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Direito Penal Federal

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 2 
CAPÍTULO 1 
DIREITO POSITIVO 
 
Complexo de normas disciplinadoras que estabelecem regras indispensáveis ao 
convívio dos indivíduos de uma sociedade. 
A vida em sociedade exige um complexo de normas disciplinadoras que 
estabeleça as regras indispensáveis ao convívio entre os indivíduos que a compõem. O 
conjunto dessas regras é denominado direito positivo. À reunião das normas jurídicas 
pelas quais o Estado proíbe determinadas condutas, sob ameaça de sanção penal, 
estabelecendo ainda os princípios gerais e os pressupostos para a aplicação das 
penas e das medidas de segurança, dá-se o nome de direito penal. 
 
O Direito Penal é o mínimo do mínimo ético. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
DIREITO PENAL 
 Como o Estado não pode aplicar as sanções penais arbitrariamente, na 
legislação penal são definidos esses fatos graves, que passam a ser ilícitos penais 
(crimes e contravenções), estabelecendo-se as penas e as medidas de segurança 
aplicáveis aos infratores dessas normas. 
 O direito penal tem um caráter fragmentário, pois não encerra um sistema 
exaustivo de proteção aos bens jurídicos, mas apenas elege, conforme o critério do 
“merecimento da pena”, determinados pontos essenciais. 
 Pode-se dizer que o fim do direito penal é a proteção da sociedade e, mais 
precisamente, a defesa dos bens jurídicos fundamentais (vida, integridade física e 
mental, honra, liberdade, patrimônio, etc.). 
 DIREITO PENAL é, pois, o conjunto de normas jurídicas que o Estado 
estabelece para combater o crime, através das penas e medidas de segurança. 
 Não se pode deixar de reconhecer, ao menos em caráter secundário, que o 
direito penal tem uma aspiração ética: deseja evitar o cometimento de crimes que 
afetam de forma intolerável os bens jurídicos penalmente tutelados (é destinado à 
proteção dos bens jurídicos). 
 
MORAL 
DIREITO 
DIREITO
PENAL 
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 3 
Então podemos definir Direito Penal como a reunião de normas jurídicas pelas 
quais o Estado proíbe determinadas condutas, sob a ameaça de sansão penal, 
estabelecendo princípios gerais e pressupostos para a aplicação das penas e das 
medidas de segurança. 
 Direito penal também designa a ciência (sistema de interpretação) do direito 
penal, que cria normas de aplicação geral dirigidos não só aos tipos incriminadores 
nele previstos, como a toda legislação penal extravagante, desde que essa não 
disponha de modo expressamente contrário. 
Art. 12, transcriptu: “As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos 
incriminados pela lei especial, se esta não dispuser de modo diverso”. 
 
ILÍCITO JURÍDICO 
 Fato que contraria a norma do direito ofendendo ou pondo em perigo um bem 
alheio ou a própria existência da sociedade é um ILÍCITO JURIDICO que pode ter 
conseqüências meramente civis ou possibilitar a aplicação de sansões penais. 
 Ilícito civil acarreta reparação civil, p. ex., aquele que por culpa causar dano a 
alguém será obrigado a indenizá-lo. 
 Quando o Direito Civil ou o Direito Público não são o bastante para a proteção 
aos bens jurídicos – prática de ilícito jurídico grave, atingindo bens jurídicos relevantes 
em condutas lesivas à vida social – o Estado arma-se contra os autores desses fatos, 
aplicando-lhes as sansões previstas no Código Penal. Esses fatos graves passam 
então a ser: 
Ilícitos penais = crimes e contravenções 
 O Direito Penal é uma ciência cultural porque não lida com regras imutáveis, é 
antes de tudo fruto da cultura de um povo. 
 
FINALIDADES DO DIREITO 
 O Direito Penal é finalista, porque persegue um fim que é o estabelecimento da 
paz e a defesa de bens jurídicos fundamentais, quais sejam: 
� Vida 
� Integridade física 
� Honra 
� Liberdade 
� Patrimônio 
� Costumes 
� Paz pública, etc. 
Esses bens jurídicos só merecem a tutela do Estado quando o legislador os 
considera relevantes. Por isso nem todos os bens merecem a tutela do direito penal, 
p.ex., os ilícitos civis. 
 
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 4 
CARACTERES DO DIREITO PENAL 
1. Caráter Primário – Proteção de bens juridicamente relevantes. 
2. Caráter Secundário – Aspiração ética, deseja evitar o cometimento de crimes. 
Essa finalidade ética não é um fim em si mesma, mas a razão da prevenção 
penal. 
3. Ciência Cultural – É cultural porque indaga o dever ser. Dita regras culturais as 
quais se modificam com o passar dos anos. 
4. Ciência Normativa – Seu objeto de estudo é a lei, a norma, o direito positivo, 
expondo as regras a serem obedecidas. 
5. Valorativo – Tutela os valores mais elevados da sociedade, atribuindo-lhes 
maior ou menor valor. Quanto maior o crime, o desvalor, mais severa será a 
punição. 
6. Finalista – A maior finalidade da lei penal é a proteção de bens juridicamente 
relevantes, quando só possam ser eficazmente protegidos pela ameaça legal de 
aplicação de sansões. 
7. Predominantemente sancionador – Comina penas a condutas que já são 
antijurídicas em face de outros ramos do direito (civil, comercial, tributário, 
processual, etc.). 
8. Excepcionalmente Constitutivo – Porque possui ilícito próprio, oriundo da 
tipicidade, uma sansão peculiar (pena), e institutos exclusivos como o sursis, o 
livramento condicional, etc. Podemos dizer que o Direito Penal é 
predominantemente sancionar e excepcionalmente constitutivo. O Direito Penal 
na maioria das vezes se limita a cominar penas a condutas que já são 
antijurídicas em face de outros ramos do direito (civil, comercial, etc.). 
Excepcionalmente tutela bens que não são objeto de leis extra penais, p.ex., 
integridade física e a vida. No crime de omissão de socorro, p.ex., onde uma 
simples regra de solidariedade é elevada à categoria de ilícito penal. 
9. Caráter Dogmático – Pois se fundamenta no direito positivo (exigindo-se 
obrigatoriamente, o cumprimento de suas normas). Respeita o direito positivo e 
nele se alicerça. 
10. Método de Estudo – Técnico-juridico. 
O Direito Penal é ramo do Direito Público Interno que agrega o conjunto de 
preceitos jurídicos pelos quais o Estado determina regras de conduta, sob a ameaça de 
uma sansão penal. 
 
 
 
DIREITO PENAL OBJETIVO 
É o conjunto de regras jurídicas que compõem o ordenamento jurídico-penal do 
Estado (Direito Positivo), definindo condutas típicas (crimes) e cominando sansões. 
São as leis Código Penal, Lei das Contravenções Penais, etc. 
 
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DIREITO PENAL SUBJETIVO 
 É o direito exclusivo do Estado de punir os infratores das normas penais é o jus 
puniendi. 
 
DIREITO PENAL COMUM 
 Aplica-se a todas as pessoas em geral. 
 
DIREITO PENAL ESPECIAL 
 Aplica-se a uma classe de indivíduos em particular, p.ex., Código Penal Militar 
aplicável somente a militares. 
 Somente lei, em sentido material, pode estabelecer o que é proibido penalmente 
e quais as sansões aplicáveis. 
 
ILÍCITO CIVIL 
 Visa restituir o status quo ante, ou seja, devolver a cada um o bem jurídico que 
foi objeto de violação, ou quando isto não for possível, promover o ressarcimento pelos 
prejuízos sofridos, p.ex., ação de despejo. 
 
ILÍCITO PENAL 
 Visa punir o infrator da norma penal com uma sansão de caráter punitivo, 
preventivo ou reeducativo. 
Punitivo – impor um mal a quem praticou um mal. 
Preventivo – A punição serve de exemplo desencorajar para a sociedade. 
Reeducativo – A pena deve ter o objetivo de reinserir o criminoso na sociedade.O Direito Penal estabelece limites para a atuação do Estado e só deve ser 
aplicado em ultimo caso, devendo ser reservado aos casos onde se faz estritamente 
necessário, orientando-se pelo princípio de intervir minimamente na sociedade é o 
princípio da intervenção mínima. 
 
SELEÇÃO DE BENS JURÍDICOS PENAIS 
 Esta seleção é feita pelo legislador e, apesar do critério de seleção destes bens 
ser subjetivo1, podemos afirmar que a fonte destes bens encontra-se na Constituição 
Federal, como por exemplo: 
� Liberdade 
� Segurança 
� Bem estar social 
 
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 Inerente à pessoa humana que faz a escolha. 
 
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� Igualdade 
� Justiça 
A Constituição é o norte orientador do legislador. 
 
CÓDIGOS PENAIS NO BRASIL 
NO PERÍODO COLONIAL 
Até 1512 – Ordenações Afonsinas 
De 1512 a 1569 – Ordenações Manuelinas 
De 1569 a 1603 – Código de São Sebastião 
 Após esta data passou-se as Ordenações Filipinas que refletiam o Direito Penal 
do tempo medieval, onde: CRIME = MORAL = PECADO 
 Admitia penas cruéis e severas, como confisco, torturas, etc. 
 
APÓS A PROCLAMAÇÃO DA INDEPENDÊNCIA EM 1824 
Em 16/12/1824 – Código Criminal do Império. 
Em 11/10/1890 – Decreto nº 847 – Código Penal dos Estados Unidos do Brasil 
Em 14/12/1932 – Decreto nº 22.213 – Consolidação das Leis Penais 
Em 07/12/1940 – Decreto nº 2.848 – Código Penal 
Em 21/10/1969 – Decreto nº 1.004, permaneceu por nove anos em vocatio legis, tendo 
sido revogado pela lei nº 6.578 de 11/10/1978, sem sequer ter entrado em vigor. 
Em 11/07/1984 – Código Penal lei nº 7.209, com esta lei foi revogada, tão somente, a 
parte geral do Código Penal de 1940. 
 
COMPOSIÇÃO ATUAL DO CÓDIGO PENAL 
� Parte Geral – arts. 1º a 120 (1984) 
� Parte Especial – arts. 121 a 361 (1940) 
A parte geral é destinada e edição das normas que orientam o interprete, 
aplicam-se as regras não só a crimes previstos no próprio Código, mas também a toda 
legislação extravagante. 
A parte especial é destinada principalmente a definir delitos e cominar penas. 
 
FONTES DO DIREITO PENAL 
FONTE DE PRODUÇÃO 
 A produção do Direito Penal dá-se pelo Estado 
 
FONTE FORMAL DIRETA (OU IMEDIATA) 
 A única fonte direta do Direito Penal é a lei. 
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FONTE FORMA INDIRETA (OU MEDIATA OU SUBSIDIÁRIA) 
 São os costumes (moral, condutas aceitas pela sociedade) e os princípios gerais 
do direito. 
 
 
 
 Materiais (produção) - Estado 
 
 Direta - lei 
Fontes do Direito Formais Indireta - costumes 
 (conhecimento) princípios gerais do direito 
 
 A fonte formal indireta serve para esclarecer e complementar o direito através de 
conceitos que só por eles nos são permitido. 
 O DP não admite analogia2 para criar ilícitos penais ou estabelecer sanções 
criminais. Mas é permitido o seu uso às normas penais não incriminadoras, quando se 
vise, na lacuna evidente da lei, favorecer a situação do réu por um princípio de 
equidade (critério de moderação e igualdade), há no caso a chamada analogia in bona 
partem, mas pode ser usada somente para suprir lacunas legais involuntárias, onde 
uma regra legal tenha caráter definitivo não há lugar para analogia, ou seja, não pode 
ser aplicada contra legem. 
 
CRIME CONCEITOS 
FORMAL 
 Preocupação com a forma externa (mais aparente) do crime, é o crime em si. 
 
MATERIAL 
 Visa tutelar o bem jurídico protegido pela lei penal, o porque do crime, aspectos 
sociais, etc. 
 
ANALÍTICO 
� Fato típico 
� Antijurídico 
� Culpável (a culpabilidade é pressuposto da pena). 
 
No Brasil a lei é a única fonte formal, sendo constituída por: 
� Código Penal 
� Leis das Contravenções Penais 
� Código Militar 
� Lei de Segurança Nacional 
 
2
 Semelhanças entre coisas diferentes. 
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� Dispositivo referente à matéria nas leis de imprensa 
� Economia popular 
� Tóxicos 
� Falência 
� Alimentos, etc. 
 
A lei penal divide-se em duas partes: 
� Comando Principal (ou preceito primário) 
� Sansão (ou preceito secundário) 
Ex.: art. 121 
Matar alguém = preceito primário 
Pena: reclusão de 6 a 20 anos = preceito secundário 
 Da conjugação dos preceitos primário e secundário extrai-se a norma (surge a 
proibição). A norma penal diz: é proibido matar. A lei penal não é proibitiva, mas 
descritiva, ela diz: matar alguém. 
 Pena: reclusão de 6 a 20 anos. 
 Norma é mandamento de um comportamento normal, retirado do senso comum 
de justiça de cada coletividade, é uma regra proibitiva, mas não escrita, p.ex., não se 
deve matar, não se deve furtar, etc. 
 Lei é preceito escrito feito pelo legislador com a finalidade de tornar expresso o 
comportamento considerado indesejável e perigoso pela coletividade. 
COSTUME 
 É o conjunto de normas de comportamento a que as pessoas obedecem de 
maneira uniforme e constante, pela convicção de sua obrigatoriedade. 
São elementos do costume 
a) Objetivo – Constancia e uniformidade dos atos; 
b) Subjetivo – Convicção da obrigatoriedade jurídica. 
 
Espécies de costume 
a) Contra legem – inaplicabilidade da norma em face do desuso, da 
inobservância constante e uniforme da lei. 
b) Secundum legem – traça regras sobre a aplicação da lei penal. 
c) Praeter legem – preenche as lacunas e especifica o conteúdo da norma. 
No Brasil, costume contra legem não revoga lei (uma lei só pode ser revogada 
por outra lei). 
Costume praeter legem não cria delitos, nem comina penas (princípio da reserva 
legal, somente lei o pode fazer). 
 
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CLASSIFIÇAÇOES DAS LEIS PENAIS 
Podem ser: 
� Gerais – as que vigem em todo o território nacional. 
� Especiais – vigem apenas em determinados segmentos do território 
nacional. 
� Leis Comuns – Direito Penal comum, encontra-se no Código Penal e leis 
extravagantes (lei de tóxicos, de imprensa, etc.), sujeitos à aplicação pela 
justiça comum. 
� Leis Especiais – Aplica-se a uma classe de indivíduos em particular, p.ex., 
Código Penal Militar aplicável somente a militares, lei do impeachment do 
Presidente da República e dos prefeitos, aplicáveis pelas câmaras 
legislativas, etc. 
� Leis Penais Ordinárias – vigem em qualquer circunstancia. 
� Leis Penais Excepcionais – vigem em situações de emergência, p.ex., 
estado de sítio, de calamidade, etc., cessada a emergência esta lei perde a 
sua vigência (auto-revogação). 
� Leis Penais Incriminadoras – lei penal em sentido estrito; é a que define os 
tipos penais e comina as respectivas sansões, no Código Penal figuram a 
partir do art. 121. 
� Leis Penais Não Incriminadoras – é a lei penal em sentido amplo. Não 
descrevem tipos nem cominam penas. Podem ser subdivididas em: 
� Explicativas – explicam o conteúdo de outras normas, esclarecendo-
os para que haja uma perfeita compreensão da norma, p.ex., conceito 
de funcionário público, reincidência, casa, etc. 
� Permissivas – determinam a licitude ou impunidade de certas 
condutas, embora estas sejam típicas em face das normas 
incriminadoras, em certas circunstancias, deixa de considera-las como 
tal, p.ex., legitima defesa, estado de sítio, estrito cumprimento do 
dever legal, etc. As normas permissivas permitem mas não obrigam. 
� Norma Penal em Branco em sentido lato (ou amplo) – são aquelas em 
que o complemento é determinado pela mesma fonte formal da norma 
incriminadora. O órgão encarregado de elabora o complemento é o mesmo 
órgão elaborador da norma penal em branco. 
� Norma Penal em Branco em sentido estrito – são aquela cujo 
complemento está contido em norma procedente de outra fonte legislativa. 
Há diversidade quanto ao órgão de elaboração legislativa. Quando a norma 
incriminadora não é completa (preceito primário+ sansão) ou possui 
conteúdo vago, esta exigirá complementação por outra norma jurídica para 
que possa ser aplicada ao caso concreto, p.ex., vender mercadoria a preço 
superior ao tabelado. Pena: detenção de 1 a 4 anos, condicionada a 
elaboração de portarias administrativas com tabelas de preços. 
 
CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS PENAIS 
� Exclusividade – somente lei penal pode definir crimes e cominar penas 
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� Imperatividade – impõe-se coativamente a todos 
� Impessoalidade – dirigi-se indistintamente a todos 
� Irretroatividade – efeitos ex nunc (salvo para beneficiar o réu quando terá 
efeito ex tunc). 
� Generalidade – eficácia erga omnes dirigindo-se a todos indistintamente. 
 
INTERPRETAÇÃO DA LEI 
FORMAS DE PROCEDIMENTO INTERPRETATIVO 
� Equidade – correspondência jurídica e ética da norma ao caso concreto. 
Não é fonte do Direito Penal, servindo como forma de procedimento 
interpretativo. 
� Doutrina – Estudo, investigações e reflexões teóricas dos cultores do direito. 
Não é fonte do DP. 
� Jurisprudência – repetição constante de decisões no mesmo sentido em 
casos semelhantes. Não é fonte do DP. 
� Tratados e Convenções – constituem fonte imediata (direta) do DP quando 
referendados pelo congresso Nacional (pois passam a ter força de lei). 
 
INTERPRETAÇÃO QUANTO AO SUJEITO QUE A ELABORA 
� Autentica ou Legal – procede do próprio órgão que elaborou a lei (da 
mesma origem que a lei) e tem força obrigatória. É a própria lei que 
interpreta, esclarece outra lei, é vinculante, obriga, limita. 
� Contextual – feito dentro do próprio texto interpretado. A própria lei contém o 
conceito explicitando-o, ex.: conceito de funcionário público art, 237 do CPB. 
� Doutrinaria – constituída de communis opinio doctorum, ou seja, o 
entendimento dado aos dispositivos legais pelos escritores, cultores ou 
comentadores do direito. 
� Posterior – elaborada para esclarecer o sentido duvidoso de uma lei já em 
vigor. Norma interpretativa tem efeito ex tunc, pois apenas esclarece o 
sentido da lei. 
 
INTERPRETAÇÃO QUANTO AOS MEIOS EMPREGADOS. 
� Gramatical (ou literal) – análise “ao pé da letra”. Examina o significado do 
vernáculo, é a analise gramatical. 
� Lógica (ratio legis) – busca a vontade da lei, através de uma interpretação 
lógica de seus dispositivos. 
� Teleológica (vis legis) – busca o fim visado pela lei. 
� Jurisprudencial (ou judicial) – jurisprudência é o conjunto de 
manifestações judiciais sobre determinado assunto legal, exaradas num 
sentido razoavelmente constante. A interpretação judicial é a orientação que 
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juízos ou tribunais vêm dando à norma sem entretanto ter força vinculativa, 
p.ex., súmulas do STF e STJ. 
 
INTERPRETAÇÃO QUANTO AOS RESULTADOS OBTIDOS. 
� Declarativa – é a perfeita correspondência entre a palavra da lei e a sua 
vontade. É a simples declaração do sentido da lei. 
� Restritiva – quando a lei diz mais do que à vontade nela contida. A lei disse 
mais do que queria e por isso a interpretação vai restringir o seu significado. 
� Extensiva – quando o texto legal não exprime a vontade legislativa em toda 
sua extensão, dizendo menos do que deveria dizer, faz-se necessário, 
portanto, ampliar o sentido ou alcance da lei. 
� Progressiva – é a correta interpretação de novas concepções, p.ex., perigo 
de vida (diante do progresso da medicina) 
 
ANALOGIA 
Nullum crimen, nulla poena sine lege 
 O direito penal é a lei escrita, circunscrita aos fatos que, dentro dos limites da 
interpretação, ela (a lei) compreende. 
 Não se admite analogia in malam partem em Direito Penal, o que se admite é a 
interpretação analógica ou a analogia in bona partem, para melhor compreensão 
traçaremos um paralelo entre analogia e interpretação analógica. 
 
ANALOGIA INTERPRETAÇÃO ANALÓGICA 
Forma de auto-integração da lei, com 
aplicação de um fato não regulado por 
esta por uma norma que disciplina 
ocorrência semelhante. 
Busca da vontade da norma por meio de 
semelhança com fórmulas usadas pelo 
legislador. Auto integração da lei com 
aplicação de um fato não regulado por 
esta, de uma norma de disciplina 
ocorrência semelhante. 
Interpreta a lei. Não se interpreta a lei, mas as normas 
penais incriminadoras3. 
Utilizada em Direito Penal somente in 
bona partem. 
Usada in bona partem e in malam 
partem, visto que não interpreta lei, 
normas incriminadoras. 
 
 A interpretação da lei penal é a atividade que consiste em extrair da norma penal 
seu exato alcance e real significado. 
 
3
 Um exemplo de interpretação analógica é a aplicação do art. 128, II, em hipótese de aborto em gravidez decorrente 
de atentado violento ao pudor. 
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 12 
 Princípio in dúbio pro reo: significa que esgotada a atividade interpretativa sem 
que se tenha conseguido extrair o sentido da norma, a solução será a interpretação 
mais favorável ao acusado. 
 
ELEMENTOS DE INTERPRETAÇÃO 
� Sistemático – harmonização entre o texto interpretado e o contexto da lei. 
� Rubrica – denominação jurídica do dispositivo, em Direito Penal muitas vezes é 
o nomem iuris do delito. 
� Legislação Comparada – comparação entre a lei pátria e a lei de outros paises. 
� Elementos Extras jurídicos – ajudam na definição de certos termos técnicos. 
� Histórico da Lei – anteprojeto, projeto original, modificações das comissões 
revisoras, debates legislativos e exposição de motivos. 
 
VIGÊNCIA E REVOGAÇÃO DA LEI PENAL 
 Em regra, a lei é elaborada para viger por período indeterminado. 
� Vocatio Legis – período decorrente entre a publicação e data em que 
começa sua vigência, destinado a dar tempo ao conhecimento dela (nova lei) 
aos cidadãos. No Brasil este período é de 45 dias, quando a própria lei não 
dispor de modo contrario e 3 meses no exterior, quando ela for admitida. 
� Revogação – encerramento da vigência da lei. Pode ser: 
� Expressa – quando declarada na lei revogadora. 
� Tácita – quando lei (nova) posterior regulamentar matéria que 
disciplinava lei antiga, sendo com esta incompatível. 
� Derrogação – revogação parcial 
� Ab-rogação – revogação total 
� Auto revogação – quando cessa a situação de emergência na lei 
excepcional ou se esgota o prazo de lei temporária. 
Lei somente é revogada por outra lei, mesmo assim Jeschek diz: que o costume 
quando de amplo conhecimento e aceitação, pode ser eficaz no plano penal, 
sempre que beneficie o cidadão, derrogando, atenuando ou limitando tipos 
penais. 
 
CAPÍTULO 2 
APLICAÇÃO DA LEI PENAL 
RESERVA LEGAL E ANTERIORIDADE DA LEI 
 
Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina, não há pena sem prévia 
cominação legal. 
Encontramos neste artigo as seguintes garantias constitucionais fundamentais, 
quais sejam: 
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• Princípio da Reserva Legal – Só a lei, em seu sentido mais estrito, pode definir 
crimes (ou contravenções) e cominar penas (privativas de liberdade, restritivas de 
direitos e pecuniárias). 
Obs: Medida provisória não pode dispor sobre matéria penal, criando 
crimes ou fundamentado penas, salvo quando favorável ao acusado. 
• Princípio da Anterioridade – A lei deve vir antes da conduta. É necessário que 
a lei que considerar determinado fato como criminoso e que irá ditar a pena cabível 
esteja em vigor antes do próprio fato ser praticado. 
Este artigo traz também dois efeitos 
• Irretroatividade – A lei penal não terá efeito para o passado, vez ter sido 
editada para o futuro. Esse efeito atinge as partes geral e especial do Código Penal 
e, em decorrência dele, a lei não retroagirá, salvo para beneficiar o réu. 
• Taxatividade – trata-se de necessidade de serem precisas as leis, vez que um 
fato só será considerado lícito se houverperfeita adequação entre ele e sua 
descrição legal no Código Penal. Este efeito proíbe, portanto, ampliações e 
equiparações analógicas, salvo se for para beneficiar o réu. 
Este artigo, que se apóia no princípio nullum crimen, nulla poena sine lege, é a 
base do direito moderno, encontrando sustentáculo constitucional no art. 5º, XXXIX da 
CRFB/88. 
 
LEI PENAL NO TEMPO 
 Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar 
crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença 
condenatória. 
 Parágrafo único. A lei posterior que de qualquer modo favorecer o agente, 
aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória 
transitada em julgado. 
 Regra Geral: A Lei Penal incide sobre fatos ocorridos durante a sua vigência 
(tempus regit actum). 
 
TEMPUS regit actum: é o nome do princípio que rege a aplicação da lei penal no 
tempo. Enunciado: a Lei Penal incide sobre fatos ocorridos durante a sua vigência. 
VIGÊNCIA: é a integração da lei ao ordenamento jurídico. Em regra, corresponde ao 
período que vai desde sua publicação até sua revogação por outra lei. 
 
Exceção: O CP prevê exceções no que tange as leis auto-revogáveis, que 
dispõem, em seu próprio texto, sobre a sua extinção. Podem ser leis excepcionais e 
Leis temporárias. Essas leis têm eficácia ultra-ativa (artigo 3º). 
 O Código Penal, com relação ao tempo do crime, adotou a teoria da atividade. 
 O art. 2º prevê uma exceção à regra da irretroatividade da lei penal, que 
retroagirá quando for mais benigna. Assim, em face da norma mais benéfica 
prevalecerá o princípio da retroatividade da lei mais favorável, mesmo após o trânsito 
da sentença. Isto ocorrerá em dois casos: 
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• Abolítio criminis – quando o fato não mais for considerado criminoso pela nova 
lei. Esta causa extintiva de punibilidade (art. 107,III, CPB)4 poderá ocorrer a 
qualquer tempo, antes, durante e, até mesmo, após a ação penal, atingindo a 
execução da sentença condenatória e todos os seus efeitos penais. 
• Novatio legis in mellius – quando o agente de alguma forma for beneficiado 
pela nova lei, sem que haja exclusão do crime. Ex.: delação premiada e traição 
benéfica. 
A lei nova faz cessar os efeitos penais da sentença condenatória mas não os 
civis. 
 
LEI EFEITOS 
Novatio legis incriminadora5 Ex nunc 
Abolitio criminis Ex tunc 
Novatio legis in mellius Ex tunc 
Novatio legis in pejus Ex nunc 
 OU 
LEI EFEITOS 
Lei posterior mais severa Irretroatividade 
Lei posterior mais benéfica Retroatividade 
Lei anterior mais benéfica ultraatividade 
 
 Embora no período da vacatio legis, a lei mais favorável deverá ser aplicada. 
 Numa sucessão de leis aplica-se a lei mais benigna. Quando duas ou mais leis 
que se sucedam tratem de um crime com maior benignidade deverá ser aplicada (art. 
2º, parágrafo único, CPB). Pode-se, inclusive, fazer a conjugação de duas ou mais leis, 
aplicando-se os fragmentos mais benéficos de cada lei. A conjugação pode ser 
efetuada também, da combinação de dispositivos de leis anterior e posterior, sempre 
em beneficio do réu. 
 O Código Penal Militar proíbe expressamente a conjugação de duas leis para 
apuração da maior benignidade. 
 A competência para aplicação da lei mais favorável cabe: 
• Ao magistrado que presidir o processo; 
 
4
 Art. 107,III, in verbis: Extingue-se a punibilidade: pela retroatividade de lei que não mais considera o fato como 
criminoso. 
5
 Ou lei posterior mais severa, que de qualquer forma prejudique o réu. 
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 15 
• Quando já sentenciado, ao tribunal que julgar o recurso ou ao juiz de primeiro 
grau; 
• Juiz da execução. 
 O Código Penal não admite a aplicação da retroatividade benéfica em casos de 
Leis Excepcionais ou de Leis Temporárias (art.3º), pois elas perderiam o sentido se o 
agente já soubesse de sua impunidade ao findar o período de vigência destas ou ao 
cessar a anormalidade no caso daquelas. Estas leis possuem ultraatividade, ou seja, 
aplicam-se ao fato cometido sob seu império mesmo após sua revogação pelo decurso 
de tempo ou pela superação do estado excepcional. 
 
RETROATIVIDADE DA LEI PENAL EM BRANCO 
• Se a norma penal em branco tem caráter temporário ou excepcional é ultraativa 
(aplica-se o art.3). 
• Se não tem caráter temporário ou excepcional ocorre abolitio criminis (aplica-se 
o disposto no art. 2º, § único). 
 
RETROATIVIDADE E LEI PROCESSUAL 
 Segundo o disposto no artigo 2º do CPP, in verbis: a lei processual penal aplicar-
se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigencia da lei 
anterior. 
 A partir da data de inicio da vigencia lei posterior passa a regular os atos 
processuais, competência, etc, (salvo disposição expressa em contrario) 
permanecendo válidos os atos já praticados. 
 
TEMPO DO CRIME 
 Art. 4º. Considera-se praticado o crime o momento da ação ou omissão, ainda 
que outro seja o momento do resultado. 
 Para a fixação do momento que se considera o delito cometido ou tempus 
commissi delicti o Código Penal adotou a teoria da atividade. 
 Com a adoção desta teoria, a imputabilidade do agente deve ser aferida no 
momento em que o crime é praticado, pouco importando que outro seja o momento do 
resultado. 
 Esta regra não atinge as figuras da prescrição6 e decadência7. 
 A fixação do tempo da infração é necessária para a devida aplicação da lei penal 
e para a aferição da imputabilidade8 do agente. 
 Já em matéria de prescrição a teoria adota pelo Código Penal é a teoria do 
resultado, art. 111, I, in verbis: A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença 
final, começa a correr: no dia em que o crime se consumou, ou seja, o lapso 
 
6
 A maneira pela qual se extingue a punibilidade do autor de um crime ou contravenção, por não haver o Estado 
exercido contra ele no tempo legal o seu direito de ação, ou por não ter efetivado a condenação que lhe impôs. 
7
 Extinção de um direito por haver decorrido o prazo legal prefixado para o exercício dele. 
8
 Qualidade de imputável; responsabilidade. 
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prescricional começa a correr a partir da consumação, e não do dia que se deu à ação 
delituosa. 
 Obs: Nos crimes permanentes como seqüestro, extorsão mediante seqüestro, 
rapto, etc., tanto a ação como a consumação se prolongam no tempo, o criminoso está 
permacendo em ato criminoso, assim, sobrevindo lei mais severa, durante a prática do 
delito, a lex gravior será aplicada, pois o agente ainda estará praticando a ação no 
momento começar a vigorar a lex gravior. 
 Quando há dúvida, entre duas ou mais leis, sobre qual delas é mais benigna, 
cabe ao réu a decisão, p.ex., decisão entre pequena pena de restrição de liberdade ou 
pagamento de multa, ou seja, na dúvida sobre qual é a lei mais benigna, aplica-se a 
requerida pela defesa. 
- É possível combinar duas leis para beneficiar o réu? Existem duas corrente, 
respondendo: 
SIM - pois se o juiz pode aplicar as leis como um todo, porque não poderia 
aplicar partes. 
NÃO - pois o juiz ao combinar as leis estaria criando uma lei nova. 
 
CONFLITO APARENTE DE NORMAS 
 Às vezes, duas ou mais normas parecem regular o mesmo caso, mas o conflito 
de normas é apenas aparente, porque apenas uma delas acaba sendo aplicada a 
hipótese. 
 Princípios que solucionam o conflito aparente de normas: 
� Princípio da especialidade – lex specialis derogat generali – lei especial 
prevalece sobre geral. Afasta-se desta forma o bis in idem, pois o 
comportamento do agente só será enquadrado na norma especial, embora 
também descrito na geral. 
As duas disposições, especial e geral, poderão estar contidas na mesma lei ou 
em leis distintas.� Princípio da subsidiariedade – lex primaria derogat subsidiariae – norma 
primária prevalece sobre subsidiaria, que passa a funcionar como um soldado 
de reserva. Pode ser: 
Expressa ou explícita – a própria norma estabelece sua subsidiariedade, 
admitindo incidir somente se não ficar caracterizado fato de maior gravidade. 
Tácita ou implícita – a norma nada diz, mas diante do caso concreto verifica-se 
sua subsidiariedade. 
� Princípio da consumação – lex consumens derogat consumptae – o peixao 
(fato mais abragente) engole os peixinhos (fatos que integram aquele como sua 
parte). No conflito os crimes se denominam: 
Crime consuntivo – o que absorve o de menor gravidade. 
Crime consunto – o absorvido. 
� Princípio da alternatividade - ocorre quando a norma descreve várias formas 
de realização da figura típica, em que a realização de um ou todas configuram 
um único crime. 
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 17 
 
 
LEI PENAL NO ESPAÇO 
 A lei penal é elaborada para viger dentro dos limites em que o Estado exerce 
sua soberania. Pode um crime violar interesses de dois ou mais países, por ter sido a 
ação praticada no território de um e a consumação dar-se em outro. Para que a lei 
nacional possa ser aplicada em tais casos há o DIREITO INTERNACIONAL PENAL, 
que estabelece regras de direito aplicáveis em tais casos. Trata-se (para alguns) de 
DIREITO PÚBLICO INTERNO. 
 
PRINCÍPIOS A RESPEITO LEI PENAL NO ESPAÇO 
� princípio da territorialidade – prevê a aplicação da lei nacional ao fato 
praticado no território do próprio país, ou seja, do Estado que a editou, pouco 
importando a nacionalidade do sujeito ativo ou passivo. 
� princípio da nacionalidade (ou de personalidade) – lei penal de um Estado é 
aplicável a seus cidadãos onde quer que se encontrem, pouco importando o 
local onde o crime foi praticado. Subdividi-se em: 
Nacionalidade ativa – somente considera se o autor do delito é nacional, sem 
se cogitar da vítima; 
Nacionalidade passiva – exige, para a aplicação da lei penal, que sejam 
nacionais o autor e o ofendido do ilícito penal. 
� Princípio da proteção (da competência real, de defesa) – aplica-se a lei do 
país ao fato que atinge bem jurídico nacional, sem qualquer consideração a 
respeito do local onde foi praticado o crime ou da nacionalidade do agente. 
� Princípio da competência universal (ou da justiça cosmopolita) – o 
criminoso deve ser julgado e punido onde for detido, segundo as leis deste país, 
não se levando em conta o lugar do crime, a nacionalidade do autor ou o bem 
jurídico lesado. 
� Princípio da representação – determina a aplicação da lei do país quando, por 
deficiência legislativa ou desinteresse de outro que deveria reprimir o crime, este 
não o faz, e diz respeito aos delitos cometidos em aeronaves ou embarcações. 
 
TERRITORIALIDADE 
 Prevê o art. 5º do CP transcriptu: “aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de 
convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território 
nacional”. É evidente, portanto, que a nossa legislação consagra, como base para a 
aplicação da lei penal no espaço, o princípio da territorialidade temperada. 
 
CONCEITO DE TERRITÓRIO 
 Em sentido estrito (material), território abrange: 
� Solo (e subsolo) sem solução de continuidade e com limites reconhecidos 
(plataforma continental); 
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� Águas interiores; 
� Mar territorial (12 milhas náuticas da baixa-mar); 
� Espaço aéreo. 
Lei 8617/93, art.2º in verbis: a soberania do Brasil estende-se ao mar territorial, ao 
espaço aéreo sobrejacente, bem como ao seu leito e subsolo. 
 Compreende-se Território por extensão (ou ficção), para os efeitos penais, as 
embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo 
brasileiro, onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações 
brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no 
espaço aéreo correspondente ou em alto mar. 
 Qualquer crime praticado nesses locais é alcançado pela lei brasileira, 
excetuando-se apenas as hipóteses de não aplicação da lei registrados em 
convenções, tratados e regras de direito internacional. 
 
LUGAR DO CRIME 
Para a aplicação da regra da territorialidade é necessário entretanto, que se 
esclareça qual é o lugar do crime: 
1 Teoria da atividade (ou da ação) – em que o lugar do crime é o local da 
conduta criminosa (ação ou omissão); 
2 Teoria do resultado (ou do efeito) – em que se considera para a aplicação 
da lei o local da consumação (ou do resultado) do crime; 
3 Teoria da ubiqüidade (ou da unidade mista) – pela qual se entende como 
lugar do crime tanto o local da conduta como o do resultado. 
Teoria adotada pelo Código Penal Brasileiro para determinação do local do 
crime é a teoria da ubiqüidade. 
 Art. 6º CPB: considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou 
omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o 
resultado. 
 
EXTRATERRITORIALIDADE INCONDICIONADA 
 O art. 7º do CP prevê a aplicação da lei brasileira a crimes cometidos no 
estrangeiro. São os casos de extraterritorialidade da lei penal. 
 O inciso I refere-se aos casos de extraterritorialidade incondicionada, uma vez 
que é obrigatória a aplicação da lei brasileira ao crime cometido fora do território 
brasileiro. 
 As hipóteses direito inciso I, com exceção da última (d), fundadas no princípio de 
proteção, são as consignadas nas alíneas a seguir enumeradas: 
a Contra a vida ou a liberdade do presidente da república. 
b Contra o patrimônio ou a fé pública da União, do distrito federal, de estado, de 
território, de município, de empresa pública, sociedade de economia mista, 
autarquia ou fundação instituída pelo poder público; 
c Contra a administração pública, por quem está a seu serviço; 
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d De genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil. Nesta 
última hipótese adotou-se o princípio da justiça ou competência universal. 
Em todas essas hipóteses o agente é punido segundo a lei brasileira, ainda que 
absolvido ou condenado no estrangeiro. 
 
EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA 
O inciso II, do art. 7º, prevê tr6es hipóteses de aplicação da lei brasileira a 
autores de crimes cometidos no estrangeiro. São os casos de extraterritorialidade 
condicionada, pois dependem dessas condições: 
a Crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir. Utilizou-
se o princípio da justiça ou competência universal; 
b Crimes praticados por brasileiro. Tendo o país o dever de obrigar o seu 
nacional a cumprir as leis, permite-se a aplicação da lei brasileira ao crime por 
ele cometido no estrangeiro. Trata-se do dispositivo da aplicação do princípio 
da nacionalidade ou personalidade ativa; 
c Crimes praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou 
de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam 
julgados. Inclui-se no CP o princípio da representação. 
 A aplicação da lei brasileira, nessas três hipóteses, fica subordinada a todas as 
condições estabelecidas pelo § 2º do art. 7º. Depende, portanto, das condições a 
seguir relacionadas: 
a Entrada do agente no território nacional; 
b Ser o fato punível também no país em que foi praticado. Na hipótese de o 
crime ter sido praticado em local onde nenhum país tem jurisdição (alto mar, 
certas regiões polares), é possível a aplicação da lei brasileira. 
c Estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a 
extradição 
d Não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar 
extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável. 
 O art. 7º, § 3º, prevê uma última hipótese da aplicação da lei brasileira: a do 
crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil. É aindaum dispositivo 
calcado na teoria de proteção, além dos casos de extraterritorialidade incondicionada. 
Exige o dispositivo em estudo, porém, além das condições já mencionadas, outras 
duas: 
• Que não tenha sido pedida ou tenha sido negada a extradição (pode ter sido 
requerida, mas não concedida); 
• Que haja requisição do ministro da justiça. 
De acordo com o art. 109 da Constituição Federal, em certos casos, previstos 
nos incisos V, IX, o agente será submetido à justiça federal. 
Art. 109 (CF/88) transcripitum: 
Aos juizes federais compete processar e julgar: 
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V. Os crimes previstos em tratados ou convenções internacionais, quando 
iniciada a execução no país, o resultado tenha ou devesse ter ocorrido no 
estrangeiro, ou reciprocamente. 
IX. Os crimes cometidos a bordo de aeronaves ou navios, ressalvada a 
competência da justiça militar. 
A homologação de sentença estrangeira no Brasil de que trata o artigo 9º, I e II 
do CPB, compete ao STF. Constituição Federal art. 102, I, “h”, in verbis: 
Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe: 
 g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro; 
 h) a homologação de sentença estrangeira e a concessão de exequatur às 
cartas rogatórias, que podem ser conferidas pelo regimento interno a seu Presidente. 
 
PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO – REGRA “NON BIS IN IDEM” 
 Considerando que, sendo possível a aplicação da lei brasileira a crimes 
cometidos em território de outro país, ocorrerá também a incidência da lei estrangeira, 
dispõe o código como se deve proceder para se evitar a dupla posição. Cumprida a 
pena pelo sujeito ativo do crime no estrangeiro, será ela descontada na execução pela 
lei brasileira, quando forem idênticas, respondendo efetivamente o sentenciado pelo 
saldo a cumprir se a pena imposta no Brasil for mais severa. Se a pena cumprida no 
estrangeiro for superior à imposta no país, é evidente que esta não será executada. 
 No caso de penas diversas, aquela cumprida no estrangeiro atenuará a aplicada 
no Brasil, de acordo com a decisão do juiz no caso concreto, já que não há regras 
legais a respeito dos critérios de atenuação que devem ser obedecidos. 
 
IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS 
 As sedes das embaixadas não são consideradas extensão do território 
estrangeiro, são invioláveis não no sentido de extraterritorialidade, mas em função da 
imunidade de seus representantes. Assim, cometida uma infração nesses locais por 
pessoa que não goza do privilegio, o fato fica sujeito a jurisdição territorial. 
 Possuem imunidade diplomática: 
♦ Embaixador 
♦ Secretários da embaixada agentes 
♦ Pessoal técnico e administrativo das representações diplomáticos 
♦ Aos componentes das famílias supracitadas 
♦ Funcionários das organizações internacionais quando em trabalho (ONU, OEA, 
etc.). 
♦ Comitiva de Estado estrangeiro e seus membros, quando em visita ao país. 
 
IMUNIDADES PARLAMENTARES 
 Podem ser: 
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 21 
♦ Imunidades absolutas (material ou substancial) 
Constituição Federal, art. 53, caput, in verbis: 
Os deputados e senadores são invioláveis em suas opiniões, palavras e votos. 
Esta imunidade estende-se aos crimes de opinião e acarreta atipicidade da conduta. 
A imunidade parlamentar só estará presente quando a opinião for emitida em 
decorrência do exercício ou função. 
A imunidade parlamentar estende-se a todos os crimes de opinião – crimes de 
palavra – não respondendo o parlamentar por delitos contra a honra, de incitação ao 
crime, apologia ao crime ou criminoso, etc., previstos no CPB, bem como os ilícitos 
definidos na Lei de Imprensa, Lei de Segurança Nacional ou em qualquer outra lei 
penal especial. 
A imunidade inicia-se com a diplomação do deputado ou senador e se encerra com 
o término do mandato. 
Esta lei é: 
� Penal por força constitucional 
� Ex tunc 
� Auto-aplicável 
� Causa exclusão de ilicitude ou, segundo alguns, isenção de pena (a primeira 
hipótese é a mais aceita entre os doutrinadores). 
 
IMUNIDADES RELATIVAS 
 Constituição Federal art. 53, transcripitum: 
 Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por 
quaisquer de suas opiniões, palavras e votos. 
 §1º. Os Deputados e Senadores, desde a expedição do diploma, serão 
submetidos a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal. 
 §2º. Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional não 
poderão ser presos, salvo em flagrante de crime inafiançável. Nesse caso, os autos 
serão remetidos dentro de 24 horas à Casa respectiva, para que, pelo voto da maioria 
de seus membros, resolva sobre a prisão. 
 3º. Recebida a denuncia contra o Senador ou Deputado, por crime ocorrido após 
a diplomação, o Supremo Tribunal Federal dará ciência à Casa respectiva que, por 
iniciativa de partido político nela representado e pelo voto da maioria de seus membros, 
poderá, até a decisão final, sustar o andamento da ação. 
 §4º. O pedido de sustação será apreciado pela Casa respectiva no prazo 
improrrogável de 45 dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. 
 §5º. A sustação do processo suspende a prescrição, enquanto durar o mandato. 
 §6º. Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre 
informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as 
pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações. 
 
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♦ Desde a expedição do diploma, os membros do Congresso Nacional somente 
poderão ser presos em flagrante, por crime inafiançável e processados 
criminalmente mediante licença prévia da Casa. 
♦ Compete ao STF apreciar qualquer crime praticado por parlamentar. 
♦ Vereadores não gozam de imunidade processual, apenas material e dentro da 
circunscrição do Município. 
♦ Deputados Federais e Estaduais possuem as mesmas imunidades. 
♦ O parlamentar tem imunidade, também, para servir de testemunha (não é 
obrigado a testemunhar). 
 
IMUNIDADE JUDICIÁRIA 
 Inviolabilidade do advogado, Constituição Federal, art. 133, textualmente: 
 Art. 133. o advogado é indispensável a administração da justiça, sendo inviolável 
por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei. 
 
EXTRADIÇÃO 
 Lei 6.814 de 19-08-1980, art. 76 a 94. 
 Constituição Federal: 
 Art.5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, 
garantindo-se aos brasileiros e estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do 
direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos seguintes 
termos: 
LI. Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime 
comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em 
tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei. 
LII. Não será concedida a extradição de estrangeiro por crime político ou de 
opniao. 
Extradição é o ato pelo qual uma nação entraga a outra o autor de um crime 
para ser julgado e punido. Para ser concedida a extradição é preciso que o fato típico 
seja considerado crime no Brasil e no exterior – princípio da dupla tipicidade. 
 pressupõe 
Deportação indivíduo que tenha entrado irregularmente no país ou 
nele permanece por prazo superior ao permitido (Lei 6.815 de 19-08-1980, art. 57 a64). 
 pressupõe 
Expulsão comportamento inconveniente (Lei 6.815 de 19-08-
1980 art. 65 a 75). 
 
EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA 
De acordo com o art. 9º do CPB, a sentença estrangeira poderá ser homologada 
no Brasil, a pedido da parte interessada, para obrigar o condenado a reparação do 
dano, a restituição e a efeitos civis e para sujeitar o condenado à medida de segurança. 
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 23 
Para efeito de reincidência, a sentença estrangeira independe de homologação,ou 
seja, a sentença penal estrangeira produz outros efeitos, com referencia à reincidência, 
sursis9 e livramento condicional. Nesses casos, seu reconhecimento não depende de 
homologação, com se percebe, a contrario sensu, do disposto do art. 787 do CPP. Esta 
só é exigível quando se trata de execução de julgamento proferido no estrangeiro 
 É importante salientar que para aplicação do art. 9º do CPB é imprescindível que 
a aplicação da lei brasileira produza na espécie as mesmas conseqüências. 
 A reparação do dano, as restituições e outros efeitos de natureza civil são 
institutos do Direito Privado. A medida de segurança pertence ao Direito Penal. 
 A homologação da sentença penal estrangeira compete ao STF (Carta Magna, 
art. 102, I, h). Os requisitos da homologação estão previsto no parágrafo único do art. 
9º do CPB. Regulando-a, o CPP estatui normas a respeito nos arts. 787 a 790. 
 
CONTAGEM DE PRAZO 
 O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo (art. 10, primeira parte, do CP). 
Trata-se, no dispositivo, de disciplinar a contagem do prazo penal que tem relevância 
especial nos casos de duração de pena, do livramento condicional, do sursis, Da 
decadência, da prescrição, etc., institutos de direito penal. 
 Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Há no caso 
imprecisão tecnológica. O calendário comum a que se refere o legislador tem o nome 
de gregoriano, em contraposição ao Juliano, judeu, árabe, etc. 
 
 
 
FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS DA PENA 
 Segundo o art. 11, desprezam-se, nas penas privativas de liberdade nas 
restritivas de direitos, as frações de dia e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. 
Também se tem entendido que, por analogia com o art. 11, deve ser desprezada a 
fração de dia multa, como se faz para o dia de pena privativa de liberdade. Extintos o 
cruzeiro antigo e o cruzado, o novo cruzeiro e o cruzeiro real, o real é a unidade 
monetária nacional, devendo ser desprezados os centavos, fração da nova moeda 
brasileira. 
 
LEGISLAÇAO ESPECIAL 
 As regras gerais deste código10 aplicam-se aos fatos incriminados por lei 
especial se esta não dispuser de modo diverso. Observando sempre a regra que lei 
especial prevalece sobre geral. 
 
CAPÍTULO 3 
TEORIA GERAL DO CRIME 
 
9
 Suspensão condicional da pena. 
10
 Previstas na parte gera e em alguns dispositivos da parte especial (ex. art.327) 
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 24 
Art. 13. O resultado de que depende a existência de um crime somente é imputável a 
quem lhe deu causa, considera-se causa toda ação ou omissão sem a qual o resultado 
não teria ocorrido. 
 
CONCEITO ANALÍTICO DE CRIME: 
� Fato típico; 
� Antijurídico (ilícito); 
� Culpável (a culpabilidade é pressuposto da pena). 
 
FATO TÍPICO 
 Fato típico é o comportamento humano descrito na lei como criminoso. 
 Fato atípico é aquele que não se encontra descrito na lei como infração penal. 
Ex: dano culposo. 
 O fato típico é composto de: 
� Conduta – É toda ação humana, consciente e voluntária, dirigia a uma 
finalidade. 
� Resultado – É toda lesão ou efetiva ameaça de lesão a um bem penalmente 
protegido. 
� Nexo de causalidade – é o elo que se estabelece entre a conduta e o resultado 
 
 
Conduta 
 Nexo Causalidade 
Resultado 
 
Todavia, na hipótese de tentativa suprimem-se o resultado e o nexo causal, 
reduzindo-se o fato típico a dois elementos: conduta e tipicidade. 
 Então, nos crimes formais e de mera conduta os componentes do fato 
típico são: 
� Conduta 
� Tipicidade 
Visto que nos crimes formais e de mera conduta, respectivamente, ou o 
resultado não é necessário para a consumação do crime ou não produzem 
resultado naturalístico. É pois suficiente que a vontade seja dirigida a produção do 
evento naturalístico, independentemente de sua verificação. 
 
 
 
 
CRIME 
 FATO TÍPICO ANTIJURÍDICO CULPÁVEL 
 
 Dolosa/ 
 Culposa 
Conduta 
 Comissiva / 
 Omissiva 
 
Imputabilidade 
 
Potencial consciência 
sobre a ilicitude do fato 
 
Exigibilidade de 
conduta diversa 
Obs: quando a agente atua não 
atua em: 
 
Estado de necessidade 
 
Legitima defesa 
 
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 A ilicitude, expressão sinônima de antijuridicidade, é aquela relação antagônica 
que se estabelece entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico. A licitude ou 
juridicidade da conduta pratica é encontrada por exclusão, ou seja, somente será licita 
a conduta se o agente houver atuado amparado por uma das causas excludentes da 
ilicitude previstas no art. 23 do CP. Além das causas arroladas no referido artigo, a 
doutrina faz menção à outra, de natureza supralegal, qual seja, o consentimento do 
ofendido. Contudo, para que possa ter o condão de excluir a ilicitude é preciso quanto 
ao consentimento: 
a) Que o ofendido tenha capacidade para consentir; 
b) Que o bem sobre o qual recaia a conduta do agente seja disponível; 
c) Que o consentimento tenha sido dado anteriormente, ou pelo menos um 
relação de simultaneidade à conduta do agente; 
Ausente um desses requisitos, o consentimento do ofendido não poderá afastar 
a ilicitude do fato. 
 A culpabilidade é o juízo de reprovação pessoal que se faz sobre a conduta do 
agente. São elementos integrantes da culpabilidade, de acordo com a concepção 
finalista por nós assumida: 
a) Imputabilidade; 
b) Potencial consciência sobre a ilicitude do fato; 
c) Exigibilidade de conduta diversa 
 
TEORIA FINALISTA 
 Para a teoria finalista da ação (ou da ação finalista), como todo comportamento 
do homem tem uma finalidade, a conduta é uma atividade final humana e não um 
comportamento simplesmente casual. Como ela é um fazer (ou não fazer) voluntário, 
implica necessariamente uma finalidade. Esta é a teoria adota pelo Código Penal. 
 
CONDUTA 
 Conduta é ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada 
finalidade. A conduta compreende qualquer comportamento humano comissivo ou 
omissivo, podendo ser ainda dolosa ou culposa, que lesa ou Poe em perigo de lesão 
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um bem jurídico penalmente protegido. A conduta também pode ser conceituada como: 
“comportamento humano, dominado ou dominável pela vontade, dirigido para lesão ou 
para exposição a perigo de lesão de um bem jurídico, ou, ainda, para a causação de 
uma possível lesão a um bem jurídico” · 
 Temos a conduta como primeiro elemento integrante do fato típico. O vocábulo 
conduta serve para designar ação ou omissão e apresenta varias características, quais 
sejam: 
Comportamento humano – crime é realização exclusiva do ser humano, só o 
homem pode realizar condutas. Isso porque a vontade, seja qual for a teoria que se 
adote, é o elemento essencial da conduta. E a vontade é atributo essencial do homem. 
Excluem-se, portanto, os fatos naturais (chuva, terremoto, etc.) e os do mundo animal. 
Não se fala em conduta de pessoa jurídica no sentido de imputar a esta a pratica 
de alguma infração penal. Embora seja o delito o resultado de uma ação humana, 
previu o legislador constituinte, expressamente, a possibilidade de punir penalmente a 
pessoa jurídica, por ter ela própria praticado uma atividade lesiva ao meio ambiente, 
conforme se dessume da redação do art. 225, §3º, da Constituição Federal. A lei 
9.605/98 dispõe sobre os casos em que possa se responsabilizar penalmente a pessoa 
jurídica, desta forma, aparta-se qualquer tipo de duvida sobre a possibilidade de se 
responsabilizar penalmente a pessoa jurídica. 
A conduta exige a necessidade de uma repercussão externa da vontade do agente. 
O pensar e o querer humanos não preenchem as características da ação enquanto não 
se tenha iniciado a manifestação exterior dessa vontade. Não constituem conduta o 
simplespensamento, a cogitação, o planejamento intelectual da prática de um 
crime. 
 Vontade dirigida a uma finalidade – e a manifestação dessa vontade 
(atuação), que abrange o aspecto psíquico e mecânico ou neuromuscular. Isto não 
quer dizer que no ato voluntário a vontade seja livre. O ato é voluntário quando existe 
uma decisão por parte do agente, tomada livremente, ou quando este a tome motivado 
por coação ou por circunstancias extraordinária, uma vez que isso se resolve no campo 
da culpabilidade e não no da conduta, pois em ambas as situações a conduta sempre 
existirá. Contudo conduta não significa conduta livre. E só a conduta voluntária 
interessa ao Direito Penal. Nem todo comportamento humano, ainda que se enquadre 
num tipo penal, é conduta criminosa. Sem a existência de vontade não há conduta, 
nem fato típico. Pouco importa se o agente tem ou não consciência da ilicitude do fato, 
circunstancia cuja analise é relegada à culpabilidade. O requisito essencial da conduta 
é a vontade. 
 
AUSÊNCIA DE CONDUTA 
 A conduta é o somatório do querer intimo e do movimento corpóreo (ação ou 
omissão). Ninguém pode ser punido por ter realizado uma conduta desvestida de 
consciência e vontade. 
 A doutrina prevê os seguintes casos de exclusão de conduta: 
a) Movimentos reflexos, que consistem numa reação motora (muscular) ou 
secretora (glandular) que respondem automaticamente a uma excitação 
sensitiva (tosse, espirro, etc.). Nesses casos o movimento corpóreo é realizado 
por um impulso e não por um querer interno, pois só há conduta se a vontade for 
dominável e houver querer íntimo. 
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Deve, porém, ser ressaltado que, se o movimento reflexo era previsível, a 
exemplo daquele que, querendo consertar um chuveiro elétrico, mesmo 
percebendo a existência de um fio desencapado, tenta faze-lo sem desligar a 
chave de força, se vier a receber, como era previsível, uma descarga elétrica, e, 
em virtude de seu movimento reflexo, vier a causar lesões em outras pessoas, 
os resultados advindos desse movimento reflexo deverão ser imputados ao 
agente, geralmente, a título de culpa, haja vista ter deixado de observar o seu 
necessário dever objetivo de cuidado. 
b) Comportamento realizado em completo estado de inconsciência (sonambulismo 
ou hipnose). No caso da embriaguez completa, que tenha subtraído a conduta 
do agente, não exclui o delito, exclui a imputabilidade, por força do art. 28, II, do 
CP. 
No caso de embriaguez completa desde que não seja proveniente de caso 
fortuito e força maior, embora não tenha o agente se embriagado o fim de 
praticar qualquer infração penal, mesmo que não possua a menor consciência 
daquilo que faz, ainda assim será responsabilizado pelos seus atos. Isto porque 
o art. 28, II, do CP determina: art. 28. Não excluem a imputabilidade penal: 
II – a embriaguez voluntária ou culposa, pelo álcool, ou substancia de efeitos 
análogos. 
Neste caso o agente será responsabilizado pelos resultados ocorridos em 
virtude do ato de querer, voluntariamente, embriagar-se, ou mesmo em razão de 
ter, culposamente, chegado ao estado de embriaguez. Prevalece, nessa 
hipótese a teoria da actio libera in causa, visto que a ação foi livre na causa (ato 
de fazer a ingestão de bebidas alcoólicas, p. ex.) deverá o agente ser 
responsabilizado pelos resultados dela decorrentes. 
c) Já na coação moral (vis compulsiva) o coacto tem opção de vontade: ou realiza 
a conduta criminosa ou sofre as conseqüências impostas pelo coator, v.g., o 
coator que sacando uma arma aponta na direção do coacto, obrigando-o, assim, 
a matar alguém, oferece-lhe uma alternativa: ou mata a vítima, ou sofre as 
conseqüências. Optando por matar a vítima sua vontade é suficiente para 
caracterizar a conduta. Todavia, será absolvido pela ausência de culpabilidade, 
pois em tais circunstancias, não era de se lhe exigir comportamento diferente. 
d) Caso fortuito ou força maior são acontecimentos imprevisíveis e inevitáveis, que 
escapam ao domínio da vontade do homem. Como a vontade é elemento da 
conduta, a ausência de vontade exclui a conduta, tornando o fato atípico. 
 
FASES DA REALIZAÇÃO DA AÇÃO 
Para que o agente possa alcançar sua finalidade, sua ação deve passar 
necessariamente por duas fases: interna e externa11. 
 A fase interna é aquela que transcorre na esfera do pensamento e é composta 
por: 
a) Representação e antecipação mental do resultado a ser alcançado; 
b) A escolha dos meios a serem utilizados; 
c) A consideração dos efeitos colaterais ou concomitantes à utilização dos 
meios escolhidos. 
 
11
 tais teses dizem respeito a conduta dolosa. 
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Para que o agente possa praticar uma infração penal é preciso, em primeiro 
lugar, que decida sobre o crime a ser cometido. É necessário que antecipe 
mentalmente o fim a ser por ele perseguido. Após pensar e refletir sobre aquilo o que 
se deseja alcançar, ou seja, aquilo a que a sua conduta estará finalisticamente dirigida, 
ele parte para a escolha dos meios que utilizará na prática criminosa. Em seguida, terá 
de refletir se, utilizados os meios por ele escolhidos, poderá haver algum efeito 
colateral ou concomitante, ou seja, se sua conduta poderá dar causa a outros 
resultados. 
Na fase externa o agente exterioriza tudo aquilo que havia arquitetado 
mentalmente, colocando em pratica o plano criminoso, procedendo a uma realização 
no mundo exterior. 
A segunda etapa da direção final se leva a cabo no mundo real. É um processo 
causal, determinado pela definição do fim e dos meios na esfera do pensamento. Na 
medida em que não se consegue a determinação final no mundo real, p.ex., quando o 
resultado não se produz por qualquer razão, a ação final correspondente é somente a 
tentada. 
 No mesmo sentido são os ensinamentos de Zaffaroni, quando diz: 
“O aspecto interno da conduta pertence à proposição de um fim e a seleção dos 
meios para sua obtenção. Sempre que nos propomos a um fim, retrocedemos 
mentalmente desde a representação do fim para selecionar os meio com que 
colocaremos em marcha a causalidade para que se produza o resultado querido. 
Nessa seleção, não podemos deixar de representar, também, os resultados 
concomitantes. Terminada esta etapa, passamos a exteriorização da conduta (aspecto 
externo), consistente em colocar em marcha a causalidade, em direção à produção do 
resultado.” 
Para que o agente possa ser punido pelo Estado é preciso que, além de querer 
cometer a infração penal, exteriorize sua vontade, praticando atos de execução 
tendentes a consumá-la. Caso contrário, se permanecer tão-somente na fase da 
cogitação ou na de preparação, sua conduta não terá interesse para o Direito Penal, 
ressalvas as exceções previstas expressamente na lei, como o caso do delito do art. 
288 do CP (formação de quadrilha ou bando), em que o legislador, elevando-o a 
categoria de infração penal autônoma, pune aquilo que, normalmente, seria 
considerado um ato preparatório. 
 
FORMAS DE CONDUTA 
 
 a) propriamente ditos 
 A) Comissivos 
 b) por omissão 
 
CRIMES a) próprios 
 B) Omissivos 
b) impróprios (ou comissivos por omissão) 
 
 
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♦ Ação ( ou Comissão) 
A ação exige do agente uma ação positiva, um fazer. Em regra os tipos penais são 
comissivos (atirar, subtrair, ofender, etc.). 
 Nos tipos penais que descrevem uma ação as normas penais encerram uma 
proibição. Exemplos: homicídio “não matar”; furto “não subtrair”, etc. 
 Assim nos crimes comissivos o agente direciona sua conduta a um a finalidade 
ilícita, violando o mandamento proibitivo contido na norma penal. 
 Se A mata B ministrando veneno na sua alimentação. Temos um crime 
comissivo, pois o meio de execução constituiu uma ação, de comportamento positivo.♦ Omissão 
A omissão não é apenas um comportamento estático, e sim, o não fazer aquilo que 
o agente tinha o dever jurídico e a possibilidade de realizar. 
O agente pode omitir-se simplesmente não fazendo, ou seja, permanecendo inerte, 
ou então fazendo algo diferente daquilo que tinha o dever jurídico de realizar. 
A omissão é elemento do tipo penal (crimes omissivos próprios ou puros), como nos 
delitos de omissão de socorro (art. 135), ou apenas uma forma de alcançar o resultado 
previsto em um crime comissivo, passando a ser, nessa hipótese, crime omissivo 
impróprio (ou comissivo por omissão, ou comissivo-omissivo). 
Se A deixa de prestar assistência, quando possível faze-lo sem risco pessoal, a 
uma criança abandonada. Comete o crime de omissão de socorro. 
 
 A omissão subdivide-se em: 
 Crimes omissivos próprios – o crime omissivo próprio ou puro se concretiza 
com a simples abstenção da conduta negativa (non facere) descrita no preceito 
primário da lei penal, independente de um resultado posterior. O resultado é imputado 
ao sujeito pela simples omissão normativa. Ex: omissão de socorro (art.135), abandono 
material (art. 244), etc. 
 Assim, nos delitos omissivos próprios violam o comando perceptivo contido na 
norma penal. O resultado é imputado ao sujeito pela simples omissão normativa. 
 A tipicidade dos crimes omissivos puros não oferece complexidade, porque o 
problema da causalidade, aqui, não tem cabimento, à medida que, a simples omissão 
CRIMES COMISSIVOS 
LEI NORMA 
Descrevem uma conduta. 
Descrevem um fazer. 
Simplesmente descritiva. 
Descrevem uma ação. 
Descrevem um não fazer. 
Proibitiva. 
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já produz a consumação. É claro que a tipicidade depende também da possibilidade de 
agir, isto é, do agente poder realizar a conduta ordenada. 
 O código penal só prevê crimes omissivos próprios dolosos. Entretanto é 
perfeitamente cabível a previsão de tais crimes na forma culposa, com a violação do 
cuidado objetivo exigível na realização da ação ordenada, em qualquer das etapas. 
 A tentativa, porém, é inadmissível, pois com a simples omissão da ação exigida 
o delito já estará consumado. 
 
 Crimes omissivos impróprios (ou impuros, espúrios, omissivo-comissivo, 
comissivos por omissão) 
 São aqueles em que o sujeito, mediante omissão, permite a produção de um 
resultado posterior, que os condiciona. Nesses crimes, em regra, a simples omissão 
não constitui crime, exigindo um resultado naturalístico. 
 Nos crimes omissivos impróprios o núcleo do tipo é uma ação, mas a tipicidade 
compreende também a conduta daquele que não evitou o resultado, por atuação 
positiva. A tipicidade consiste na violação do dever jurídico de produzir o resultado, ou 
seja, para que o sujeito ativo responda pelo crime, é necessário que tenha o dever 
jurídico de agir. Responde, por exemplo, por homicídio a mãe que, apossada de 
animus necandi, deixa de amamentar o filho, que vem a morrer de inanição. Note-se 
que o núcleo do tipo é o verbo “matar”, que envolve uma ação (facere). Todavia o 
agente transgrediu a norma que lhe impõe o dever jurídico de agir para evitar o 
resultado. O omitente responde por não ter evitado o resultado. 
 Vimos que nos crimes comissivos a norma penal é proibitiva (“não matar”, “não 
subtrair”, etc.) e nos crimes omissivos puros é perceptiva, isto é, determina a realização 
de um fazer (prestar socorro –art 1357; prestar alimento, art. 244; etc.). Já nos crimes 
comissivos por omissão, a norma penal apresenta forma híbrida, pois se impõe 
simultaneamente uma proibição (ex: não matarás) e uma determinação positiva (ex: aja 
para evitar o resultado). A transgressão desta ultima norma é que constitui o crime 
comissivo por omissão. 
 Destarte, a relevância penal da omissão depende do somatório de dois 
requisitos: dever jurídico de agir e poder agir, ou seja, só tem relevância penal a 
omissão de providencia com virtude de impedir o resultado, por quem podia e devia 
agir nesse sentido. Alem disso, como no DP não se admite a culpa presumida, a 
imputação pelo resultado exige que se saiba qual a providencia omitida pelo sujeito que 
poderia ter impedido o resultado, sem o que não se pode atribuir a ele a 
responsabilidade pelo fato. 
 Enuncia o art. 13, §2º do CP que: o dever de agir incumbe a quem: 
a) Tenha por lei a obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; 
b) De outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; 
c) Com o seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. 
A primeira hipótese (alínea a) refere-se ao dever legal. O dever de agir deriva de 
uma norma jurídica que obriga alguém ao cuidado, proteção ou vigilância do bem 
jurídico. Exemplos de dever legal são: o dos pais alimentar e cuidar dos filhos, o do 
diretor do presídio e dos carcereiros de zelarem e protegerem os presos, o dos policiais 
em serviço para assegurarem a segurança pública e das pessoas em particular, etc. 
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Nas hipóteses das demais alíneas faz-se referência ao que, na doutrina se 
denomina a posição de garantidor ou garante da não ocorrência do resultado. Somente 
pode ser autor de conduta típica omissiva imprópria aquele que se achar em posição 
de garante, vale dizer, em uma relação com o sujeito passivo que o obrigue a garantir a 
conservação, reparação ou restauração do bem juridicamente protegido. 
A alínea “b” trata da aceitação pelo sujeito do dever de impedir o evento por ter 
assumido previamente essa responsabilidade. Referindo-se àquele que “de outra 
forma, assumiu o risco de produzir o resultado”, a lei abrange o dever originado de uma 
manifestação unilateral de vontade (função tutelar ou de encargo sem mandato) ou de 
um contrato. A posição de garante evidencia-se independentemente de qualquer 
vinculação jurídica entre as partes. Mesmo que o contrato seja nulo, isso não exclui o 
dever de agir , respondendo, p.ex., por homicídio a babá que deixa o bebe morrer de 
inanição, ainda que o contrato de trabalho seja nulo. Ainda que o contrato não obrigue 
o agente ao dever de agir, vindo, porem, a assumir esse encargo, responde pela 
omissão. Ex: a enfermeira que continua trabalhando após o seu horário de expediente 
tem o dever jurídico de cuidar dos doentes. Da mesma forma, o pedestre que resolve 
auxiliar um cego a atravessar a rua não pode abandoná-lo em meio ao tráfego 
perigoso, e comete crime se sobrevém lesão corporal ou morte em virtude de 
atropelamento. 
A terceira hipótese de dever de agir, descrita na alínea “c”, refere-se a 
denominada ingerência. Quem cria uma o perigo de dano com uma conduta 
precedente tem o dever jurídico de impedir o resultado. 
Esta hipótese é a que mais gera discussões entre os doutrinadores. Afirmam os 
doutrinadores estrangeiros que o dever de agir existe em toda conduta perigosa, ainda 
que não antijurídica, vale dizer, ainda que o sujeito tenha causado o risco sem culpa. 
São exemplos de garantidores o causador involuntário de um incêndio; o 
acompanhante do nadador principiante induzido a atravessar a nado um rio; o 
empregador que descobre ter ficado preso um operário no recinto da fábrica; etc. inclui-
se ainda a obrigação de evitar a ação de terceiros por quem o sujeito é responsável 
(menor, incapaz, etc.). 
Cumpre observar, a propósito, que, nos crimes dolosos comissivos por omissão, 
o agente deve ter a vontade consciente de inobservar o dever de agir, com o objetivo 
de alcançar o resultado criminoso (dolo direto) ou no mínimo assumido o risco de 
produzi-lo (dolo eventual). A ausência de dolo direto ou dolo eventual pode, contudo, 
dar ensejo ao crime comissivo por omissão culposo, desde que o resultado seja 
previsível ao homem médio da sociedade e o delito punível na modalidade culposa. 
Só pode ser autor do crime aquele que tem o dever jurídico emanado de uma 
destas três situações. Trata-se de rol taxativo,não pode ser ampliado, pois é 
inadmissível a analogia in malam partem, mas convém lembrar que, as alíneas “b” e “c” 
são tipos penais abertos, o que confere ao magistrado o poder de complementar a 
tipicidade dos crimes omissivos impróprios. 
 
 
 
 
 
 
 
CRIMES OMISSIVOS 
PROPRIOS IMPRÓPRIOS 
• Há uma omissão 
• O tipo penal descreve uma omissão. 
• Norma penal perceptiva determina um 
fazer. 
• A consumação coincide com a simples 
conduta negativa são crimes de mera 
conduta. 
• Não admitem tentativa. 
• São sempre dolosos. 
• Há uma omissão. 
• O tipo penal descreve uma ação. 
• Norma penal híbrida determina uma 
proibição e uma ação positiva (fazer). 
• A consumação depende da ocorrência de 
resultado naturalístico, são crimes 
materiais. 
• Admitem tentativa. 
• Podem ser dolosos ou culposos. 
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A possibilidade de cumprir o dever jurídico de agir é requisito essencial à 
caracterização dos crimes omissivos. Presente o dever de agir, a omissão será 
atribuída penalmente ao garantidor desde que, no caso concreto, pudesse agir para 
evitar o resultado. O art. 13, §2º, CP, estabelece que a “omissão é penalmente 
relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado”. 
Assim a exigibilidade de conduta diversa, que nos crimes comissivos integra a 
culpabilidade, nos delitos omissivos funciona como elemento do tipo penal. 
A falta do poder de agir, nos crimes comissivos, exclui a antijuridicidade (estado de 
necessidade) ou culpabilidade (coação moral irresistível), conforme o caso, diante da 
inexigibilidade de conduta diversa. Nos crimes comissivos por omissão, porém, 
funciona como excludente da tipicidade, criando, portanto, um tratamento díspar em 
relação aos crimes comissivos. 
A possibilidade de agir deve ser entendida como a capacidade concreta para a 
execução de determinada ação com a finalidade de evitar o resultado. Pode agir quem: 
a) Tem conhecimento da situação de fato; 
b) Tem consciência da condição que o coloca na qualidade de garantidor; 
c) Tem consciência de que pode executar a ação; 
d) Tem possibilidade real-física de executar a ação. 
A possibilidade física somente existe quando a execução da ação teria evitado o 
resultado. É preciso comprovar que a conduta teria impedido o resultado. 
 Cumpre lembrar, que não pode alegar estado de necessidade quem tem o dever 
legal de enfrentar o perigo (art. 24, §1º, do CP). Transplantando essa norma para os 
crimes omissivos impróprios chega-se à conclusão de que quem “de outra forma 
assumiu a responsabilidade de produzir o resultado” não pode escusar-se do dever de 
agir, pois assumiu a obrigação de enfrentar o perigo (art. 13, §2º, “b”, do CP). Na 
hipótese prevista na “a” do art. 13 do CP o omitente também não poderá invocar o 
estado de necessidade, visto que tem por lei a obrigação de cuidado, proteção ou 
vigilância, o que equivale ao dever de enfrentar o perigo. No tocante à alínea “c” do §2º 
do art. 13 do CP, quem, dolosa ou culposamente, criou o risco do resultado não poderá 
igualmente invocar o estado de necessidade (art. 24 do CP). 
 Em todas as hipóteses do dever de agir, não haverá crime se o garantidor, 
embora não evitando o resultado, se esforçou seriamente para impedi-lo. Neste caso 
não há dolo ou culpa, mas simples caso fortuito. 
 Podendo o garantidor agir a conduta deverá ser apreciada em seu elemento 
subjetivo: dolo ou culpa. O dolo, como se verá, é a vontade dirigida à realização do tipo 
penal. Na hipótese da omissão, configura-se dolo na vontade de realizar a conduta 
típica, ou seja, não impedir o resultado. Não se exige, pois, que o omitente deseje o 
evento, bastando a consciência de que deve agir e a vontade de não faze-lo. 
 É também possível a omissão por culpa em sentido estrito, respondendo por 
crime culposo o omitente nas seguintes hipóteses: 
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a) Erro de apreciação da situação típica, p.ex., o pai que, ouvindo gritos do filho, 
não o socorre, pensando que se trata de uma brincadeira, enquanto a criança 
se afoga. 
b) Erro na execução da ação, p.ex., em jogar substancia inflamável em lugar de 
água para apagar um incêndio, deixando de verificar a natureza do líquido que 
se está utilizando. 
c) Erro sobre a possibilidade de agir, p.ex., quando o garantidor supõe que a 
vítima está se afogando em águas profunda, onde seria impossível salva-la, 
permitindo que se afogue em águas rasas. 
O crime comissivo por omissão só existe quando o sujeito tem o dever jurídico 
de agir é, portanto, um crime próprio. Não havendo dever jurídico de agir, o agente 
responderá, conforme o caso, por crime de omissão de socorro (art. 135). 
 Cumpre lembrar que o estado de necessidade nos crimes omissivos impróprios 
funcionam como excludente da tipicidade, e não da antijuridicidade. 
 
♦ Caso fortuito e força maior 
Não há fato típico na ocorrência de resultado lesivo em virtude de caso fortuito e força 
maior. Caso fortuito e força maior = imprevisível, inevitável, indesejado pelo agente. 
 
 
 
 
 
Com a ocorrência do caso fortuito, não deixa de existir conduta, mas não será 
ela atribuída ao agente por ausência de dolo ou culpa em sentido estrito12. Não se 
pode reconhecer conduta típica na ação do motorista em que, por um acidente 
decorrente da queima de fusível de seu veiculo, causa lesões ou morte de alguém. Do 
incêndio provocado pelo cigarro que é derrubado do cinzeiro por um golpe de ar 
inesperado, etc. 
Situação idêntica estão os casos de força maior, p.ex., a coação física 
irresistível. Não há crime comissivo se o agente por força física do coator, preme o 
gatilho de uma arma, causando a morte de alguém, ou, na omissão típica, quando sua 
inatividade decorre do fato de ter sido posto em situação de inconsciência, a sua 
revelia, por terceiro. 
 
RESULTADO 
 Resultado é a modificação do mundo exterior provocada pelo comportamento 
humano e voluntário.é comum o emprego da expressão evento como sinônimo de 
resultado, cumpre porém lembrar que, etimologicamente evento significa 
“acontecimento”, “sucesso”. Todavia no vocabulário jurídico-penal, as expressões se 
equivalem. 
 
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 Para os causalistas o caso fortuito e força maior excluem a culpabilidade. 
CASO FORTUITO NÃO SE PODE PREVER 
FORÇA MAIOR NÃO SE PODE EVITAR 
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TEORIAS 
♦ Teoria jurídica ou normativa 
De acordo com a concepção jurídica ou normativa, resultado é lesão ou perigo 
de lesão do bem jurídico tutelado pela norma penal. 
 Sob o aspceto jurídico, não há crime sem resultado, porquanto, sem lesão ou 
ameaça de lesão a bem juridicamente protegido pela norma penal, inexiste 
antijuridicidade, que é um dos elementos essenciais do crime. Nesse conceito até 
mesmo os crimes de mera conduta, os omissivos próprios e os delitos tentados contêm 
resultados. 
 
♦ Teoria Naturalística 
Segundo a concepção naturalística, resultado é a modificação no mundo externo 
causada por um comportamento humano. O conceito resulta da relação entre a 
conduta e a modificação, prescindido-se de sua análise em face da norma jurídica. 
Convém, todavia, salientar, desde logo, que o resultado só tem pertinência no 
plano da tipicidade quando a lei penal o considera relevante à existência do crime. Os 
resultados não contemplados no tipo penal podem influir na dosimetria13 da pena, 
como conseqüências do crime (art. 59 CP). Exemplificando, o resultado essencial à 
configuração do homicídio é a morte da vitima. Os demais resultados naturalísticos 
decorrentes da conduta criminosa, tais como as dificuldades econômicas padecidas 
pela família do morto, podem influenciar na fixação da pena. Esses resultados situados 
fora do tipo penal, sob o prisma estrito da dogmática penal, não são resultados, mas 
conseqüências

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