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AJ0018 – Operações Unitárias II Profª. Andréa Cardoso de Aquino Filtração A membrana age como uma barreira semipermeável e o fluido passa por ela através de pressão A filtração por membrana é uma técnica utilizada para separações de solutos (partículas) de diferentes pesos moleculares da solução Filtração por Membranas Os fatores importantes na determinação do desempenho de uma membrana são: - Espessura - Composição química - Estrutura molecular Filtração por Membranas Na indústria de alimentos os processos de maior interesse são: - Osmose Reversa - Ultrafiltração - Microfiltração - Nanofiltração Filtração por Membranas Osmose Na osmose, coloca-se uma membrana semipermeável e de um lado temos o solvente (água) e de outro um soluto Ocorre transporte espontâneo do solvente para o soluto O solvente flui para o soluto sob a pressão exercida pelo soluto conhecida como pressão osmótica O solvente para de fluir para o soluto quando ocorre equilíbrio e o potencial químico se iguala Filtração por Membranas Osmose Filtração por Membranas Osmose Reversa Objetivo de reverter o fluxo da solução para o solvente Na osmose reversa a pressão diferencial reversa é colocada de forma que causa o fluxo de solvente inverso Filtração por Membranas Esquema osmose e osmose reversa Filtração por Membranas Osmose Reversa Aplicações: - Dessalinização - Água potável - Água para caldeira Filtração por Membranas Osmose Reversa Filtração por Membranas Osmose Reversa Filtração por Membranas 12 Osmose Reversa Filtração por Membranas Ultrafiltração É um processo de filtração por membrana muito similar à osmose reversa A pressão é usada para obter uma separação de moléculas utilizando uma membrana polimérica semipermeável Separa solutos de alto peso molecular como proteínas, polímeros, outros Filtração por Membranas Ultrafiltração As membranas de ultrafiltração são muito mais porosas que na osmose reversa Utiliza pressões acima de 10 bar Os poros das membranas de ultrafiltração são entre 0,01 a 100 µm Elementos retidos: - Macromoléculas de 0,01 a 0,1 micron - Coloides - Bactérias e Vírus Filtração por Membranas Ultrafiltração Aplicações: - Concentração e clarificação de suco de frutas - Pasteurização de xaropes de glicose - Purificação de líquidos - Concentração de produtos derivados do ovo - Tratamento de efluentes em queijarias - Padronização, desproteinização do leite - Concentração do soro de leite Filtração por Membranas Microfiltração Objetivo de separar partículas maiores que as separadas na ultrafiltração Ele é utilizado para remover sólidos em suspensão e também bactérias de água a ser tratada É retida parte da contaminação viral, embora os vírus sejam menores que os poros da membrana de microfiltração, muitos se agrupam às bactérias e, por isso, acabam retidos num conjunto Filtração por Membranas Microfiltração Aplicações: - Clarificação de bebidas - Esterilização de cervejas e vinhos - Clarificação e recuperação de biomassa - Dessoragem de leite - Redução significativa da turbidez da água Filtração por Membranas Filtração por Membranas Osmose reversa (OR) Microfiltração (MF)Ultrafiltração (UF) Nanofiltração (NF) Filtração por Membranas Filtração por Membranas Polímeros utilizados na fabricação de membranas Polímero Membranas Policarbonato (PC) MF Fluoreto de Polivinilideno (PVDF) MF e UF Politetrafluoretileno (PTFE) MF Polipropileno (PP) MF Poliamida (PA) MF e UF Acetato de celulose (CA) MF e UF Polisulfona (PSf) MF e UF Poli-eterimida (Ultem) MF e UF Poli-eter-etercetona (PEEK) MF e UF Poliacrilonitrila (PAN) UF Poli-imida UF Poli-etersulfona (PES) UF Filtração por Membranas Filtração por Membranas FILTRAÇÃO CONVENCIONAL • Alimentação perpendicular de produto • Saturação rápida do filtro • Maior entupimento irreversível • Objetivos – Limpeza do fluido: • Clarificação, pré-filtração, filtração, esterilização – Análise microbiológica e de partículas FILTRAÇÃO CONVENCIONAL Queda de pressão de fluido através da torta A figura mostra uma seção de um filtro em um tempo t (s) medido a partir do início do fluxo. A espessura da torta é L (m). A área da seção transversal é A (m2), e a velocidade linear do filtrado na direção L é v (m/s) Alimentação da suspensão Filtrado Meio filtrante Incremento da torta A equação de Poiseuille explica o fluxo de um fluido em regime laminar em um tubo, que usando o sistema internacional de unidades (SI) pode ser descrito como: 2 32 D v L P Onde: ∆p é a pressão (N/m2) v é a velocidade no tubo (m/s) D é o diâmetro (m) L é o comprimento (m) µ é a viscosidade (Pa.s) Podemos agora imaginar as variáveis que atuam no escoamento de um fluido newtoniano dentro de um leito de partículas sólidas rígidas Precisamos de uma equação para descrever como varia a diferença de pressão a ser aplicada com a distância percorrida (altura do leito) e a velocidade e a viscosidade do fluido e, também em função da porosidade e do diâmetro de partícula em leitos porosos Porosidade Em um leito poroso existem vazios (zonas sem partículas). leitodototalVolume vazioVolume Fluido Leito poroso v vc LL’ A porosidade () é definida como a razão entre o volume do leito que não está ocupado com material sólido e o volume total do leito No caso de fluxo laminar em um leito empacotado de partículas se usa a equação de Carman-Kozeny. Ela tem sido aplicada à filtração com sucesso: Onde: K” é uma constante para partículas de tamanho e forma definida µ é a viscosidade do filtrado em Pa.s v é a velocidade linear em m/s ε é a porosidade da torta L é a espessura da torta em m as é a área superficial específica expressa em m 2 / m3 ∆Pt é a diferença de pressão na torta N/m 2 2 32 D v L P 3 22)1(" st avk L p Velocidade linear : A dtdV v / Onde: A é a área transversal do filtro (m2) V é o volume coletado do filtrado em m3 até o tempo t (s). A espessura da torta (L) depende do volume do filtrado V e se obtém por um balanço de materiais ct = kg de sólidos/m 3 do filtrado suspensãodatotalts Vcm Onde: ms = massa de torta seca (kg /kg) mL = massa da suspensão (kg /kg) mu = massa d torta úmida (kg / kg) ρ = densidade da suspensão (kg / m3) )()1( LAVcLA tp Onde: ρp é a densidade de partículas sólidas na torta em kg/m 3 Se: ct = kg de sólidos/m 3 do filtrado, então o balanço será : Massa sólidos suspensão = Massa sólidos do filtrado e do meio poroso suspensãodatotalts Vcm )()1( LAVcLA tp A Vcak p dtA dV s p s t 3 2)1(" 3 22)1(" st avk L p p t A LAVc L )1( )( A dtdV v / V A c p dtA dV t t 3 2)1(" p sak Onde α é a resistência específica da torta (m/kg) definida como: m m R p dtA dV Para a resistência ao meio filtrante ou perda de carga relativa ao meio filtrante, podemos usar a Equação de Darcy: Onde: Rm é a resistência do meio filtrante (m -1) ∆pm é a queda de pressão no meio filtrante do leito poroso A c p dtA dV sV t Para a resistência do leito temos ou perda de carga relativa à torta formada:Como as resistências da torta e do meio filtrante estão em série, podem ser somadas, temos: m t R A Vc p dtA dV Onde ∆p = ∆pt (torta) + ∆pm (meio filtrante) m f R p dtA dV A c p dtA dV sV c Equação fundamental da filtração A equação anterior pode ser invertida para dar: m t R pA V pA c dV dt )()(2 Onde Kp (constante) está em s/m 6 e B (vazão volumétrica inicial) em s/m3: )(2 pA c K tp )( pA R B m m t R A Vc p dtA dV BVK dV dt p Para pressão constante e α constante (torta incompressível), V e t são as únicas variáveis. t v p dVBVKdt 0 0 )( BVV K t p 2 2 Dividindo por V: BV K V t p 2 Onde V é o volume total do filtrado (m3) reunido em t (s) Integração para obter o tempo da filtração t em (s): Filtração à pressão constante, incompressível m t R pA V pA c dV dt )()(2 BVK dV dt p Para saber o tempo de filtração é necessário conhecer α e Rm BVV K t p 2 2 )(2 pA c K tp )( pA R B m Para isso, pode-se utilizar a equação dividida por V: E traçar um gráfico de t/V versus V usando dados experimentais BV K V t p 2 BV K V t p 2 São necessários os dados de volume coletado (V) em tempos diferentes de filtração. Y = A.X + B t / V V )(2 1 2 2 pA cK tp )( pA R B m Com Kp e B pode-se determinar diretamente o tempo de filtração BV K V t p 2 Kp = coeficiente angular da reta B = coeficiente linear da reta )(2 1 2 2 pA cK tp )( pA R B m BVV K t p 2 2 O cálculo de (resistência específica da torta) e de Rm (resistência do meio filtrante) permite obter a equação do tempo de filtração em termos dos parâmetros básicos da operação: V pA R V pA c t m t )(2 )( 2 2 Temos dados da filtração em laboratório de uma suspensão de CaCO3 em água a 298,2 K (25°C) realizada a uma pressão constante (-∆p) de 338 kN /m2. Dados: Exercício Exemplo: Avaliação das Constantes para Filtração à Pressão Constante em um Leito Incompressível - Área do filtro prensa de placa-e-marco: A = 0,0439 m2 - Concentração de alimentação: cs = 23,47 kg/m 3 (a) Calcule as constantes α e Rm a partir dos dados experimentais de volume de filtrado (m3) versus tempo de filtração (s). (b) Estime o tempo necessário para filtrar 1m3 da mesma suspensão em um filtro industrial com 1m2 de área. Tempo (s) Volume (m3) 4,4 0,498 x 10-3 9,5 1,000 x 10-3 16,3 1,501 x 10-3 24,6 2,000 x 10-3 34,7 2,498 x 10-3 46,1 3,002 x 10-3 59,0 3,506 x 10-3 73,6 4,004 x 10-3 89,4 4,502 x 10-3 107,3 5,009 x 10-3 )(2 pA c K tp )( pA R B m A = 0,0439 m2 cs = 23,47 kg/m 3 µ = 8,937 x 10-4 Pa.s (água a 298,2 K) (-∆p) = 338 kN/m2 V pA R V pA c t m t )(2 )( 2 2 Dados são usados para obter t/V Solução: t V x 10-3 (t/V) x 103 4,4 0,498 8,84 9,5 1,000 9,50 16,3 1,501 10,86 24,6 2,000 12,30 34,7 2,498 13,89 46,1 3,002 15,36 59,0 3,506 16,83 73,6 4,004 18,38 89,4 4,502 19,86 107,3 5,009 21,42 y = 3,0 106 x + 6789 R2 = 0,9965 0 5000 10000 15000 20000 25000 0 0,001 0,002 0,003 0,004 0,005 0,006 (t/V) V Dados são usados para obter t/V B = 6786 s/m3 Kp/2 = 3,00 x 106 s/m6 Kp = 6,00 x 106 s/m6 kgmx x x pA c xK tp /10863,1 )10 338()0439,0( )47,23()()10937,8( )( 1000,6 11 32 4 2 6 110 m 3 m 4 m m10x11,27R )10x(338 0,0439 ))(R10x(8,937 Δp)A( μR 6786B BX10 x 3Y 6 y = 3x106 x + 6789 0 5000 10000 15000 20000 25000 0,00E+00 1,00E-03 2,00E-03 3,00E-03 4,00E-03 5,00E-03 6,00E-03 (t/V) (a) Calculo de α e Rm (b): Cálculo do tempo de filtração de 1m3: V pA R V pA c t m t )(2 )( 2 2 1 )10 338(1 )10 27,11)(10 937,8( 1 2 )10 338(1 )47,23()10 x 863,1()10 x 937,8( 3 104 2 32 11-4 x xxx t horassegundost 68,1 56,6078 FILTRAÇÃO TANGENCIAL • Alimentação é paralela ao filtro (tangente) • A saturação é demorada • Em geral são filtros recuperáveis • Objetivos – Separação do retido (células, proteínas, outros) – Separação do filtrado (proteínas, peptídeos, outros) FILTRAÇÃO TANGENCIAL • A pressão é a força motriz para a separação FILTRAÇÃO TANGENCIAL • Pressão transmembrana: P (Pa) = pressão transmembrana Pf (Pa) = pressão do alimento (na entrada) Pr (Pa) = pressão do retido (saída) (fração de alto peso molecular) Pp (Pa) = pressão do permeado (fração de baixo peso molecular) FILTRAÇÃO TANGENCIAL P = 2 Pf + Pr - Pp • Na osmose reversa o fluxo de água aumenta com a pressão aplicada, com a permeabilidade da membrana e com a diminuição da concentração de solutos no fluido de alimentação • O fluxo da água é calculado usando-se: J (kg h-1) = fluxo da água K (kg m-2 h-1 Pa-1) = coeficiente de transferência de massa A (m2) = área da membrana ∆P (Pa) = diferença de pressão aplicada π (Pa) = pressão osmótica FILTRAÇÃO TANGENCIAL J = KA (∆P - π) • A pressão osmótica é encontrada usando-se: π (Pa) = pressão osmótica M (mol m-3) = concentração molar R (Pa m-3 mol-1 k-1) = constante universal dos gases T (°K) (°C + 273) = temperatura absoluta • Muitos alimentos possuem alta pressão osmótica (sucos de frutas frescas de 6 a 10 x 105 Pa) FILTRAÇÃO TANGENCIAL π = MRT • Para as membranas de osmose reversa a taxa de rejeição é de 100 % para todos os solutos • Para as membranas de ultrafiltração e microfiltração a taxa de rejeição é de 95 a 100 % para solutos de alto peso molecular e 0 a 10 % para solutos de baixo peso molecular • Para esses casos, o fluxo do líquido é controlado pela pressão aplicada e as concentrações de solutos no volume de líquidos e na superfície da membrana: C1 = concentração de solutos na membrana C2 = concentração de solutos no líquido FILTRAÇÃO TANGENCIAL J = KA ln C1 C2 Uma filtração por osmose reversa é realizada com fluxo de água de 625 Kg/h a 35 °C. Se o diferencial de pressão da operação é de 4.000 kPa e o coeficiente de transferência de massa é igual a 6,3 x 10-3 kg m-2 h-1 kPa-1. Calcule a área da membrana. Dados: M = 0,264 mol m-3 R = 8,314 kPa m3 mol-1 k-1 Exercício Exemplo: π = MRT (0,264 mol m-3) x (8,314 kPa m3 mol-1 k-1) x (35 + 273) K π = 676 kPa J = KA (∆P - π) 625 Kg/h = 6,3 x 10-3 kg m-2 h-1 kPa-1 x A x (4.000 kPa - 676 kPa) A = 29,8 m2 Creio que o segredo da felicidade é saber apreciar o momento!!!
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