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As teorias da educação e o problema da marginalidade Disciplina: Psicologia Escolar Profa. Marisa Irene Siqueira Castanho Texto: Dermeval Saviani Conceituação O que o autor chama de marginalidade refere-se aos alunos que fracassavam na escola. O termo “marginalidade” cunhado pelo autor na década de 1980 corresponde, nos dias atuais a “exclusão escolar”. O Problema 1970 - 50% de alunos desertavam da escola (multirrepetência, semianalfetismo); 2017 – Os indicadores em larga escala mostram que pouco superamos o problema dos resultados; no entanto, criamos políticas que garantem o acesso da massa de alunos às escolas; O que fazer para garantir educação de qualidade a todos? Como as teorias de educação se posicionam diante dessa situação? Grupos de Teorias da Educação Teorias Não – Críticas Sociedade harmiosa Marginalidade é fenômeno acidental que afeta os indivíduos É uma distorção que deve ser corrigida Educação é instrumento de correção dessas distorções Educação é força homogeneizadora, ideia da homogeneização da sociedade Teorias Críticas Sociedade marcada pela divisão de classes sociais antagônicas Marginalidade deriva da posição dos indivíduos em relação aos grupos dominantes Educação é dependente. da estrutura geradora da marginalidade cultural, especificamente escolar Teorias Não Críticas Pedagogia tradicional: A escola é antídoto à ignorância; Seu papel é a transmissão dos conhecimentos; O professor é o centro do processo e detém o conhecimento; Resultado é a perpetuação de uma mentalidade disciplinar e reprodutivista. Pedagogia nova: Também pautada pela crença de que a escola corrige os problemas de distorção e marginalização; Grupo de educadores com experiência na educação dos “anormais”, dos “rejeitados” baseia-se nas teorias e na ciência para implantar métodos voltados à educação dos diferentes Deslocamento do eixo de compreensão das questões educacionais Pedagogia Tradicional Centro no intelecto Aspecto lógico Conteúdos cognitivos Centro no professor Esforço Disciplina Diretivismo Quantidade Centrada na ciência da lógica Pedagogia Nova Centro no sentimento Aspecto psicológico Processos pedagógicos Centro no aluno Interesse Espontaneidade Não-diretivismo Qualidade Baseada na experiência, na biologia e na psicologia Organização da escola Pedagogia Tradicional Conteudista, salas com alunos prestando atenção no professor; Domínio das grandes áreas do conhecimento, textos, ensino enciclopédico; Ideário tradicional Pedagogia Nova Alunos organizados em grupos, por interesses, professor orientador Ambiente estimulador Materiais didáticos, recursos pedagógicos Ideário escolanovista Resultados Não favoráveis Poucas escolas conseguiram se organizar Reforço de uma educação de boa qualidade para poucos Ensino elitizado nas “boas” escolas e de má qualidade nas demais, em especial no ensino público Teorias Não - Críticas Terceiro modelo: Pedagogia Tecnicista – Baseada na eficiência instrumental, nos princípios de racionalidade, eficiência e produtividade; Metas: tornar o ensino objetivo e operacional; Voltado para a produção e o resultado (produto) como decorrência dessa produção; Professor e aluno em posição secundária como executores de processos com ênfase nos meios; Proliferação do teleensino; ensino programado; padronização de sistemas; educação a distância; máquinas (programas) de ensino, etc . Pedagogia Tecnicista (não-crítica) Marginalidade se relaciona com o incompetente, ineficiente, improdutivo; Educação contribui para a resolução do problema, pois está voltada para a formação de indivíduos eficientes na cadeia de produtividade; Visão sistêmica do processo, interrelação entre as partes que constituem o todo – equilíbrio do sistema; Sustentação teórica: psicologia behaviorista; engenharia comportamental; ergonomia; informática; cibernética; neopositivismo e funcionalismo. Resultados Burocratização, planejamento e controle; Transposição para a escola do processo fabril; Gerou descontinuidade, hetorogeneidade, fragmentação do ensino; Ênfase em nas instruções, procedimentos e preenchimento de formulários; “Educação bancária”, sendo o aluno o depositário de um conhecimento fragmentado. Teorias Crítico-Reprodutivistas Compreendem a educação a partir de seus condicionantes sociais; Visão da escola como discriminadora, repressiva e reprodutora do modo de produção capitalista; São elas: Teoria do sistema de ensino como violência simbólica (P. Bourdieu e J. C. Passeron, 1975); Escola como aparelho ideológico do estado ( L. Althusser, s.d); Escola Dualista ( C. Baudelot e R.Establet (1971). Teoria do sistema de ensino como violência simbólica Poder de violência simbólica imposição de significações como legítimas dissimulação das relações de força na base acrescenta sua própria força a essas relações Assim Escolha arbitrária do conhecimento com base na cultura de grupos dominantes imposição arbitrária por meio da autoridade pedagógica desconhecimento (não reconhecimento) das relações de força legitima a autoridade Teoria do sistema de ensino como violência simbólica Habitus - produto da interiorização dos princípios de um arbitrário cultural que se perpetua mesmo após a ação pedagógica; Capital cultural - produto do trabalho pedagógico primário familiar (TP) – herança cultural familiar que pode ou não ser condizente com a cultura dominante; Capital econômico – força material que sustenta os grupos dominantes e submete os grupos dominados à marginalidade. Teoria da Escola como Aparelho Ideológico do Estado Aparelhos repressivos de Estado: governo, polícia, administração, exércitos, tribunais, prisões, etc – predominância da violência; Aparelhos ideológicos de Estado: religioso, escolar, familiar, jurídico, político, sindical, cultural, da informação, etc – predominância da ideologia. Teoria da Escola como Aparelho Ideológico do Estado A escola ocupa uma posição dominante nas formações capitalistas maduras; A escola toma para si todas as crianças, independente das classes sociais e lhes inculca “saberes práticos” envolvidos na sociedade dominante; Poucos chagam ao alto da pirâmide e serão os “agentes da repressão” (ARE), ou “agentes da exploração” (sistema produtivo), ou “agentes da ideologia (AIE); Marginalização – a escola não corrige a marginalidade, mas ao dissimular as relações de poder, as reproduz e expropria a classe dos dominados. Teoria da Escola Dualista A escola se divide em duas grandes redes, que correspondem às duas classes: do proletariado e da burguesia; Há uma ilusão da unidade da escola; A mesma ideologia dominante é imposta aos alunos sob formas incompatíveis (em proveito da classe dominante); Enquanto aparelho ideológico, a escola contribui para a formação da força de trabalho e a inculcação da ideologia burguesa; A ideologia das classes operárias tem origem e existência fora da escola, sendo negada ou disfarçada dentro da escola; A escola qualifica o trabalho intelectual e desqualifica o trabalho manual. Para uma teoria crítica da educação É possível encarar a escola como uma realidade histórica, suscetível de ser transformada intencionalmente pela ação humana? Deve-se considerar: A classe dominante não tem interesse na transformação da escola e só acionará mecanismos de adaptação; Uma teoria crítica só poderá ser formulada do ponto de vista do interesse dos dominados; Para uma teoria crítica da educação Uma teoria crítica impõe a tarefa de superar o poder ilusório das teorias não-críticas (escola como redencionista) e a impotência das teorias crítico-reprodutivistas; Lutar pela não seletividade, discriminação e rebaixamento do ensino das camadas populares; Por último, rever e criticar o conceito de “educação compensatória”. Texto de Base SAVIANI, Dermeval. Teorias da educação e o problema da marginalidade. (2003). In: Escola e Democracia. São Paulo, Editores Associados. 2005. 41a Ed, p. 03 - 34. Disponível em: http://www.fcc.org.br/pesquisa/publicacoes/cp/arquivos/609.pdf
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