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Artrite Reumatóide - AR Dra. Adriana Netto Parentoni Definição • “Doença sistêmica do tecido conjuntivo, com alterações articulares, peri- articulares e tendinosas, acometendo principalmente a membrana sinovial e manifestando-se através de inflamação.” Definição da AR • Doença inflamatória sistêmica crônica (insidiosa e progressiva) • Articulações diartrodiais e vários órgãos • Mulheres são mais acometidas – 3:1 • Maior incidência de 40 a 70 anos (aumenta com a idade) • Etiologia desconhecida • Pesquisas mais promissoras: fatores genéticos, anormalidades imunorreguladoras e auto-imunes, infecção microbiana desencadeante ou persistente Definição da AR • Proliferação da membrana sinovial (pano) e crescimento excessivo decorrente da erosão da cartilagem e do osso subcondral • Destruição das estruturas intra e peri- articulares Diferenciação entre AR e OA Definição Doença sistêmica do tecido conjuntivo Afeta principalmente as articulações sinoviais e periferia articular Caracterizada por processo inflamatório crônico e multissistêmica Conhecida muitas vezes por Doença Reumática Quais são as diferenças da AR para a OA? Definição Quais são as diferenças da AR para a OA? Evolução mais rápida Sistêmica e não localizada Característica auto-imune exacerbada Presente mesmo em crianças Menos frequente que OA Acomete inicialmente pequenas articulações e muitas vezes bilateralmente Deformidades frequentes, pp. nas mãos Incidência 1% da população adulta 4% isolando a população idosa (55 aos 75 anos) 10% possuem parentes de 1o grau com AR Relação de 3:1 entre mulheres e homens Incidência 75% das pacientes apresentam melhoras durante gravidez Aumento dos casos durante amamentação Sem estudos confiáveis sobre AR e hormônios femininos Mesmo com tto adequado - 7% desenvolvem incapacidades nos primeiros 5 anos 30% a 50% - impossibilitados de trabalhar após 10 anos de AR Etiologia Causa desconhecida Origem multifatorial Alguma contribuição genética Pesquisas - Possível ligação com Marcador para Tipificação de Tecidos - HLA-DR4 - 60 a 80% dos pacientes Presença de vírus ou bactérias desencadeantes estão sendo estudadas Fisiopatologia Predisposição genética (gene do HLA2: responsável pelo reconhecimento do antígeno que inicia a doença) Ativação Desequilíbrio neuroendócrino e imunológico Fatores Externos Sintomas da AR • Dor incidiosa e/ ou rigidez articular por várias semanas • Mãos, punhos, ombros e joelhos • Mal estar, fadiga e febre baixa • Edema,hipersensibilidade e pigmentação avermelhada • Comprometimento poliarticular e simétrico • Perda da função Linfócitos CD4 reconhecem antígenos articulares Estimulam células plasmáticas: produção de mediadores inflamatórios (interleucina) Estimulam fibroblastos à sintetizar colagenase, à reabsorver osso e a manter o processo antigênico. Fisiopatologia Agentes artritogênicos que podem desencadear a resposta imune em indivíduos geneticamente predispostos: Infecciosos: Proteínas alteradas: Traumas Fatores endócrinos: Remissões na gravidez e exacerbações na menopausa Fatores psicológicos: início dos sintomas associado a estresse emocional Fase de exsudação: edema na cartilagem articular e derrame intra-articular. Fase de infiltração: migração de linfócitos T Fase crônica: hiperplasia e hipertrofia da membrana sinovial, formando tecido de granulação (pannus) Sinovite: Fases + formação de vilosidades (fazem protuberância para dentro da cartilagem articular, do osso, dos ligamentos e tendões) Produz enzimas destrutivas da cartilagem hialina Pode aderir, evoluindo para anquilose Fisiopatologia Inflamação na Membrana Sinovial (vírus? Bactéria?) Reação Antígeno-Anticorpo + Ativação Sist. Complemento (mediada por Linfócitos T que liberam Interleucinas) Proliferação vasos sinoviais + hipertrofia e hiperplasia do tec. sinovial + aumento liq. sinovial Crescimento de tec. granulomatoso entre a memb. sinovial e cartilagem - Pannus Invasão da cartilagem e osso subcondral pelo Pannus Erosão articular - Inflamação crônica auto perpetuante Fisiopatologia Diagnóstico da AR • Critérios de classificação e diagnóstico • Rigidez matinal • Edema de três ou mais articulações • Edema das IFP,MCF ou punhos • Edema simétrico • Nódulos • Fator reumatóide sérico • Erosões e/ ou osteopenia – mãos e punhos - Rx Quadro Clínico • Articulações acometidas: • mão (deformidade em pescoço de cisne), • punho (síndrome do túnel do carpo), • joelho (cistos sinoviais) • pé (deformidade em valgo); • cotovelo (contratura em Fl), ombro,quadril (dor referida anterior), tornozelo (pronação), cervical (atlantoaxial – C1-C2) e esternoclavicular; • ATM Quadro Clínico Início insidioso Maior incidência: IFP, MCF, MTF, Punho, Joelho, Cotovelo Dor e edema simétrico (sinovite) em múltiplas articulações - liq. sinovial Hipersensibilidade à palpação - hiperpressão intra articular Aumento temp. articular e eritema Rigidez matinal e dor > 30 min. Quadro Clínico • Articulações acometidas: • mão (deformidade em pescoço de cisne) • Dedos em martelo= flexão IF distais • Polegar em Z: flexão MCF e hiperextensão IF Quadro Clínico Dedos em fuso: tumefação das IF proximais Dedos em pescoço de cisne: hiperextensão das IF proximais e flexão das IF distais. Dedos em botoeira: flexão das IF proximais e hiperextensão das IF distais. Quadro Clínico Dedos em fuso: tumefação das IF proximais Dedos em pescoço de cisne: hiperextensão das IF proximais e flexão das IF distais. Dedos em botoeira: flexão das IF proximais e hiperextensão das IF distais. Quadro Clínico Mãos em “dorso de camelo”: tumefação das MCF e punhos, com atrofia dos interósseos. Semiflexão dos punhos com saliência da cabeça da ulna e desvio ulnar dos dedos; subluxação dasMCF e dos tendões dos extensores dos dedos. Quadro Clínico Quadro Clínico Dedo em Pescoço de Cisne Dedo de Boutonniere Quadro Clínico Quadro Clínico • Articulações acometidas: • punho (síndrome do túnel do carpo), Quadro Clínico • cotovelo (contratura em Fl), • Cotovelos: semiflexão e semipronação do antebraço Quadro Clínico • Coluna cervical: subluxação atlas-axis = dor, rigidez e sinais neurológicos Quadro Clínico • ATM: dor e distúrbios mastigação • Cricoaritenóides: rodam cordas vocais para modular voz = rouquidão • Ombros: adução e rotação interna (compromete AVDs). Capsulite, tendinite, bursite e ruptura tendinosa Quadro Clínico de Joelho Joelhos (cistos sinoviais) : semiflexão (posição de alívio da dor) + relaxamento ligamentar = Instabilidade Coxo-femoral: semiflexão e adução (incapacita marcha e sexo) Quadro Clínico • pé (deformidade em valgo); Quadro Clínico Pés e tornozelos Pé plano Luxação MTF (calosidades) Hállux valgus Hiperflexão IF proximais de inversão e eversão Tendinite de Aquiles Quadro Clínico • Articulações acometidas:• mão (deformidade em pescoço de cisne), • punho (síndrome do túnel do carpo), • joelho (cistos sinoviais) • pé (deformidade em valgo); • cotovelo (contratura em Fl), ombro,quadril (dor referida anterior), tornozelo (pronação), cervical (atlantoaxial – C1-C2) e esternoclavicular; ATM Quadro Clínico Deformidade Erosão articular, edema afastando ligamentos e tendões, atrofia de capsula articular Quadro Clínico Quadro Clínico Quadro Clínico Tenossinovites: DeQuervain, gatilho dos dedos, síndromedo túnel do carpo e do tarso Tumefações tendinosas Rupturas tendinosas Bursites Cistos sinoviais Lesões em Tecidos Moles Lesões em Tecidos Moles Baker: hérnia da sinóvia entre gastrocnêmio e semi-membranoso – pode romper e o líquido sinovial invadir a panturrilha = DOR). Manifestações extra articulares • Pele – nódulos, eritema, equimose, fragilidade • Cardíacas – doença pericárdica • Pulmonares – derrame pleural, fibrose intersticial • Neurológicas – neuropatias periféricas – túnel do carpo e do tarso • Oftalmológicas – síndrome de Sjogren – lesão de córnea e ressecamento dos olhos • Síndrome de Felty – linfadenopatia, hepatomegalia, febre, perda de peso, anemia Manifestações extra articulares • Níveis de ferro estão baixos – anemia • Velocidade de hemossedimentação – VHS – aumentada • Presença do fator reumatóide • Leucócitos no líquido sinovial – 5.000 a 20.000/mm3 Manifestações extra articulares podem ser fatais Sintomas gerais: astenia, mialgias, febre, emagrecimento. Pele: hipotrofia, eritema, Raynaud, vasculites, unhas quebradiças. Nódulos sub-cutâneos: tamanho variado, indoloros e móveis. Vasculites: pontos hemorrágicos até ulceração e gangrena Manifestações extra articulares podem ser fatais Neuropatia periférica - a vasculite da vasa vasorum ou compressão por deformidade articular ou proliferação sinovial). Arterite visceral: coração, pulmão (principalmente pleura), intestino, rins, fígado, baço, pancreas, linfonodos e testículos. Olhos: conjuntivite seca e outras alterações Quadro Clínico Hipotrofia muscular periarticular Dor - redução AM - Desuso - Hipotrofia - Perda Função Diminuição da AM Medo de movimentar - gastar articulação e dor Edema, Pannus, dor... Nódulos reumatóides - tecido conjuntivo - 20% casos Extra articulares: Depressão, Fadiga (esgotamento), Anemia (AINE), Osteoporose generalizada, acometimento de coração, pulmão, vasculites... Fenômeno de Raynaud Diagnóstico Exames Laboratoriais: Veloc. de Hemossedimentação e PCR - prova de ativ. inflamatória Fator reumatóide - 80% dos casos - ausência não exclui diagnóstico e presença isolada não diagnostica Rx: Aumento das partes moles, erosão articular, redução espaço articular, deformidades, cistos subcondrais, osteopenia Diagnóstico é clinico e mtas vezes tardio Diagnóstico Radiológico • Acometimento simétrico das articulações sinoviais • Osteopenia • Aumento de partes moles – por efusão • Redução do espaço articular – por degeneração da cartilagem • Erosões ósseas – por destruição da cartilagem • Cistos ósseos • Deformidades e instabilidades • IMPORTANTE O RX PARA AVALIAR EVOLUÇÃO • DOS SINTOMAS Critérios diagnósticos - ACR (American College of rheumatology) 1- Rigidez matinal por mais de 1 hora. 2- Edema em 3 ou mais articulações. 3- Edema nas articulações das mãos: IFP, MCF ou punhos. 4- Edema simétrico. 5- Nódulos reumatóides. 6- Fator reumatóide positivo. 7- Erosões nas articulações das mãos evidenciadas por exames radiológicos. Os critérios de 1 a 4 devem ter uma duração mínima de 6 semanas. Diagnóstico de AR altamente sugestivo quando o paciente possui pelo menos 4 dos 7 critérios. Pelo menos 4 dos 7 critérios por pelo menos 6 semanas Rigidez matinal com duração de pelo menos 60 minutos • Artrite de pelo menos 3 articulações simultaneamente • Artrite de pelo menos 1 articulação da mão • Envolvimento bilateral simétrico • Presença de nódulos subcutâneos • Demonstração do fator reumatóide • Alterações radiográficas. Tratamento Clínico Interdisciplinar • Suporte psicológico • Educação Repouso (geral e articular): orientaçào posicionamento articular + órtese Tratamento Clínico • Alívio da dor e rigidez • Redução da inflamação • Redução dos efeitos colaterais dos fámacos • Preservação de força muscular e função articular • Qualidade de vida • Terapia de fármacos agressiva e precoce para modificar a evolução dos “panos” em dois anos Tratamento Clínico Interdisciplinar Anti-inflamatórios não-esteróides (corticóides indicados nas erosões articulares e controles de manifestações sistêmicas). Medidas fisioterápicas • Reduzir períodos de exacerbação e prolongar remissão Manter função e integridade articular: Tratamento Fisioterápico Objetivos: Diminuir hipotrofia muscular Prevenir perda de amplitude de movimento Controlar a dor Reduzir edema Oferecer repouso articular temporário Evitar posicionamento que leve à deformidades Otimizar a funcionalidade Tratamento Fisioterápico • Exercícios passivos e moderados • Calor • Hidroterapia • Exercícios de manutenção Tratamento Clínico Interdisciplinar Continuar anti-inflamatórios + drogas de ação lenta (inibem enzimas de destruição cartilaginosa e modelam a resposta imunológica) – methotrexate; antimaláricos, sulfasalazina, sais de ouro; azatioprina e ciclofosfamida, ciclosporina) Cinesioterapia: preservar mobilidade, comprimento e trofismo muscular. Tratamento Clínico Fase Aguda • Repouso • Prevenção de deformidades (extensão de joelhos e posição neutra de tornozelos) – órteses • Fisioterapia respiratória • Gelo • Hidroterapia • Tens: sinóvia e cápsula supridos por fibras tipo C (ótimo resultado) Tratamento Clínico Fase Crônica • Cinesioterapia:alongamento e fortalecimento = passivo – ativo- assitido – ativo – isométrico – isotônico (uso de carga pode ser implementado se não exacerbar dor, preferencialmente sem suporte de peso) • Calor superficial ou profundo – ação colagenase? relaxamento analgesia Tratamento Clínico Fase Crônica • Condicionamento cardiorrespiratório • Órteses: repouso ou auxílios para marcha Programa domiciliar Tratamento Clínico Fase Crônica • Orientações de posicionamento, colchões, cadeiras e calçados. Adequação do vaso sanitário. • Orientaçòes de transferências e AVDs • Desdobrar atividades de suporte de peso e evitar movimentos de sustentação das pequenas articulações das mãos. Uso de dispositivos de adaptação. Tratamento Clínico Fase Crônica • TO • Associações de Auto-ajuda • Cirúrgico • Tração cervical: contra-indicada (risco de luxação atlanto- axial e compressão medular). Se houver luxação: uso de colar cervical e evitar flexão Tratamento Clínico Medicação para sintomas AINE, AIE, Analgésicos Medicação modificadora do curso da doença Hidroxicloroquina, Metotrexato, Sulfasalazina, Leflunomide, Azatioprina e Ciclosporina Imunossupressores em casos graves Artroplastias Avaliação Dor Duração da RM Edema (simétrico) Palpação periarticular (hipersensibilidade e temp.) AM FM Deformidades e nódulos QV Tratamento Fisioterápico Considerações: Repouso - fase aguda - evitar repousoabsoluto Crioterapia - CI Fenômeno de Raynaud Calor superficial - pode ser usado se fase aguda estiver controlada - turbilhão TENS - posicionamento mãos US - estímulo celular - aumento do edema e resp. imunológica (ratos) FM e AM - cuidado com intensidade - lig. e tendões com risco de ruptura Condicionamento - Hidro - cuidado imunossuprimidos Educação em saúde - Depressão, uso controlado articular, controle da dor, fase aguda e remissiva, atividade física, repouso absoluto, posicionamento, etc. Tratamento Fisioterápico Tratamento Fisioterápico Tratamento Fisioterápico
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