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1 INTERVENÇÃO EMPRESARIAL: MAISON DA PERFUMARIA Castler Oliveira da Hora, Diego José Moura Souza e Gabriela Dias Beirão Souza Tutor Externo – Jacira Veloso Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI Bacharelado em Administração (ADG0490) – Seminário Interdisciplinar VIII 30/11/2017 1. INTRODUÇÃO Este trabalho tem como objetivo apresentar os pontos fortes e fracos detectados no plano de negócios da empresa Maison da Perfumaria, que surgiu em virtude de duas vertentes, a primeira, a partir da solicitação de alguns clientes de sua idealizadora, consultora de algumas marcas consolidadas no ramo de cosméticos e, a segunda, fruto de trabalho acadêmico. A empresa tem como objetivo ofertar produtos multimarcas e mesclar preço e qualidade. Trata-se de um comércio varejista de cosméticos, perfumaria e higiene pessoal, com taxa de projeção de crescimento de 10 a 20% para o período de 2017/2018, e que representa 1,7% do Produto Interno Bruto (PIB) do país. No ponto de venda (PDV) haverá duas funcionárias, preferencialmente, moradoras do bairro em que será instalada a loja. Foi feita verificação no plano de negócios apresentado anteriormente, com o intuito de identificar, pontos fortes e fracos nesse processo construtivo. Verificou-se que a empresa vislumbra para o seu quadro de funcionários, pessoas que tenham experiência em vendas e que sejam moradoras do bairro onde será instalada a empresa, mas não houve um detalhamento quanto ao cargo/função a ser desempenhado pelas mesmas. Foi possível enxergar uma estratégia de marketing definida e a implantação de ferramenta de análise, porém é preciso definir os recursos a serem destinados ao marketing e projetar as vendas e as receitas. O plano de negócios deixou a desejar em seu aspecto financeiro, pois seus dados foram inconsistentes, além de não detalhar piso salarial, demonstrativo de resultados (DRE), fluxo de caixa, entre outros elementos de um plano financeiro. A empresa contempla a utilização de um sistema de gestão empresarial (ERP), mas possui aspectos logísticos que podem pôr em risco a sua sobrevivência. Será apresentado um plano de ação com medidas simples, que visa melhorar as ações e os processos da organização. 2. PONTOS FORTES E FRACOS Quadro 1: Áreas da empresa e seus pontos fortes e fracos RECURSOS HUMANOS Pontos Fortes: - A empresa vislumbra em seu plano de negócios, ter em seu quadro de colaboradores, pessoas experientes na área de vendas e moradoras do bairro, ou seja, mão-de-obra qualificada na região. Pontos Fracos: - Não é evidenciada com clareza a função a ser desempenhada pelos funcionários. 2 MARKETING Pontos Fortes: - Estratégia de marketing definida (4 P’s); - Implantação da análise de SOWT; - Apresentação de imagens dos produtos comercializados e suas descrições. Pontos Fracos: - A empresa não possui definido quanto dos recursos financeiros será disponibilizado e direcionado para o marketing. - Ausência da projeção de vendas e receitas em valores. FINANCEIRA Pontos Fortes: Não há. Pontos Fracos: - Não foi detalhado o piso salarial dos futuros colaboradores e da equipe gerencial, além dos encargos sociais; - Ausência do valor do capital de giro. PRODUÇÃO E LOGÍSTICA Pontos Fortes: - Uso de Sistema de Gestão empresarial (ERP) Pontos Fracos: - Acesso considerado ruim para o serviço de entrega de mercadoria. - Sensação de insegurança no local Fonte: Autor 3. ANÁLISE DOS PONTOS FORTES E FRACOS Em seu quadro de funcionários a empresa vislumbra pessoas que tenham experiência em vendas e que sejam moradoras do bairro onde será instalada o seu ponto de vendas, fato que contribui para a diminuição de gastos com o auxílio-transporte dos colaboradores, além de despertar nos mesmos o sentimento de qualidade de vida. Por outro lado, não houve um detalhamento quanto ao cargo/função a ser desempenhado pelos mesmos, podendo gerar, com isso, dúvidas quando ao grau hierárquico, a realização das atividades diárias e as responsabilidades no ambiente de trabalho. É importante que a empresa tenha isso definido para que seja evitado futuros passivos trabalhistas. O mix de marketing foi definido levando em consideração o público e o local, que passarão a ter produtos acessíveis. Isso pode ser visto nos catálogos dos produtos onde estão definidos seus valores. Apesar de comercializar produtos de marcas consolidadas e que possuem sua própria propaganda, a empresa não definiu a percentagem a ser destinada ao marketing dela mesma, nem quantificou a projeção de suas vendas. Não há pontos convincentes a serem destacados no setor financeiro, haja vista a ausência e/ou inconsistência dos dados apresentados. A empresa deixou de mencionar 3 claramente os proventos da equipe gerencial e dos seus colaboradores, além de não apresentar em seu plano financeiro dados importantes como, por exemplo, o capital de giro necessário para implementação e manutenção do negócio, demonstração de resultados e fluxo de caixa. Apesar do espaço físico reduzido, a administração da empresa considera o local adequado para a comercialização dos seus produtos. No entanto, esse pode ser um fator impeditivo para o estoque de produtos em grande quantidade, porém acredita-se na garantia das distribuidoras, de uma entrega rápida. Assim, a empresa utiliza o conceito just in time, mantendo em sua loja apenas a quantidade necessária para o pronto atendimento dos clientes. Para auxiliar no controle desse pequeno estoque é utilizado um Sistema de Gestão Empresarial (ERP) que gerencia as principais necessidades da empresa. 4. PROPOSTA DE INTERVENÇÃO: PLANO DE AÇÃO Quadro 2: Plano de ação Ação proposta. O que será realizado. Ação sobre o efeito ou sobre a causa? Como será feito? Por que a ação é importante? Onde será realizado (setor, área)? Quando será feito? Quem será responsáv el pela implement ação? Quanto custará esta ação? Recursos Humanos Definir claramente as funções dos funcionário s. Causa Através de um Plano de Cargos e Salários Elimina as incoerências e distorções que possam causar desequilíbrios salariais ou a insatisfação das pessoas Recursos Humanos Imediato Gerente de Recursos Humanos Sem custos Marketing Quantificar o valor a ser investido no marketing Efeito Orçar valores de ações em marketing Visa consolidar a marca Empresa de marketing Imediata mente, após a definição dos valores. Administra ção A ser definido Financeira 1 – Definir valor salarial dos colaborado res 2 – Realizar adequada mente Balanço Patrimonial e DRE. 1 – Efeito 2 - Efeito 1 - Através de um Plano de Cargos e Salários 2 – Por profission al especializ ado em contabilid ade. 1 – Além de contribuir para o setor de RH, corrobora com o controle dos gastos e o controle financeiro. 2 – Precisão dos cálculos e controle da saúde financeira. 1 – Administr ação. 2 – Escritório de Contabilid ade 1 - Imediata mente 2 - Imediata mente 1 – Administra ção 2 - Administra ção 1 – Sem Custos 2 – Sem custos Produção e Logística Verificar se há Centros de distribuição das marcas Efeito Contato com a central de atendime nto das marcas Certeza de entrega dos pedidos em tempo hábil Proprietár ia da empresa Imediata mente Proprietári a da empresa Sem custos Fonte: Autor4 5. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Recursos Humanos Por ser constituída por pessoas, Chiavenato (2012) considera uma empresa um sistema social, e ao analisar o trabalho empresarial verifica a existência de um sistema sociotécnico formado por tecnologia e pessoas, que estão intimamente ligados, sendo constituídos por três subsistemas principais, sejam eles: técnico, social e gerencial. O autor nos sugere que os aspectos técnicos estão relacionados aos conhecimentos, as habilidades, as experiências e aptidões das pessoas que estarão inseridas na empresa. Os subsistemas sociais referem-se às características próprias de personalidade, no entanto, as pessoas não atuam isoladamente. São seres sociais e compartilham ideias e expectativas, que, muitas vezes, resulta em organizações informais dentro da empresa, mas que não aparecem em seu organograma. Isso pode trazer dificuldade ou facilidade ao funcionamento formal da instituição. O subsistema gerencial constitui a parte de gestão da empresa e é constituído pelos níveis institucional, tático e operacional do organograma organizacional. É ele o responsável por fazer a ligação entre o subsistema social e o tático. A empresa deve atentar para ter em seu quadro de colaboradores pessoas com experiência e habilidades comprovadas para desempenhar o papel a que for designada. No entanto, esse papel deve ser minuciosamente esclarecido ao membro da equipe. Figura 1 Fonte: Adaptado de Chiavenato (2012, p.187) 5 Distribuição das posições: os membros da equipe são designados para suas posições de acordo com suas propensões, habilidades, competências e tipos de personalidade. Os papéis devem ser esclarecidos para que possam desempenhar seus deveres com as melhores habilidades e competências. (CHIAVENATO 2012, p. 188) Além de uma equipe preparada, uma empresa precisa de pessoas motivadas para realizar um trabalho participativo, capaz de atingir as metas estipuladas e alcançar os resultados esperados. Chiavenato (2012, p. 194) cita que “se a ideia é meramente fazer com que a equipe faça o seu trabalho de maneira rotineira e igual, um salário fixo é necessário e suficiente”. São muitas as estratégias utilizadas para estimular e incentivar os colaboradores a trabalhar conforme as metas, os objetivos e a política organizacional da empresa. Em seu plano de negócios a Maison da Perfumaria utilizou como estratégia motivacional o fato de ter em seu quadro, colaboradores que residam próximo ao trabalho, gerando nessas pessoas uma sensação de conforto pessoal. A motivação diz respeito à dinâmica do comportamento das pessoas. Ela é a mola propulsora do desempenho pessoal. Motivar significa estimular e incentivaras pessoas a fazer algo ou a se comportar rumo a determinada direção. A motivação está intimamente relacionada com a satisfação de necessidades pessoais que recebem o nome de motivos. Assim, as necessidades direcionam o comportamento no sentido de satisfazer as carências, expectativas ou necessidades pessoais. Tudo o que leva a alguma satisfação dessas necessidades motiva o comportamento, isto é, provoca as atitudes das pessoas. (CHIAVENATO, 2012, p. 200) Conforme mencionado pelo autor, à medida que a pessoa tem suas necessidades satisfeitas, elas são motivadas a algum tipo de comportamento. É nessa linha de ação que a empresa busca obter um comportamento satisfatório por parte dos seus colaboradores, levando em consideração a pirâmide das necessidades humanas básicas. Fonte: Adaptado de Chiavenato (2012, p.200) Figura 2 – Pirâmide das necessidades humanas básicas 6 Apesar de o esforço para manter a motivação do pessoal, é preciso evidenciar a função e as atividades de cada funcionário, fato que, como dito anteriormente, facilita o melhor desempenho das habilidades e competências pessoais, no entanto, é importante ser evidenciado a remuneração que cada um fará jus, atrelada ao cargo ou função, fim evitar interpretações errôneas quanto ao acúmulo e/ou desvio de funções. Jaqueline Maria Menta, Juíza do Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul, define que: O desvio de função caracteriza-se quando o empregado é contratado para exercer uma função, mas o empregador exige que ele cumpra outra, diferentemente o acúmulo de função acontece quando o empregado é contratado para exercer determinada função e o empregador, exige que ele, desempenhe além da função para o qual foi contratado, mais uma função, que às vezes é uma atividade de cargo diferente. (BRAS, 2016) As leis trabalhistas não são claras a respeito do assunto, e isso tem sido motivo de ação judicial por parte de diversos trabalhadores que se sentem lesados pelas empresas. Portanto, vale a pena detalhar a função do seu colaborador em seu plano de negócios e, acordar com os mesmos as atividades atinentes a mesma. Conforme Delgado, função é: [...] o conjunto sistemático de atividades, atribuições e poderes laborativos, integrados entre si, formando um todo unitário no contexto da divisão do trabalho estruturada no estabelecimento ou na empresa. Analiticamente, é a função um conjunto de tarefas que se reúnem em um todo unitário, de modo a situar o trabalhador em um posicionamento específico no universo da divisão do trabalho da empresa. (2016, p. 139) Assim, de acordo com o entendimento do autor, uma mesma função pode envolver diversas atividades e atribuições, sem, no entanto, configurar o seu desvio. Marketing O plano de negócios da empresa contempla os passos estratégicos do marketing, a partir de uma visão de oportunidade da sua idealizadora, onde foi traçado o perfil do seu público-alvo e nicho de mercado, além dos aspectos políticos do negócio. Contudo, o plano de marketing necessita deixar claro qual o planejamento da empresa em relação ao setor, haja vista que investimentos em marketing são fundamentais para atrair novos clientes, fidelizá-los e possibilitar a criação de um valor à marca – Maison. 7 Galhardo (2012), especialista em finanças, afirma que os investimentos em marketing são divididos em dois grupos: o marketing institucional e o marketing comercial. O marketing institucional é aquele com ações para que os clientes conheçam a empresa e seus produtos e serviços. Refere-se, por exemplo, ao desenvolvimento da logomarca, do website, das mídias sociais, dos materiais gráficos (cartões de visita, folders, catálogos, etc.) e de propagandas em revistas. Neste caso, recomenda-se investimento constante. Assim, em vez de um percentual do faturamento, melhor seria estabelecer um valor fixo mensal que cubra o planejamento de marketing da empresa. Já o marketing comercial é feito com ações para gerar aumento de vendas, como campanhas para datas especiais e promoções. O percentual de investimento tende a variar muito de acordo com o segmento da empresa. Empresas que dependem de ações de marketing para vender chegam a investir 10% do faturamento ou até mais. No geral, investir de 3% a 5% do faturamento é um bom patamar. (GALHARDO, 2012) O marketing trabalha ainda com a previsão de vendas, fator que é capaz de prever as vendas da empresa, possibilitando o planejamento das suas atividades de comercialização (Chiavenato, 2014, p. 144). Essa previsão é fundamental para quantificar adequadamente as vendas dos produtos da empresa, isso possibilita ainda visualizar quantos e quais produtos devem ser comercializados para suprir as necessidades da organização. Alguns fatores contribuem para prever as vendas, segundo Chiavenato (2014, p. 146) são quatroos fatores para previsão das vendas: informações sobre vendas passadas, informações sobre tendências do mercado, capacidade de produção da empresa e capacidade de vendas da empresa. Diante do exposto, podemos desconsiderar o primeiro fator citado pelo autor, haja vista se tratar de uma empresa embrionária e sem registros de vendas passadas, no entanto, vale ressaltar a importância de uma avaliação criteriosa dos aspectos mercadológicos externos à empresa, capazes de identificar as tendências do mercado. Vale ainda considerar a capacidade produtiva da empresa para o período da projeção das vendas, e a capacidade de vendas, que verifica as condições de venda e distribuição da empresa. Chiavenato vai além dos conceitos acima e cita objetivos mais amplos da previsão de vendas: Conhecer previamente o volume de vendas que pode ser alcançado no período considerado. Preparar a organização de vendas para a realização das vendas previstas. Isso pressupõe o recrutamento e a seleção de vendedores, seu treinamento e sua supervisão. Calcular, em função das vendas previstas e da receita a ser obtida, a porcentagem de comissões e, portanto, a remuneração do pessoal de vendas. 8 Estabelecer as cotas de vendas para cada uma das unidades de vendas, isto é, cada vendedor, cada filial, etc. Controlar o desempenho das vendas e dos vendedores. Planejar as campanhas de promoção de vendas e de propaganda como meios auxiliares para facilitar e incrementar as vendas. Planejar os sistemas de distribuição. Estabelecer os programas de produção de bens/serviços da empresa para atender às vendas e abastecer a distribuição. Calcular as necessidades financeiras da empresa em função das vendas previstas (receita) e da necessária produção de bens/serviços (despesas). (2014, p. 149) Por fim, o autor cita a importância da previsão de vendas: […] ela serve como base direta para o planejamento da produção dos bens que se deseja vender e, consequentemente, do que a empresa deve comprar de seus fornecedores, de quantas pessoas devem ser destinadas à produção e de quais máquinas e equipamentos vai precisar para produzir o necessário para as vendas futuras. Além disso, a previsão de vendas define o orçamento de receitas futuras da empresa, do que depende o seu orçamento de despesas e de investimentos, isto é, como a empresa pode viver das receitas futuras e quais os gastos que tais receitas podem alimentar. Quase toda a vida da empresa, no decorrer do exercício anual em foco, depende direta ou indiretamente da previsão de vendas. (CHIAVENATO. 2014, p. 151) Financeira Independentemente do porte e área de atuação da empresa, é necessário analisar a viabilidade financeira do negócio, pois, isso, vislumbrará o sucesso ou o fracasso da mesma. Essa análise servirá para que o empreendedor possa identificar possíveis ameaças e oportunidades, subsidiando-o na tomada de decisões. É preciso saber qual o recurso disponível para investir. Maximiano (2011, p. 30) diz que “o ponto crucial de qualquer empreendimento é o dinheiro. O empreendedor deve calcular o montante necessário para iniciar o negócio – o investimento inicial. O valor pode determinar se o empreendedor tem condições de começar o negócio ou não”. É apresentado no sumário do plano de negócios da empresa o plano financeiro que contempla o balanço patrimonial, o demonstrativo de resultados, o fluxo de caixa, o ponto de equilíbrio e a análise de viabilidade. No entanto, em seu corpo, só é apresentado o balanço patrimonial e, ainda assim, com valores de ativos e passivos não condizentes com aqueles apresentados individualmente. Em estudo realizado pelo Sebrae (2004, p. 17) as causas do fracasso das empresas “estão relacionadas a falhas gerenciais na condução dos negócios, expressas na 'falta de capital de giro', que indica descontrole do fluxo de caixa, 'problemas financeiros', devido ao alto endividamento, [...]”. 9 Vemos a partir dessa ótica, que são fundamentais o conhecimento e o controle financeiro da empresa para evitar um futuro fracasso quanto a esse termo, certamente outros aspectos envolvem o crescimento e o sucesso de uma empresa. Segundo Delgen Apesar da simplicidade do fluxo de caixa, sua aplicação a um novo negócio acarreta algumas dificuldades, decorrentes da natural dificuldade de estimas as futuras entradas e saídas de caixa de um novo negócio e os riscos que podem ocorrer. Por isso o candidato a empreendedor deve: Manter uma rigorosa 'contabilidade de caixa' para o novo negócio desde o primeiro dia de operação. Fazer uma cuidadosa e detalhada 'projeção de fluxo de caixa' antes de iniciá-lo para avaliar a sua viabilidade financeira, e refazer periodicamente essa projeção durante seu desenvolvimento. Procurar obter informações sobre o 'fluxo de caixa histórico' de negócios semelhantes a fim de validar as projeções do fluxo de caixa do novo negócio. Calcular o 'ponto de equilíbrio' operacional de caixa, avaliando sua viabilidade financeira. Ponderar, baseado na projeção do fluxo de caixa, se o novo negócio propicia a 'remuneração adequada' ao risco do investimento, considerando sua curva de remuneração e de risco' em relação à do mercado financeiro em que está inserido. Fazer a 'análise de sensibilidade' da projeção do fluxo de caixa do novo negócio e os possíveis riscos. (2009, p. 23) Outros dois elementos fundamentais para o controle financeiro da empresa são o Balanço patrimonial e o Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE). É preciso prever Tabela 1: Fluxo de caixa Fonte: SEBRAE 10 todos os valores possíveis com ajuda dessas ferramentas. Através do Balanço Patrimonial é possível verificar a situação do patrimônio da empresa, tendo em seu corpo o lançamento dos ativos (bens e direitos) e dos passivos (obrigações). Por sua vez, o Demonstrativo de Resultado expõe o momento contábil, atestando se houve lucro ou prejuízo no ano. Maximiano (2011. p. 191) diz que “o ativo reúne bens e direitos da empresa. […] Estes são itens de propriedade da empresa, mensuráveis monetariamente, e representam benefícios presentes ou futuros para a empresa”. Quanto ao conceito de passivo e patrimônio líquido, o seguinte conceito é dado: O passivo evidencia toda a obrigação (dívida) que a empresa tem com terceiros, como, por exemplo, contas a pagar, fornecedores (a prazo), impostos a pagar e empréstimos. […] O patrimônio líquido evidencia os recursos dos proprietários aplicados no empreendimento. O investimento inicial dos proprietários é denominado Capital; […] O patrimônio líquido também é acrescido com os rendimentos resultantes do capital aplicado – Lucro. (MAXIMIANO. 2011, p. 192. grifo do autor). Vale lembrar que não há uma regra quanto a nomenclatura das contas a serem detalhadas no balanço patrimonial e, que só são necessárias lançar aquelas que realmente fazem parte do ativo e do passivo da empresa. Em seu plano de negócios a Maison da Perfumaria discriminou algumas contas que, talvez não façam parte, realmente, do seu balanço. Além de desnecessárias, essas contas não apresentam nenhum valor financeiro, o que evidencia tal fato. Quanto a demonstração de resultados de uma empresa Maximiano (2011. p. 192) diz que esta, “mostra se houve lucro ou prejuízo em um período e como se chegou a esse Quadro 3: Componentes do balanço patrimonial Fonte: Adaptado de Maximiano (2011, p. 190) 11 resultado”. Trata-se de uma ordenação resumida das receitas e das despesas, apresentadas verticalmente, onde das receitas são subtraídas as despesas,obtendo-se o resultado, segundo o autor. Produção e Logística A empresa não trabalha com produção de bens ou serviços, mas com a comercialização de produtos de marcas consolidadas no mercado. Esses produtos estarão dispostos em um espaço com pouco mais de 10 m², onde serão instalados balcões, prateleiras e armários com gavetas capazes de armazenar produtos sobressalentes, prontos para reposição. Como possui um espaço físico reduzido para exposição e armazenamento de estoque a empresa trabalhará sob o conceito just in time, mantendo a quantidade necessária para reposição imediata. Isso pode trazer algum tipo de transtorno administrativo, pois a empresa depende dos seus fornecedores para repor sua mercadoria. Apesar de não estocar matéria-prima, pois não produz nenhum tipo de bem, a empresa precisa de um estoque capaz de suprir a demanda. Chiavenato argumenta o seguinte: Fonte: Adaptado de Maximiano (2011, p. 190) Tabela 2: Componentes da demonstração de resultados 12 uma empresa com baixos níveis de estoque de MP [matéria-prima] corre o risco de parar toda vez que algum fornecedor atrasa as entregas. [...] o controle de estoques procura manter os níveis de estoque em proporções adequadas e de acordo com limites razoáveis às necessidades da empresa e às demandas do mercado [...] Estocar significa guardar algo para utilização futura. Se a utilização for muito remota no tempo, seu armazenamento irá se tornar prolongado: ocupa espaço alugado ou comprado, requer pessoal para guardar, significa capital empatado, precisa ser segurado contra incêndio ou roubo etc. Em outras palavras, ter estoque é ter despesas de estocagem. (CHIAVENATO, 2008, p. 114-115) Para conseguir manter um estoque capaz de atender a sua clientela será utilizado um sistema integrado de gestão empresarial (ERP), que possui, entre outras, a função de controlar seu estoque. Em maneira abrangente, Amorim; Di Serio (2007, p. 166. apud Hoelz, 2015, p. 39) afirmam que o ERP trata-se de um programa computacional “multimodular que visa integrar a gestão da empresa nas diferentes fases do seu negócio, tornando mais ágil o processo de tomada de decisão. Além de permitir que o desempenho da empresa seja monitorado em tempo real.” Garcia (2015, p. 20) destaca a importância em “investir no sistema de informação para transmissão de pedidos e rastreamento de encomendas, a fim de que seja possível obter uma previsão real de quando o produto estará disponível”. Portanto, a utilização do ERP permite a integralização dos processos da organização, a comunicação e facilita na tomada de decisão. Esse software contribui não só para o controle de estoque, mas também para antecipação dos pedidos, haja vista que o local onde será instalada a empresa não dispõe de acesso fácil para o serviço de entrega de mercadoria por parte dos fornecedores. Outro fator que pode dificultar a entrega de mercadoria é a questão de segurança pública, uma vez que o bairro de Santa Cruz, local onde será instalada a loja, fica localizado no Complexo do Nordeste de Amaralina, que é composto também, pelo bairro do Vale das Pedrinhas. A Secretaria de Segurança Pública do estado da Bahia, publicou em seu site, números referentes ao primeiro quadrimestre do ano de 2017, que apontam um índice considerado de delitos cometidos na região, o que pode ser considerado um ponto negativo para o comércio local, pois causa na população um clima de insegurança, afastando os consumidores da rua. 13 Levando em consideração o mix de marketing, Garcia (2015, p.11) diz que praça “também conhecida como ponto de venda, envolve toda a distribuição do produto, considerando-se como e quando ele chegará a esse local”. É preciso avaliar esses critérios de localização e segurança para oferecer o melhor ao consumidor e facilitar a entrega de mercadoria por parte dos fornecedores. O SEBRAE cita alguns critérios a serem considerados para escolha do ponto de venda, dentre eles: [...] infraestrutura local (oferta de serviços públicos de transporte, segurança, limpeza, entre outros); facilidade de acesso, circulação e estacionamento; fluxo de tráfego e sentido direcional da via. (2015) Uma das opções para driblar um pouco essa questão, pelo menos diante do consumidor, seria investir na vitrine da loja. Essa estratégia pode influenciar os consumidores a entrar e consumir. A vitrine é o primeiro pondo de visão do cliente, iniciando aí o desejo ou não de entrar na loja. Isso pode ser capaz de persuadir o cliente, levando-o a comprar por impulso. Garcia (2015, p. 137) afirma que a compra planejada é aquela que o consumidor já sabe o que quer, enquanto a compra por impulso, é o ambiente e as aparências que incentivarão a compra. Isso pode ser observado no gráfico abaixo. Tabela 3: Delitos no Complexo do Nordeste de Amaralina Fonte: Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia 14 Portanto, é importante despertar nas pessoas a sensação de prazer através de seus sentimentos, conhecer seu público e atingir o seu âmago. 6. RESULTADOS ESPERADOS Com os fatos observados e as sugestões apresentadas espera-se que a empresa evite a perda de capital por conta de passivos trabalhista em função de um possível desvio/ acúmulo de função, em virtude da falta de informações claras e pertinentes quanto às atividades dos seus colaboradores e, ainda, elevar o nível de satisfação dos mesmos. Quanto ao marketing, a intenção é a consolidação da marca através de um investimento mais específico no setor, pois a partir das ações de marketing será possível, inclusive, prever as vendas nas ações seguintes e analisar a imagem da empresa frente ao seu público-alvo. A melhoria no âmbito financeiro gerará à empresa maior controle dos gastos e dos custos, possibilitando medir a sua saúde financeira, além de auxiliar na tomada de decisão. As ações de logística possibilitarão maior controle do estoque e do tempo necessário para solicitação de novos produtos, considerando a margem temporal entre o pedido e a entrega. A boa imagem física da loja pode diminuir a sensação de insegurança do bairro, pois isso mexe com os sentimentos internos das pessoas, despertando o interesse pela compra dos produtos. Gráfico 1: Índice de compra por impulso Fonte: Ferraciú (2007, p. 51 apud Garcia, 2015, p. 137) 15 7. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir do estudo realizado foi possível perceber que a confecção de um plano de negócios não deve ser pautada apenas na vontade do empreendedor em abrir um novo negócio. É preciso uma análise criteriosa dos aspectos que abrangem as áreas citas: recursos humanos, financeira, marketing e produção e logística. É fundamental que todo o trabalho seja submetido a um planejamento que indicará a viabilidade do negócio, a partir de um plano de ação. A análise dos recursos disponíveis e a compilação dos gastos e dos custos para iniciar o investimento servirá como auxílio na tomada de decisão da administração da empresa. Deverão ser traçadas estratégias capazes de satisfazer o cliente interno, mas também conquistar os externos – clientes e consumidores. Esse equilíbrio somente será possível com a participação de colaboradores satisfeitos, que trabalharão em consonância com os objetivos e estratégias da empresa, capazes de compreender seus prospects e, através dessa satisfação alcançar a tão esperada venda e, mais que isso, fidelizá-los. Portanto, o plano de negócios não é um mero documento, mas um direcionador das ações a serem tomadas pelaempresa com o intuito de atingir seus objetivos, além de minimizar os riscos e as incertezas. 16 REFERÊNCIAS ÁVILA, Rafael. Como fazer o plano de marketing de um plano de negócios. Luz. Planilhas Empresariais. Disponível em: <https://blog.luz.vc/como-fazer/como-fazer-o- plano-de-marketing-de-um-plano-de-negocios/> Acesso em 20/10/2017. BAHIA. Secretaria de Segurança Pública do Estado da Bahia. Segurança. Disponível em: < http://www.ssp.ba.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=91>. Acesso em 03/11/2017. BRAS, Ailim. Quais as diferenças entre acúmulo e desvio de função. Rádio TST. SECOM Secretaria de Comunicação Social. Disponível em: <http://www.tst.jus.br/radio- outras-noticias/-/asset_publisher/0H7n/content/reportagem-especial-quais-as-diferencas- entre-acumulo-e-desvio-de-funcao?redirect=http://www.tst.jus.br/radio-outras- noticias%3Fp_p_id%3D101_INSTANCE_0H7n%26p_p_lifecycle%3D0%26p_p_state%3D normal%26p_p_mode%3Dview%26p_p_col_id%3Dcolumn- 2%26p_p_col_pos%3D1%26p_p_col_count%3D3> Acesso em 19/10/2017. CHIAVENATO, Idalberto. Planejamento e controle da produção. 2ª ed. Barueri: Manole, 2008. 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