pessoa diversa da pretendida. É de se observar que o agente pensa que está atingindo a vítima pretendida.
Tal espécie de erro só é admissível nos crimes dolosos.
A tutela penal é extensiva a todas as pessoas. Desta forma, o fato do crime haver sido cometido contra a pessoa errada, não excluindo o dolo, não exime o agente de responder a título de dolo pela conduta típica. O que se levará em conta, no entanto, não serão as condições e qualidades da vítima efetiva, mas sim da vítima virtual (aquela sobre a qual o sujeito pretendia que sua conduta típica atingisse — art. 20, § 3°, CP).
3º)Erro na execução (aberratio ictus)
Entende-se por aberratio ictus a aberração no ataque ou desvio do golpe. Faz-se presente quando o sujeito pretende atingir determinada pessoa e vem a ofender outra. Aqui o agente não se engana quanto à vítima, mas, por erro, atinge outra pessoa (art. 73, CP).
Assemelha-se ao erro sobre a pessoa, diferenciando por dois aspectos:
Na aberratio ictus a vontade não é viciada no momento da realização do fato delituoso, o que existe é um erro ou acidente no emprego dos meios de execução deste fato, enquanto que no erro sobre a pessoa o agente pensa estar produzindo sua conduta típica sobre uma pessoa quando se trata de outra; 
Na aberratio ictus a vítima pretendida sofre perigo de dano, enquanto que no erro sobre a pessoa somente a vítima efetiva sofre algum dano.
A aberratio ictus apresenta-se sob duas formas:
a) Com unidade simples Ocorre quando, em virtude do erro, decorre um resultado único sobre um terceiro que o suporta: lesão corporal ou morte.
Duas teorias procuram explicar este espécie. A primeira vê a existência de dois crimes quando há a morte da vítima efetiva (tentativa de homicídio em relação à vítima virtual e homicídio culposo em relação à vítima efetiva), ou quando há lesão corporal desta mesma vítima (tentativa de homicídio em relação à vítima virtual e lesão corporal culposa em relação à vítima efetiva).
A segunda teoria, adotada pelo nosso Código Penal, admite a existência de apenas um crime (tentado ou consumado), em duas hipóteses: quando a vítima efetiva sofre lesão corporal e o agente responde por tentativa de homicídio (absorvendo a lesão corporal culposa) e quando a vítima é morta, respondendo o agente por homicídio doloso.
É importante observar, mais uma vez, que o que se aplica são as condições e qualidades da vítima virtual e não as da vítima efetiva (art. 20, § 3°, CP).
b) Com unidade complexa Ocorre quando, em virtude do erro, decorre resultado duplo.
Parte da doutrina não vê o aberratio ictus com duplicidade de resultado, apenas com unidade simples. Admite esta teoria um concurso formal de crimes, em que concorrem dois crimes: um homicídio doloso (tentado ou consumado) em relação à vítima virtual (pretendida) e um homicídio ou lesão corporal culposos em relação à vítima efetiva (terceiro).
São, portanto, seis as hipóteses em que pode ocorrer o aberratio ictus:
O agente fere um terceiro — responderá por tentativa de homicídio; 
O agente mata um terceiro — responderá por crime de homicídio doloso consumado; 
O agente mata a vítima pretendida e um terceiro — responderá por homicídio doloso consumado, tendo a pena aumentada de um sexto até a metade em face do concurso formal (art. 73; art. 70, CP); 
O agente mata a vítima pretendida e fere um terceiro — responderá por crime de homicídio doloso consumado, tendo a pena aumentada de um sexto até a metade em face do concurso formal (art. 73; art. 70, CP); 
O agente fere a vítima pretendida e um terceiro — responderá por uma tentativa de homicídio doloso, tendo a pena aumentada de um sexto até a metade em face do concurso formal (art. 73; art. 70, CP);
O agente fere a vítima pretendida e mata um terceiro — responderá por homicídio doloso consumado, tendo a pena aumentada de um sexto até a metade em face do concurso formal (art. 73; art. 70, CP).
4º) Resultado diverso do pretendido (aberratio criminis)
Ocorre quando por acidente ou erro na execução, sobrevier resultado diverso deo pretendido.
Ex: é o caso daquele que visando destruir uma vitrine, arremesa uma pedra contra ela e, por erro, não acerta o alvo, mas atinge uma pessoa. Responderá, nessa hipótese, pelo delito de lesões corporais de natureza culposa, ficando afastado a sua responsabilidade no que diz a tentativa de dano.
5º) Aberratio causae
A aberração ou o erro está na causa do resultado.
Ex: é a hipótese daquele que almejando matar a vítima por afogamento a arremesa do alto da ponte, vindo esta, contudo, depois de chocar-se com o pilar central, a falecer por traumatismo craniano. (Greco)
Erro determinado por terceiro 
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina o erro.
Regula a lei a hipótese de o agente ter atuado por erro em virtude de provocação (ou determinação) de terceiro. Suponha-se que o médico, desejando matar o paciente, entrega à enfermeira uma injeção que contém veneno, afirma que se trata de um anestésico e faz com que ela a aplique. A enfermeira agiu por erro determinado por terceiro, e não dolosamente, respondendo apenas o médico.
Descriminantes putativas
§ 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. 
Considerações Gerais
Descriminar significa absolver, inocentar, isentar, exculpar. Putativo é um adjetivo aplicável àquilo que aparenta ser verdadeiro, legal certo, sem o ser. Assim, as descriminantes putativas são aquelas hipóteses que isentam o agente de pena, em razão da suposição de fato que, se presente, tornaria legítima a ação. (site. Internet)
Descriminar quer dizer transformar o fato em um indiferente penal. Ou seja, para a lei penal, o fato cometido pelo agente não é tido como criminoso, uma vez que o próprio ordenamento jurídico-penal permitiu que o agente atuasse da maneira como agiu. (Greco)
Também denominado de erro de tipo permissivo, ocorre quando o erro recai sobre os pressupostos fáticos de uma causa de justificação (isto é, excludente de ilicitude, que se encontra em tipos penais permissivos). (André Estefam)
As causas legais que afastam a ilicitude (ou a antijuridicidade) da conduta do agente, fazendo que se torne permitida, encontram-se previstas no art. 23 do estatuto repressivo. São elas a legítima defesa, o estado de necessidade, o estrito cumprimento de dever legal e o exercício regular de direito.
Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
I - em estado de necessidade;II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
 O agente incide em erro sobre situação de fato que, se existisse, tornaria legítima a ação (estado de necessidade putativo, legítima defesa putativa, estrito cumprimento de dever legal putativo e exercício regular de direito putativo). Essa hipótese é de erro de tipo, daí por que é denominado erro de tipo permissivo ou descriminante putativa.
Cada causa de exclusão da antijuridicidade mencionada no art. 23 do Código Penal apresenta suas características próprias, demandando requisitos específicos para sua ocorrência. Assim, se o agente incide em erro sobre a situação de fato que autoriza a legítima defesa, o estado de necessidade, o estrito cumprimento de dever legal e o exercício regular de direito, estará isento de pena, pois se trata de descriminante putativa.
Ilicitude
Ilicitude, ou antijuridicidade, é a relação de antagonismo, de contrariedade entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico. (Greco)
Enquanto a subsunção de um fato concreto ao tipo pena legal, isto é, o juízo de tipicidade, tem um caráter positivo, o juízo de ilicitude, decorrente da verificação da operatividade de uma norma permissiva, evidencia um caráter negativo (Luiz Regis prado) 
A ilicitude é a violação da ordem jurídica em seu conjunto, mediante a realização do tipo. (Luiz Regis Prado)
“Um fato seria formalmente antijurídico enquanto contrário a uma proibição legal, e materialmente antijurídico por implicar na lesão ou perigo a um bem jurídico”. (Greco)
Formal – contradição entre o comportamento do agente e a norma penal; sendo formalmente antijurídico em virtude do indicio fundamentador da ação típica
Material – em decorrência da transgressão da norma, acaba por lesar ou por em perigo bens jurídicos por ela protegidos. Aliás, afirma-se que o conteúdo material, na verdade, inexiste , correspondendo em um dado constitutivo do fato típico, sob o ângulo de ofensa a bens jurídicos.
Causas de justificação
Exclusão de ilicitude
Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade;
II - em legítima defesa;
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível 
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo. 
Considerações Gerais
As causas de justificação contem um preceito autorizante ou permissivo. Podem ser definidas como sendo particulares situações diante das quais um fato, que de outro modo seria delituoso, não o é porque a lei o impõe ou o consente. Toda ação típica é ilícita, salvo quando justificada. (Luiz Regis Prado)
Estado de necessidade
Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.
§ 1º - Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. 
§ 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços. 
CONCEITO: É uma situação de perigo atual de interesses legítimos e protegidos pelo Direito, em que o agente, para afastá-la e salvar um bem jurídico próprio ou de terceiro, não tem outro meio senão o de lesar o interesse de outrem, igualmente legítimo. 
NATUREZA: Trata-se de causa excludente da antijuridicidade. Assim, embora seja típico o fato, não há crime em face da ausência de ilicitude. 
QUE O SUJEITO CONHEÇA A SITUAÇÃO DO ESTADO DE NECESSIDADE
EXISTÊNCIA DE PERIGO ATUAL: PERIGO não é conduta humana. Pode ser fenômeno natural, ou provocado por um animal, p.ex.
PERIGO IMINENTE: grande maioria dos autores entende que na expressa perigo atual também está incluído o perigo iminente.
PERIGO NÃO PROVOCADO DOLOSAMENTE PELO AGENTE
INEVITABILIDADE: característica fundamental do estado de necessidade é que o perigo seja inevitável, bem como seja imprescindível, para escapar a situação perigosa, a lesão a bem jurídico de outrem. 
RISCO DE OFENSA A DIREITO PRÓPRIO OU ALHEIO
INEXIGIBILIDADE DE SACRIFÍCIO DO DIREITO AMEAÇADO: Significa que a lei não exige do agente que sacrifique o seu bem jurídico para preservar o bem jurídico de terceiros.
PRINCÍPIO DA RAZOABILIDADE
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE
PRINCÍPIO DA PONDERAÇÃO DOS INTERESSES EM CONFLITO
Para o estudo da ponderação dos interesses em conflito, mister se faz o estudo do estudo do estado de necessidade justificante e estado de necessidade exculpante: 
Formas de estado de necessidade:
Quanto à titularidade do interesse protegido: 
Estado de necessidade próprio (quando o agente salva direito próprio);
Estado de necessidade de terceiro (quando o agente salva direito de outrem).
Quanto ao aspecto subjetivo do agente:
Estado de necessidade real: que efetivamente está ocorrendo;
Estado de necessidade putativo: em que o agente incide em erro.
Quanto ao terceiro que sofre a ofensa: 
Estado de necessidade agressivo – caso em que a conduta do agente atinge direito de terceiro inocente. Exemplo: Para prestar socorro a alguém, o agente toma o veículo alheio, sem autorização do proprietário.
Estado de necessidade ofensivo – caso que o agente atinge direito de terceiro que causou ou contribuiu para a situação de perigo. Exemplo: A, atacado por um cão bravo, vê-se obrigado a matar o cão. 
Legítima defesa
Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem
CONCEITO: É a repulsa a injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem, usando moderadamente os meios necessários.
NATUREZA: Trata-se de causa excludente da antijuridicidade. Assim, embora seja típico o fato, não há crime em face da ausência de ilicitude. 
FUNDAMENTO DA LEGÍTIMA DEFESA: O Estado, a partir do momento em que chamou a si a responsabilidade de distribuir justiça, aplicando a lei ao caso concreto, pretendeu terminar com a justiça privada, geradora de inúmeros excessos e incidentes incontroláveis. Entretanto, não podendo estar, através de seus agentes, em todos os lugares ao mesmo tempo, deve facultar à pessoa agredida a legítima defesa de seus direitos, pois, caso contrário, o direito deveria ceder ao injusto, o que é inadmissível.
Como leciona Jeschek, a legítima defesa tem dois ângulos distintos, mas que trabalham conjuntamente;
no prisma jurídico-individual: é o direito que todo homem possui de defender seus bens juridicamente tutelados. Deve ser exercida no contexto individual, não sendo cabível invoca-la para a defesa de interesses coletivos, como a ordem pública e o ordenamento jurídico;
no prisma jurídico-social: é justamente o preceito de que o ordenamento jurídico não dever ceder ao injusto, daí por que a legítima defesa manifesta-se somente quando for essencialmente necessária,devendo ceder no momento em que desaparecer o interesse de afirmação do direito ou, ainda, em caso de manifesta desproporção entre os bens em conflito. É desse contexto que se extrai o princípio de que a legítima defesa merece ser exercida da forma menos lesiva possível ( Tratado de derecho penal – parte general, p. 459-461). 
A legítima defesa requer, para sua configuração, a ocorrência dos seguintes elementos: 
QUE O SUJEITO CONHEÇA A SITUAÇÃO DE FATO JUSTIFICANTE, ou seja, sabe que está agindo em legítima defesa (animus defendendi);
AGRESSÃO INJUSTA: AGRESSÃO É CONDUTA HUMANA. Não vale por exemplo, contra quem cumpre mandado de prisão; vale contra inimputáveis; pode ser usada pelo provocador, desde que não premeditadamente;
AGRESSÃO ATUAL OU IMINENTE: Atual é aquela está ocorrendo e iminente é aquela que está prestes a ocorrer. Não é a simples ameaça;
LESÃO OU AMEAÇA DE LESÃO A DIREITO PRÓPRIO OUALHEIO: Significa que o agente pode repelir injusta agressão a direito seu (legítima defesa própria) ou de outrem (legítima defesa de terceiros). Pode ser filho, cônjuge, um segurança com relação ao patrão.
USO DO MEIO NECESSÁRIO: eficaz e suficiente. NELSON HUNGRIA entende que é aquele que o ofendido dispõe no momento em que está sendo agredido ou na iminência de sê-lo.
MODERAÇÃO NO EMPREGO DOS MEIOS: Significa que o agente deve agir sem excesso. Comedimento, visando apenas afastar a agressão, interrompendo a reação quando cessar a reação injusta. 
INEVITABILIDADE: não é a covardia, mas no dizer de Damásio: “ o cômodo e prudente afastamento do local”.
FORMAS DE LEGÍTIMA DEFESA:
1) Quanto à titularidade do interesse protegido: 
Legítima defesa própria: quando a agressão injusta se voltar contra direito do agente;
Legítima defesa de terceiros: quando a agressão injusta ocorrer contra direito de terceiro. 
2) Quanto ao aspecto subjetivo do agente:
Legítima defesa real: quando a agressão injusta efetivamente estiver presente.
Legítima defesa putativa: que ocorre erro – descriminante putativa
3) Quanto à reação do sujeito agredido: 
Legítima defesa defensiva: quando o agente se limitar a defender-se da injusta agressão, não constituindo, sua reação, fato típico;
Legítima defesa ofensiva: quando o agente, além de defender-se da injusta agressão, também atacar o bem jurídico de terceiro, constituindo sua agressão fato típico. 
PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE 
LEGÍTIMA DEFESA DA HONRA
ESPÉCIES DE LEGÍTIMA DEFESA:
PRÓPRIA
DE TERCEIRO
RECÍPROCA: somente na PUTATIVA
SUCESSIVA
EFEITOS CIVIS DA LEGÍTIMA DEFESA: 
Preconiza o artigo 188, I, do Novo Código Civil:
“Art. 188. Não constituem atos ilícitos: os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido.”
ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL
Ensina o Professor Guilherme de Souza Nucci, que trata-se da ação praticada em cumprimento de um dever imposto por lei, penal ou extrapenal, mesmo que cause lesão a um bem juridicamente protegido de terceiros. Ocorre o estrito cumprimento do dever legal quando a lei, em determinados casos, impõe ao agente um comportamento. Nessas hipóteses, amparadas pelo artigo 23, III, do Código Penal, embora típica a conduta, não é ilícita.
Exemplos de estrito cumprimento de dever legal, largamente difundidos na doutrina:
policial que viola domicílio onde está sendo praticado um delito;
Emprego de força indispensável no caso de resistência ou tentativa de fuga;
Soldado de mata um inimigo no campo de batalha;
Oficial de justiça que viola domicílio para cumprir ordem de despejo, dentre outros. 
EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO
Segundo ensina o Professor Guilherme de Souza Nucci, é o desempenho de uma atividade ou a prática de uma conduta autorizada por lei, que torna lícito um fato típico. Essa excludente da antijuridicidade vem amparada pelo art. 23, II do Código Penal, que emprega a expressão direto em sentido amplo. A conduta , nesses casos, embora tíica, não será antijurídica, ilícita.
Exemplos de exercício regular de direito largamente difundidos na doutrina:
Correção de filho pelo pai
Violência esportiva, praticada nos limites da competição
Prisão em flagrante por particular;
Direito de retenção por benfeitorias previsto no Novo Código Civil;
Desforço imediato no esbulho possessório.
Trote acadêmico ou militar;
NÃO EXISTE EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITO NO CASO DE ESTUPRO PRATICADO PELO MARIDO CONTRA A ESPOSA.
CASTIGOS DOS PROFESORES.

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