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Gerente de SST da COGE fala sobre mortes no setor elétrico Geral Notícias Revista Proteção

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23/05/2016 Gerente de SST da COGE fala sobre mortes no setor elétrico ­ Geral ­ Notícias ­ Revista Proteção
http://www.protecao.com.br/noticias/geral/gerente_de_sst_da_coge_fala_sobre_mortes_no_setor_eletrico/AQyJAn 1/4
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Gerente de SST da COGE fala sobre mortes no setor elétrico
Data: 23/04/2010 / Fonte: Redação Revista
Proteção 
Foto: Divulgação Fundação COGE
O Dieese analisou que, em 2008, "a
taxa de mortalidade da força de
trabalho do setor elétrico foi de 32,9
mortes por grupo de 100 mil
trabalhadores". Houve, assim, uma
"taxa de mortalidade 3,21 vezes
superior entre os trabalhadores
terceirizados em relação ao verificado
para o quadro próprio. A taxa ficou em
47,5 para os terceirizados contra 14,8
para os trabalhadores do quadro
próprio das empresas". A Revista
Proteção entrevistou o Gerente de
SST da Fundação COGE, César
Vianna Moreira, para avaliar esses dados, sua causa
nas diferentes regiões e as possíveis ações para
reverter esta estatística.
REVISTA PROTEÇÃO ­ O que na avaliação da
Fundação COGE leva a essa maior mortalidade dos
terceirizados? 
CÉSAR VIANNA MOREIRA ­ O Departamento
Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
­ DIEESE, entidade de prestígio em pesquisas que
fundamentam as reivindicações dos trabalhadores no
Brasil, baseou a sua análise nos dados consolidados
pela Fundação Comitê de Gestão Empresarial ­
Fundação COGE, Relatório de Estatísticas de
Acidentes no Setor Elétrico Brasileiro ­ 2008, o que
mais uma vez demonstra a transparência e a
importância desse trabalho da Fundação COGE em
prol das ações empreendidas para a prevenção de
acidentes no Setor Elétrico Brasileiro ­ SEB. 
Seria muito bom para o nosso País que outros setores produtivos assim apresentassem os seus
dados, a fim de que as ações preventivas ou corretivas seguissem as prioridades e necessidades
específicas de cada segmento, como nesse Relatório, ousado investimento próprio da Fundação
COGE em Responsabilidade Social.
No que se refere às ações junto às contratadas, o cenário realmente não é tão otimista,
especialmente após a ocorrência, no país, de um processo rápido de privatização e terceirização (a
partir de 1995). E, como todo processo que não é muito bem planejado, possui grandes chances de
não obter o resultado esperado. 
Mas devemos ter em mente que a terceirização não nasceu com o início das privatizações das
empresas. Quando eu trabalhava como Técnico de Segurança da Light, em 1973, as melhores
equipes de trabalho não eram de empregados próprios, mas sim de empregados das contratadas.
Não acho que o problema seja o fato de terceirizar. Se isso for bem feito, é válido. Conheço indústrias
que contratam grandes e renomadas empresas para ficarem responsáveis pela operação e
manutenção elétrica do empreendimento com resultados altamente satisfatórios.
Todavia, é preciso que se remunere razoavelmente a empresa terceirizada, para que ela possa
oferecer aos seus empregados as mesmas condições de segurança no trabalho que são oferecidas
aos empregados das empresas do setor elétrico. 
Desta maneira, as atividades ligadas à construção e manutenção de redes elétricas, consideradas de
maior risco de acidentes, vêm apresentando resultados ainda insatisfatórios. Estes refletem a
necessidade da continuidade de rigorosas ações: projeto, pré­qualificação, contratação, capacitação,
planejamento da segurança do trabalho, observação de frentes de trabalho, participação efetiva das
supervisões, procedimentos de trabalho passo a passo, ferramental e equipamentos adequados,
análise preliminar de risco voltada à tarefa do dia, auditorias de segurança etc.
Apesar desta constatação, numa análise retrospectiva detalhada, os números demonstram que as
ações empreendidas pelas empresas do SEB ­ Setor Elétrico Brasileiro nos últimos anos vêm
surtindo efeito, pois a taxa de mortalidade das contratadas está decrescendo, com uma queda de
30% de 2004 para 2008. E ainda, se observarmos as taxas de gravidade das contratadas no mesmo
período, verificamos uma tendência decrescente, o que confirma o resultado das diversas ações das
empresas do SEB.
É muito importante que toda a sociedade, e notadamente o governo, as empresas e os trabalhadores,
num harmonioso conjunto tripartite, trabalhem no sentido da melhoria contínua desses indicadores.
É muito importante o estudo acurado desse Relatório pelos diversos agentes de melhoria do SEB,
inclusive pela ANEEL, pelos grandes especialistas em Engenharia de Segurança do Trabalho e
pelos Trabalhadores em geral. 
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23/05/2016 Gerente de SST da COGE fala sobre mortes no setor elétrico ­ Geral ­ Notícias ­ Revista Proteção
http://www.protecao.com.br/noticias/geral/gerente_de_sst_da_coge_fala_sobre_mortes_no_setor_eletrico/AQyJAn 2/4
REVISTA PROTEÇÃO ­ O que as empresas do setor elétrico vêm fazendo para prevenir acidentes
com os terceirizados? A Fundação COGE tem alguma ação nesse sentido? 
CÉSAR VIANNA MOREIRA ­ A Fundação COGE, além da consolidação dos dados estatísticos de
acidentados do setor, possui um Comitê de Segurança e Saúde no Trabalho ­ CSST, funcionando
desde 2003, que tem como coordenador líder o engenheiro Miranda, da CPFL Energia, além de
outros 7 coordenadores, que elaboram um Plano de Trabalho Anual baseado nas estatísticas de
acidentes, em indicadores pró­ativos e nas reais necessidades de Segurança e Saúde do SEB.
Pela própria estrutura evidencia­se a preocupação com os temas mais relevantes, inclusive os
Estudos de Segurança de Contratadas no GTESC.
Além dos trabalhos realizados pelos Grupos Técnicos do CSST, alguns inéditos em nível
internacional (como o de vestimentas de proteção contra arco elétrico e o de indicadores pró­ativos),
da realização do Seminário Nacional de Segurança e Saúde no Trabalho do Setor de Energia
Elétrica ­ SENSE, evento de referência nacional nessa área, são realizados diversos Workshops e
Cursos Específicos formatados para o SEB.
Neste momento, por exemplo, o GTEEC está ultimando ações no sentido da realização de um Curso
Piloto de Segurança e Saúde nos Trabalhos em Espaços Confinados no Setor de Energia Elétrica
Brasileiro, pautado na NR 33.
No que se refere especificamente às contratadas, nestes últimos três anos, as próprias empresas
contratantes estão envidando esforços no sentido da aproximação das condições de trabalhos entre
elas. As empresas estão sempre considerando a força de trabalho em suas políticas de segurança,
ao tratarem de temas como planejamento, procedimentos, equipamentos, treinamentos etc. As
contratantes estão efetivamente buscando essa proximidade e a NR 10 enfatizou muito bem as
responsabilidades solidárias entre estas e as suas contratadas.
Em nosso ponto de vista, o que já está ajudando a melhorar esse cenário, em muitas empresas, é a
implementação de sistema de gestão de SST (Segurança e Saúde no Trabalho), que, como todo
sistema de gestão, tem elementos que interagem entre si e são interdependentes. O conceito é o de
organizar e sistematizar as ações de segurança e saúde dentro da empresa.
A Fundação COGE vem apostando na aplicação dos principais elementos do Sistema de Gestão de
SST também nas contratadas.A parceria com os canadenses no SGTS ­ Sistema de Gestão do Trabalho Seguro (SWMS ­ Safe
Work Management System), voltado especialmente para concessionárias de energia elétrica e
adotado com sucesso por várias empresas sediadas no Canadá, nos Estados Unidos e na Brookfield
Energia Renovável, no Brasil, vem apresentando resultados altamente satisfatórios, inclusive nas
contratadas, quando da construção de PCHs ­ Pequenas Centrais Hidrelétricas. 
A Fundação COGE detém a metodologia própria de diagnóstico e de apoio à implantação do sistema,
o que já foi iniciado na LIGHT S.E.S.A., onde se espera obter benefícios significativos para a empresa,
em razão de uma abordagem sistemática para trabalhar de maneira segura que não apenas salva
vidas humanas e elimina lesões graves, mas em contrapartida melhora a produtividade, a
confiabilidade e as operações em todos os níveis.
O SGTS é customizado para atividades de alto risco com equipes de construção, operação e
manutenção. O sistema incorpora princípios e técnicas de gestão de riscos para eliminar os acidentes
com potencial de gravidade elevado e garante a confiabilidade da gestão através do estabelecimento
de responsabilidades claramente definidas, de objetivos com datas de conclusão e da medição do
desempenho.
As ações educativas direcionadas às crianças também não podem parar e no caso específico do
setor elétrico brasileiro, existe um projeto da área de responsabilidade social da Fundação COGE,
concebido em conjunto com a COELBA e o Grupo "Fala Menino!", o Projeto Energia Amiga, que
produziu uma série de desenhos animados, muito educativos, que, em linguagem adequada, orienta
o público infantil. 
Os desenhos foram concebidos tomando­se por base as principais causas de acidentes do setor
elétrico. As cartilhas foram distribuídas para todas as empresas do setor para que fossem feitas
apresentações e cópias a serem entregues nas escolas da área de influência dessas empresas, com
o objetivo de que a criança conheça, aja e mostre a outras crianças os riscos de acidentes com
energia elétrica, diminuindo a ocorrência dos mesmos.
Aliás, sempre enfatizamos que a Educação e as crianças devam ser objetos dos maiores
investimentos em assuntos de Segurança e Saúde, pois, além de aprenderem corretamente os
conceitos e técnicas de prevenção, poderão, ainda, ser agentes de mudança nos adultos, na
sociedade e no nosso futuro.
REVISTA PROTEÇÃO ­ Segundo a análise do Dieese, entre 2006 e 2008, "as maiores taxas de
mortalidade do quadro próprio foram registradas na região Norte. A maior, de 47,7, foi registrada em
2008. Em relação às taxas de mortalidade dos terceirizados, as maiores correspondem a três dígitos.
Na região Norte, em 2006, foram 177 mortes por grupo de 100 mil trabalhadores, no Centro­Oeste,
em 2007, 115,7, e outra vez no Norte, em 2008, 106,1." Por que as taxas de mortalidade são maiores
na região norte, tanto para terceirizados quanto para próprios? 
CÉSAR VIANNA MOREIRA ­ De uma maneira geral, podemos afirmar que, dada a sua grandeza
continental, o Brasil obviamente possui grandes diferenças: climáticas, culturais e econômicas. Estas
influem sobremaneira em todos os serviços públicos, como educação, saúde, abastecimento d`água
e outros. E com o setor elétrico não é diferente, pois os recursos de grandes empresas do sudeste
contrastam com a imensidão e desafios que enfrentam as empresas da Amazônia, por exemplo,
envolvendo grandes distâncias, dificuldades de acesso, mão de obra, dentre outros.
Outro aspecto importante é a qualidade e quantidade de horas de treinamentos, que sabemos ser um
fator de extrema importância na formação dos trabalhadores em geral, muito mais explorado e
referenciado no sul do país, e ainda o acesso à tecnologia, à pesquisa, à informação, inclusive sobre
Segurança e Saúde no Trabalho. Todavia, sabemos que temos concessionárias de energia elétrica
no nordeste que se destacam, inclusive em bons resultados de gestão, inclusive de contratadas.
REVISTA PROTEÇÃO ­   Outra constatação do estudo foi de que "a comparação entre atividades
revelou que as empresas distribuidoras, no geral, apresentam taxas de mortalidade mais elevadas
que as geradoras". O que, em sua avaliação, leva as distribuidoras a terem taxas de mortalidade mais
elevadas do que as geradoras? 
CÉSAR VIANNA MOREIRA ­  A distribuição de energia elétrica, além de possuir maior contingente
de empregados, possui uma dinâmica de trabalho diferenciada, com uma grande alternância de
atividades, inclusive com a proximidade a equipamentos e redes energizados e até mesmo
trabalhando com a baixa ou a média tensão energizadas. Atuando em diversas frentes de trabalho,
23/05/2016 Gerente de SST da COGE fala sobre mortes no setor elétrico ­ Geral ­ Notícias ­ Revista Proteção
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cenários e até mesmo de riscos elétricos, de queda e de trânsito, que se traduzem como os principais
fatores de causas de acidentes fatais, além dos inerentes à natureza (animais e fenômenos
atmosféricos, por exemplo), é natural que as empresas distribuidoras de energia elétrica apresentem
taxas de mortalidade mais elevadas que as geradoras, que mais se assemelham a uma planta
industrial, com riscos menores e com muito mais possibilidades de controle.
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