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Farmacologia e Terapêutica Aula Teórica 5 Ana Margarida Advinha Anti-infecciosos (1/2) Sumário • Princípios gerais da quimioterapia anti-infecciosa • Antibacterianos • Antifúngicos • Antivíricos • Antiparasitários Ana Margarida Advinha Princípios Gerais • Fármacos etiotrópicos - Não atuam diretamente em nenhuma função orgânica - Têm como finalidade matar ou impedir a multiplicação de microrganismos patogénicos presentes no organismo Ana Margarida Advinha Princípios Gerais Ana Margarida Advinha • Ação dos antibacterianos sobre a multiplicação e vida das bactérias - Bactericida Concentração que inibe a bactéria é semelhante à que mata - Bacteriostática Concentração que inibe a bactéria é diferente da que mata Princípios Gerais • Sensibilidade das bactérias - CIM – concentração inibitória mínima Representa a concentração que o antibacteriano deve atingir para inibir a multiplicação das bactérias - CBM – concentração bactericida mínima Representa a concentração que o antibacteriano deve atingir para eliminar as bactérias do organismo Ana Margarida Advinha Princípios Gerais • Classificação dos mecanismos de ação 1. Inibição da síntese da parede bacteriana 2. Modificação da permeabilidade da membrana plasmática 3. Inibição de sistemas enzimáticos da membrana plasmática 4. Alteração da síntese dos ácidos nucleicos 5. Inibição da síntese proteica por ação sobre os ribossomas 6. Inibição de diversas enzimas do metabolismo citoplasmático Ana Margarida Advinha Princípios Gerais • Espectro de ação - Espectro de bactérias relativamente às quais pelo menos as CIM podem ser atingidas, no local de infeção • Apesar de muitas vezes ser classificado, não existe uma definição uniforme • Estirpes de uma mesma bactéria não apresentam a mesma sensibilidade • Conceito em constante mutação • Aparecimento de novas resistências bacterianas Ana Margarida Advinha Princípios Gerais • Tratamento individualizado tendo em consideração: - Perfil do doente - Local de infeção - Etiologia da doença • Seleção do antimicrobiano tendo em consideração: - Eficácia - Segurança - Custo aceitável - Efeitos resultantes da atividade bacteriana Ana Margarida Advinha Princípios Gerais • O antibiótico eficaz de menor espectro de atividade deverá ser a primeira escolha • Causas da falência da terapêutica antimicrobiana: - Diagnóstico errado (seleção errada do fármaco) - Posologia ou modo de administração incorreto - Resistência durante o tratamento - Sobre-infeção por agente resistente - Doença subjacente Ana Margarida Advinha Princípios Gerais • Mecanismos de resistência microbiana - Enzimas microbianas que inativam os antimicrobianos - Recetores microbianos com baixa afinidade - Baixas concentrações intramicrobianas (permeabilidade reduzida, saída por transporte ativo) - Vias metabólicas microbianas que substituem as vias inativadas antimicrobianos - Ausência de biotransformação pelo microrganismo de um antimicrobiano num metabolito ativo Ana Margarida Advinha Antibacterianos 1. Medicamentos anti-infecciosos - 1.1. Antibacterianos β Lactâmicos 1.1.1. Penicilinas 1.1.2. Cefalosporinas 1.1.3. Monobactamos 1.1.4. Carbapenemes 1.1.5. Associações de penicilinas com inibidores das lactamases β Ana Margarida Advinha Βeta Lactâmicos • Características comuns - Anel β lactâmico na sua estrutura • Mecanismo de ação - Inibição da síntese da parede bacteriana - PBP – penicilin-binding proteins http://www.youtube.com/watch?v=qBdYnRhdWcQ Ana Margarida Advinha Penicilinas • Naturais - Benzilpenicilina - Fenoximetilpenicilina • Penicilinas resistentes à inativação pelas β lactamases estafilocócicas - Isoxazolpenicilinas: dicloxacilina e flucloxacilina • Penicilinas de espetro alargado - Aminopenicilinas: ampicilina e amoxicilina - Ureidopenicilinas: piperacilina - Carboxipenicilinas: ticarcilina Ana Margarida Advinha Penicilinas 1.1.1. Penicilinas 1.1.1.1. Benzilpenicilina e Fenoximetilpenicilina 1.1.1.2. Aminopenicilinas 1.1.1.3. Isozaxolpenicilinas 1.1.1.4. Penicilinas Anti-pseudomonas 1.1.1.5. Amidinopenicilinas Ana Margarida Advinha Penicilinas 1.1.1. Penicilinas 1.1.1.1. Benzilpenicilina e Fenoximetilpenicilina - Benzilpenicilina: Penicilina G IV ou IM - Fenoximetilpenicilina: Penicilina V Oral (não comercializada em Portugal) Ana Margarida Advinha Penicilinas • Penicilina G Indicações - Faringite e amigdalite agudas - Sinusite e otites médias agudas - Escarlatina e eriplesa - Pneumonia “estreptocócica” - Infeções por S. Pneumoniae - Infeções por N. Meningitidis - Sífilis Ana Margarida Advinha Penicilinas • Penicilina G Principal efeito adverso - Hipersensibilidade (5% dos casos) - Erupções cutâneas - Choque anafilático - Efeitos neurotóxicos (IV e intratecal) Desvantagem Clivagem do anel β-lactâmico: (1) pelo ácido gástrico, logo não se usa por via oral (2) pelas β-lactamases produzidas pelos estafilococos Ana Margarida Advinha Penicilinas 1.1.1. Penicilinas Penicilinas de espectro alargado • Amoxicilina • Ampicilina • Bacampicilina Ana Margarida Advinha Penicilinas 1.1.1. Penicilinas Penicilinas de espectro alargado • Resistentes ao acido gástrico, logo permitem a via oral • Maior espectro de ação • Necessário usar doses mais elevadas para obter o mesmo efeito terapêutico Isoxazolpenicilina • Menor espectro de ação, embora seja resistente às β-lactamases Ana Margarida Advinha Penicilinas 1.1.1. Penicilinas 1.1.1.2. Aminopenicilinas - Amoxicilina - Ampicilina - Bacampicilina Ana Margarida Advinha Penicilinas 1.1.1. Penicilinas Amoxicilina • Via oral, IM e IV • Oral - Infeções dos tratos respiratório, urinário, intestinal e biliar - Infeções ginecológicas mistas - Uretrites gonocócicas não complicadas Ana Margarida Advinha Penicilinas 1.1.1. Penicilinas Amoxicilina • Via oral, IM e IV • IM e IV - Mesmas infeções que por via oral (maior gravidade) - Pneumonia grave por Haemophilus influenzae (associada a um aminoglicosídeo) - Septicemia, endocardite e outras infeções de alto risco Ana Margarida Advinha Penicilinas 1.1.1. Penicilinas Ampicilina • Absorção via oral reduzida (comparação com a amoxicilina) • Isoladamente por via IM ou IV • Mesmas indicações que a amoxicilina Ana Margarida Advinha Penicilinas 1.1.1. Penicilinas 1.1.1.3. Isoxazolpenicilinas - Dicloxacilina - Flucloxacilina • Resistentes à inativação pelas β lactamases estafilocócicas (Gram (+)), mas facilmente inativadas pelas Gram (-) • Via oral • Infeções estafilocócicas (otite externa, pneumonia, impétigo, dérmicas e dos tecidos moles) Ana Margarida Advinha Penicilinas 1.1.1. Penicilinas 1.1.1.4. Penicilinas anti-pseudomonas - Carboxipenicilinas: ticarciclina (indisponível em Portugal) - Ureidopenicilinas: piperaciclina Ana Margarida Advinha Penicilinas 1.1.1. Penicilinas 1.1.1.4. Penicilinas anti-pseudomonas - Piperaciclina • Generalidade das bactérias desde que não produtoras de b lactamases (ativa contra múltiplas estirpes de pseudomonas) • Mais potentes que as restantes penicilinas • IM ou IV • Infeções graves hospitalares (bactérias sensíveis) • Perde o interesse para as cefalosporinas de 3ª geração Ana Margarida Advinha Penicilinas 1.1.1. Penicilinas 1.1.1.5. Amidinopenicilinas - Pivmecilinam • Pró-fármacoà forma ativa é o mecilinam • Via oral • Gram (-) aeróbias, exceto pseudomonas • Infeções urinárias não complicadas e gastroenterites bacterianas Ana Margarida Advinha Penicilinas 1.1.1. Penicilinas Reações adversas e toxicidade • Rash cutâneo • Febre •Broncospasmo • Vasculite • Dermatite esfoliativa • Síndrome de Stevens-Johnson • Anafilaxia Ana Margarida Advinha Penicilinas 1.1.1. Penicilinas Efeitos por ação direta • Flebite e tromboflebite (principalmente por via IV) • Dor e reações inflamatórias estéreis (via IM) • Sintomas dispépticos (via oral) Ana Margarida Advinha Penicilinas Inibidores das β lactamases - Ácido clavulânico, sulbactam e tazobactam • Sem atividade antibacteriana marcada • Grande afinidade para as β lactamasesà inibição da sua atividade • Permitem alargar o espectro de ação • Conhecidos como fármacos kamikaze Amoxicilina + Ácido clavulânico Piperaciclina + Tazobac Sulbactam (isolado ou com penicilina G ou ampicilina) Ana Margarida Advinha Cefalosporinas 1.1.2. Cefalosporinas • Semelhantes às penicilinas: - Estrutura química - Mecanismo de ação - Toxicidade • Mais resistentes à inativação pelas β lactamases (maior espectro de ação) • Inibição da síntese da parede bacteriana Ana Margarida Advinha Cefalosporinas 1.1.2. Cefalosporinas Ana Margarida Advinha GERAÇÕES DE CEFALOSPORINAS 1ª geração 2ª geração 3ª geração Cefalotina Cefazolina Cefalexina* Cefradina* Cefadroxil Cefamandol Cefuroxima* Cefaclor* Cefoxitina Ceftriazona Ceftizoxima Ceftazidima Cefixima* Moxalactam * Ativas por via oral Cefalosporinas 1.1.2. Cefalosporinas Agente bacteriano (Gram (+)) - Cefalosporinas de 1ª geração Agente bacteriano (Gram (-)) - Ceftizoxima ou cefotaxima (exceto pesudomonas, enterobacter ou B. fragilis) - Se pseudomonas: ceftazidima - Se enterobacter: cefepima - Se B. fragilis: cefoxitina ou cefotetan Ana Margarida Advinha Cefalosporinas 1.1.2. Cefalosporinas 1ª Geração • Eficaz contra Gram (+) • Moderadamente eficazes contra Gram (-) - Infeções urinárias - Lesões estafilocócicas não graves - Infeções polimicrobianas (benignas) • Cefazolina (1ª escolha – profilaxia das infeções cirúrgicas) - Alternativa às isoxazolpenicilinas em doentes alérgicos Ana Margarida Advinha Cefalosporinas 1.1.2. Cefalosporinas 2ª Geração • 1ª escolha em sinusites, otites ou infeções do trato respiratório inferior • Cefoxitina: peritonites e diverticulites • Cefuroxima: pneumonia adquirida na comunidade Ana Margarida Advinha Cefalosporinas 1.1.2. Cefalosporinas 3ª Geração • Ceftriazona (injeção única de 125mg) e cefixima (dose oral única de 400mg) - 1ª escolha no tratamento da gonorreia • Meningites causadas por pneumococos, meningococos, H.influenzae, enterobactérias, P. Aeruginosa (associação com um aminoglicosídeo) • Algumas têm a capacidade de atravessar a barreira hematoencefálica Ana Margarida Advinha Cefalosporinas 1.1.2. Cefalosporinas 4ª Geração • Infeções nosocomiais graves • Mais resistente às β lactamases • Boa penetração no líquido cefalo raquidiano • Só em farmácia hospitalar Ana Margarida Advinha Cefalosporinas 1.1.2. Cefalosporinas Reações adversas • Mais frequentes - Hipersensibilidade - Urticária e reação cutânea - Dermatite esfoliativa • Menos frequentes - Febre, dores articulares, nefrite, granulocitopenia, anemia hemolítica Ana Margarida Advinha Cefalosporinas 1.1.2. Cefalosporinas Reações adversas • Excecionalmente - Reação anafilática grave - Risco de hipersensibilidade parece ser o mesmo para todas as cefalosporinas - Alergicidade cruzada com penicilinas (5 a 10%) - Doentes com reação alérgica grave a penicilinas não devem tomar cefalosporinas Ana Margarida Advinha Cefalosporinas 1.1.2. Cefalosporinas Toxicidade • Cefaloridina - Nefrotóxica (nefrite intersticial e necrose tubular aguda) - A sua utilização foi abandonada • Cefalotina (+ aminoglicosídeo) - Aumenta a nefrotoxicidade do aminoglicosídeo • Irritação local – intensa dor local (IM) e tromboflebites (IV) Ana Margarida Advinha Cefalosporinas 1.1.2. Cefalosporinas Toxicidade • Cefalosporinas com anel metiltiotetrazol (cefamandol, moxalactam) - Hipotrombinemia e perturbações hemorrágicas - Reações alérgicas - Intolerância ao álcool (acumulação de aldeído acético) Ana Margarida Advinha Monobactamos 1.1.3. Monobactamos Aztreonam • Grande estabilidade perante a generalidade das β lactamases • Atividade bactericida muito intensa sobre a maioria das bactérias Gram (-) aeróbias (mesmo produtoras de β lactamases) • Algumas pseudomonas possuem β lactamases que inativam o aztreonam • Com aminoglicosídeos e piperaciclinaà efeito sinérgico • IM e IV (muitos usado em pediatria) • Alternativa aos aminoglicosídeos para Gram (-) (não são oto nem nefrotóxicos) Ana Margarida Advinha Monobactamos 1.1.3. Monobactamos Aztreonam Reações adversas e toxicidade - Náuseas e vómitos - Diarreia - Elevação das transaminases - Astenia - Erupções cutâneas pruriginosas Ana Margarida Advinha Carbapenemes 1.1.4. Carbapenemes Derivados da tienamicina (molécula isolada de um fungo) - Imipenem - Meropenem • Uso exclusivo hospitalar • Amplo espectro de atividade (Gram (+), (-) e anaeróbios) • Infeções nosocomiais graves multirresistentes Ana Margarida Advinha Carbapenemes 1.1.4. Carbapenemes Imipenem • Utilizado em associação com a cilastatina (inibidor reversível da desidropeptidase I) • Resistente à inativação pelas β lactamases • Espectro de ação abrange tanto bactérias Gram (+) como Gram (-) • Administração IV ou IM • Infeções do trato respiratório inferior, infeções do aparelho urinário, septicemia, endocardite, infeções intra-abdominais Ana Margarida Advinha Carbapenemes 1.1.4. Carbapenemes Imipenem Reações adversas e toxicidade - Sintomas de estimulação central (p.ex. mioclonias, convulsões) resultantes de elevadas concentrações atingidas com as doses terapêuticas - Aumento transitório da ureia e da creatinina sérica (≈2% dos doentes) Ana Margarida Advinha Carbapenemes 1.1.4. Carbapenemes Meropenem • Não sensível à inativação pela desidropeptidase I • Atividade semelhante à do imipenem • Eficazes contra algumas estirpes de P.aeruginosa resistentes ao imipenem (aconselha-se a associação com aminoglicosídeos) • Menos ativo contra cocos Gram (+) Ana Margarida Advinha Farmacologia e Terapêutica Próxima Aula Teórica 6 Ana Margarida Advinha Anti-infecciosos (2/2)
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