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APS 6 SEMESTRE

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UNIVERSIDADE PAULISTA – UNIP 
CAMPUS ALPHAVILLE 
CURSO DE DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA – APS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAROLINE CRISTINA ZACARIOTO BONOME 
RA. C223BH-5 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BARUERI, 21 DE NOVEMBRO DE 2.016 
 
2 
 
 
Sumário 
 
 
1 INTRODUÇÃO .................................................................................... 3 
2. Origem dos planos de saúde ........................................................... 4 
3. Natureza Jurídica dos planos de saúde .......................................... 5 
4. A boa fé no Código de Defesa do Consumidor .............................. 6 
5. Práticas abusivas ............................................................................. 8 
6. Limitação de procedimentos médicos ............................................ 9 
7. Legitimidade do Ministério Público ............................................... 12 
8. Conclusão ....................................................................................... 14 
9.Bibliografia ....................................................................................... 16 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho trata acerca de planos de saúde e da abusividade 
de algumas de suas cláusulas comumente praticadas em claro 
detrimento ao consumidor, configurando-se como ilegais e 
apresentando-se como verdadeiros empecilhos na efetivação do 
fornecimento do atendimento médico-hospitalar almejado pelos 
segurados. 
 
Quais os dispositivos legais que nos permitem identificar cláusulas 
desproporcionais que conferem excessiva onerosidade ao consumidor? 
Buscando encontrar uma solução para dúvidas dessa natureza, este 
presente trabalho foi elaborado. 
 
Iniciaremos nossa exposição com um breve relato acerca da origem dos 
planos de saúde em nosso país, seguida de um tópico definindo a 
natureza jurídica deste instituto. 
 
Em seguida, iremos abordar o conceito de boa-fé no Código de Defesa 
do Consumidor e o entendimento positivado e doutrinário de 
abusividade em contratos. 
 
Seguiremos com uma análise prática das principais limitações impostas 
aos segurados e discorreremos acerca da existência ou não de 
abusividade, bem como falaremos brevemente sobre a legitimidade do 
Ministério Público para propor ações sobre planos de saúde e em quais 
hipóteses são possíveis. 
 
Por fim, chegaremos à conclusão, retomando o tema de forma sucinta e 
expondo os resultados obtidos por meio da pesquisa bibliográfica 
realizada para formular o presente trabalho. 
 
 
4 
 
2. Origem dos planos de saúde 
 
A origem do sistema de planos de saúde no Brasil remonta à década de 
40 do século XX, época em que as empresas públicas e de natureza 
estatal começaram a utilizar-se de seus próprios recursos, bem como de 
seus empregados, para incluir como benefício desses trabalhadores a 
assistência médico-hospitalar. Na mesma época, as empresas privadas 
estrangeiras implantaram em nosso país as políticas de saúde que 
empregavam no exterior, financiando, assim, algumas importantes 
ações de assistência à saúde de seus obreiros. 
 
Na década seguinte, os anos 50, foram organizadas as primeiras 
organizações destinadas à assistência à saúde. Primeiramente, foram 
contemplados os funcionários estaduais que não integravam a 
Previdência Social e, assim, estavam tecnicamente desprotegidos em 
caso de doença ou assistência de trabalho, ficando possivelmente 
desamparados. 
 
O mercado continuou em expansão e, com a promulgação da nossa 
atual Constituição Federal, em outubro de 1988, foi assegurado o direito 
à saúde dos cidadãos como atribuição do Estado, bem como foi 
permitida à iniciativa privada a oferta de serviços dessa natureza, desde 
que submetidas à correta regulamentação do Estado. 
 
Importante ressaltar, ainda, que mesmo antes da autorização 
constitucional o mercado de planos de saúde funcionava e continuava 
em desenvolvimento em nosso país no decorrer dos anos. 
 
Essa regulamentação se deu apenas dez anos depois, com a entrada 
em vigor da Lei nº 9.565/98, que dispõe acerca das regras para o 
funcionamento do setor de saúde suplementar ao do Estado. 
 
Conforme previsto pelo dispositivo legal, foi criada, por meio da Medida 
Provisória nº 2.012-2/99, a Agência Nacional de Saúde Suplementar, 
abreviada e comumente conhecida como ANS, com o intuito de regular 
o setor. 
 
 
5 
 
3. Natureza Jurídica dos planos de saúde 
 
Os contratos de saúde estabelecem uma típica relação de consumo 
entre as partes, uma vez que a seguradora se obriga a prestar um 
serviço, no caso, no sentido de amparar o tratamento da saúde do 
segurado, sendo que para realizar este serviço a seguradora recebe a 
contraprestação do consumidor, usualmente na forma de pagamentos 
revertidos mensalmente em benefício ao plano de saúde, com seu valor 
variando de acordo com a cobertura oferecida pela seguradora e 
desejada pelo segurado. 
 
Trata-se de um contrato bilateral que prevê uma reciprocidade das 
obrigações assumidas por ambas as partes – o pagamento, do lado do 
consumidor, e o serviço, do lado da seguradora – que é o típico formato 
dos contratos de natureza consumerista. 
 
Além disso, os contratos de plano de saúde, em sua maioria, são pré-
moldados, com cláusulas fixas estabelecidas pelas seguradoras, 
oferecidas aos consumidores na forma de contrato de adesão. Vigoram 
os contratos por período de tempo indeterminado, de maneira contínua, 
estendendo-se ao longo do tempo com a mesma finalidade desde o 
início e com uma característica única: a dependência dos consumidores 
para funcionar. 
 
O contrato só obriga o fornecedor a prestar o serviço na eventualidade 
de ocorrerem ao segurado, assim, os eventos preestabelecidos 
previstos no contrato. 
 
Decerto, por se tratarem de relações de consumo, conforme vimos 
acima, submetem-se às normas previstas na Lei nº 8.078, de 11 de 
setembro de 1990, o Código de Defesa do Consumidor, bem como às 
da legislação específica. 
 
 
6 
 
4. A boa fé no Código de Defesa do Consumidor 
 
Nossos legisladores inovaram na promulgação da legislação 
consumerista no sentido de positivar expressamente a aplicação de um 
princípio previsto também no Código Civil de 2002, tornando, assim, 
obrigatória a observação a este princípio em todo contrato, tanto em 
âmbito judicial quanto extrajudicial, de forma a garantir e fornecer uma 
equidade entre as partes contratantes. 
 
A clara previsão do artigo 4º, inciso III, do Código de Defesa do 
Consumidor[1], no sentido de que deve ser observada a boa fé objetiva, 
é regra que tem como destinatário o juiz, que passa a ter a necessidade 
de atuar conforme a previsão legal, sob pena de torná-la letra morta. 
 
Podemos caracterizar esta boa fé como um patamar de respeito, 
lealdade, clareza, coerência e fidelidade imposto ao fornecedor com 
relação ao consumidor contratante, visando assegurar segurança ao seu 
patrimônio, bem como fornecer informação adequada, adquirindo, ainda, 
o dever moral de não prejudicar ou enganar a parte contratante. 
 
A boa fé objetiva pressupõe o uma confiança no comportamento do 
fornecedor de quem o consumidor irá realizar o contrato esperando um 
comportamento que não seja abusivo tampouco enganoso. 
 
Afinal, a presunção objetiva que o Código de Defesa do Consumidor traz 
a nosso ordenamento jurídico diz respeito à hipossuficiência do 
consumidor, o que, por conseguinte, impõe aos fornecedores e 
empresas atuantes no mercado um dever mínimo de lealdade. 
 
O princípio da boa fé prevê uma relativização dos demais princípios, 
flexibilizando-os no contato com uma regra ética que deve ser aplicada 
em todas as relações jurídicas, desde o momento das tratativas iniciais 
até a resolução do contrato pelo seu integralcumprimento, impondo 
deveres e estabelecendo limites a direitos, de forma a tentar estabelecer 
um maior equilíbrio entre as partes envolvidas na relação jurídica que se 
estabelece. 
 
Além disso, quando o legislador utiliza-se expressamente do Código de 
Defesa do Consumidor para propor a manutenção da boa fé nas 
relações jurídicas, incumbe ao magistrado a delicada função, tanto legal 
quanto constitucional, de tutelar os interesses do consumidor de 
maneira equilibrada. 
7 
 
 
A boa fé do Código de Defesa do Consumidor é objetiva, ou seja, refere-
se a uma cláusula geral que exprime um princípio normativo, ou seja, 
deve nortear todos os contratos realizados e ser aplicada pelo julgador 
em todos os casos. 
 
Temos, assim, uma limitação ao princípio da autonomia da vontade, 
previsto no artigo 170, caput e inciso V, da Constituição Federal de 
1988[2] como forma de combater os abusos praticados no mercado de 
consumo. 
 
 
8 
 
5. Práticas abusivas 
 
Em um sentido latu sensu, podemos compreender prática abusiva como 
uma condição irregular no contrato que desvia dos padrões do que é 
considerado uma boa conduta praticados no mercado com relação ao 
consumidor, parte hipossuficiente da relação jurídica estabelecida. 
 
Toda prática abusiva ofende as bases de nossa ordenamento jurídico, 
configurando-se como uma afronta à boa fé que deve estar presente em 
toda contratação, bem como à ordem pública e aos bons costumes. 
 
Em um sistema jurídico disponível a interpretações e com aberturas 
aptas a receber um conteúdo vital, norteado por uma gama de princípios 
gerais, a solução de qualquer caso concreto necessariamente será uma 
atividade realizada de forma a não ser uma decisão proferida 
mecanicamente. 
 
Nos dizeres de Nelson Nery Júnior, prática abusiva é 
 
“aquela que é notoriamente desfavorável à parte mais fraca da relação 
contratual, e, no caso de nossa análise, é o consumidor, aliás por 
expressa definição do art. 4º, I, do CDC”[3]. 
Com efeito, contrário ao entendimento que prevalece no senso comum, 
nem sempre uma prática abusiva é uma violação expressamente 
reconhecível ou que causa danos contabilizáveis. Na maioria dos casos, 
temos configurada como abusiva atividades que oprimem 
economicamente o consumidor, sejam pré ou pós-contratuais, 
impedindo-o de exercer com toda amplitude a que tem direito as 
prerrogativas que lhe são conferidas legalmente. 
 
Os prejuízos causados por uma prática abusiva sempre geram o dever 
de reparação, cabendo, assim, ao consumidor prejudicado, uma 
indenização pelos danos morais e materiais causados, conforme 
disposição do artigo 6º, inciso VII, do Código de Defesa do 
Consumidor[4]. 
 
Além disso, há expressa previsão legal, no artigo 84 do mesmo 
codex[5], de determinação de abstenção da prática ou conduta abusiva 
pelo magistrado nas ações de obrigação de fazer. 
 
 
9 
 
6. Limitação de procedimentos médicos 
 
Uma prática que tornou-se costumeira no âmbito das relações 
contratuais envolvendo planos de saúde e o consumidor é a limitação de 
procedimentos médicos cobertos pela faixa da modalidade escolhida. 
 
Esta prática comumente praticada por inúmeros planos de saúde viola o 
dever de proteção do consumidor contratante, que é imposto pela 
cláusula da boa fé objetiva, por transferir-lhe despesas abusivas. 
 
Afinal, muitas vezes a limitação dos procedimentos cobertos pelo plano 
de saúde causa a decorrência do custeio das medidas necessárias à 
manutenção da saúde do consumidor pelo próprio consumidor, que na 
maior parte dos casos contrata um plano de saúde justamente para ver-
se livre dessa incumbência. 
 
A recuperação do consumidor contratante depende de inúmeros fatores, 
incontroláveis mesmo por médicos. 
 
Ocorre que o consumidor muitas vezes desconhece quais as medidas 
necessárias para o restabelecimento de sua saúde, dependendo do 
médico de sua confiança. E o plano de saúde assume a 
responsabilidade de zelar pela vida do contratante, que é, por sinal, 
objeto do contrato jurídico assinado. Esse é um dos motivos pela qual a 
cláusula de limitação configura-se como abusiva. 
 
Não é exigível, da mesma maneira, que o segurado arque com os 
custos do tratamento indicado por seu médico, uma vez que é este um 
dos principais motivos que o leva a celebrar o contrato de plano de 
saúde. Essa disposição é regida pelo princípio da razoabilidade, e sua 
violação importa em clara abusividade ilícita por não respeitar a cláusula 
geral da boa fé. 
 
Este princípio da razoabilidade é um instrumento que ganha eficácia ao 
estabelecer um critério a ser utilizado pelo magistrado para reconhecer 
eventual inconstitucionalidade contida em lei. Da mesma forma, legitima 
os atos administrativos e entre as partes de um contrato, configurando-
se como um dos princípios vitais ao nosso ordenamento jurídico e 
essencial à concretização da noção de Justiça proposta em nossos 
códigos. 
 
10 
 
Afinal, o vínculo do plano de saúde ao segurado, com relação à 
enfermidade que este apresenta, não pode ser fragilizado de maneira 
alguma. 
 
Temos incabível a imposição de determinado tratamento para 
determinada doença, que é o que ocorre na prática quando a 
seguradora limita ao consumidor as opções de cobertura de seus planos 
de saúde. 
 
Isso porque, tais cláusulas limitadoras, quando interpretadas em 
desfavor do consumidor, o colocam em situação extraordinária de 
vulnerabilidade, restringindo, dessa maneira, um direito fundamental 
inerente à própria natureza jurídica do contrato celebrado. 
 
A cláusula que restringe direitos é uma afronta ao princípio da boa fé 
previsto no próprio Código de Defesa do Consumidor. 
 
Com efeito, temos claro que não há equivalência no fato do consumidor 
ficar obrigado a pagar as mensalidades assumidas no contrato, 
utilizando-se ou não dos serviços fornecidos pela seguradora, enquanto 
esta fica assegurada contra tratamentos que se mostrem, por algum 
motivo, mais caros e complexos, ainda que reconhecidamente 
necessários, não importando o quanto o segurado já tenha pago 
acreditando, desde o princípio, fazer jus a esses serviços. 
 
Não podemos olvidar, ainda, que o objeto jurídico dos contratos de 
plano de saúde visa preservar o maior dos valores humanos – a vida, de 
forma que não podemos aceitar uma restrição na cobertura do 
atendimento por meio de cláusula flagrantemente abusiva. 
 
Quando as partes concordam em criar uma assistência de saúde que 
envolva determinada doença, assumem obrigações compatíveis com o 
tratamento que esta demandar, integrando, assim, a perspectiva de cura 
do segurado. 
 
Um dos pontos negativos do contrato de adesão e do mercantilismo que 
assola as relações de consumo nos dias de hoje, as seguradas com 
demasiada freqüência inserem em sues contratos essas cláusulas 
tipicamente abusivas que causam grave desequilíbrio com relação à 
hipossuficiência dos consumidores com quem contratam. 
 
Afinal, na medida em que determinados tratamentos médicos são 
excluídos da faixa de controle dos planos de saúde, a cláusula que 
11 
 
determina essa limitação é flagrantemente contraditória com relação à 
própria finalidade do contrato de plano de saúde, bem como a sua 
natureza jurídica, cujo objetivo é, justamente, cobrir as despesas 
médicas do consumidor e, assim, preservar o bem maior da vida. 
 
Logo, tendo em vista a norma do artigo 51, inciso IV, do Código de 
Defesa do Consumidor[6], e a especialidade dos médicos responsáveis, 
bem como sua liberdade em recomendar o tratamento que julgarem que 
mais se aplica ao caso concreto, temos a irrazoabilidade da restrição de 
tratamento, de forma que tais cláusulas, em qualquer contrato de plano 
de saúde que vise preservar a vida, há por ser tida como ilegal. 
 
 
12 
 
7. Legitimidade do Ministério Público 
 
Uma questãorelevante no tocante à questão da abusividade em certas 
cláusulas dos contratos de plano de saúde diz respeito à legitimidade de 
atuação do Ministério Público, por serem contratos tipicamente de 
adesão e que afetam um número incontável de consumidores. 
 
Com efeito, entendemos que a legitimidade é indiscutível, uma vez que 
há interesses sociais de grande relevância sendo violados, senão 
vejamos a seguir. 
 
Temos que o Ministério Público, enquanto instituição, representa a 
sociedade e possui como prerrogativa a legitimidade de propositura de 
ação civil pública em defesa de direitos individuais homogêneos. É 
indispensável, porém, que tais direitos tenham uma expressão coletiva 
considerável e seu valor econômico não seja significativo, não 
importando a maneira de sua divisão. 
 
No caso concreto desse artigo, sabemos que o direito é pertencente a 
cada um dos consumidores que realizaram o contrato de adesão de 
plano de saúde. Este direito individual de cada um caracteriza-se como 
homogêneo quando associa-se com outros direitos individuais 
semelhantes, como o direito à saúde, de forma que a expressão 
econômica de cada um desses direitos é de quantia irrelevante, não 
suscitando necessariamente a defesa de seus direitos pelos próprios 
titulares, o que autoriza a atuação do Ministério Público nestes casos. 
 
A saúde, além de ser um direito de todos, é um dever do Estado, não 
podendo ser desprezada enquanto sua natureza indisponível de direito 
imperativo. 
 
Dessa feita, havendo uma grande repercussão social, que conquiste de 
maneira nítida o interesse de toda a sociedade, enquanto grupo, 
autorizado encontra-se o Ministério Público para agir em deslinde 
judicial com relação a resolver o assunto. 
 
Logo, temos que a nossa Constituição preceitua como regra de 
hermenêutica a garantia da ordem social existente, devendo ser sempre 
interpretada de forma extensiva e com expresso benefício em relação ao 
consumidor. 
 
13 
 
A atuação do Ministério Público mostra-se relevante uma vez que sua 
área de atuação abrange a defesa dos interesses da coletividade, como 
na hipótese aqui consagrada de direitos homogêneos disponíveis. 
 
 
14 
 
8. Conclusão 
 
Tendo finalizado o presente artigo, podemos tecer alguns comentários 
acerca dos assuntos estudados, senão vejamos. 
 
Pudemos verificar que a relação do tratamento de saúde médico-
hospitalar passou da esfera do Estado para a iniciativa privada em 
caráter suplementar com o decorrer das décadas, fortalecendo-se e 
ganhando nítido caráter consumerista, regido obviamente pelo Código 
de Defesa do Consumidor. 
 
Logo, foram criadas regras próprias para regulamentar os planos de 
saúde, com inclusive a criação da ANS, a Agência Nacional de Saúde 
Suplementar, com o intuito de proceder à fiscalização das seguradoras 
de saúde que promovem os contratos. 
 
Ainda que existam inúmeras regras e formas de regulamentação do 
assunto, vimos no presente artigo que muitas operadoras insistem em 
inserir em seus contratos cláusulas que tiram o equilíbrio do contrato e 
implicam ao consumidor uma severa desvantagem, o que, visto da ótica 
do princípio da boa fé, e das normas do Código de Defesa do 
Consumidor, bem como as legislações específicas, configura-se como 
abusivo e é motivo para anulação da cláusula quando procurado o 
Poder Judiciário para ver efetivado tal direito pelo consumidor lesado. 
 
Importante lembrar que cláusulas que limitam internação, negam 
reembolso, aplicam carência em doenças como argumento de negação 
à cobertura estabelecida, bem como negativa de cobertura de 
determinados tratamentos e procedimentos médicos, são 
completamente abusivas e nulas de pleno direito. 
 
Nesses casos, nítido o direito do consumidor de responsabilizar a 
seguradora de saúde, impondo a elas a obrigação de reparar o dano 
causado, conforme visto. 
 
O Ministério Público possui legitimidade, também, de acordo com os 
estudos realizados, para opor ação civil pública pleiteando o 
reconhecimento de abusividade em cláusulas de contrato de adesão 
que versem a respeito de planos de saúde quando o dano causado tem 
pouca expressão econômica enquanto considerado individualmente mas 
causa suficiente repercussão na sociedade como um todo. 
 
15 
 
Por fim, concluímos serem os contratos de saúde de natureza 
tipicamente consumerista, o que implica em dizer que quaisquer 
cláusulas limitadoras de cobertura ou tratamento podem ser 
consideradas abusivas quando vistas pela ótica do Código de Direito do 
Consumidor, movido pelos previstos critérios de boa fé e lealdade 
contratual, bem como o respeito devido aos segurados consumidores 
que buscam uma ampla cobertura de saúde para si e para seus 
familiares. 
 
 
16 
 
9.Bibliografia 
 
BOTTESINI, Maury Ângelo. Lei dos planos e seguros de saúde: 
comentada e anotada: artigo por artigo, doutrina, jurisprudência. São 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2003. 
 
BRASIL. Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988. 
Brasília, 1988. Disponível em:. Acesso em: 12 de maio de 2014. 
 
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a 
proteção do consumidor e dá outras providências. Brasília, 1990. 
Disponível em:. Acesso em: 12 de maio de 2014. 
 
GREGORI, Maria Stella. Planos de saúde: aótica da proteção do 
consumidor. (Biblioteca de direito do consumidor; v. 31). São Paulo: 
Revista dos Tribunais, 2007. 
 
GRINOVER, Ada Pellegrini; WATANABE, Kazuo e NERY, Nelson 
Júnior. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado Pelos 
Autores do Anteprojeto. São Paulo: Editora Forense Jurídica, 10ª edição, 
2011. 
 
LÔBO, Paulo Luiz Neto. Contratos no Código do Consumidor: 
pressupostos gerais, in: JUSTITIA, Revista do Ministério Público de São 
Paulo, vol. 160. São Paulo, disponível em:. Acesso em: 14 de maio de 
2014. 
 
NERY, Nelson Júnior. Código Brasileiro de Defesa do Consumidor. Rio 
de Janeiro: Editora Forense Universitária, 4ª edição, 1992. 
 
PIETROBON, Louise; PRADO, Martha Lenise do, e CAETANO, João 
Carlos. Saúde suplementar no Brasil: o papel da Agência Nacional de 
Saúde Suplementar na regulação do setor. Disponível em:. Acesso em: 
2 de maio de 2014. 
 
SCAFF, Fernando Campos. Direito à Saúde no Âmbito Privado. São 
Paulo: Editora Saraiva, 2010. 
 
SILVA, Clóvis Veríssimo do Couto. A obrigação como processo. São 
Paulo: Editora Bushatsky, 1976. 
 
17 
 
[1]“Art. 4º A Política Nacional das Relações de Consumo tem por 
objetivo o atendimento das necessidades dos consumidores, o respeito 
à sua dignidade, saúde e segurança, a proteção de seus interesses 
econômicos, a melhoria da sua qualidade de vida, bem como a 
transparência e harmonia das relações de consumo, atendidos os 
seguintes princípios: 
 
III – harmonização dos interesses dos participantes das relações de 
consumo e compatibilização da proteção do consumidor com a 
necessidade de desenvolvimento econômico e tecnológico, de modo a 
viabilizar os princípios nos quais se funda a ordem econômica (art. 170 
da Constituição Federal), sempre com base na boa-fé e equilíbrio nas 
relações entre consumidores e fornecedores; 
 
 
[2] “Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho 
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência 
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes 
princípios: 
 
V – defesa do consumidor; 
 
 
[3]In: Código Brasileiro de Defesa do Consumidor. Editora Forense 
Universitária, 4ª edição, 1995, p. 339. 
 
[4]“Art. 6º São direitos básicos do consumidor: 
 
 
VII – o acesso aos órgãos judiciários e administrativos com vistas à 
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, 
coletivos ou difusos, assegurada a proteção Jurídica, administrativa e 
técnica aos necessitados; 
 
 
[5]“Art. 84. Na ação que tenhapor objeto o cumprimento da obrigação 
de fazer ou não fazer, o juiz concederá a tutela específica da obrigação 
ou determinará providências que assegurem o resultado prático 
equivalente ao do adimplemento. 
 
§ 1º A conversão da obrigação em perdas e danos somente será 
admissível se por elas optar o autor ou se impossível a tutela específica 
ou a obtenção do resultado prático correspondente. 
18 
 
 
§ 2º A indenização por perdas e danos se fará sem prejuízo da multa 
(art. 287, do Código de Processo Civil). 
 
§ 3º Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado 
receio de ineficácia do provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela 
liminarmente ou após justificação prévia, citado o réu. 
 
§ 4º O juiz poderá, na hipótese do § 3º ou na sentença, impor multa 
diária ao réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente 
ou compatível com a obrigação, fixando prazo razoável para o 
cumprimento do preceito. 
 
§ 5º Para a tutela específica ou para a obtenção do resultado prático 
equivalente, poderá o juiz determinar as medidas necessárias, tais como 
busca e apreensão, remoção de coisas e pessoas, desfazimento de 
obra, impedimento de atividade nociva, além de requisição de força 
policial.” 
 
[6] “Art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas 
contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: 
 
 
IV – estabeleçam obrigações consideradas iníquas, abusivas, que 
coloquem o consumidor em desvantagem exagerada, ou sejam 
incompatíveis com a boa-fé ou a equidade;

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