Buscar

Semiologia Neurológica

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 46 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Resumo de Semiologia 
Neurológica 
Danilo Fernando – Medicina UFRGS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Resumo baseado em anotações de aula e nos livros Neuroanatomia Funcional 3ªEd – Ângelo 
Machado, Netter – Neurologia Essencial, The Netter Collection of Medical Illustration 2ed – Ner-
vous System, Propedêutica Médica – Barbara Bates 11ªEd, Tratado de Semiologia Medica 7ªEd – 
Swartz, Semiologia Médica7ªEd – Porto, Tratado de Semiologia Médica – Rose Mary Lisboa, 
Semiologia Médica 1ªEd – Rocco 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
1 
 
1 
 
 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
2 
 
2 
 
Sumário 
Neurologia ................................................................................................................................................................................................. 3 
Noções de Anatomia e Fisiologia .......................................................................................................................................................... 3 
Sistema Nervoso Central (SNC) ........................................................................................................................................................ 3 
Sistema Nervoso Periférico (SNP) .................................................................................................................................................... 6 
Reflexos ............................................................................................................................................................................................ 9 
Avaliação Clínica Neurológica ............................................................................................................................................................. 10 
Atitude Física ou Posição do Paciente ............................................................................................................................................ 10 
Avaliação das Funções Mentais Superiores ................................................................................................................................... 10 
Estado Mental .......................................................................................................................................................................... 10 
Coerência ................................................................................................................................................................................. 10 
Orientação ............................................................................................................................................................................... 11 
Memória .................................................................................................................................................................................. 11 
Fala e Linguagem ..................................................................................................................................................................... 11 
Avaliação da Marcha (Equilíbrio Dinâmico) ................................................................................................................................... 13 
Equilíbrio Estático .......................................................................................................................................................................... 15 
Coordenação Apendicular .............................................................................................................................................................. 15 
Tônus Muscular e Trofismo ............................................................................................................................................................ 17 
Movimentos Involuntários ............................................................................................................................................................. 19 
Movimento Voluntário – Força ...................................................................................................................................................... 21 
Reflexos Miotáticos ........................................................................................................................................................................ 24 
Reflexos Superficiais (Cutâneos) .................................................................................................................................................... 26 
Sensibilidade – Modalidades Sensoriais Simples ........................................................................................................................... 27 
Sensibilidade – Gnosias .................................................................................................................................................................. 28 
Praxia ............................................................................................................................................................................................. 30 
Nervos Cranianos ........................................................................................................................................................................... 31 
Nervo Olfatório (NC I) .............................................................................................................................................................. 31 
Nervo Óptico (NC II) ................................................................................................................................................................. 32 
Nervos Oculomotor (NC III), Troclear (NC IV) e Abducente (NC VI) ......................................................................................... 34 
Nervo Trigêmeo (NC V) ............................................................................................................................................................ 36 
Nervo Facial (NC VII) ................................................................................................................................................................ 37 
Nervo Vestibulococlear (NC VIII) .............................................................................................................................................. 39 
Nervos Glossofaríngeo (NC IX) e Vago (NC X) .......................................................................................................................... 40 
Nervo Acessório (NC XI) ........................................................................................................................................................... 40 
Nervo Hipoglosso (NC XII) ........................................................................................................................................................ 40 
Principais Síndromes Neurológicas ..................................................................................................................................................... 41 
Síndromes Motoras ........................................................................................................................................................................ 41 
Paralisias ou Impedimentos ao Movimento Voluntário ........................................................................................................... 41 
Anormalidades da Postura e do Movimento Involuntário ....................................................................................................... 43 
Síndromes Medulares ....................................................................................................................................................................44 
Síndromes Sensitivas ...................................................................................................................................................................... 45 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
3 
 
3 
 
Neurologia 
Noções de Anatomia e Fisiologia 
Sistema Nervoso Central (SNC) 
• Encéfalo: compreende o tronco encefálico, constituído 
pelo bulbo, ponte e mesencéfalo; o cerebelo; e o cérebro; 
este último é constituído pelo diencéfalo e pelo telencéfalo. 
 Responsável pelas funções mentais motoras, sensitivas, 
associativas e superiores; 
 O encéfalo é constituído por uma vasta rede de neurô-
nios (células nervosas) interconectados, formados por cor-
pos celulares e axônios (longas fibras que conduzem impul-
sos para outras partes do sistema nervoso); 
 Essas estruturas, contidas na cavidade craniana, juntam-se à medula espinal, contida no canal 
vertebral, formando o sistema nervoso central (SNC). 
 
• Cérebro: composto por diencéfalo (tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo) e telencéfalo 
(compreende os dos hemisférios cerebrais – direito e esquerdo). 
 Parte mais desenvolvida do encéfalo e ocupa cerca de 80% da cavidade craniana; 
- O córtex tem aspecto enrugado, constituindo os giros e os sulcos, disposição esta que possibilita o 
aumento considerável da camada cortical. 
 
a) Diencéfalo: estrutura ímpar, situada na região central encefálica 
que é recoberta pelos dois hemisférios cerebrais – composto por 
tálamo, hipotálamo, epitálamo e subtálamo (imagem ao lado). 
 
a1) Tálamo: região de grande importância funcional e atua como 
uma estação de retransmissão para os principais sistemas sensiti-
vos (exceto a via olfatória). 
 Está ainda implicado no controle da motricidade (extrapirami-
dal), no comportamento emocional e no grau de ativação do córtex – as atividades do tálamo estão 
estreitamente relacionadas com o córtex cerebral. 
 
a2) Hipotálamo: envolvido na coordenação das respostas fisiológicas dos diferentes órgãos → man-
tém a homeostasia. 
 Funções: controle da atividade visceral, regulação da temperatura, controle emocional, regula-
ção do sono/vigília, regulação da fome/sede, regulação da diurese, regulação do metabolismo, re-
gulação da adeno-hipófise e comportamentos emocionais (p.e. raiva e impulso sexual). 
 
a3) Epitálamo: possui função endócrina (secreção de melatonina) e não-endócrina, onde atua no 
sistema límbico (centro de integração de vias aferentes olfatórias, viscerais e somáticas). 
 
a4) Subtálamo: importante no controle motor – ajustes do movimento (extrapiramidal). 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
4 
 
4 
 
b) Telencéfalo: composto por dois hemisférios cere-
brais, onde cada um deles possui um córtex cerebral 
(substância cinzenta organizada em camadas celula-
res, e localizada superficialmente nos hemisférios), a 
substância branca subjacente e os núcleos da base 
(substância cinzenta organizada em núcleos, situada 
profundamente nos hemisférios). 
 Os hemisférios cerebrais compreendem os lobos 
frontais, temporais, parietais, occipitais e os lobos 
das ínsulas (conforme a imagem ao lado). 
- Cada lobo exerce tarefas especiais, apesar de o sistema nervoso funcionar de modo integrado. 
 Lobo frontal: planejamento e processamento motor voluntário, integração de funções superio-
res, como expressão da linguagem, consciência, raciocínio e tomada de decisão; 
 Lobo temporal: processamento de informações auditivas, gustativas e olfatórias, além de inte-
gração multimodal e de linguagem (percepção linguística); 
 Lobo parietal: processamento de informações táteis e integração sensorial multimodal; 
 Lobo occipital: processamento de informações visuais e integração sensorial multimodal; 
 Lobo da insula: processamento emocional para coordenação de comportamentos e estados 
emocionais. 
 
• “Dominância hemisférica”: estabelece o predomínio inato e 
funcional de um dos hemisférios cerebrais. 
 ±80% dos indivíduos apresenta dominância no hemisfério 
esquerdo, especialmente para as funções práxicas (atividade 
motora coordenada com uma finalidade – p.e. abrir uma porta), 
gnósicas (percepção tátil de ‘objetos/coisas’ existentes na me- 
mória do indivíduo) e da linguagem; 
- Hemisfério direito, nesses indivíduos, auxilia o esquerdo em 
suas funções (i.e. ele é muito ativo!). 
 Nos canhotos, entretanto, a dominância costuma ser no hemis- 
fério direito no que diz respeito à linguagem e à habilidade manual. 
 
*Importante: o hemisfério esquerdo controla funções do lado direito do corpo, assim como o he-
misfério esquerdo controla o lado direito. A exceção é o olfato, que é ipsilateral. 
 
• Núcleos da base: situados profundamente nos hemisférios cerebrais. 
 Funções: controle motor, controle da motricidade ocular, seleção e automatização de rotinas, 
controle de funções “executivas”, controle da motivação, controle da atenção, controle do afeto; 
- As mais conhecidas funções estão associadas aos sistemas motores somático (circuito motor) e 
visual (circuito oculomotor). 
 Envolvidos com movimentos finos das extremidades; 
 Grande importância no sistema extrapiramidal – relacionado com a modulação dos movimentos 
corporais voluntários, alterações posturais e integração autonômica. 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
5 
 
5 
 
• Cerebelo: estrutura dividida filogeneticamente em arquicerebelo (parte mais 
primitiva – responsável pela manutenção do equilíbrio através da coordenação 
muscular), paleocerebelo (controle do tônus muscular e manutenção postural) e 
neocerebelo (coordenação do movimento voluntário). 
 Ocupa cerca de 10% da cavidade craniana; 
 Realiza conexão ipsilateral (i.e. em caso de lesões cerebelares, os sinais e sin-
tomas corresponderão ao mesmo lado em que ocorreu a lesão). 
• Tronco encefálico: conecta a medula espinal com as estruturas encefálicas 
localizadas superiormente – dividido em mesencéfalo, ponte e bulbo. 
 Mesencéfalo: origem dos núcleos dos pares cranianos III e IV; 
- Áreas integrativas visuais, auditivas e pupilares. 
 Ponte: origem dos núcleos dos pares cranianos V, VI e VII; 
- Áreas de integração visceral (mastigação, salivação), expressão facial (mo-
vimentos oculares, fixação do olhar, expressão facial); 
- Equilíbrio postural do corpo. 
 Bulbo: origem dos núcleos dos pares cranianos VIII, IX, X, XI, XII. 
- Áreas de integração visceral (respiratório, vasomotor, vomito, tosse, 
movimentos linguais, etc.); 
- Pirâmides: estrutura formada por um feixe compacto de fibras nervosas 
descendentes que ligam as áreas motoras do cérebro aos neurônios 
motores da medula. 
∟Este trato é chamado de trato piramidal (ou trato córtico-espinhal); 
∟ Cerca de 90% dessas fibras motoras cruzam-se na linha 
média, formando a decussação das pirâmides. 
 
• Medula espinal: situada abaixo do bulbo – possui aspecto alongado, 
envolta pela coluna vertebral e que termina ao nível da primeira ou 
da segunda vértebra lombar (L1 ou L2) – abaixo disso encontra-se a 
cauda equina (formada por raízes nervosas do SNP e líquor). 
 Atua como um conduto para o fluxo de informações aferentes e 
eferentes do cérebro; 
 Apresenta duas regiões de intumescência – cervical e lombar (ple-
xos braquial e lombo-sacral, responsáveis, respectivamente, pela co-
ordenação dos membros superiores e inferiores). 
 Dividida em segmentos: 
- Cervical (C1-C8); 
- Torácico (T1-T12); 
- Lombar (L1-L5); 
- Sacral (S1-S5);- Coccígeo. 
 
*Curiosidade: para não lesionar a medula espinal, a maioria das punções lombares é realizada nos 
interespaços vertebrais de L3-L4 ou L4-L5. 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
6 
 
6 
 
Sistema Nervoso Periférico (SNP) 
• Sistema nervoso periférico (SNP): formado por nervos (cranianos, 12 pares – espinhais, 31 pares), 
gânglios e terminações nervosas. 
 Dividido em sistemas nervoso somático e nervoso autônomo. 
- Somático: controla fundamentalmente a musculatura esquelética, de contração voluntária; 
- Autônomo: exerce controle de funções geralmente independentes da vontade. 
∟Subdivido em simpático e parassimpático. 
 
• Nervos cranianos: doze pares de nervos especializados, denominados nervos cranianos, que 
emergem da abóbada craniana através dos forames e canais do crânio e se conectam às estruturas 
na cabeça e no pescoço. 
 Origem dos nervos: III a XII originam-se no diencéfalo e no tronco encefálico. 
- NCs I e II são, na verdade, tratos de fibras que emergem do cérebro. 
 
• Nervos cranianos (NC) e suas funções: 
1) NC I (olfatório): olfato; 
2) NC II (óptico): visão; 
3) NC III (oculomotor): constrição pupilar, abertura dos olhos (elevação da pálpebra) 
e a maioria dos movimentos extraoculares; 
4) NC IV (troclear): rotação interna (medial) e para baixo do olho; 
5) NC V (trigêmeo): possui funções sensoriais e motoras; 
 Motor: músculos temporal e masseter (ato de cerrar 
a mandíbula), músculos pterigoideos laterais (movi-
mento de lateralização da mandíbula); 
 Sensorial – facial: o nervo tem três divisões: oftálmica 
(V1), maxilar (V2) e mandibular (V3). 
6) NC VI (abducente): desvio lateral (externo) do olho; 
7) NC VII (facial): possui funções sensoriais e motoras; 
 Motor: movimentos faciais, inclusive aqueles da expressão facial, fechamento dos olhos e fecha-
mento da boca; 
 Sensorial: paladar para substâncias salgadas, doces, azedas e amargas nos ⅔ anteriores da língua 
8) NC VIII (vestibulococlear): audição (divisão coclear) e equilíbrio (divisão vestibular); 
9) NC IX (glossofaríngeo): possui funções sensoriais e motoras; 
 Motor: faringe; 
 Sensorial: partes posteriores da membrana timpânica e do meato acústico, a faringe e o ⅓ pos-
terior da língua, inclusive paladar (salgado, doce, azedo, amargo). 
10) NC X: (vago): possui funções sensoriais e motoras; 
 Motor: palato, faringe e laringe; 
 Sensorial: faringe e laringe. 
11) NC XI (acessório): músculo esternocleidomastoideo e a parte 
superior do músculo trapézio; 
12) NC XII (hipoglosso): movimento da língua. 
 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
7 
 
7 
 
• Vias motoras (eferentes): se estendem desde os neurônios motores superiores, por meio de lon-
gos tratos de substância branca, e fazem sinapse com os neurônios motores inferiores, seguindo 
depois para a periferia por meio de estruturas nervosas periféricas – podemos dividir didatica-
mente em vias piramidal (passa pelas pirâmides bulbares) e extrapiramidal (não passa). 
 Neurônios motores superiores: localizados na faixa motora do córtex cerebral e em vários nú-
cleos do tronco encefálico – possuem axônios que fazem sinapses com núcleos motores no tronco 
encefálico (nervos cranianos) e na medula espinal (nervos periféricos); 
 Neurônios motores inferiores: têm corpos celulares na medula espinal, denominadas células do 
corno anterior; seus axônios transmitem impulsos através das raízes anteriores e dos nervos espi-
nais para os nervos periféricos, terminando na junção neuromuscular. 
 
a) Via piramidal: 
 Trato córtico-espinhal (piramidal): une o córtex cerebral aos neurônios motores da medula. 
- A maioria das fibras são motoras somáticas – 90% decussam na região das pirâmides bulbares 
(TCE lateral – “motricidade voluntária é cruzada”), 10% não decussa (TCE anterior). 
- Medeia o movimento voluntário e faz a integração de movimentos delicados, complicados ou que 
exijam destreza; 
- Carreiam impulsos que inibem o tônus muscular, ou seja, a discreta tensão mantida pelos múscu-
los normais mesmo quando relaxados – há estimulação/inibição de determinadas ações musculares 
 Trato córtico-nuclear (bulbar): transmite impulsos aos neurônios motores do tronco encefálico. 
- Fazem sinapse no tronco encefálico com os núcleos motores dos nervos cranianos. 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
8 
 
8 
 
Influenciam a 
musculatura do 
esqueleto axial e a 
musculatura proxi-
mal dos membros. 
b) Via extrapiramidal: 
 Trato teto-espinhal: responsável pela orientação reflexa da cabeça e manu- 
tenção da focalização visual aos estímulos visuais – possui projeção homolateral; 
 Trato vestíbulo-espinhal: atuam no controle do tônus dos músculos exten- 
sores na manutenção anti-gravitacional da postura – manutenção do equilíbrio; 
 Trato retículo-espinhal (pontino e bulbar): responsável pela postura básica 
necessária a execução de movimentos delicados; 
 Trato rubro-espinhal: controla os músculos distais dos membros, sob o comando de influencias 
corticais – possui projeção contralateral. 
• Vias sensoriais (aferentes): levam diferentes formas de sensibilidade dos receptores periféricos 
ao córtex – as vias exteroceptivas e proprioceptivas são avaliadas no exame neurológico. 
 Todas as formas de sensibilidade geral estão representadas na medula e formam as grandes vias 
aferentes – as sensibilidades especiais têm correspondência com o tronco encefálico (visão, audi-
ção, equilíbrio, gustação e olfato); 
 Funções da sensibilidade: percepção sensorial, manutenção do estado consciente, controle do 
movimentos somáticos, regulação dos órgãos viscerais internos; 
 Vias aferentes: iniciam na periferia, nos receptores (terminações nervosas sensíveis aos estímu-
los específicos de cada via) e seguem para um nervo espinhal (ou craniano) e um gânglio sensitivo 
associado; depois, em direção ao SNC, agrupam-se em feixes (tratos, fascículos, lemniscos) de 
acordo com a função; seguem para áreas de projeção corticais e podem ter como destino o cérebro 
(sensibilidade consciente) ou o cerebelo (sensibilidade inconsciente). 
 
a) Vias exteroceptivas: 
a1) Protopática: responsável pela sensação de dor, temperatura, 
tato protopático (grosseiro) e pressão – há decussação à nível 
medular e, em seguida, ascensão da aferência pelo trato espino-
talâmico (conforme a imagem ao lado). 
 Trato espinotalâmico anterior: responsável pelo tato protopá-
tico (grosseiro) e pressão; 
 Trato espinotalâmico lateral: responsável pela sensação de 
dor e temperatura (termoalgesia). 
 
a2) Epicrítica (tato preciso e localizado): localiza e descreve as características táteis de um objeto. 
 
*Importante¹: o tato epicrítico e a propriocepção consciente possuem vias idênti-
cas de condução – elas permitem que o indivíduo reconheça e discrimine a forma 
e tamanho dos objetos sem o auxílio da visão → estereognosia. 
- Fascículo grácil (conduzem impulsos dos membros inferiores e porção inferior 
do tronco) e fascículo cuneiforme (conduzem impulsos dos membros superiores 
e da porção superior do tronco); 
- Essas duas vias ascendem até o bulbo pelos funículos grácil e cuneiforme e so-
frem decussação no bulbo (conforme a imagem ao lado). 
 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
9 
 
9 
 
*Importante²: as aferências táteis (protopática e epicrítica) são sobrepostas e têm suas funções du-
plicadas nas vias entre a periferia e o córtex → em caso de lesão emuma via, o tato permanecerá. 
 
b) Vias proprioceptivas: 
b1) Consciente: responsável pela sensibilidade vibratória (p.e. estímulos vibratórios de um diapa-
são) e sensibilidade cinético-postural (capacidade de situar partes do corpo ou perceber seu movi-
mento sem auxílio visual). 
 
b2) Inconsciente: reconhecimento da posição de membros e articulações. 
 Trato espino-cerebelar anterior: estímulos oriundos dos membros; 
- Via homolateral (as fibras se cruzam 2 vezes – 1ª na medula e a 2ª antes de penetrar no cerebelo); 
 Trato espino-cerebelar posterior: estímulos oriundos do tronco. 
Reflexos 
• Conceitos importantes: 
 Fuso neuromuscular: capaz de realizar ajustes muito rápidos 
quando o músculo é estirado – mantém o comprimento do muscular 
em um valor desejado (responsável pelo tônus muscular); 
 Órgão tendinoso de Golgi: diminui a ativação do músculo quando 
forças excepcionalmente grandes são geradas → proteção da integri-
dade muscular. 
 
• Reflexos espinais: resposta estereotipada involuntária que envolve até 
mesmo dois neurônios, um aferente (sensorial) e um eferente (motor), atra-
vés de uma sinapse única – são retransmitidos para estruturas do SNC e SNP. 
 Para que o reflexo ocorra, todos os componentes do arco-reflexo têm de 
estar íntegros: fibras nervosas sensoriais, sinapse na medula espinal, fibras 
nervosas motoras, junção neuromuscular e fibras musculares. 
 
• Reflexo monossinaptico: envolve arcos-reflexos com uma sinapse do SNC. 
 É a base das respostas testadas em exames neurológicos; 
- Reflexos tendinosos profundos: aquileu (S1, basicamente), patelar (L2, L3, 
L4), supinador/braquiorradial (C5, C6), bicipital (C5,C6), tricipital (C6, C7). 
∟Um reflexo anormal pode ajudar a localizar uma lesão patológica. 
 Estiramento do músculo (p.e. ao percutir com o martelo sobre o tendão) 
→ reflexo miotático (ocorre uma contração da musculatura agonista e o re-
laxamento da antagonista [inervação recíproca]); 
 Mecanismos (conforme o esquema ao lado): 
a) O estímulo é sentido pelo órgão receptor, enviado à medula através de 
neurônios aferentes; 
b) Na medula, neurônios associativos recebem a informação e emitem uma 
ordem de ação através dos neurônios motores; 
c) Os neurônios eferentes chegam ao órgão efetor que realizará uma res-
posta ao estímulo inicial. 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
10 
 
10 
 
Avaliação Clínica Neurológica 
Atitude Física ou Posição do Paciente 
• Atitude ativa: pode ser indiferente (quando não há desconforto e o indivíduo pode ficar em qual-
quer posição) ou eletiva (indivíduo adota uma posição peculiar com o objetivo de diminuir um des-
conforto ou devido a limitação funcional); 
• Atitude passiva: quando o paciente não é capaz de movimentar voluntariamente. 
Avaliação das Funções Mentais Superiores 
Estado Mental 
• Nível de consciência: refere-se ao estado de alerta do indivíduo, portanto, de sua capacidade 
para interagir com o meio. 
a) Estado de vigília (lucidez): percepção consciente do mundo exterior e de si mesmo – paciente 
abre os olhos, olha para o examinador e responde de modo pleno e apropriado aos estímulos. 
 Abordagem: converse com o paciente com um tom normal de voz. 
 
b) Sonolência/letargia: paciente é facilmente despertado, abre os olhos e olha para o examinador, 
responde mais ou menos adequadamente e volta a dormir. 
 Abordagem: converse com o paciente em voz mais alta – por exemplo, chame o nome do paci-
ente ou pergunte como ele está passando. 
 
c) Obnubilação: consciência levemente comprometida e estado de alerta comprometido discreta-
mente – paciente abre os olhos e olha para o examinador, mas responde lentamente e parece algo 
confuso – o grau de interesse e o nível de consciência estão diminuídos. 
 Abordagem: sacuda gentilmente o paciente como se o estivesse acordando. 
 
d) Estupor ou torpor: nível de consciência mais comprometido, paciente desperta por estímulos 
fortes (p.e. estímulos dolorosos) e pode apresentar movimentos espontâneos. 
- Abordagem: aplique um estímulo álgico – por exemplo, belisque um tendão, friccione o esterno 
ou risque um leito ungueal com a ponta aguçada de um lápis (não mais intensos do que isso!). 
 As respostas verbais são lentas ou até mesmo inexistentes; 
 O paciente retorna ao estado não reativo quando o estímulo cessa; 
 Existe mínima conscientização de si mesmo ou do ambiente. 
 
e) Coma: incapacidade de o paciente perceber e compreender o mundo exterior e a si mesmo – pa-
ciente não responde aos estímulos e permanece com os olhos fechados; 
 Abordagem: aplique repetidamente estímulos álgico. 
Coerência 
• Coerência: característica daquilo que tem lógica e coesão, quando um conjunto de ideias ou fatos 
apresenta nexo e uniformidade; 
• Incoerência: forma grave de transtorno do pensamento e da linguagem, cujas características prin-
cipais consistem em distorções gramaticais, mudanças inexplicáveis de um tópico para outro e au-
sência de uma conexão lógica entres as partes do discurso. 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
11 
 
11 
 
Orientação 
• Orientação: capacidade de estar orientado quanto à própria pessoa, tempo e espaço. 
 Na pessoa: perguntar o nome do paciente, idade, local de nascimento e nome dos pais; 
 No tempo: pergunta-se ao paciente o ano, o mês, o dia do mês, da semana e a estação do ano; 
 No espaço: pergunta-se o número do andar ou o setor em que se encontra no momento, o 
nome do local onde se encontra, a cidade, o estado e o país. 
• Desorientação: síndrome frequente em quadros psicorgânicos (sendo denominada confusão 
mental ou delirium), mas pode ocorrer em pacientes psicóticos. 
Memória 
• Memória: capacidade para acumular e reter informações percebidas – relacionada o tempo 
transcorrido entre sua aquisição e o momento em que são evocadas. 
a) Imediata: informações adquiridas há segundos, minutos. 
 Abordagem: dizer uma sequência de números ao paciente (em torno de 6-7 números) e pedir 
para que ele repita em seguida – também podemos dizer 3 palavras (utilizadas para testar a memó-
ria recente – exemplos: “pente, rua, azul” ou “orangotango, quente, China”) e pedir para que ele 
repita em seguida (teste de memória imediata) e memorize para que seja perguntado posterior-
mente (teste de memória recente). 
 
b) Recente: informações adquiridas há minutos, horas, poucos dias. 
 Abordagem: dizer 3 palavras ao paciente e pedir para que ele as memorize (p.e. “pente, rua, 
azul”, “orangotango, quente, China”), após 5-10 minutos pedir para que ele repita as palavras. 
 
*Importante: a memória recente é comprometida na demência e no delirium. 
- Os transtornos amnésicos comprometem a memória ou a capacidade de aprender coisas novas e 
reduzem a capacidade funcional social ou ocupacional do indivíduo, sem ter as características glo-
bais do delirium ou da demência; 
- Ansiedade, depressão e retardamento mental também comprometem a memória recente. 
 
c) Memória remota: informações adquiridas há semanas, meses, anos. 
 Abordagem: perguntar sobre datas de nascimento, aniversários, número da identidade, nomes 
de escolas frequentadas, empregos que a pessoa teve ou eventos históricos passados, como guer-
ras relevantes no passado do paciente. 
- Devem ser passiveis de verificação pelo orientador – a presença de acompanhante pode ser de 
grande ajuda para confirmar os fatos. 
 
*Importante: a memória remota está comprometida na fase avançada da demência. 
Fala e Linguagem 
• Linguagem: qualquer meio sistemático de comunicar ideias ou sentimentosatravés de signos convencionais, sonoros, gráficos, gestuais; 
 Área de Broca: responsável pela expressão da linguagem; 
 Área de Wernicke: responsável pela formação da linguagem. 
• Disfasia: dificuldade de compreender ou de falar em decorrência de disfunção cerebral; 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
12 
 
12 
 
• Afasias: distúrbios da compreensão e da expressão da linguagem falada e escrita. 
 Afasia motora (de expressão): paciente sabe o que quer dizer, mas tem um comprometimento 
motor e não consegue articular apropriadamente – os pacientes compreendem ordens escritas e 
verbais, mas não conseguem repeti-las. 
- Geralmente os pacientes apresentam-se nervosos, inquietos e alguns tentam expressar alguma 
forma de vocalização (sons monossílabos, dissílabos) – podemos abordá-los perguntando se estão 
nos compreendendo como: “Se o senhor. estiver compreendendo, poderia levantar a mão?”. 
 Afasia sensitiva (de recepção): paciente articula espontaneamente a fala, porém usa palavras im-
próprias – ele tem dificuldade de compreender ordens escritas e verbais e não consegue repeti-las. 
- Geralmente os pacientes apresentam-se dispersos e respondem com palavras aleatórias e sem 
coerência. 
∟Exemplo: entrevistador – “Qual o nome da senhora.?” 
 paciente – “O ônibus está atrasado!” 
 
*Importante: demência degenerativa pode iniciar o quadro com afasia. 
 
• Avaliação da linguagem: 
 Fala espontânea: 
- Articulação das palavras: observar se as palavras são pronunciadas de modo claro e distinto; 
- Fluência: essa característica envolve a velocidade, o fluxo e a melodia da fala, além do conteúdo e 
do uso das palavras; 
- Parafasias palavras deformadas (“eu escrevo com uma paneta”), erradas (“eu escrevo com um 
chapéu”) ou inventadas (“eu escrevo com um cristóbolo”). 
 Nomeação: pedir ao paciente para dizer nome de objetos comuns (relógio, mesa, caneta); 
 Repetição: pedir ao paciente para repetir uma frase curta, como "sem nem, mas nem porquê"; 
 Leitura: pedir ao paciente para ler uma passagem curta em voz alta; 
 Escrita: pedir ao paciente para que escreva uma passagem curta. 
 
Transtornos da linguagem (tabela – Bates): 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
13 
 
13 
 
Avaliação da Marcha (Equilíbrio Dinâmico) 
• Marcha ou equilíbrio dinâmico: ao observar a maneira pela qual o paciente se locomove é possí-
vel, em algumas afecções neurológicas, suspeitar ou fazer o diagnóstico sindrômico. 
 Marcha normal: paciente anda em linha reta e vira-se – normalmente o equilíbrio é fácil, os bra-
ços se deslocam alternadamente ao lado do tronco e o ato de virar é realizado sem oscilação; 
 Disbasia: todo e qualquer distúrbio da marcha – pode ser uni ou bilateral. 
 
• Avaliação da marcha: 
 Observar a marcha; 
- Solicitar que o paciente caminhe pelo aposento ou no corredor, vire e retorne; 
- Avaliar postura, o equilíbrio, o balanço dos membros superiores e os movimentos dos membros 
inferiores (se o paciente estiver desequilibrado, protege-lo para evitar quedas). 
 Marcha tandem: caminhar com um pé atrás do outro em linha reta; 
- Pode revelar ataxia até então despercebida. 
 Caminhar na ponta dos pés e depois apoiado nos calcanhares. 
- Testes sensíveis, respectivamente, para flexão plantar e dorsiflexão dos calcanhares, assim como 
para equilíbrio; 
∟Caminhar na ponta dos pés e apoiado nos calcanhares pode revelar fraqueza da musculatura dis-
tal nos membros inferiores; 
∟A incapacidade de andar apoiado nos calcanhares é um teste sensível de lesão do TCE. 
 
• Marchas anormais (principais): 
a) Marcha ceifante (ou hemiplégica): paciente mantém o membro superior fletido em 90° 
no cotovelo e em adução, e a mão fechada em leve pronação. 
 O membro inferior do mesmo lado é espástico, e o joelho não flexiona – descreve um se-
micírculo quando o paciente troca o passo (lembra o movimento de uma foice em ação). 
 Causas: acidente vascular cerebral (AVC), síndrome piramidal. 
 
b) Marcha parkinsoniana: paciente anda como um bloco, enrijecido, sem o movimento au-
tomático dos braços – a cabeça permanece inclinada para a frente, e os passos são miúdos 
e rápidos, dando a impressão de que o paciente “corre atrás do seu centro de gravidade” e 
vai cair para a frente. 
 Causa: doença de Parkinson. 
 
c) Marcha cerebelar (marcha do ébrio ou ataxia cerebelar): paciente ziguezagueia como um bê-
bado – marcha insegura, titubeante e de base alargada, com dificuldade exagerada nas viradas. 
 Paciente não consegue ficar na posição ortostática com os pés juntos, estejam os 
olhos fechados ou abertos. 
 Causa: ataxia cerebelar (incoordenação de movimentos em decorrência de lesões 
do cerebelo). 
- Existem outros sinais de comprometimento cerebelar, tais como dismetria, nistagmo 
e tremor intencional. 
 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
14 
 
14 
 
d) Marcha escarvante (pé caído): paciente com paralisia do movimento de flexão dorsal do 
pé – ao tentar caminhar, toca com a ponta do pé o solo e tropeça – para evitar que isso 
aconteça, ele levanta acentuadamente o membro inferior. 
 Paciente arrasta os pés ou levantam muito os pés, com os joelhos flexionados, e os abai-
xam com uma pancada no solo, parecendo que estão subindo degraus de uma escada. 
- Esses pacientes não conseguem caminhar apoiados nos calcanhares. 
 Causas: lesão de nervo fibular ou ciático ou raiz de L5. 
 
e) Marcha tabética (talonante ou ataxia sensitiva): paciente mantém o olhar fixo no 
chão; os membros inferiores são levantados abrupta e explosivamente, e, ao serem re-
colocados no chão, os calcanhares tocam o solo de modo bem pesado – com os olhos 
fechados, a marcha apresenta acentuada piora, ou se torna impossível (indica perda da 
sensibilidade proprioceptiva). 
 Causas: tabes dorsalis (neurolues), mielose funicular (mielopatia por deficiência de 
vitamina B12, ácido fólico ou vitamina B6), mielopatia vacuolar (ligada ao vírus HIV), mi-
elopatia por deficiência de cobre após cirurgias bariátricas, compressões posteriores da 
medula (mielopatia cervical). 
 
f) Marcha em tesoura: paciente avança cada membro inferior lentamente, e as coxas tendem a 
cruzar uma com a outra anteriormente a cada passo – marcha rígida com passos curtos; 
 Os membros inferiores encontram-se enrijecidos e espásticos e permanecem semifletidos, os 
pés se arrastam e as pernas se cruzam uma na frente da outra quando o paciente tenta caminhar; 
 O paciente parece estar caminhando na água; 
 Causa: manifestações espásticas da paralisia cerebral. 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
15 
 
15 
 
Equilíbrio Estático 
• Prova de Romberg: paciente é colocado em posição ortostática, com os calcanhares unidos e 
pontas dos pés separados em 30°, cabeça reta, braços ao longo do corpo na posição anatômica, 
olhos fechados (para inibir a visão) por um período de 30-60s sem apoio (deve-se, no entanto, pro-
teger o paciente para que ele não se machuque caso caia). 
 É um teste proprioceptivo (observa a capacidade de o paciente de manter a posição ortostática). 
 Prova de Romberg negativa: ocorre apenas oscilação mínima; 
 Prova de Romberg positiva: paciente apresenta oscilações do corpo, 
com desequilíbrio e forte tendência à queda. 
- Tendência para a queda pode ser para qualquer lado e imediatamente 
após interromper a visão, indicando lesão das vias de sensibilidade pro-
prioceptivaconsciente (como acontece na síndrome cordonal posterior 
– lesão dos funículos posteriores [fascículos grácil e cuneiforme]). 
∟Na ataxia cerebelar, o paciente terá dificuldades em ficar de pé com 
os pés juntos, estejam os olhos abertos ou fechados. 
 
*Importante: diagnóstico diferencial para lesão do aparelho vestibular. 
- Tendência de queda sempre para o mesmo lado, após transcorrer pequeno período de latência; 
- Repetir a manobra com a cabeça do paciente virada para outro lado (queda mudará de sentido). 
Coordenação Apendicular 
• Coordenação: ação dos mecanismos reguladores na execução dos movimentos (por mais simples 
que eles sejam) – regulam a direção, velocidade e a medida → econômicos, precisos e harmônicos. 
 Coordenação adequada traduz o bom funcionamento de, pelo menos, dois setores do sistema 
nervoso: o cerebelo (centro coordenador) e a sensibilidade proprioceptiva (informa continuamente 
ao centro coordenador as modificações de posição dos vários segmentos corporais); 
 Ataxia: perda de coordenação motora – pode ser cerebelar, sensorial ou mista. 
 
• Provas de coordenação motora: dedo-nariz, dedo-nariz-dedo e calcanhar-joelho. 
 Repete-se a prova algumas vezes: primeiro, com os olhos abertos e, depois, fechados; 
- Movimento normal esperado é limpo (sem ruídos e tremores) e preciso. 
 Durante o movimento, observamos a harmonia, a medida e o aparecimento de tremores (em 
qual momento do movimento ele surge e sua intensidade). 
 Dismetria: consiste na execução defeituosa de movimentos que visam atingir um alvo, pois o in-
divíduo não consegue dosar exatamente o movimento. 
- Hipermetria: quando paciente passa o alvo; 
- Hipometria: quando paciente não atinge o alvo. 
 
• Prova índex-nariz: com o membro superior estendido lateralmente, o paciente é solicitado a to-
car a ponta do nariz com o indicador. 
 
 
 
 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
16 
 
16 
 
• Prova índex-nariz-índex: com o membro superior estendido 
lateralmente, o paciente é solicitado a tocar o dedo do examinador 
e, em seguida, tocar o próprio nariz. 
• Prova calcanhar-joelho: realizado na posição de decúbito dorsal com os 
membros inferiores estendidos, o paciente é solicitado a tocar o joelho oposto 
com a ponta do calcanhar do membro a ser examinado. 
 Deslizar o calcanhar pela crista da tíbia (conforme a imagem ao lado). 
 
*Importante: a realização dessas manobras de olhos fechados é fundamental na diferenciação de 
ataxias sensoriais, que pioram muito ao fechar os olhos, diferente da cerebelar. 
- Paciente com síndrome cerebelar pode decompor o movimento (fazer em "etapas"), errar o nariz 
(dismetria) e apresentar tremor durante o movimento (tremor de intenção). 
 
• Diadococinesia: consiste na alternância de movimentos rápidos – realização movimentos alterna-
tivos de pronação e supinação (conforme as imagens abaixo). 
 Eudiadococinesia: capacidade de realizar estes movimentos; 
 Disdiadococinesia: dificuldade em realiza-los; 
 Adiadococinesia: incapacidade de realiza-los. 
 
 
 
 
 
• Prova de Stewart-Holmes (ou do rechaço): com o antebraço parcialmente fletido, forçando em 
direção ao tórax (nunca direcionado à face – pedir para que o paciente vire a cabeça) e contra resis-
tência interposta pelo examinador que lhe segura o punho, este é bruscamente liberado. 
 Uma pessoa normal freia o movimento rapidamente; 
 Em lesões cerebelares, por falta de coordenação e de ação dos antagonistas, seu 
punho choca-se contra o ombro ou tórax. 
- Também pode ocorrer em hipotonia, déficit motor periférico e distúrbios extrapiramidais. 
• Prova da indicação de Bárány: examinador com os braços estendidos e indicado- 
res apontados para o paciente, paciente fecha os olhos, estende os braços e aponta 
o dedo indicador no dedo indicador do examinador – se houver desvio nos dois 
membros superiores: disfunção vestibular; se em só um membro, cerebelar. 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
17 
 
17 
 
Tônus Muscular e Trofismo 
• Tônus: estado de tensão constante no repouso ou a resistência a movimento passivo na ausência 
de contração voluntária – a intensidade do tônus de repouso em um músculo depende da atividade 
no segmento da medula espinal que o inerva. 
 Quando um músculo normal com inervação preservada está normalmente relaxado, ele mantém 
uma discreta tensão residual denominada tônus muscular. 
 
• Exame do tônus: realizado com paciente em decúbito dorsal em completo relaxamento muscular. 
 Inspeção: observar a posição dos membros (em flexão nas hemiplegias) e o contato das massas 
musculares com o leito/maca; 
 Palpação: identificar se os músculos estão flácidos demais (hipotonia), normais, ou hipertônicos; 
- Normalmente aumentada nas lesões motoras centrais e diminuída nas periféricas. 
 Movimentos passivos: realizar movimentos naturais de flexão e ex-
tensão nos membros com o objetivo de procurar por resistência (tônus 
aumentado) ou resistência abaixo do normal (tônus diminuído) – tam-
bém procurar se existe ou não exagero no grau de extensibilidade da fi-
bra muscular. 
- Exemplo: há diminuição do tônus quando a flexão da perna sobre a 
coxa faz com que o calcanhar toque facilmente a região glútea. 
 Balanço passivo: o examinador, com as suas duas mãos, segura e balança o antebraço do paci-
ente, observando se a mão se movimenta de forma normal, exagerada (na hipotonia) ou diminuída 
(na hipertonia) – manobra também pode ser aplicada nos membros inferiores. 
• Hipotonia: diminuição do tônus muscular – observa-se consistência muscular diminuída, passivi-
dade aumentada, extensibilidade aumentada; 
 Causas: lesões do cerebelo, coma profundo, estado de choque do SNC, lesões das vias da sensi-
bilidade proprioceptiva consciente e dos nervos, na coreia aguda e no mongolismo. 
 
• Hipertonia: aumento do tônus muscular – observa-se consistência muscular aumentada, passivi-
dade diminuída e extensibilidade aumentada. 
 Causas: lesões das vias motoras piramidal e extrapiramidal. 
 
a) Hipertonia piramidal (espasticidade): observada comumente na hemiplegia, na diplegia 
cerebral infantil, na esclerose lateral amiotrófica (ELA) e na mielopatia compressiva. 
 Principais características: 
- Eletiva: tem predomínio nos extensores dos membros inferiores e flexores dos membros 
superiores e atinge globalmente os músculos → postura de Wernicke-Mann (imagem ao lado); 
 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
18 
 
18 
 
- Elástica: possui retorno à posição inicial de um segmento do 
corpo (antebraço, por exemplo) no qual se interrompeu o mo-
vimento passivo de extensão; 
- Sinal do canivete: possui resistência inicial, porém uma vez 
vencida esta resistência inicial, o movimento fica fácil, quase 
espontâneo, até a flexão total do mesmo (imagem ao lado). 
b) Hipertonia extrapiramidal (rigidez): encontrada no parkinsonismo, na degeneração hepatolenti-
cular e em outras doenças desse sistema. 
 Tem duas características básicas que a diferenciam da hipertonia piramidal: 
- Não-eletiva: acomete globalmente a musculatura agonista, sinergista e antagonista; 
- Plástica: possui resistência constante à movimentação passiva, como se o 
segmento fosse de cera (rigidez cérea) – está habitualmente associada ao 
sinal da roda dentada, que se caracteriza por interrupções sucessivas do 
movimento, lembrando os dentes de uma engrenagem em ação. 
 
Distúrbios do tônus muscular (tabela – Bates):• Trofismo muscular: indicador da massa muscular – avalia-se a circunferência 
os braços, antebraços, coxas e pernas. 
 Hipotrofia: redução do trofismo; 
- Atrofia: ocorre em casos mais intensos (observe a imagem ao lado). 
- Causas: lesão do neurônio motor inferior, miopatias, desuso resultante de lesão 
 de neurônio motor superior ou imobilização do membro. 
 Hipertrofia: aumento do trofismo. 
- Causa neurológica (rara): miotonia congênita. 
 
• Exame do trofismo muscular: inspeção visual e palpação, observando-se seu volume. 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
19 
 
19 
 
Movimentos Involuntários 
• Extrapiramidais: 
 Movimentos atetóticos: mais lentos, sinuosos, frequentemente contí-
nuos, acometendo predominantemente extremidades distais (uni ou bilate-
ralmente), com contorção dos membros, hiperextensão e flexão dos dedos; 
- Pode ocorrer simultaneamente à coreia (coreoatetose); 
- Causas: anormalidades dos núcleos da base. 
 Movimentos coreicos: início abrupto, amplos, desordenados, rápidos e arrítmi- 
cos – localizados na face ou nos membros; 
- Paciente tende a esconder os movimentos anormais segurando os próprios membros; 
- Causas: hereditária (coreia de Huntington), febre reumática (coreia de Sydenham). 
 Movimentos distônicos: lentos, com contrações musculares muito vigorosas, de 
longa duração e que podem acometer grupos musculares isolados, um segmento cor-
poral ou grandes extensões corporais. 
 
• Convulsões: são movimentos musculares súbitos e incoordenados, involuntários e paroxísticos, 
que ocorrem de maneira generalizada ou apenas em segmentos do corpo (focais). 
 Convulsões focais: oriundas de redes limitadas a um hemisfério – podem ser bem localizadas ou 
apresentar distribuição mais ampla. 
 
Transtornos convulsivos focais (tabela – Bates): 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
20 
 
20 
 
 Convulsões generalizadas: oriundas em algum ponto em redes bilateralmente distribuídas que 
são rapidamente recrutadas – incluem estruturas corticais e subcorticais, mas não incluem necessa-
riamente todo o córtex. 
- Podem começar com movimentos corporais e/ou comprometimento da consciência. 
Transtornos convulsivos generalizados (tabela – Bates): 
 
• Sincinesias: movimentos associados anormais que se evidenciam nos membros deficitários 
quando o paciente executa um determinado movimento no lado não comprometido (p.e. a mão do 
lado hemiplégico se contrai quando o paciente fecha fortemente a mão do lado normal). 
 
• Fasciculações: contrações breves, arrítmicas e limitadas a um feixe muscular – pode ser visível 
sob a pele ou detectada mais profundamente com eletromiografia. 
 Em indivíduos normais podem ser espontâneas (ocasional), após exercício (fadiga), tensão, ansi-
edade, uso de café e cigarro; 
 Causas patológicas: síndrome do neurônio inferior, tétano, tireotoxicose. 
• Hemibalismo ou balismo (quando bilateral): movimentos amplos, de início e 
fim abruptos, envolvendo frequentemente os segmentos proximais dos mem-
bros e, também, tronco e segmento cefálico → deslocamentos bruscos, violen-
tos envolvendo grandes massas musculares. 
 Causas: lesão do núcleo subtalâmico contralateral devido AVC, traumatismo, 
tumor cerebral etc. 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
21 
 
21 
 
• Tremores: movimento involuntário estereotipado, rítmico, produzido por contrações alternadas 
ou sequenciais de músculos agonistas e antagonistas de um segmento corporal. 
 Classificados em: 
a) Tremor de repouso: são mais proeminentes em repouso e diminuem ou 
desaparecem com os movimentos voluntários. 
- Comum na doença de Parkinson. 
 
b) Tremor postural: ocorre quando existe a manutenção voluntária de uma posição contra a gravi-
dade (testa-se com os braços estendidos em frente ao corpo). 
 Desaparece quando os músculos estão relaxados; 
 Tremores essenciais: condição esporádica com movimentos bilaterais, 
de alta frequência dos membros superiores que ocorrem com o movi-
mento dos dois membros e a postura sustentada – tremores da cabeça, 
da voz e dos membros inferiores também podem ocorrer. 
 
c) Tremor intencional: aparecem com o movimento e frequentemente se agra-
vam à medida que a mão se aproxima do alvo. 
 Podem ser uni ou bilaterais, acometem tanto os membros superiores quanto 
os membros inferiores; 
 Causas: transtornos das vias cerebelares (p.e. esclerose múltipla) ou em qual-
quer outra doença do cerebelo. 
Movimento Voluntário – Força 
• Em geral, a fraqueza proximal está relacionada com doença muscular e a fraqueza distal está rela-
cionada com doença neurológica. 
 Se for encontrada fraqueza muscular, compare as forças proximal e distal. 
• Graduação da força muscular: 
 Grau V: força muscular normal, vence a gravidade e a resistência do examinador; 
 Grau IV: vence a gravidade mas vence com dificuldade a resistência; 
 Grau III: vence a gravidade mas não vence a resistência; 
 Grau II: não vence a gravidade , apenas desloca o membro; 
 Grau I: não desloca o membro, apenas apresenta movimentos vestigiais, contração muscular; 
 Grau 0: ausência de contração muscular (plégico). 
 
• Provas deficitárias: realizadas para verificar deficiência motora dos membros. 
 Exame dos braços estendidos: paciente mantém os membros superiores estendi-
dos para frente no plano horizontal, com os dedos afastados entre si, por ±1 minuto; 
- Alterações podem indicar lesão do trato corticoespinal no hemisfério contralateral; 
- Deslocamento lateral ou ascendente, algumas vezes associado a movimentos contor-
cidos das mão, é um achado sugestivo de perda da propriocepção. 
 Manobra de Mingazzini: paciente em decúbito dorsal, com as coxas fazendo ân-
gulo de 90º com abdome e as pernas fazendo um ângulo de 90ª com as coxas e os pés 
na vertical por por ±1 minuto. 
- É comum o paciente elevar os membros inferiores durante a manobra. 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
22 
 
22 
 
• Avaliação por contra resistência: execução de um determinado movimento contra resistência 
oposta pelo examinador. 
 
EXAME DAS EXTREMIDADES SUPERIORES: 
 Exame da extensão e da flexão do braço: pode ser testada pedindo-se ao paciente que puxe e 
empurre contra resistência. 
- Você pode dizer: "Empurre para baixo... relaxe." "Empurre para cima... relaxe." "Empurre para 
trás... relaxe." "Empurre para a frente... relaxe." 
 
 Exame da abdução do braço: peça ao paciente para estender os braços com 
as palmas voltadas para baixo; 
- Coloque suas mãos na parte lateral dos braços do paciente e oriente-o a abdu-
zir os braços contra resistência; 
- Teste de abdução do braço pelo nervo axila, das raízes C5-C6. 
Exame da flexão do antebraço: peça ao paciente para cerrar o punho e flexionar o 
antebraço. 
- Segure o punho do paciente e solicite a ele que puxe o braço contra sua resistência; 
- Teste de flexão do antebraço pelo nervo musculocutâneo das raízes C5-C6. 
 
 Exame da extensão do antebraço: peça ao paciente para abduzir o braço e 
mantê-lo a meio caminho entre a flexão e a extensão. 
- Apoie o braço do paciente, segurando seu punho – oriente o paciente a estender o 
braço contra sua resistência; 
- Teste de extensão do antebraço pelo nervo radial das raízes C6-C8. 
 
 Exame da extensão do punho: oriente o paciente a cerrar o punho e estendê-lo 
enquanto você tenta empurrá-lo para baixo. 
- Teste de extensão do punho pelo nervo radial das raízes C6-C8. Exame da flexão do punho: solicite ao paciente que cerre o punho e o flexione 
enquanto você tenta puxá-lo para cima. 
- Teste de flexão do punho pelo nervo mediano das raízes C6-C7. 
 Exame da adução dos dedos: peça ao paciente para segurar seu segundo e ter-
ceiro dedos e apertá-los o mais forte que puder. 
- Importante que o examinador faça com as mãos cruzadas para evitar que a mão 
do paciente fique levemente pronada; 
- Teste de adução dos dedos pelo nervo mediano das raízes C7-T1. 
 
 Exame da abdução dos dedos: peça ao paciente para estender a mão com a 
palma voltada para baixo e abrir os dedos o máximo que puder – diga para resistir 
à sua tentativa de unir os dedos. 
- Teste de abdução dos dedos pelo nervo ulnar das raízes C8-T1. 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
23 
 
23 
 
 Teste do movimento de pinça: paciente é orientado a realizar uma pinça com o pole-
gar e o indicador enquanto o examinador tenta desfazer a pinça. 
- Teste de abdução do polegar pelo nervo mediano das raízes C8-T1. 
 
EXAME DAS EXTREMIDADES INFERIORES: 
 Exame da adução do quadril: peça ao paciente para afastar os dois membros 
inferiores e coloque suas mãos na parte medial dos joelhos dele – oriente-o a fe-
char os membros inferiores contra sua resistência. 
- Teste de adução do quadril pelo nervo obturador das raízes L2-L4. 
 
 Exame da abdução do quadril: coloque suas mãos nas margens laterais dos joe-
lhos do paciente. Peça a ele que abra os membros inferiores contra sua resistência. 
- Teste de adução dos quadris pelo nervo glúteo superior das raízes L4-S1. 
 
 Exame da flexão do joelho: peça ao paciente para elevar um joelho com o pé 
descansando sobre a mesa de exame – oriente-o a manter o pé para baixo en-
quanto você tenta estender a perna. 
- Teste de flexão do joelho pelo nervo ciático das raízes L4-S1. 
 
 Exame da extensão do joelho: oriente o paciente a elevar o joelho com o pé 
descansando sobre o leito – coloque sua mão esquerda sob o joelho e peça ao 
paciente para estender a perna contra a resistência de sua mão direita, que 
está colocada na face anterior da perna dele. 
- Teste de extensão do joelho pelo nervo femoral das raízes L2-L4. 
 Exame da flexão dorsal do tornozelo: coloque suas mãos sobre o dorso do pé e 
peça ao paciente para fazer a flexão dorsal do pé no tornozelo contra sua resistência. 
- Teste de flexão dorsal do tornozelo pelo nervo fibular profundo das raízes L4-L5. 
 Exame da flexão plantar do tornozelo: coloque sua mão sobre a planta do pé – 
peça ao paciente para fazer a flexão plantar do pé no tornozelo contra a resistência. 
- Teste de flexão plantar do tornozelo pelo nervo tibial das raízes L5-S2. 
 
 Exame da flexão dorsal do hálux: coloque sua mão sobre a face dorsal do hálux do 
paciente – peça a ele para fazer a flexão dorsal do hálux contra sua resistência. 
- Teste de flexão dorsal do hálux pelo nervo fibular profundo das raízes L4-S1. 
 
 Exame da Flexão Plantar do hálux: coloque sua mão na superfície plantar do hálux 
do paciente – peça a ele para fazer a flexão plantar do hálux contra sua resistência. 
- Teste de flexão plantar do hálux pelo nervo tibial posterior, das raízes L5 a S2. 
 
 
 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
24 
 
24 
 
Reflexos Miotáticos 
• Há uma variação individual na resposta reflexa – somente com experiência o examinador será ca-
paz de fazer uma avaliação adequada dos reflexos normais; 
• Os reflexos são graduados em uma escala de 0 a 4+ da seguinte maneira: 
 0: abolido / 1 (+): diminuído / 2 (++): normal / 3 (+++): aumentado / 4 (++++): hiperativo. 
• Reflexos da face: 
a) Reflexo glabelar: percutir a glabela (região entre a base do nariz e os olhos). 
 Via do reflexo: nervo intermédio (aferente), nervo facial (eferente). 
 Resposta: contração bilateral do orbicular do olho com oclusão da rima palpebral; 
 Alterações: hiperativo nas lesões supranucleares bilateralmente (síndrome par-
kinsoniana, alterações pseudobulbares, quadros demencial). 
 
b) Reflexo orbicular dos lábios: percussão no lábio superior na linha média, pode 
ser feito com o martelo de reflexo ou o dedo médio do examinador. 
 Via do reflexo: nervo trigêmeo (aferente), nervo facial (eferente); 
 Resposta: contração da musculatura perioral com discreta protrusão dos lábios. 
 Alterações: normalmente existe discreta ou nenhuma resposta – hiperativo em 
lesões cerebrais difusas. 
 
c) Reflexo mentoniano: percutir levemente o mento com a interposição do dedo do 
examinador, sendo que o paciente deve estar com a boca entreaberta. 
 Via do reflexo: nervo trigêmeo (aferente e eferente); 
 Resposta: contração dos masseteres, fazendo que haja elevação da mandíbula; 
 Alterações: normalmente existe discreta ou nenhuma resposta – hiperativo em le-
sões cerebrais difusas, Parkinson. 
d) Reflexo palmomentual: pesquisa é feita pela excitação cutânea da eminência tenar. 
 Via do reflexo: nervo mediano (aferente), nervo facial (eferente); 
 Resposta: elevação do mento e do lábio inferior ipsilateral à estimulação; 
 Alterações: normalmente existe discreta ou nenhuma resposta – pode estar 
presente em pacientes com síndrome do neurônio motor, tumores cerebrais, AVC. 
 
• Reflexos fásicos (piramidais): 
a) Reflexo bicipital: percute-se o tendão do bíceps na dobra do cotovelo com in-
terposição do polegar do examinador. 
 Resposta: contração do bíceps e consequente flexão e supinação do antebraço; 
 Teste dos nervos nas raízes C5-C6 – nervo musculocutâneo. 
 
b) Reflexo tricipital: percute-se o tendão do tríceps acima da inserção do processo 
olécrano da ulna. 
 Resposta: contração do tríceps, com extensão do cotovelo; 
 Teste dos nervos nas raízes C6-C8 – nervo radial. 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
25 
 
25 
 
c) Reflexo braquiorradial (estilorradial): percute-se a apófise estiloide do rádio. 
 Resposta: contração do braquiorradial, flexão do antebraço 
- Pode haver hiperreflexia → flexão dos dedos. 
 Teste dos nervos nas raízes C5-C6 – nervo radial. 
 
d) Reflexo dos flexores dos dedos: 
 Resposta: normalmente não há resposta, quando alterado há contração dos 
músculos flexores dos dedos (indivíduos com lesão piramidal ou hiperreflexia); 
 Teste dos nervos nas raízes C8-T1 – nervos mediano e ulnar. 
 
 Manobra de Hoffmann: falange média do dedo médio do paciente é fixada 
entre o segundo e terceiro dedos que com seu polegar determina a flexão brusca 
da última falange do paciente, pressionando a unha e relaxando-a subitamente; 
 
 Manobra de Trömner: percussão brusca da polpa dos dedos médio e indica-
dor do paciente com seu próprio dedo médio. 
 
e) Reflexo patelar: percute-se o tendão patelar firmemente com a base do mar-
telo de reflexos. 
 Resposta: contração do quadriceps e extensão no joelho; 
 Teste dos nervos nas raízes L2-L4 – nervo femoral. 
 
f) Reflexo do tendão de Aquiles: tendão do calcâneo é percutido pouco acima de 
sua inserção na parte posterior do calcâneo. 
 Resposta: flexão plantar no tornozelo; 
- Teste dos nervos nas raízes S1-S2 – nervo tibial. 
 
g) Reflexo dos flexores dos pododáctilos (reflexo de Rossolimo): percute-se a su-
perfície plantar dos pododáctilos. 
 Resposta: não há resposta em indivíduos normais – um curto movimento de 
preensão dos dedos do pé indica uma lesão piramidal. 
 
*Importante²: quando os reflexos profundos estão assimétricos, é importante ava-
liar qual deles está aumentado ou diminuído– faz-se uso dos reflexos peitoral e 
dos adutores da coxa (geralmente presentes em pacientes com hiperreflexia). 
- Reflexo peitoral: percute-se o tendão do músculo peitoral maior na linha axilar 
anterior com a interposição de um dedo e com o braço ligeiramente abduzido. 
- Reflexo do adutor da coxa: percute-se o tendão dos adutores na parte distal da 
face medial da coxa, com o membro levemente abduzido e também com a inter-
posição de um dedo. 
*Importante²: clônus – série de contrações musculares involuntárias devido a um estiramento sú-
bito do músculo – normalmente está presente em pacientes com hiperreflexia e espasticidade. 
 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
26 
 
26 
 
• Reflexos tônicos/posturais (extrapidamidais): contribuem para o tônus muscular. 
 Quando um indivíduo está de pé, de forma inconsciente um grupo de músculos é estendido e 
outro grupo de músculo é flexionado – esse tipo de reflexo miotático tônico permite que o indiví-
duo mantenha sua postura natural. 
 
 Reação de Foix-Thevenard: realiza-se uma flexão dorsal no pé do paciente. 
- Resposta: essa movimentação passiva desencadeia uma contração prolongada dos músculos en-
volvidos, levando à persistência dessa postura por algum tempo. 
Reflexos Superficiais (Cutâneos) 
• Reflexos cutâneos: são reflexos polissinápticos – são mediados por arco-reflexo, mas são contro-
lados inerentemente pelo sistema corticoespinal. 
 
• Reflexo cutâneo-abdominal: obtido pelo estímulo da parede do abdome 
com objeto semipontiagudo aplicado em sentido látero-medial nas regiões 
epigástrica, umbilical e hipogástrica. 
 Resposta: contração dos músculos abdominais, desviando-se a cicatriz um-
bilical em direção ao estímulo. 
 
*Observação: mulheres que não são nulíparas podem não apresentar o reflexo de-
vido à distensão dos músculos abdominais durante a gestação. 
• Reflexo cutâneo-plantar: estimulação com instrumento semi-pontiagudo da 
borda externa da planta do pé no sentido posteroanterior. 
 Resposta: contração dos músculos flexores dos dedos do pé. 
- A via piramidal exerce inibição sobre este reflexo, o que determina a flexão plan-
tar dos dedos do pé quando for estimulada a planta do pé. 
 
• Sinal de Babinski (indicador de lesão piramidal): após a estimulação, o 
hálux responde com extensão lenta e majestosa. 
 Resposta do sinal de Babinski pode ser evocada de outras maneiras (além 
do reflexo cutâneo plantar) em pacientes com síndrome do neurônio motor 
superior – são os chamados sucedâneos ou equivalentes de Babinski. 
- Sinal de Gordon: compressão da panturrilha; 
- Sinal de Schafer: compressão do tendão de Aquiles; 
- Sinal de Oppenheim: atrito da crista tibial; 
- Sinal de Chaddock: obtido pela estimulação da face lateral do pé em torno do maléolo externo. 
 
 
 
 
 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
27 
 
27 
 
toque com ambas alternativas 
 de modo aleatório 
Sensibilidade – Modalidades Sensoriais Simples 
• Exame sensitivo: subjetivo → depende totalmente da atenção e cooperação do paciente. 
 A percepção e interpretação de estímulos semelhantes difere entre indivíduos, e difere nas di-
versas partes do corpo do indivíduo e no mesmo indivíduo em circunstâncias diferentes; 
 Para um exame confiável o paciente deve compreender o procedimento e estar disposto a cola-
borar – devemos explicar de maneira simples o método dos testes que vamos realizar; 
 Os exames sensitivos são realizados com o paciente com os olhos fechados. 
 
• Modalidades sensoriais: 
 Exteroceptivas: tato e pressão, dor, temperatura. 
 Proprioceptivas: sensibilidade vibratória (palestesia), sensibilidade cinético-postural. 
 
• As alterações sensoriais podem ser no sentido de: 
 Aumento: hiperalgesia ou hiperestesia; 
 Perversão: sensação fantasma, parestesia (sensação percebida na ausência de estímulos), dises-
tesia (má interpretação – p.e. sensação dolorosa quando o estimulo é tátil); 
 Redução ou perda: hipoestesia ou anestesia. 
 
• Avaliação da sensibilidade: 
a) Tátil-algésica: avaliação entre hemicorpos (membros inferiores e superiores – no 
sentido distal-proximal), nível entre metâmeros e discriminação entre estímulo tátil-
algésico usando agulha. 
 Tato: pode ser testado com um pedaço de algodão – o estímulo não deve ser sufici-
entemente pesado para produzir pressão sobre os tecidos subcutâneos. 
 Algesia: estimulação dos pés e mãos com uma agulha, ora com a ponta (estímulo 
semi-algésico), ora com a base (estímulo tátil), de modo aleatório e com o indivíduo 
com os olhos fechados. 
 
b) Vibratória: examinada por meio de aplicação de estímulos vibratórios em proeminências 
ósseas ou em articulações – estimulo vibratório produzido por diapasão de 128 Hz. 
 Membro superior: pinça entre o polegar e indicador (critério: examinador); 
- Se alterado, fazer nos cotovelos. 
 Membro inferior: interfalângica do 1º pododáctilo (critério: ≥ 11 segundos). 
- Se alterado, fazer nas rótulas e cristas ilíacas. 
 
*Importante: se o examinador duvidar da fidedignidade da resposta, pode interromper a vibração 
(tocando os ramos do diapasão) e observar a reação do paciente. 
 
c) Térmica: uso de dois tubos de ensaio ou copos com água quente e fria, ou 
até mesmo objetos com diferentes condutâncias térmicas – ou o cabo do 
martelo (frio) e cabo de caneta esferográfica de material plástico ('quente'). 
 Membros superiores: dorso das mãos (10x); 
 Membros inferiores: dorso dos pés (10x). 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
28 
 
28 
 
d) Cinético-postural: pesquisada colocando-se passivamente o segmento 
do membro em determinada posição, solicitando-se ao paciente que reco-
nheça essa posição sem o auxílio da visão. 
 Membros superiores: ao menos cinco posturas passivas do polegar; 
 Membros inferiores: ao menos cinco posturas passivas do pododáctilo. 
 
*Importante: antes de iniciar o teste, explique ao paciente o que será realizado – exemplo: “com o 
polegar assim (estendido) está para cima e, assim (flexionado) está para baixo. 
Sensibilidade – Gnosias 
• Gnosia: função que permite a pessoa interpretar estímulos previamente aprendidos que vêm do 
exterior (p.e. objetos, pessoas, lugares) através dos órgãos dos sentidos. 
• Tipos de gnosias: 
 Tátil (ou estereognosia): reconhecimento de objetos comuns pelo tato da mão; 
 Visual: reconhecimento de imagens e objetos pela visão; 
 Auditiva: reconhecimento de sons familiares; 
 Somatognosia: reconhecimento das diferentes partes do corpo. 
 
• Agnosia: falha em reconhecer um estímulo sensitivo, apesar da sensibilidade primária 
normal – as sensações elementares chegam até o córtex cerebral, mas não são integra-
das em padrões preexistentes, impossibilitando o reconhecimento do objeto. 
 Consiste na distorção da capacidade de reconhecer objetos como um lápis, pessoas, 
familiares ou até mesmo sua figura diante de um espelho (exemplo – imagem ao lado). 
 
• Tipos de agnosias: 
a) Asterognosia (agnosia tátil): incapacidade de reconhecer os objetos pelo tato. 
 Causas: lesões do córtex parietal contralateral; 
 Exame: pedimos que o paciente feche os olhos e damos objetos de uso comum (p.e. caneta, 
chave, papel) para que ele os identifiquem. 
 
b) Agnosia visual: incapacidade de reconhecer objetos, pessoas, cores e símbolos gráficos, sob o 
controle visual e na ausência de déficit significativo da visão. 
 Paciente pode ver o objeto que lhe é apresentado, mas não identifica seu significado; É incapaz de nomeá-lo e não se lembra de tê-lo visto antes, porém consegue nomeá-lo ou em-
pregá-lo corretamente quando o examina através de outro canal sensorial, como o tato. 
 Causa: lesão das áreas corticais de associação do lobo occipital. 
 Exame: pedimos que o paciente identifique objetos e cores. 
 
*Adendo: prosopagnosia é a dificuldade ou impossibilidade para identificar fisionomias familiares. 
- Paciente não consegue reconhecer, por meio da fisionomia, as pessoas de seu 
relacionamento, mas as reconhece através da estatura, da voz e da vestimenta – 
geralmente é capaz de denominar as diferentes partes da face da pessoa, mas 
não consegue a síntese dos traços fisionômicos. 
- Causa: lesão parietoccipital direita. 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
29 
 
29 
 
c) Agnosia auditiva: incapacidade de reconhecer os distinguir vários sons que tenha ouvido, em-
bora a audição não esteja prejudicada. 
 Surdez verbal: dificuldade ou impossibilidade de compreensão da palavra e agnosia dos sons. 
- Paciente pode não compreender a linguagem verbal, assim como também pode não identificar 
sons não-linguísticos (p.e. animais, sinos); 
- Fala espontânea, a leitura e a escrita são normais (diagnóstico diferencial de Wernicke); 
- Exame: apresenta-se sons comuns (p.e. de animais, chuva etc.) e pedimos para que o paciente os 
descrava. Também podemos ditar algumas palavras e pedir para que o paciente as transcreva. 
- Causa: lesão das áreas secundárias do córtex auditivo do lobo temporal do hemisfério dominante. 
 
 Agnosia musical ou amusia: disfunção que compromete o processamento musical, embora tam-
bém possa englobar a memória e o reconhecimento musical. 
- Pacientes com incapacidade para reconhecer um determinado tom de uma música ou percebem 
inadequadamente as notas de uma melodia conhecida e são geralmente pessoas desinteressadas 
por música e que habitualmente argumentam "não perceber nada de música". 
- Causa: lesões no hemisfério cerebral direito. 
 
*Curiosidade: estima-se que 4% da população é afetada por amusia congênita. 
d) Assomatognosia: incapacidade de reconhecer partes do próprio corpo. 
 Diferem caso sejam lesões do hemisfério dominante ou do não-dominante; 
 Lesão no hemisfério não-dominante: ocorre negligência de um dos hemicorpos e diminuição na 
percepção ou atenção extracorpórea decorrente de lesão parietal posterior do hemisfério cerebral 
não-dominante – seu comprometimento determina falha no reconhecimento da metade do corpo 
e do espaço contralateral à lesão. 
- Podemos observar: 
1) Negligência pelo hemicorpo – p.e. o paciente não faz a barba da hemiface contralateral à lesão; 
2) Paciente não reconhece os membros de um dos lados do corpo como sendo próprios; 
3) Ao solicitar que estenda os membros superiores, só o faz com o membro homolateral à lesão; 
4) Fenômeno de extinção sensitiva – pesquisado por meio do duplo estímulo simultâneo em partes 
simétricas do corpo (somente o hemicorpo não lesado será percebido). 
 
 Lesão no hemisfério dominante: 
- Autotopagnosia: caracteriza-se pela incapacidade de o paciente nomear e locali-
zar partes de seu corpo devido a lesão parietal posterior do hemisfério dominante 
– o paciente, por exemplo, pode perceber que há um braço próximo ao seu corpo, 
não se dando conta que é o seu próprio; 
- Exame: 
∟Pedir para que o paciente mostre o seu dedo indicador (ou do examinador), o 
anular e assim por diante (falha = agnosia digital, i.e., incapacidade de reconhecer, de distinguir, de 
mostrar e de designar os dedos da própria mão ou do examinador); 
∟Peça ao paciente que troque a própria orelha direita com o indicador da mão esquerda; o 
examinador cruzará as suas mão e perguntará ao paciente qual é a sua mão direita (falha = agnosia 
direita-esquerda). 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
30 
 
30 
 
• Grafestesia: capacidade de perceber a escrita de palavras ou números es-
crita sobre a pele estando de olhos fechados. 
 O teste é feito na palma das mãos ou no dorso dos pês. 
- Devemos ter o cuidado de usar números os letras diferentes e facilmente 
identificáveis (p.e. 3 e 4 e não 3 e 9). 
 Anormalidades no teste podem indicar lesão do córtex parietal ou das 
projeções talamocorticais que se estendem aos lobos parietais. 
Praxia 
• Praxia: caracterizam-se como funções neuropsicológicas complexas que correspondem a sistemas 
de movimentos coordenados em função de um resultado ou intenção. 
• Principais tipos de práxis: 
 Praxia ideativa: execução de atos que têm relação com o próprio corpo. 
- Solicita-se ao paciente que use/simule o uso de objetos como pente, escova de dente etc.; 
- Realização de atos complexos com objetos (p.e. colocar água no copo). 
 Praxia ideomotora: solicita-se ao paciente executar gestos de significação simbólica tradicional 
(p.e. chamar alguém com a mão, gesto de despedida, fazer positivo e negativo com o polegar etc.). 
 Praxia construtiva: solicita-se ao paciente para desenhar uma casa, uma árvore, uma circunfe-
rência, um quadrado. 
 
• Dispraxia: diminuição da capacidade de realizar a atividade (lesão profunda do lobo frontal). 
 
• Apraxia: incapacidade de realizar um movimento voluntário mesmo quando não há déficits de 
força motora, de sensibilidade ou de coordenação. 
 Paciente ouve e entende a ordem, mas não consegue integrar as atividades motoras que com-
pletarão a ação. 
 
• Principais apraxias: 
 Apraxia ideativa: caracterizada pelo distúrbio da representação mental do ato a ser cumprido e 
manifesta-se pela utilização defeituosa dos objetos – agnosia da utilização dos objetos. 
- Paciente mostra-se incapaz de executar a sucessão lógica e harmônica dos diferentes gestos que 
compõem o ato complexo. 
- Causa: lesão do lobo parietal do hemisfério dominante. 
 
 Apraxia ideomotora: perturbação da representação simbólica de uma ação ou atividade gestual 
de valor simbólico convencional (sinal da cruz, continência militar etc.). 
- Causa: lesão no hemisfério dominante. 
 
 Apraxia construtiva: manifesta-se nas atividades complexas que ne-
cessitam de percepção e de representação das relações espaciais exis-
tentes entre diversos objetos ou diversas partes do objeto. 
- Impossibilidade de o paciente executar um desenho ou reproduzir 
uma figura geométrica; 
- Causas: lesões parietoccipitais (mais frequentemente à direita). 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica Med-UFRGS 
 
31 
 
31 
 
Nervos Cranianos 
• Observe na tabela abaixo as funções dos nervos cranianos: 
Nervo Olfatório (NC I) 
• Nervo olfatório (NC I): não é rotineiramente examinado. 
 Exame: informar ao paciente que será apresentado odores para ele sentir, pedir para 
que ele feche os olhos e que oclua uma das narinas (deve-se realizar uma de cada vez), 
e o examinador fará apresentação ao paciente de odores familiares e não irritativos 
(p.e. café, chocolate); 
- Deve-se evitar substâncias irritativas, como amônia e mentol, que podem estimular o NC V. 
 Alterações: anosmia (perda do olfato), hiposmia (diminuição), hiperosmia (aumento), parosmia 
(perversão), fantosmia (sensação de odores que não existem – em geral, descritos como pútridos); 
 Causas de alterações: meningiomas, doença de Parkinson (alterações olfatórias anos antes do 
aparecimento de outros sintomas), crises epilépticas parciais no lobo temporal. 
 
*Importante: perguntar se houve alterações em sabores de comidas (±80% provém do olfato). 
 Danilo Fernando Semiologia Neurológica

Outros materiais