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Toxicidade terapêutica - Manejo Profa. Renata Loureiro Santos Emergências Oncológicas e Ricardo Caponero – Clínica de Oncologia Médica – São Paulo, SP - 2009 Efeitos colaterais da quimioterapia Perfil de toxicidade para cada droga Ajuste de dose Efeitos colaterais mais comuns Náusea e vômitos; Alopécia; Mielotoxicidade; Mucosite; Diarréia Toxicidades pulmonar, cárdíaca, renal, cutânea e neural; Common Terminology Criteria for Adverse Events v4.0 (CTCAE) Critério Geral Grau 0 Nenhuma alteração em relação ao normal Grau 1 Alterações leves Grau 2 Alterações moderadas Grau 3 Alterações grave Grau 4 Alterações com potencial risco à vida Grau 5 Levando ao óbito devido ao evento adverso sério Ricardo Caponero 3 NAUSEAS E VÔMITOS Nauseas e vômitos Evento Grau1 Grau2 Grau3 Grau4 Grau5 Nausea Perdadeapetitesemalteraçãonaingestaalimentar Ingestaoraldiminuidasemperdade pesosignificativa,desidratação,hidrataçãoEVindicadase > 24h Inadequadaingestacalóricaoraleingestahidrica.HidrataçãoEV e NPT éindicadase > 24 h Riscoavida Morte Evento Grau1 Grau2 Grau3 Grau4 Grau5 Vômito 1episódioem24h 2-5episódiosem24h.IndicadoHidrataçãoEV se > 24h > 6episódiosem24h.HidrataçãoEV e NPT éindicadase > 24h Riscoavida Morte 5 Náuseas e vômitos Náuseas e vômitos induzidos por quimioterapia (NVIQ) definida como a presença de náuseas e vômitos manifestos logo antes, durante ou até 5 dias após a quimioterapia(QT), sem que outra causa seja identificável; Sem qualquer medida preventiva podem acometer 80% dos pacientes que realizam QT; Influencia negativamente na qualidade de vida dos pacientes Náuseas e vômitos Classificação: Antecipatória – ocorre no mesmo dia, porém antes da QT Aguda – durante e até 24 h após a QT Tardia – após 24h até 5 dias do tratamento Descartar outras etiologias: Medicações de suporte Radioterapia Cirurgia Infiltração do SNC Progressão tumoral Náuseas e vômitos- patogêneses Náusea é regulada pelo SNC. Centro do vômito – localizado na porção dorsolateral da formação reticular ao lado do centro coordenador da respiração. Pode ser acionada por diversas outras regiões cerebrais, desencadeando o processo do vômito ( zona gatilho quimiorreceptora, córtex cerebral, sistema límbico, sistema vestibular e trato gastrointestinal através da via vagal e dos nervos do sistema periférico) Náuseas e vômitos - patogênese NVIQ Antecipatórias: são disparadas pelo córtex cerebral Agudas: mediadas pela serotonina liberada pelas células enterocromafins gastrointestinais, ativando a zona de gatilho quimiorreceptora Tardias: mesmo mecanismo das agudas somadas á liberação de neurocinina-1 Náuseas e vômitos Fatores de risco: Sexo feminino; Idade < 50 anos; Ausência de consumo etílico e/ou de tabaco prévio; Sensibilidade à náusea vestibular; Episódios prévios de N/V por QT; Potencial emetogênico da droga; Dose do quimioterápico; Combinação de drogas. Náuseas e vômitos - Tratamento Princípios gerais: Medidas preventivas: dieta adequada, fracionada, evitando longos períodos de jejum; Hidratação adequada; Enfatizar a importância do tratamento profilático – fortalecer a aderência ao uso das medicações prescritas Náuseas e vômitos – Medicações Inibidores 5-HT-3 Corticosteróides Inibidores de Nk-1 Benzodiazepínicos Outros Enteramina, serotonina e 5-hidroxitriptamina são três nomes para a mesma substância Conhecem-se 7 tipos de receptores da 5-HT, numerados de 1 a 7. O receptor 5-HT3 é um canal iónico, permeável ao sódio e ao potássio, e todos os restantes tipos de receptores da 5-HT são receptores articulados com proteínas G. Os receptores 5-HT3 são canais iónicos. Existem na área postrema, que é um centro emético importante, e em terminais nervosos sensitivos. A estimulação dos receptores 5-HT3 provoca abertura do seu canal e a passagem de correntes catiónicas que excitam neurónios desencadeadores de vómito. 12 Náuseas e vômitos – Medicações Inibidores 5-HT-3 Ondansetrona. Nome comercial: Zofran, Nausedron, Vonau Granisetrona Nome comercial: Kytril Dolasetrona Nome comercial: Anzemet Palosetrona – maior meia vida Nome comercial: Onicit Enteramina, serotonina e 5-hidroxitriptamina são três nomes para a mesma substância Conhecem-se 7 tipos de receptores da 5-HT, numerados de 1 a 7. O receptor 5-HT3 é um canal iónico, permeável ao sódio e ao potássio, e todos os restantes tipos de receptores da 5-HT são receptores articulados com proteínas G. Os receptores 5-HT3 são canais iónicos. Existem na área postrema, que é um centro emético importante, e em terminais nervosos sensitivos. A estimulação dos receptores 5-HT3 provoca abertura do seu canal e a passagem de correntes catiónicas que excitam neurónios desencadeadores de vómito. 13 Náuseas e vômitos – Medicações Corticosteróides Dexametasona Mais utilizada Mecanismo de ação incerto Profilaxia e terapêutica Inibidores de Nk-1 Aprepitanto Profilaxia para esquemas de moderada a alta emetogenicidade Não há dados para o tratamento da NVIQ estabelecida Enteramina, serotonina e 5-hidroxitriptamina são três nomes para a mesma substância Conhecem-se 7 tipos de receptores da 5-HT, numerados de 1 a 7. O receptor 5-HT3 é um canal iónico, permeável ao sódio e ao potássio, e todos os restantes tipos de receptores da 5-HT são receptores articulados com proteínas G. Os receptores 5-HT3 são canais iónicos. Existem na área postrema, que é um centro emético importante, e em terminais nervosos sensitivos. A estimulação dos receptores 5-HT3 provoca abertura do seu canal e a passagem de correntes catiónicas que excitam neurónios desencadeadores de vómito. 14 Náuseas e vômitos – Medicações Benzodiazepínicos Utilizados para náusea antecipatória Outros Índice terapêutico ruim Metoclopramida Escopolamiina Difenidramina Enteramina, serotonina e 5-hidroxitriptamina são três nomes para a mesma substância Conhecem-se 7 tipos de receptores da 5-HT, numerados de 1 a 7. O receptor 5-HT3 é um canal iónico, permeável ao sódio e ao potássio, e todos os restantes tipos de receptores da 5-HT são receptores articulados com proteínas G. Os receptores 5-HT3 são canais iónicos. Existem na área postrema, que é um centro emético importante, e em terminais nervosos sensitivos. A estimulação dos receptores 5-HT3 provoca abertura do seu canal e a passagem de correntes catiónicas que excitam neurónios desencadeadores de vómito. 15 Náuseas e vômitos – Medicações Drogas de moderado a alto potencial emetogênico Agente Altopotencialemetogênico >90%incidência CombinaçãoAC* Carmustina>250 mg/m2 Cisplatina>50mg/m2 Ciclofosfamida> 1500mg/m2 Dacarbazina Doxorrubicina>60mg/m2 Epirrubicina>90 mg/m2 Ifosfamida> 10 g/m2 Estreptozocina Moderadopotencialemetogênico 30-90%incidência Amifostina>300 mg/m2 Carboplatina Carmustina>250mg/m2 Ifosfamida<10g/m2 Temozolamida Metotrexato>250mg/m2 Cisplatina<50mg/m2 Ciclofosfamida< 1500mg/m2 Doxorrubicina<60mg/m2 Epirrubicina<90 mg/m2 Irinotecano Oxaliplatina * Doxorubicina +Ciclofosfamida Náuseas e vômitos – Medicações Regimes anti-eméticos para profilaxia de NVIQ Potencialemetogenico Drogase doses Alto(>90%) Inibidor5-HT-3 D1 (granisetrona1 mg IVouondansetrona8 mg IVou16 mg VOoupalosetrona0,25mg IV) Dexametasona12 mg IV no D1 e 8 mg/d VO D2 e D3 Aprepitante125 mg VO D1 e 80 mg D2 3 e D3 Moderado(30-90%) Inibidor5-HT-3 D1 (granisetrona1 mg IVouondansetrona8 mg IVou16 mg VOoupalosetrona0,25mg IV) Dexametasona20 mg IV no D1 e 16 mg/d VO D2 e D3 Baixo( 10-30%) Dexametasona12 mg IVouVO no D1 Mínimo( <10%) Apenassenecessário Náuseas e vômitos – Medicações Regimes de múltiplos dias de aplicação Profilaxia depende do regime - maioria tem moderado a alto potencial emetogênico Mesmo palonosetrona pode ser utilizado diariamente sem limitações. Tratamento de resgate Inibidor 5-HT-3 VO ou IV por 2 dias combinado a dexametasona 12mg/d VO ou IV Outros agentes como benzodiazepínicos, metoclopramida ou anti-histamínicos podem ser utilizados com adjuvantes Caso não se obtenha alívio significativo após 24h de tratamento – reavaliar diagnóstico DIARRÉIA Diarréia Problema comum, podendo ser motivado pela quimioterapia, radioterapia, cirurgia ou pelo tumor; Definida como aumento no número de evacuações com sintomas de urgência e, de forma objetiva mais de 3 evacuações com fezes líquidas ou pastosas em 24h; Pode se tornar grave levando a desidratação e distúrbios hidoeletrolíticos, além de contribuir para desnutrição, queda da função imunológica e úlceras de pressão. Diarréia Drogas que frequentemente induzem a diarréia: Fluorouracil ( 5-FU) Capecitabina Irinotecano Pemetrexede Docetaxel Cabitaxel Cetuximabe Panitumumabe Erlotinibe Sorafenibe Lapatinibe Temsirolimus Evento Grau1 Grau2 Grau3 Grau4 Grau5 Diarréia Aumentode >4evecuações/diaemrelaçãoaopré-tratamento Aumentode 4-6evecuações/diaemrelaçãoaopré-tratamento Aumentode ≥ 7evecuações/diaemrelaçãoaopré-tratamento Consequênciasfisiológicasquerequeremtratamentointensivo Morte Diarréia - Tratamento Princípios gerais: Reidratação a depender do grau da diarréia e do estado geral Terapia de reidratação oral (TRO) Hidratação venosa Prevenção ou tratamento do distúrbio hidro-eletrolítico, principalmente hipocalemia; Orientações dietéticas. Diarréia - Tratamento Medicações antidiarréicas: Opióides: Loperamida é o opióide de escolha. Dose: iniciar com 4 mg, seguidos de 2mg a cada 4h ou após cada evacuação diarréica. Atividade local na mucosa colônica e mínima absorção Reduz o volume fecal, o peristaltismo, a urgência e a incontinência fecal na diarréia aguda e crônica Diarréia - Tratamento Medicações antidiarréicas: Análogos da somastostatina: Devem ser considerados em casos de diarréia grave ou persistente. Octreotideo é o análogo de escolha. Ações antidiarréicas: supressão da liberação de insulina, glucagon, VIP; redução da motilidade GI; diminuição da função pancreática exócrina; aumento da absorção de água, eletrólitos e nutrientes do TGI Dose: iniciar com 100-150 mcg SC/IV 3x ao dia, podendo aumentar até 500 mcg 3x dia, ou infusão contínua de 25-50mcg/h, por aproximadamente 5 dias. Fluxograma – diarréia Diarreia Não complicada Grau 1 ou 2 Tratamento conservador: TRO, loperamida, modificações dietéticas Avaliar hospitalização caso haja sintomas de gravidade Antibioticoterapia Avaliar octeotride Complicada Grau 3 ou 4 Reavaliar em 8 a 12h Melhora da diarreia suspender loperamida 12 h após a ultima evacuação MIELOTOXIDADE Emergências Oncológicas Ricardo Caponero – Clínica de Oncologia Médica – São Paulo, SP - 2009 Mielotoxicidade – neutropenia febril Evento Grau1 Grau2 Grau3 Grau4 Grau5 Neutropenia >1500 <1500-1000 < 1000-500 <500 - Neutropeniafebril presente riscodevida Morte Define-se como neutropenia febril como uma condição onde se associam a contagem de neutrófilos <500 cel/mmm3 ou <1000 cel/mmm3 com a perspectiva de queda até < 500 cel/mmm3 nas próximas 48 h e temperatura axilar ≥ 38o C Mielotoxicidade – neutropenia febril Pacientes portadores de tumores sólidos raramente permanecem neutropênicos por mais de 10 dias e geralmente se tornam afebris após 48 a 72 horas de tratamento, com baixo risco de complicações graves e reduzidas taxas de mortalidade; Infecção é a causa de óbito em 8% dos pacientes submetidos a TMO autólogo e 17 a 20% aos pacientes submetidos a TMO alogênico; Pacientes considerados de alto risco apresentam em geral combinação de alguns fatores: expectativa de neutropenia prolongada ( >7 dias) e intensa ( <100 cel/mm3); alterações neurológicas; pneumonia; hipotensão; dor abdominal aguda. Mielotoxicidade – neutropenia febril Estratificação de risco – Multinational Association for Supportive Care in Cancer risk Index ( MASCC) Tabela – Sistema de pontuação de risco MASCC Fatorespreditoresderisco Peso Ausênciadesintomasousintomaslevesdadoençade base 5 Ausênciadehipotensão 5 Ausênciade DPOC 4 Presençade tumorsólidoouausênciadeinfecçãofúngicapréviaempacientesonco-hematológicos 4 Pacienteemacompanhamentoambulatorial 3 Ausênciadedesidratação 3 Idade< 60anos 2 Pontuaçãomáxima: 26 Baixorisco≥ 21 Mielotoxicidade – neutropenia febril Etiologia: Bactérias gram positivas – mais comuns. Ex: Staphylococcus coagulase negativo, Staphylococcus aureus, Enterococcus, Streptococcus Bactérias gram negativas - tem aumentado a frequência; pacientes hospitalares e após procedimentos cirúrgicos. Ex: E. coli. Pseudomonas aeroginosa, Enterobacter, Klebisiella, Acinetobacter. Fungos- pacientes com infecção fúngica prévia ou que receberam antibioticoterapia de amplo espectro. Ex: Aspergillus, Candida, pneumocystis jirovecci Vírus- díficil determinação. Ex: Citomegalovírus, Herpes simples, Varicela Zoster, Virus respiratórios com Influenza, Virus Sincial Respiratório Protozoários e helmintos- menos frequentes e potencialmente graves Mielotoxicidade – neutropenia febril Fluxograma – avaliação e manejo Depende da rotina de cada serviço clínico. Fluxograma – neutropenia febril Avaliação clínica e cálculo do indice MASCC Solicitar exames: Hemograma, PCR, bioquímica, hemocultura, sumario e cultura de urina, cultura de secreções de possíveis sitios de infecção, Rx de tórax Iniciar terapia antibacteriana com Piperacilina/tazobactam ou Cefepime Reavaliação após 72 h ou antes se houver sinais de piora clínica (alteração do nível de consciência, instabilidade) Febril Afebril Trocar esquema para Vancomicina/Meropenem e reavaliar 24h após Febre persistente Investigação secundária para agentes menos comuns Cobertura antifúngica Alto risco Baixo risco Após neutrofílos>500, completar 5 dias de tratamento afebril. Se neutropenia persistir, completar pelo menos 2 semanas de antibiótico EV Alta hospitalar com amoxacilina/clavulonato e ciprofloxacina VO quando neutrófilos>500 em dois exames consecutivos. Acompanhamento ambulatorial Mielotoxicidade – neutropenia febril Fluxograma – avaliação e manejo Depende da rotina de cada serviço clínico. Uso de fator estimulante de granulócitos ( G-CSF): Não deve ser considerada de rotina; Considerar nos pacientes de alto risco; Tem indicação em alguns casos de profilaxia primária ou secundária de neutropenia a depender do esquema terapêutico e fatores de risco; Drogas: Filgrastrima e Pegfilgrastima . Emergências Oncológicas Profa. Renata Loureiro Santos Ricardo Caponero – Clínica de Oncologia Médica – São Paulo, SP - 2009 Caso clínico Paciente recém diagnosticado com adenocarcinoma de pulmão evoluindo com queixa de nauseas, sonolência e confusão mental procura a emergência do hospital em que você está de plantão. Quais suas hipóteses e conduta? Hipercalcemia Ricardo Caponero – Clínica de Oncologia Médica – São Paulo, SP - 2009 Hipercalcemia Ocorre em aproximadamente em 10 a 20% dos pacientes com câncer em algum momento de evolução da doença; Tumores sólidos mais frequentes: neoplasias de cabeça e pescoço, pulmão , pênis, mama, bexiga e rim. Hipercalcemia Fisiopatologia Hipercalcemia humoral: Mecanismo mais comum – 80% casos; Ocorre devido aos efeitos da PTHrp ( PTH related protein) nos ossos e rins aumentando a reabsorção óssea e tubular de distal de cálcio. Metástases ósseas: Indução da osteólise local com reabsorção óssea pelas células tumorais – 20% dos casos; Citocinas, como TNF e IL-1, desepenham papel central estimulando entre outros processos, a diferenciação de células precursoras em osteoclastos maduros. Hipercalcemia Fisiopatologia Calcitriol: Aumento da produção de 1,25 diidroxivitamina D (calcitriol) é um mecanismo importante em tumores hematológicos, em especial no linfoma de Hodgkin, e muito raramente em tumores sólidos. Produção extra-renal de 1,25-diidroxivitamina D pelos linfócitos e macrófagos malignos. Este processo não é sensível aos efeitos inibitórios do PTH, levando a uma absorção aumentada de cálcio pelo trato gastrointestinal e a um aumento da reabsorção óssea . Hipercalcemia Quadro clínico Leves (<12 mg/dL): geralmente assintomáticos, particulamente se a elevação for crônica; Moderados (entre 12 e 14 mg/dL): cursam com poliúria e polidipsia, anorexia, náuseas e constipação; Graves ( >14 mg/dL): fadiga, dificuldade de concentração, confusão, estupor e coma. Frequentemente desidratados em virtude do desenvolvimento de diabetes insipidus nefrogênico . Risco de arritmias. Hipercalcemia Diagnóstico e avaliação Diagnóstico diferencial entre hiperparatiroidismo primário e neoplasias Interpretação do cálcio sérico: As repercussões clínicas ocorrem em decorrência da fração livre do cálcio sérico Ajuste do cálcio sérico em situações de hipo ou hiperalbuninemia: Ca++ corrigido = Ca ++ total + 0,8 x (4-albumina) PTH intacto, PTHrp e calcitriol Apenas no casos onde restam dúvidas da causa da hipercalcemia Hipercalcemia Tratamento Os objetivos são a diminuição dos níveis séricos de cálcio e se possível controle da neoplasia implicada O grau da hipercalcemia, a velocidade de elevação dos níveis séricos de cálcio, a presença e magnitude dos sintomas determinarão o grau de urgência para o início do tratamento Pacientes assintomáticos ou oligosintomáticos, cujos níveis de cálcio não ultrapassem 14 mg/dL podem não requerer tratamento imediato. Entretanto cuidados devem ser observados: evitar o uso de diuréticos tiazidicos , carbonato de lítio, desidratação e uma ingesta superior a 1,0 g de calcio/dia Pacientes sintomáticos e/ou com níveis superiores a 14 mg/dL, indepedente dos sintomas, merecem ser internados para tratamento imediato. Hipercalcemia Tratamento Hidratação venosa Diuréticos de alça Furosemida 20 a 40mg EV a cada 2 a 4h Mecanismo de ação : aumenta a eliminação de cálcio na urina ATENÇÃO: iniciar somente após satisfatória hidratação do paciente Bisfosfanatos Acido zoledrônico – 4m g EV em 15 minutos Pamidronato – 90 mg EV em 90 minutos Mecanismo de ação: são análogos de pirosfosfato inorgânico, que são adsorvidos à superfície dos cristais de hidroxiapatita, inibindo a reabsorção óssea e a consequente liberação de cálcio no plasma Hipercalcemia Tratamento Calcitonina Calcitonina 4 a 8 UI/kg a cada 8 a 12h IM ou SC; Mecanismo de ação: aumenta a excreção renal e diminui a reabsorção óssea ao interferir com a maturação dos osteoclastos Início rápido de ação (4 a 6h); eficácia limitada a 48h Corticóides Predinisona 20 a 40 mg/dia Mecanismo de ação: diminuição da produção de calcitriol por células mononucleares ativadas nos pulmões e linfonodos, com consequente menor absorçãode cálcio pelo TGI. Indicação nos casos cuja fisiopatologia esteja relacionada com a hiperprodução do calcitriol, como linfomas e doenças granulomatosas Hipercalcemia Tratamento Outros Denosumabe ( Prolia®) Terapia anti-RANKL – em casos refratários aos bisfosfonatos. Dose 120 mg SC D1, D8, D15 e D29 e após a cada 4 semanas Hemodiálise Casos selecionados: hipercalcemia severa com IR e/ou cardíaca, nos quais hidratação vigororosa e terapia com bifosfonatos não sejam seguros Caso clínico Este mesmo paciente lhe procura uma semana após com queixa de dispneia progressiva, edema de face e presença de circulação colateral em tronco. Qual sua hipótese diagnóstica e conduta? Síndrome da veia cava superior Ricardo Caponero – Clínica de Oncologia Médica – São Paulo, SP - 2009 Síndrome da veia cava superior Conjunto de sinais e sintomas decorrentes da obstrução do fluxo de sangue através da veia cava superior em função da invasão direta, compressão extrínseca ou trombose intraluminal; Síndrome da veia cava superior Fisiopatologia: Neoplasias malignas (60-85%) Câncer de pulmão LNH Timoma Tumor de células germinativas Tumores metastásticos Causas não neoplásicas (14-40%) Mediastinite fibrosante Trombose Síndrome da veia cava superior Quadro clínico: A intensidade das manifestações clínicas varia em função do grau de obstrução, da velocidade de sua instalação e do nível ( acima ou abaixo da veia ázigos, principal colateral da VCS); Dispneia é o sintoma mais comum. Também pode apresentar: tosse, cefaléia, edema facial, cervical e de MMSS, dor torácica, disfagia e rouquidão; Achados do exame físico: distensão das veias do pescoço e da parede torácica, pletora facial e, nos casos mais graves, alteração do status mental e sinais de insuficiência respiratória por obstrução de vias aéreas. Síndrome da veia cava superior Diagnóstico e avaliação: Tomografia de tórax com contraste Exame mais importante e utilizado Determina a presença de colaterais venosas Identifica o mecanismo e sugere a causa Ressonância magnética de tórax Quando o contraste está contra-indicado Venografia Raramente utilizada Síndrome da veia cava superior Tratamento: Medidas gerais: Cabeceira elevada Evitar venóclise nos MMSS Adequação do balanço hidrico - evitar sobrecarga de volume Uso de diuréticos Oxigenioterapia Heparinização profilática Corticoesteroides – principalmente nos linfomas; Síndrome da veia cava superior Tratamento: Dependendo da gravidade do quadro clínico ( alteração do status mental em decorrência de edema cerebral e aqueles com comprometimento da permeabilidades das vias aéreas por edema de laringe) pode haver indicação de tratamento intervencionista (stent endovascular) – alívio dos sintomas dentro de 48 h; Tratamento da doença de base Quimioterapia e radioterapia a depender do caso Caso clínico Um paciente de 28 anos foi diagnósticado com linfoma não Hodgkin e uma semana após realizou tratamento quimioterápico e lhe procura no dia seguinte com queixa de nauseas e vômitos intensos tendo apresentado uma convulsão. Qual sua hipótese diagnóstica e conduta? Síndrome de lise tumoral Ricardo Caponero – Clínica de Oncologia Médica – São Paulo, SP - 2009 Síndrome de lise tumoral Condição clínico-laboratorial decorrente da lise maciça de células tumorais, com liberação de grandes quantidades de compostos intracelulares (potássio, fósforo e ácidos nucléicos) na circulação; Maior parte dos casos ocorre após tratamento citotóxico para linfomas de alto grau e LLA; Também pode ser descrita de forma espontânea e com outros tumores de alta taxa proliferativa e alta sensibilidade ao tratamento. Síndrome de lise tumoral Fisiopatologia: Liberação de grandes quantidades potássio, fósforo e ácidos nucléicos na circulação, com consequente hipercalemia, hiperfosfatemia, hipocalcemia secundária, hiperuricemia e insuficiencia renal aguda. A hiperuricemia é consequência do metabolismo dos ácidos nucléicos pela enzima xantina oxidase. O ácido úrico é pobremente solúvel em água, e precipita no ambiente ácido do sistema tubular distal e coletor dos rins. A IRA ocorre como resultado da precipitação de cristais de urato e fosfato de cálcio nos tubulos renais e associado ao uso de drogas nefrotóxicas Hipocalcemia é secundária precipitação de fosfato de cálcio nos tecidos moles 58 Síndrome de lise tumoral Quadro clínico: Sintomas relacionados ao distúrbios metabólicos: Dor lombar em cólica – devido a deposição de ácido úrico e/ou fosfato de cálcio no sistema coletor Nauseas Letargia Vômitos Tetania Diarréia Convulsões anorexia Arritmiascardíacas Dormuscular Mortesubita Câimbras Síndrome de lise tumoral Diagnóstico e avaliação: Classificação de Cairo-bishop Laboratorial – 2 ou mais dos seguintes critérios presentes: Ácido úrico 8 mg/dl ou aumento de 25% do valor basal; Potássio 6.0 mmol/L ou aumento de 25% do valor basal; Fósforo 6.5 mmol/dL (crianças), 4.5 mg/dL (adultos) ou aumento de 25% do valor basal; Cálcio 7 mmol/L ou queda de 25% do valor basal; Clínica – critérios laboratoriais associados a uma ou mais das seguintes repercussões clínicas: insuficiência renal aguda, arritmia cardíaca, convulsões ou morte súbita Síndrome de lise tumoral Prevenção e tratamento: Hidratação Objetivo manter o débito urinário em ao menos 80 a 100 ml/h SF 0,9% 2 a 3litros/ dia Diuréticos de alça – na ausência de uropatia e/ou hipovolemia Alcalinização urinária Não existe evidências de que a administração de bicarbonato de sódio IV seja benéfica, sendo inclusive potencialmente perigosa quando os níveis de fosfato estão elevados (potencializa a deposição de cristais de fosfato de cálcio nos rins, coração e outros orgãos). Não recomendada exceto se houver acidose metabólica. Síndrome de lise tumoral Prevenção e tratamento: Alopurinol Análogo da hipoxantina – inibe competitivamente a xantina oxidase, bloqueando o metabolismo da hipoxantina e xantina em ácido úrico Pouco eficaz quando a hiperuricemia já está estabelecida, uma vez que age na formação de ácido úrico Dose: Adultos – 100 mg/m2 a cada 8 h (máximo de 800 mg/dia); crianças – 50 a 100 mg/m2 a cada 8 h Rasburicase ( urato oxidase recombinante) ( Fasturtec®) Promove degradação oxidativa do ácido úrico em alantoína, um metabólito hidrossolúvel; Rapidamente diminui os níveis de ácido úrico – eficaz na prevenção e tratamento Dose: 0.1 a 0.2 mg/kg 1 vez ao dia por 5 dias consecutivos. Caso clínico O paciente do primeiro caso clínico, portador de neoplasia de pulmão lhe procura na emergência do hospital com queixa de dor em MMII com fraqueza muscular e dificuldade de deambular. Hipótese diagnóstica e conduta? Síndrome de compressão medular Ricardo Caponero – Clínica de Oncologia Médica – São Paulo, SP - 2009 Síndrome de compressão medular Compressão do saco dural e seus componentes por uma lesão tumoral extra-dural; Importante causa de dor e potencial para evoluir com perda irreversível de funções neurológicas Neoplasias mais relacionadas: próstata, mama, pulmão, linfomas não-Hodgkin, mieloma e carcinoma renal Síndrome de compressão medular Quadro clínico Dor está presente em 95% dos casos; O segmento mais acometido é o torácico (60 a 85%), seguido pelo lombossacro (15 a 30%) e cervical (10%); Os sinais e sintomas neurológicos variam com o nível de compressão: fraqueza muscular, parestesias, disfunção urinária e intestinal e ataxia pela perda de função propioceptiva. Síndrome de compressão medular Diagnóstico e avaliação Ressonância nuclear magnética Se possível de todos os segmentos da coluna vertebral Definição radiológica: qualquer lesão que cause impressão sobre o saco dural, independente da presença de sintomas . Síndrome de compressão medular Tratamento Objetivos: Alívio da dor; Preservação ou reestabelecimento da função neurológica; Prevenção das complicações. A escolha do método de intervenção deve levar em consideração a presença de instabilidade, a expectativa de vida do paciente e a sensibilidade do tumor à radioterapia e à quimioterapia. Síndrome de compressão medular Tratamento Medidas gerais Dexametasona 10 mg IV em bolus, seguido de 4 mg IV 6/6h; Repouso absoluto no caso de instabilidade; Analgesia; Prevenção de eventos tromboembólicos. Síndrome de compressão medular Tratamento Tratamento definitivo Lesões instáveis da coluna vertebral – avaliação cirurgião de coluna, Pacientes que apresentam bom prognóstico e expectativa de vida favorável: Descompressão e estabilização deve ser oferecido ; Radioterapia externa após o procedimento cirúrgico. Pacientes com doença sistêmica fora de controle, baixo índice de desempenho e expectativa de vida curta: Radioterapia para paliação dos sintomas. Pacientes sem instabilidade a depender do tumor: radioterapia, quimioterapia ou hormonioterapia. Ricardo Caponero 71
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