Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
28/05/2016 1 Necessidades nutricionais dos pacientes graves Gasto energético do obeso crítico (Ajuste calórico, de macro e micronutrientes no paciente crítico) Profa. Ms. Priscila Paiva Dias Necessidades nutricionais dos pacientes graves A doença grave tem como ponto em comum a inflamação sistêmica, que promove alterações metabólicas previsíveis que interferem em todo o suporte nutricional. Fases do estresse metabólico de pacientes críticos Necessidades nutricionais dos pacientes graves A precocidade no início do suporte nutricional através do tubo digestório dos pacientes com risco e/ou desnutrição e o cuidado em aguardar a estabilidade hemodinâmica e metabólica do paciente grave, antes de perseguir suas metas calóricas, tornaram o suporte nutricional mais seguro e eficiente. Ferramentas para avaliação e quantificação do estado nutricional no paciente grave • Antes do início da alimentação, a avaliação deve incluir a história de perda de peso, anamnese alimentar anterior à internação, nível da gravidade da doença, comorbidades e funcionalidade do trato gastrointestinal; • Dificuldades de utilização dos outros métodos no paciente obeso; • À medida que o paciente supera a fase aguda da doença e o quadro clínico se estabiliza, se inicia a fase de recuperação e a avaliação nutricional convencional passa a ser útil e desejável. Início da TNE no paciente crítico • A via preferencial de oferta nutricional para o paciente grave é a via enteral, à semelhança de qualquer outro enfermo; • deve ser iniciada precocemente no paciente grave (entre 24 e 48 horas após a admissão), desde que o doente esteja hemodinamicamente estável; • Iniciar a dieta enteral com fórmula polimérica, no paciente crítico a dieta padrão é uma escolha adequada (densidade calórica 1.0 a 1.5kcal/mL). ASPEN, 2016 28/05/2016 2 Resposta Imunológica Normal a Lesões e Doenças Mediadores Anti- inflamatórios Mediadores Pró - inflamatórios Resposta Imunológica Normal a Lesões e Doenças Mediadores Anti- inflamatórios Mediadores Pró - inflamatórios Síndrome da Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS), Sepse severa SIRS, Sepse severa Supressão Imunológica Mediadores Anti- inflamatórios Mediadores Pró - inflamatórios Supressão Imunológica Severa 1992: Definição de SIRS, Sepse, Sepse grave e Choque séptico pelo “American College of Chest Physicians” e “Society of Critical Care Medicine” (ACCP/SCCM) • Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) = Presença de pelo menos dois dos seguintes itens: - Temperatura central > 38,3°C ou < 36°C - Frequência cardíaca > 90 bpm - Frequência respiratória > 20 IRPM ou PaCO2 < 32 mmHg ou necessidade de VM - Leucócitos totais > 12.000/mm3 ou < 4.000/mm3 ou > 10% de formas jovens • Sepse = SIRS secundária a infecção confirmada ou presumida (não é necessária hemocultura positiva) • Sepse Grave = presença de critérios de sepse associada a hipoperfusão ou disfunção de pelo menos um órgão (ex.: hipoxemia, oligúria, insuficiência renal, coagulopatia, etc.) • Choque séptico = sepse grave associada a hipotensão arterial não responsiva à adequada reposição volêmica, sendo necessário o uso de drogas vasoativas Definitions for sepsis and organ failure and guidelines for the use of innovative therapies in sepsis. The ACCP/SCCM Consensus Conference Committee. Chest 1992. Necessidades calóricas e proteicas no paciente crítico Necessidades calóricas no paciente crítico • O método mais preciso para determinação das necessidades calóricas do paciente grave é a calorimetria indireta. Fórmulas podem ser utilizadas. • Na fase aguda, 20 a 25 kcal/kg/dia parecem ser adequadas. Alcançar alvo energético em 48-72h e 50 a 65% do VET em até 1 semana. • Na fase de recuperação, após 7 a 10 dias deve-se atingir 25 a 30 kcal/kg/dia, podendo atender 100% das necessidades nutricionais. ESPEN, 2006, ASPEN, 2016 28/05/2016 3 Necessidades proteicas no paciente crítico • O aporte proteico é de 1,2 a 1,5 g/kg/dia quando o catabolismo é moderado; e 1,5 a 2,0 g/kg/dia nos pacientes hipercatabólicos, podendo ser >2 g/kg/dia em alguns casos (métodos dialíticos, queimados, fístulas). • O cálculo das necessidades proteicas pode ser feito por fórmulas de bolso (1,2 a 2,0 g/kg de peso/dia). • Se necessário alcançar as necessidades proteicas por módulo, a o módulo de proteína ideal para o paciente crítico é do tipo proteína 100% hidrolisada. Obesidade no paciente crônico • Obesidade é doença crônica, inflamatória, endócrino metabólica, heterogênea, multifatorial e caracterizada pelo excesso de gordura corporal. • Os efeitos adversos da obesidade estão associados ao aumento da mortalidade de obesos hospitalizados. • 26,7% dos pacientes internados em UTIs apresentam obesidade e 6,8% são obesos extremos. Objetivos nutricionais no paciente obeso crônico Os objetivos da terapia nutricional nos pacientes obesos extremos hospitalizados são: • diminuir as complicações relacionadas à hiperalimentação, • reduzir as comorbidades, • diminuir o catabolismo proteico, • restaurar as funções orgânicas e metabólicas, • aumentar a expectativa e a qualidade de vida. Necessidades calóricas do paciente grave obeso • Pacientes graves com IMC >30 kg/m2 são beneficiados com oferta hipocalórica (60% a 70% das metas convencionais ou 12 a 20 kcal/kg/dia). • O cálculo do aporte diário de energia para IMC ≥ 30 deve variar entre 11 a 14 kcal/kg de peso atual/dia (ou 22-25 kcal/kg de peso ideal/dia), para minimizar o catabolismo presente nestes pacientes ASPEN, 2016 DITEN, 2011, ASPEN, 2016 Necessidades proteicas do paciente obeso crônico extremo • A ingestão proteica deve ser mantida entre 2 a 2,5 g/kg de peso ideal ajustado/dia, para minimizar o catabolismo presente nestes pacientes • Para pacientes com IMC entre 30 e 40, o aporte proteico deve ser > 2,0 g/kg de peso ideal ajustado/dia e para IMC > 40 deve ser ≥ a 2,5 g/kg de peso ideal ajustado/dia • A oferta calórica deve ser acompanhada de uma composição hiperproteica (2,5 g/kg peso ideal/dia e 3,0 g/kg peso ideal/dia para IMC entre 30 e 40 e >40 kg/m2, respectivamente. DITEN, 2011 ASPEN, 2016 ASPEN, 2016 Fórmulas Enterais para Pacientes Em Estado Grave Orientações: • Fórmulas imunomoduladoras com arginina, EPA, DHA, glutamina e ácido nucleico não devem ser usadas rotineiramente em pacientes críticos. Essas formulações devem ser reservadas para pacientes com trauma e pacientes perioperatórios na UTI. • Usar com cautela fórmula com óleo de peixe e antioxidantes em pacientes com lesão pulmonar aguda e síndrome de angústia respiratória aguda (dados conflitantes). ASPEN, 2016 28/05/2016 4 Fórmulas Enterais para Pacientes Em Estado Grave Orientações: • Fibra solúvel, fórmula contendo mix de fibra ou uma fórmula semielementar com pequenos peptídeos podem ser benéficas para pacientes críticos hemodinamicamente estáveis, recebendo NE, que desenvolvem diarreia. • Fibras insolúveis devem ser evitadas em todos os pacientes críticos. Tanto a fibra solúvel quanto a insolúvel devem ser evitadas em pacientes com alto risco de isquemia intestinal ou dismotilidade grave. ASPEN, 2016 Há indicação para suporte nutricional enteral com soluções enriquecidas com arginina, glutamina, ácido nucleico, ácidos graxos ômega-3 e antioxidantes em pacientes graves? • Há subgrupos de pacientes graves que se beneficiam do uso de soluções enriquecidas com arginina, glutamina, ácido nucleico, ácidos graxos ômega-3 e antioxidantes. • Pacientes em pós-operatório de grandes cirurgias, abdominais eletivas, trauma abdominal com trauma,queimados com superfície corpórea > 30%, pós-operatório de câncer de cabeça e pescoço e pacientes graves sob ventilação mecânica, desde que não estejam sépticos. DITEN, 2011 Há indicação para suporte nutricional enteral com soluções enriquecidas com arginina, glutamina, ácido nucleico, ácidos graxos ômega-3 e antioxidantes em pacientes graves? • Pode-se considerar o uso de dietas enriquecidas com arginina em alguns pacientes cirúrgicos, traumatizados e queimados, desde que hemodinamicamente estáveis e sem infecção. • Dietas enriquecidas com ácidos graxos ômega- 3 estão recomendadas para pacientes com SARA em ventilação mecânica. DITEN, 2011 Há indicação para suporte nutricional enteral com soluções enriquecidas com arginina, glutamina, ácido nucleico, ácidos graxos ômega-3 e antioxidantes em pacientes graves? • Recomenda-se considerar o uso de antioxidantes em quantidades maiores em traumatizados e queimados com função renal preservada. • Recomenda-se o uso de glutamina via enteral a pacientes traumatizados ou queimados. Os benefícios clínicos da farmaconutrição são maiores quando 50% ou mais das metas nutricionais são alcançadas. DITEN, 2011 OUTRAS RECOMENDAÇÕES • Recomenda-se o uso dietas oligoméricas para pacientes graves, quando houver intolerância a fórmulas poliméricas. • Sempre que não se conseguir atingir as necessidades nutricionais com nutrição enteral, a TNP está indicada, com início precoce. • Quando a TNP estiver indicada, considerar a suplementação com glutamina. • Recomenda-se a manutenção da glicemia abaixo de 180 mg/dL. • Em pacientes críticos desnutridos utilizar a recomendação de calorias de 25 a 30kcal/kg. PRODUTOS NUTRICIONAIS PARA PACIENTES CRÍTICOS 28/05/2016 5 MÓDULOS PROTEICOS PARA PACIENTES CRÍTICOS EXERCÍCIOS Paciente, A. L. M, sexo feminino, 58 anos, admitida por pneumonia com infecção respiratória em VM e presença de sepse. Apresenta pela avaliação nutricional AJ de 49cm e CB de 28cm. Com 24 horas de internação inicia dieta enteral por SNE em 7 etapas. Prescreva dieta para o paciente crítico em questão e evolua para o alcance das necessidades nutricionais em 72h. Estatura (cm) = [84,88 – (0,24 x idade)] + (1,83 x altura do joelho em cm) Estimativa de peso atual = (AJ x 1,01) + (CB x 2,81) – 66,04 EXERCÍCIOS a) Calcule a altura e peso estimados; b) Defina as necessidades nutricionais na fase aguda e de recuperação; c) Defina a prescrição da dieta por SNE nas primeiras 72h; d) Qual a fórmula enteral adequada e suas características? e) Calcule o volume prescrito; kcal prescritas e PTN total nas 72h fase aguda f) Calcule a densidade calórica (DC); g) Calcule as kcal/kg/dia e PTNg/kg/dia; fase aguda h) Evolua a dieta e determine o volume de dieta e se necessário, módulo nutricional para adequar às necessidades da paciente em 7 dias (fase de manutenção) não esquecer de calcular itens e, f e g) para essa fase. CÁLCULOS INICIAIS • Estatura (cm) = [84,88 – 13,92] + 89,67 = 160,63cm = 1,61m • Estimativa de peso atual = (49,49) + (78,68) – 66,04 = 62,13kg • Kcal prescritas = 20 x 62,13 = 1242,6kcal 25 x 62,13 = 1553,25kcal 30 x 62,13 = 1863,9kcal • PTN prescritas = 1,2 a 2,0g/kg/dia = 1,2 x 62,13 = 74,55g 2,0 x 62,13 = 124,26g Volume prescrito: SNE 50mL 3/3h (24h) fase aguda SNE 100mL 3/3h (48h) fase aguda SNE 150mL 3/3h (72h) fase aguda FÓRMULA PRESCRITA Informação Nutricional Qtde. por 100 ml % VD (*) 1000 ml % VD (*) Valor Energético 120 kcal=50 4kJ 6% 1200 kcal=50 40kJ 60% Carboidratos 16 g 5% 157 g 52% Dos quais: Açucares 0 g ** 0 g ** Polióis 0 g ** 0 g ** Amido 16 g ** 157 g ** Proteínas 5,3 g 7% 53 g 71% Gorduras Totais 4,0 g 7% 40 g 73% Gorduras Saturadas 2,3 g 10% 23 g 105 % Gorduras Trans 0 g ** 0 g ** Fibra Alimentar 0 g 0% 0 g 0% MÓDULO PROTEICO 1 medida de Nutri Protein HWP tem 6,5g
Compartilhar