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Aspectos Gerais da Relação de Consumo

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jusbrasil.com.br
20 de Setembro de 2017
Aspectos Gerais da Relação de Consumo
1. Consumidor: corrente maximalista e
finalista
Umas das questões mais árduas no nosso ordenamento é encontrar uma definição
de consumidor. Para que possamos chegar a um conceito existem duas correntes
sobre o tema.
A corrente maximalista nas palavras de Sérgio Cavalieri Filho:
“pressupõe um conceito jurídico-objetivo de consumidor, entendo que a Lei
8.078/90, ao defini-lo com toda pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza
produto ou serviço como destinatário final, apenas exige, para sua
caracterização, a realização de um ato de consumo”.
Portanto, de acordo com esta teoria consumidor seria toda e qualquer pessoa física
ou jurídica que retira o produto ou serviço do mercado e o utiliza como
destinatário final[1].
A corrente finalista entende que consumidor é apenas aquele que destina o
produto final para seu deleite, ou seja, satisfaça uma necessidade apenas pessoal.
Nas palavras de Sérgio Cavalieri Filho:
“a corrente subjetivista, a seu turno, entende ser imprescindível à conceituação
de consumidor que a destinação final seja entendida como econômica, isto é,
que a aquisição de um bem ou a utilização de um serviço satisfaça uma
necessidade pessoal do adquirente ou utente, pessoa física ou jurídica, e não
objetive o desenvolvimento de outra atividade negocial.”
Neste diapasão Cláudia Lima Marques:
PUBLICAR CADASTRE-SE ENTRARPESQUISAR
“Destinatário final seria aquele destinatário fático e econômico do bem ou
serviço, seja ele pessoa jurídica ou física. Logo, segundo esta interpretação
teleológica, não basta ser destinatário fático do produto, retirá-lo da cadeia de
produção, levá-lo para o escritório ou residência – é necessário ser
destinatário final econômico do bem, não adquiri-lo para revenda, não
adquiri-lo para uso profissional, pois o bem seria novamente um instrumento
de produção cujo preço será incluído no preço final do profissional que o
adquiriu. Neste caso, não haveria a exigida ‘destinação final’ do produto ou do
serviço, ou, como afirma o STJ, haveria consumo intermediário, ainda dentro
das cadeias de produção e de distribuição.”
O entendimento adotado pelo Superior Tribunal de Justiça inclinava-se pela teoria
maximalista considerando como consumidor o destinatário final do bem ou
serviço. Porém, no julgamento do REsp 541.867/BA foi adotado a corrente
subjetivista, conforme ementa:
COMPETÊNCIA. RELAÇÃO DE CONSUMO. UTILIZAÇÃO DE EQUIPAMENTO
E DE SERVIÇOS DE CRÉDITO PRESTADO POR EMPRESA
ADMINISTRADORA DE CARTÃO DE CRÉDITO. DESTINAÇÃO FINAL
INEXISTENTE. -A aquisição de bens ou a utilização de serviços, por pessoa
natural ou jurídica, com o escopo de implementar ou incrementar a sua
atividade negocial, não se reputa como relação de consumo e, sim, como uma
atividade de consumo intermediária. Recurso especial conhecido e provido
para reconhecer a incompetência absoluta da Vara Especializada de Defesa do
Consumidor, para decretar a nulidade dos atos praticados e, por conseguinte,
para determinar a remessa do feito a uma das Varas Cíveis da Comarca.
(541867 BA 2003/0066879-3, Relator: Ministro ANTÔNIO DE PÁDUA
RIBEIRO, Data de Julgamento: 09/11/2004, S2 - SEGUNDA SEÇÃO, Data de
Publicação: DJ 16.05.2005 p. 227RDR vol. 31 p. 349RSTJ vol. 200 p. 260).
1.1 Princípios inerentes a relação de consumo
Alguns princípios se inserem nos contratos de consumo e estão expostos no Código
de Defesa do Consumidor.
1.1.1 Princípio da boa-fé
Princípio inerente a todo e qualquer contrato regido pelo Código Civil e de suma
importância nas relações consumeristas.
Segundo Claudia Lima Marques:
“significa atuação refletida, uma atuação refletindo, pensando no outro, no
parceiro contratual, respeitando-o, respeitando seus interesses legítimos, suas
expectativas razoáveis, seus direitos, agindo com lealdade, sem abuso, sem
obstrução, sem causar lesão ou desvantagem excessiva, cooperando para
atingir o bom fim das obrigações: o cumprimento do objetivo contratual e a
realização dos interesses das partes[2]”
É comportamento ético, padrão de conduta, tomado como paradigma o homem
honrado, leal e honesto[3]:
1.1.2 Princípio da transparência
Deriva do comando normativo explicitado no art. 4º, caput, do Código de Defesa
do Consumidor:
“Art. 4º: A Política Nacional das Relações de Consumo tem por objetivo o
atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito à sua dignidade,
saúde e segurança, a proteção de seus interesses econômicos, a melhoria da
sua qualidade de vida, bem como a transparência e harmonia das relações de
consumo, atendidos os seguintes princípios.”
Transparência é hoje uma palavra de ordem que se faz ouvir nos mais
diversificados domínios jurídico-políticos. Significa clareza, nitidez, precisão,
sinceridade. Transparência nas relações de consumo importa em informações
claras, corretas e precisas sobre o produto a ser fornecido, o serviço a ser prestado,
o contrato a ser firmado, direitos, obrigações, restrições[4].
Este mesmo entendimento é consolidado por Plínio Lacerda Martins:
“O princípio da transparência consagra que o consumidor tem o direito de ser
informado sobre todos os aspectos de serviço ou produto exposto ao consumo,
traduzindo assim no princípio da informação. Havendo omissão de
informação relevante ao consumidor em cláusula contratual, prevalece a
interpretação do artigo 47 do CDC, que retrata que as cláusulas contratuais
serão interpretadas de maneira, mas favorável ao consumidor.”
Portanto, o princípio da transparência é de vital importância nas relações de
consumo, perfazendo obrigação do fornecedor informar todos os aspectos do
produto ou serviço, não podendo haver omissão por parte do mesmo.
1.1.3 Princípio da confiança
Confiança é a credibilidade que o consumidor deposita no produto ou no vínculo
contratual como instrumento adequado para alcançar os fins que razoavelmente
deles se espera. Prestigia as legítimas expectativas do consumidor no contrato[5].
Reza este princípio que toda e qualquer cláusula abusiva para com o consumidor
será nula. Fato este que evidencia a importância do princípio nas relações de
consumo.
1.1.4 Princípio da vulnerabilidade
Todo o consumidor é vulnerável pois na maioria das vezes desconhece os meios de
produção, portanto, este princípio é de suma importância nas relações de
consumo.
A vulnerabilidade é qualidade intrínseca, ingênita, peculiar, imanente e
indissolúvel de todos que se colocam na posição de consumidor, pouco importando
sua condição social, cultural ou econômica. É incindível do contexto das relações
de consumo, não admitindo prova em contrário por não se tratar de mera
presunção legal[6].
Nas palavras do mestre Sérgio Cavalieri Filho:
“Nas relações de consumo, o sujeito que ostenta as supramencionadas
qualidade é, inequivocamente, o consumidor, já que, não detendo os
mecanismos de controle do processo produtivo (produção, distribuição,
comercialização), e dele participando apenas em sua última etapa (consumo),
pode ser ofendido, ferido, lesado, em sua integridade física, econômica,
psicológica ou moral[7].”
Este mesmo entendimento é corroborado por Luiz Antonio Rizatto Nunes:
“o consumidor é a parte fraca da relação jurídica de consumo. Essa fraqueza,
essa fragilidade, é real, concreta, e decorre de dois aspectos: um de ordem
técnica e outro de cunho econômico. O primeiro está ligado aos meios de
produção, cujo conhecimento é monopólio do fornecedor. E quando se fala em
meios de produção não se está apenas referindo aos aspectos técnicos e
administrativos para a fabricação de produtos e prestação de serviços que o
fornecedor detém, mas também ao elemento fundamental da decisão: é o
fornecedor que escolhe o que, quando e de que maneira produzir, de sorte que o
consumidor está à mercê daquilo que é produzido[8].”
Há que se fazerdistinguir, para não restar dúvidas os institutos da vulnerabilidade
e hipossuficiência. Apesar de parecidos os dois não se confundem. A
vulnerabilidade é um traço universal de todos os consumidores, ricos ou pobres,
educados ou ignorantes, crédulos ou espertos. Já a hipossuficiência é marca
pessoal, limitada a alguns, até mesmo a uma coletividade, mas nunca a todos os
consumidores. A vulnerabilidade do consumidor justifica a existência do Código. A
hipossuficiência, por seu turno, legitima alguns tratamentos diferenciados no
interior do próprio Código, como, por exemplo, a previsão de inversão do ônus da
prova[9].
1.1.5 Princípio da equidade
O princípio da equidade representa a busca pela justiça no caso concreto
consubstanciando no equilíbrio das relações de consumo, haja vista a
hipossuficiência do consumidor perante o fornecedor, que detêm todos os meios de
produção.
1.1.6 Princípio da segurança
O princípio da segurança significa a proteção no âmbito da responsabilidade civil
nas relações de consumo.
Antigamente, o consumidor não tinha nenhuma garantia e nem proteção, a
indenização só era devida em caso de dolo ou culpa, era a chamada aventura do
consumo, o fornecedor fazia a oferta e o consumidor assumia os riscos produzidos.
O Código de Defesa do Consumidor mudou isso rapidamente, estabelecendo a
responsabilidade objetiva para todos os casos de acidentes de consumo, decorrente
do fato do produto ou do fato do serviço.
1.3 Responsabilidade pelo fato do produto e do serviço
A responsabilidade pelo fato do produto está exposta no artigo 12 do Código de
Defesa do Consumidor, in verbis:
“Art. 12: O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o
importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela
reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de
projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação,
apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por
informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.”
De acordo com o dispositivo em comento podemos conceituar fato do produto
como um acontecimento externo, que ocorre no mundo exterior, que causa dano
material ou moral ao consumidor, mas que decorre de um defeito do produto. Seu
fato gerador será sempre um defeito do produto; daí que termos enfatizado que
palavra-chave é defeito[10].
Podemos indicar também que fato do produto ou serviço está ligado ao defeito e
que, por sua vez, está ligado ao dano gerado[11].
Sérgio Cavalieri Filho indica que defeito pode ser de concepção (criação, projeto,
fórmula), de produção (fabricação, construção, montagem) e ainda de
comercialização (informações insuficientes ou inadequadas). Segundo o mesmo
autor, esses defeitos são chamados de acidentes de consumo, que se materializam
através da repercussão externa do defeito do produto, atingindo a incolumidade
físico-psíquica do consumidor e seu patrimônio.[12]
A responsabilidade pelo fato do serviço está insculpida no artigo 14 do Código de
Defesa do Consumidor, in verbis:
“Art. 14: O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência
de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos
relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou
inadequadas sobre sua fruição e riscos.
§ 1º O serviço é defeituoso quando não fornece a segurança que o consumidor
dele pode esperar, levando-se em consideração as circunstâncias relevantes,
entre as quais:
I - o modo de seu fornecimento;
II - o resultado e os riscos que razoavelmente dele se esperam;
III - a época em que foi fornecido.
§ 2º O serviço não é considerado defeituoso pela adoção de novas técnicas.
§ 3º O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar:
I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste;
II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.”
A principal diferença que podemos apontar dos dois institutos é sobre os agentes
responsáveis. No fato do produto (art. 12), os agentes são o fabricante, o produtor,
o construtor e o incorporador, estando excluído, desta maneira, o comerciante
principal. Já no fato do serviço, o artigo 14 fala somente em fornecedor,
abrangendo assim todos os participantes da cadeia produtiva. Portanto, chegamos
a conclusão que na hipótese de dano pelo fato do serviço todos os participantes da
cadeia produtiva respondem solidariamente.
1.4 Responsabilidade pelo vício do produto e do serviço
Primeiramente cumpre saliente a diferença entre vício do produto e vício
redibitório.
Segundo Sérgio Cavalieri Filho, os vícios redibitórios dizem respeito aos defeitos
ocultos da coisa enquanto que os vícios de qualidade ou de quantidade de bens e
serviços podem ser ocultos ou aparentes[13].
Acerca da responsabilidade, podemos destacar o artigo 18 da Legislação
Consumerista:
“Art. 18: Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis
respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os
tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes
diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a
indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem
publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o
consumidor exigir a substituição das partes viciadas.
§ 1º Não sendo o vício sanado no prazo máximo de trinta dias, pode o
consumidor exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - a substituição do produto por outro da mesma espécie, em perfeitas
condições de uso;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 2º Poderão as partes convencionar a redução ou ampliação do prazo previsto
no parágrafo anterior, não podendo ser inferior a sete nem superior a cento e
oitenta dias. Nos contratos de adesão, a cláusula de prazo deverá ser
convencionada em separado, por meio de manifestação expressa do
consumidor.
§ 3º O consumidor poderá fazer uso imediato das alternativas do § 1º deste
artigo sempre que, em razão da extensão do vício, a substituição das partes
viciadas puder comprometer a qualidade ou características do produto,
diminuir-lhe o valor ou se tratar de produto essencial.
§ 4º Tendo o consumidor optado pela alternativa do inciso I do § 1º deste
artigo, e não sendo possível a substituição do bem, poderá haver substituição
por outro de espécie, marca ou modelo diversos, mediante complementação ou
restituição de eventual diferença de preço, sem prejuízo do disposto nos incisos
II e III do § 1º deste artigo.
§ 5º No caso de fornecimento de produtos in natura, será responsável perante
o consumidor o fornecedor imediato, exceto quando identificado claramente
seu produtor.
§ 6º São impróprios ao uso e consumo:
I - os produtos cujos prazos de validade estejam vencidos;
II - os produtos deteriorados, alterados, adulterados, avariados, falsificados,
corrompidos, fraudados, nocivos à vida ou à saúde, perigosos ou, ainda,
aqueles em desacordo com as normas regulamentares de fabricação,
distribuição ou apresentação;
III - os produtos que, por qualquer motivo, se revelem inadequados ao fim a
que se destinam.”
Portanto, de acordo com a redação do citado artigo os fornecedores respondem
solidariamente pelos danos causados. Neste mesmo sentido o artigo 19 do mesmo
diploma legal, in verbis:
“Art. 19: Os fornecedores respondem solidariamente pelos vícios de quantidade
do produto sempre que, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza,
seu conteúdo líquido for inferior às indicações constantes do recipiente, da
embalagem, rotulagem ou de mensagem publicitária, podendo o consumidor
exigir, alternativamente e à sua escolha:
I - o abatimento proporcional do preço;
II - complementaçãodo peso ou medida;
III - a substituição do produto por outro da mesma espécie, marca ou modelo,
sem os aludidos vícios;
IV - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos.
§ 1º Aplica-se a este artigo o disposto no § 4º do artigo anterior.
§ 2º O fornecedor imediato será responsável quando fizer a pesagem ou a
medição e o instrumento utilizado não estiver aferido segundo os padrões
oficiais.”
O artigo 20 da Legislação Consumerista, disciplina a responsabilidade do
fornecedor pelo vício do serviço:
Art. 20. O fornecedor de serviços responde pelos vícios de qualidade que os
tornem impróprios ao consumo ou lhes diminuam o valor, assim como por
aqueles decorrentes da disparidade com as indicações constantes da oferta ou
mensagem publicitária, podendo o consumidor exigir, alternativamente e à
sua escolha:
I - a reexecução dos serviços, sem custo adicional e quando cabível;
II - a restituição imediata da quantia paga, monetariamente atualizada, sem
prejuízo de eventuais perdas e danos;
III - o abatimento proporcional do preço.
§ 1º A reexecução dos serviços poderá ser confiada a terceiros devidamente
capacitados, por conta e risco do fornecedor.
§ 2º São impróprios os serviços que se mostrem inadequados para os fins que
razoavelmente deles se esperam, bem como aqueles que não atendam as
normas regulamentares de prestabilidade.
Esta responsabilidade pelo vício do serviço pode ser dividida em de qualidade e de
quantidade. O vício de qualidade são aqueles que tornam o serviço impróprio ao
consumo ou lhe diminuem o valor. O vício de quantidade são aqueles que
apresentam diferenças substanciais entre as indicações constantes da oferta ou da
mensagem publicitária.
1.5 Causas de exclusão da responsabilidade
O Código de Defesa do Consumidor estabelece a responsabilidade objetiva e não a
teoria do risco integral, permitida em raríssimos casos no ordenamento jurídico
brasileiro. A teoria da responsabilidade objetiva é aquela que depende de um nexo
causal, portanto inexistindo este nexo não há que se falar em dolo ou culpa.
O artigo 12, § 3º, I é expresso ao afirmar que o fornecedor não será
responsabilizado se provar que não colocou o produto no mercado. Obviamente
não haverá nexo de causalidade se o fornecedor não foi o responsável pela
colocação do produto no mercado de consumo.
A excludente seguinte afirma que é excluída a responsabilidade do fornecedor se o
defeito inexiste. De acordo com o Mestre Sérgio Cavalieri Filho, “se o produto ou
serviço não é defeituoso, e o ônus dessa prova é do fornecedor, não haverá também
relação de causalidade entre o dano e a atividade do fornecedor[14].”
A última excludente de responsabilidade é a culpa exclusiva do consumidor ou de
terceiro, de acordo com o mesmo autor, “fale-se em culpa exclusiva da vítima
quando a sua conduta se erige em causa direta e determinante do evento, de modo
a não ser possível apontar qualquer defeito no produto ou no serviço como fato
ensejador da sua ocorrência[15].”
Neste mesmo diapasão Paulo de Tarso Vieira Sanseverino:
“não basta que os danos sofridos pelo consumidor tenham sido causados por
um determinado produto ou serviço. É fundamental ainda que esse produto ou
serviço apresente um defeito, que seja a causa dos prejuízos sofridos pelo
consumidor”, para depois concluir que “o defeito do produto ou do serviço
aparece como um dos principais pressupostos da responsabilidade do
fornecedor por acidentes de consumo[16].”
Convém lembrar que existem outras causas de excludente de responsabilidade não
previstas no Código de Defesa do Consumidor como a culpa concorrente, o caso
fortuito e a força maior, o risco do desenvolvimento e o exercício regular do direito,
dentre outras.
[1] NORAT, Markus Samuel Leite. O conceito de consumidor no direito: uma
comparação entre as teorias finalista, maximalista e mista. Cognitio Juris, João
Pessoa, Ano II, Número 4, abril 2012. Disponível em. Acesso em: 22 de Maio de
2013.
[2] MARQUES, Claudia Lima. Contratos no Código de Defesa do Consumidor, 5.
Ed., Revista dos Tribunais, p.216.
[3] CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de direito do consumidor. São Paulo:
Atlas, 2008, p. 173.
[4] CAVALIERI FILHO, Sergio. Ob, cit., p. 173.
[5] CAVALIERI FILHO, Sergio. Ob. Cit., p. 185.
[6] Thereza Arruda e James Martins Eduardo Alvim, Código do Consumidor
comentado, 2. Ed., Revista dos Tribunais, 1995, p.45.
[7] CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de direito do consumidor. São Paulo:
Atlas, 2008, p. 176.
[8] NUNES, Luiz Antonio Rizzatto. Comentários ao Código de Defesa do
Consumidor: direito material (arts. 1º a 54). São Paulo: Saraiva, 2000, p.106.
[9] Benjamim, Antônio Herman, Código Brasileiro de Defesa do Consumidor
comentado pelos autores do anteprojeto, 8. Ed., Forense Universitária, p.371.
[10] CAVALIERI FILHO, Sergio. Programa de direito do consumidor. São Paulo:
Atlas, 2008, p. 241.
[11] QUEIROZ, Ricardo Canguçu Barroso de. Responsabilidade pelo fato do
produto e do serviço e responsabilidade pelo vício do produto e do serviço –
paralelo. Disponível em Acesso em 01 junho 2002.
[12] CAVALIERI FILHO, Sergio. Ob. Cit., p. 241.
[13] CAVALIERI FILHO, Sergio. Ob. Cit., p. 266.
[14] CAVALIERI FILHO, Sergio. Ob. Cit., p. 253.
[15] CAVALIERI FILHO, Sergio. Ob. Cit., p. 253
[16] SANSEVERINO, Paulo de Tarso Vieira. Responsabilidade civil no Código do
Consumidor. Rio Grande do Sul: Saraiva, 2010.
Disponível em: http://luisfelipeboechat.jusbrasil.com.br/artigos/166134416/aspectos-gerais-da-relacao-de-consumo

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