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TRABALHO DE PORTOS E VIAS NAVEGAVEIS Sistema portuário no Brasil Antonio Luiz de Mello Neto Profº: Dr. Marcelo Augusto Amâncio UNIP - Campus Vargas - Ribeirão Preto Novembro de 2017 2 UNIP – Universidade Paulista Instituto de Ciências Exatas e Tecnologia Campus Ribeirão Preto PORTOS E VIAS NAVEGAVEIS Sistema portuário no Brasil Nome: Antonio Luiz de Mello Neto R.A.: B68917-0 Turma: EC0R18 Sala: 111-A Profº: Dr. Marcelo Augusto Amâncio Ribeirão Preto Novembro de 2017 3 Resumo O transporte aquático ou aquaviário são responsáveis pelo deslocamento de pessoas e mercadorias pelos mares, oceanos, lagos, rios ou canais em navios, barcos, balsas. Ele é usado principalmente para movimentar mercadorias pesadas e volumosas em longas distâncias ou em viagens turísticas. Com uma costa de 8,5 mil quilômetros navegáveis, o Brasil possui um setor portuário que movimenta anualmente cerca de 700 milhões de toneladas das mais diversas mercadorias e responde, sozinho, por mais de 90% das exportações. O modal aquaviário possui um dos menores custos para o transporte de cargas no Brasil, perdendo apenas para o transporte dutoviário e aéreo. O Governo Federal, recém repaginado, ensaia mudanças, com o propósito de garantir estabilidade jurídica e vantagens econômicas para o investidor privado, a atraí-los para o setor e, consequentemente, permitir o retorno do crescimento do país. A metodologia utilizada no presente estudo baseia-se em pesquisa bibliográfica (legislação; normas; artigos; monografias; e informações específicas ou que estejam relacionadas com a questão portuária) Palavras Chave: sistema portuário, sistema marítimo, portos brasileiros, vias navegáveis. 4 LISTA DE FIGURAS Figura 1: o porto de Santos/SP 6 Figura 2: mapa sistematizado dos portos nacionais 7 Figura 3: a “lei dos portos” dita os processos portuários 19 LISTA DE TABELAS Tabela 1: Portos do Brasil 9 Tabela 2: maiores portos em movimentação 11 5 Sumário 1- BREVE HISTÓRICO .................................................................................................................... 6 2- SISTEMA PORTUÁRIO NACIONAL ........................................................................................ 7 2.1- Ministério dos Transportes, Portos e Aviação ........................................................................... 7 2.2- A estratégia sob a via marítima .................................................................................................. 8 2.3- Portos e terminais marítimos no Brasil ...................................................................................... 9 2.4- Os maiores portos ..................................................................................................................... 11 3- A FUNCIONALIDADE DOS PORTOS ................................................................................... 12 3.1- A evolução das tecnologias de transporte dos portos ............................................................. 12 3.4- A exploração dos portos ........................................................................................................... 18 3.5- A lei dos novos portos: lei nº 12.815/13 .................................................................................. 20 4- CONCLUSÃO ............................................................................................................................. 21 5- REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................................................... 22 6 1- BREVE HISTÓRICO Iniciou-se, bem ao início da década de 90, o processo de globalização, que aglomerou as diversas esferas de produção em um intenso mecanismo de interações socioeconômicas em nível mundial, sobrepondo-se a abertura comercial e também a reestruturação produtiva de países, o que acomodou os portos no centro dos fluxos de uma economia uma vez mais dinâmica (Monie, 2006). Para o alcance da eficiência no comércio, pode-se destaca a relevância do sistema portuário para toda economia, e a modernização dos portos deve ser um dos principais enfoques das políticas públicas dos países (Vidal, 2006). Na época citada, ainda segundo Vidal, a baixa competitividade dos portos brasileiros e os seus altos custos operacionais afunilavam uma maior introdução da nação no comércio mundial. Com está situação apresentada, o chamado custo Brasil agravou-se ainda mais e o país carecia de reforma portuária, para que pudesse se alcançar os critérios mínimos internacionais de movimentação nos portos. Deste período em diante, os investimentos na infraestrutura foram negligenciados pelos governos nacionais brasileiros e, na atualidade, falta ou até simplesmente encontram-se sucateados, aeroportos, rodovias, ferrovias, portos e energia. Os resultados decorrentes desse malcuidado manifestam-se de forma implacável, sendo que o país não consegue beneficiar-se, na integralidade, das oportunidades advindas de um persistente ciclo de estabilidade interna (Infraestrutura, 2012). Figura 1: o porto de Santos/SP. (Reprodução/Internet) 7 2- SISTEMA PORTUÁRIO NACIONAL 2.1- Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Em todo o território nacional existem hoje, segundo o Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, 37 portos públicos. Nesta determinação, pode-se citar portos com concessão a consórcios públicos, delegados a municípios ou estados e também os administrados pela União. A concessão de área desses portos é determinada conforme o art. 2º da Lei nº 12.815 de 5 de junho de 2013, do Poder Executivo. É relevante salientar que a Secretaria de Portos, citada pela sigla SEP, determina como classificação de um porto marítimo ou fluvial o “tipo de navegação longo curso ou interior”, e não pela sua localização geográfica. Como por exemplo, o Porto de Manaus possui relacionamento geográfico fluvial através do rio, porém, na classificação da SEP, ele é considerado marítimo por auferir embarcações de linhas oceânicas. Figura 2: mapa sistematizado dos portos nacionais. (WebPortos) 8 2.2- A estratégia sob a via marítima Na infraestrutura de uma nação por intermédio de uma matriz de transporte equilibrada se insere em direto ponto na competitividade em conjuntura a custos e a qualidade dos seus produtos e, além do mais, está unida ao crescimento econômico de uma nação. Dentre os demais modais, é verificado que o ferroviário e o aquaviário poderiam ser melhores utilizados aumentando a sua participação no volume de cargas, desde que investimentos sejam efetuados. Mesmo tendo o seu posicionamento estratégico na logística do Comercio Exterior brasileiro, advindo da localização geográfica do Brasil em vista aos grandes mercados internacionais, os portos não exercem o mesmo papel na logística nacional, cuja posição predominante na matriz de transportes brasileira é do transporte rodoviário. Em contrapartida a isso, um estudo do BNDES nomeado como “O Desafio das Exportações” (2002) identificou que 95% das exportações brasileiras são realizadas por via marítima. Essa diferença entre as performances operacionais dos portos públicos e privados está associada à composiçãopor tipo de produto na movimentação portuária brasileira, na qual predominam os granéis sólidos (minérios e grãos) e os granéis líquidos (petróleo e seus derivados, óleos vegetais e produtos químicos), que respondem por 90% da movimentação, ou 320 milhões de toneladas anuais. Os produtos são operados, em sua grande maioria, segunda o BNDES, em portos e terminais privativos. Petrobras, Vale, Cargil, Usiminas, MBR e CST, são alguns exemplos de empresas que movimentam milhões de toneladas por ano exclusivamente através das suas instalações. Para a maioria dessas empresas, controlar toda sua logística de transporte de seus produtos é ação fundamental para assegurar a sua competitividade no meio global. Além do mais, os clientes do segmento de carga geral constituem um universo bastante grande, com necessidades diferenciadas, muitas vezes exigindo esquemas de logística especiais para suas cargas. Grande parte deles não possui escala econômica para assumir integralmente a operação de um terminal privativo, dependendo dos terminais públicos para movimentar sua produção. 9 2.3- Portos e terminais marítimos no Brasil A Agência Nacional de Transportes Aquaviários ANTAQ listava, em 2011 e segundo Magalhães, nada menos de 44 "principais portos" existentes no Brasil. A listagem, no entanto, abrange situações bastante diferenciadas, desde portos de hidrovias (ou fluviais) até terminais especializados, passando até por casos em que não mais ocorre trafego de embarcações de transportes. São 25 portos comerciais, incluindo portos menores que não atendem ao comercio internacional (Angra dos Reis Forno, no Rio de Janeiro, Cabedelo, na Paraíba), além de três complexos industriais portuários típicos, seis terminais especializados dez portos hidroviários. Com objetivo de melhor compreender situação geral dos portos brasileiros apresenta-se Tabela seguir, partir da listagem dos portos da ANTAQ: Tabela 1: Portos do Brasil Portos Comerciais ou Portos Marítimos organizados em Operação Efetiva Angra dos Reis, Forno, Itaguaí, Rio de Janeiro-RJ, Belém e Santarém-PA, Cabedelo-PB, Natal-RN, Fortaleza-CE, Salvador ilhéus-BA, Imbituba, Itajaí e São Francisco do Sul-SC, Itaquí-MA, Manaus-AM, Macapá-AP, Maceio-AL, Paranaguá-PR, Recife e Suape-PE, Rio Grande-RS, Santos e São Sebastiao- SP e Vitoria-ES Complexos industriais portuários Aratu-BA, Barra do Riacho-ES e Vila do Conde-PA Terminais especializados Areia Branca-RN, Ponta do Ubu, Regência, Tubarão e Praia Mole-ES, Inácio Barbosa-SE Portos hidroviários ou fluviais Cáceres-MT, Charqueadas, Estrela, Pelotas e Porto Alegre-RS, Corumbá e Ladário-MS, Panorama e Presidente Epitácio-SP, Pirapora-MG e Porto Velho- RO Fonte: Agência Nacional de Transportes Aquaviários. (2010) 10 A denominação de "portos organizados" está definida na lei dos portos Lei nº 8.630/93 (atualizada em 2013), qual seja: "Porto Organizado: construído aparelhado para atender as necessidades da navegação da movimentação armazenagem de mercadorias, concedido ou explorado pela Unido, cujos tráfegos de operações portuárias estejam sob responsabilidade de uma autoridade portuária". ANTAQ. O porto organizado agrega diversos terminais ou espaços destinados ao "uso público", embora possa ter, também, terminais destinados ao uso privativo; são chamados, também de "portos públicos" ou "portos comerciais". A classificação proposta na tabela anteriormente citada considera diversas situações ocorrências mais recentes como, por exemplo, o que se observa no porto Niterói-RJ, qual não mais atende ao trafego marítimo de carga dedica-se a atender embarcações de apoio as plataformas marítimas de petróleo (chamado supply boats). O porto de Manaus incluído, mas transforma-se, gradualmente, em terminal especializado em navios de cruzeiros de embarcações fluviais. O mesmo site da ANTAQ mostra um desenho com localização geral dos portos terminais brasileiros, onde são incluídos os portos fluviais ou hidroviários, como Porto Velho-RO, Porto Alegre-RS Cachoeira do Sul-RS, bem como os portos de Pecem-CE, que um complexo industrial portuário que funciona como "terminal de uso privativo", Luís Correia-PI, que ainda estava em construção em 2011 (data do livro usado em questão nesta pesquisa e Laguna-SC, esses dois últimos que hoje são portos pesqueiros (Magalhães, 2011). 11 2.4- Os maiores portos Os cinco maiores portos movimentaram mais de 50% de toda a carga brasileira. Caso nestes sejam considerados os dez primeiros, este percentual sobe para em torno de 80%, restando para os demais vinte e seis portos, para um total de apenas 20% das cargas. Tabela 2: maiores portos em movimentação (1994). (GEIPOT) Entretanto, não deve-se comparar os portos apenas com base nos dados de sua movimentação global. Como por exemplo, o porto de Tubarão, tendo 60 milhões de toneladas por ano não pode ser comparado com o porto de Santos, tendo 34 milhões de toneladas. Tubarão, sendo um porto privado da Vale do Rio Doce, é especializado na exportação de minérios (chamados granéis sólidos), que representam 100% da sua movimentação. Por outro lado, Santos, porto público, opera um conjunto diferenciado de produtos (21% de granéis líquidos, 47% de granéis sólidos e 32% de carga geral), sendo o porto responsável pela movimentação da maior parte de nosso comércio externo dos produtos industrializados (carga geral). Dessa maneira, é necessário que toda formulação de políticas para a modernização dos portos seja embasada em análises para cada porto, especificamente, de acordo com suas especializações e com suas diferentes vocações regionais (BNDES). 12 3- A FUNCIONALIDADE DOS PORTOS 3.1- A evolução das tecnologias de transporte dos portos Podemos dizem, segundo Magalhães (2011), que as fases de crescimento e especialização dos portos vão de encontro diretamente com a evolução das suas tecnologias aplicadas, transporte de manuseio das cargas, como mostra a abordagem de James Bird, no livro Seaports and Seaport Terminals, na definição do que chamou de “cinco fases”, tratada de forma adaptada seguir: 1- Porto primitivo localizado em sitio abrigado, geralmente um banco na margem de um estuário ou as margens de uma enseada ou baia. 2- Ocorre expansão de cais marginais, buscando locais na outra margem do estuário ou ao longo da costa abrigada da baia. 3- Construção do cais marginal, com implantação de píeres e docas, de armazéns de transito, edificações ao longo do cais, com criac.ao de muros de isolamento da cidade em seu entorno. 4- Desenvolvimento de estruturas elaboradas de docas continuidade dos cais marginais. 5- Estruturas especializadas de acostarem, em píeres, para movimentação de graneis, ou em cais linear, usualmente utilizados para movimentac.ao de contêineres, em áreas reconstruídas ou em locais de grande profundidade, onde sejam disponíveis amplos espaços de terreno plano já existentes ou obtidos por aterro. Os complexos industriais portuários concebidos nas fases de desenvolvimento propostas pela Unctad, vem gradualmente, se transformando em portos comerciais, segundo dados apresentados por Magalhães (2011), com dado destaque para porto de Suape, em Pernambuco, qual agrupa diversos terminais marítimos e apenas mais recentemente vem atraindo a instalação de indústrias agregadas. Aratu, na Bahia, foi criado para atender grandes projetos industriais localizados nas suas redondezas, como Centro Industrial de Aratu(CIA) Polo Petroquímico de 13 Camaçari; Vila do Conde, no Pará, serviu implantação do projeto de alumínio da Albrás-Alunorte Barra do Riacho, no Espirito Santo, atende ao complexo de produção da empresa Aracruz Celulose. Em Vila do Conde Barra do Riacho observa-se tendência de ampliar as instalações para atender trafego da carga geral, neograneis contêineres. Alguns terminais especializados classificados pela ANTAQ como "portos organizados" atendem commodities específicas, movimentadas a granel, como sal marinho, em Areia Branca-RN, minério de ferro petróleo em Ponta do Ubu até Regência, Espirito Santo, graneis diversos, em Inácio Barbosa ou Barra dos Coqueiros, no Sergipe, conforme explica Magalhães (2011). O terminal do Pecem constitui-se em proposta tardia do modelo de complexo industrial portuário. Embora já esteja em funcionamento, ainda não abriga ou serve a qualquer indústria relevante em sua área, dedicando-se, presentemente, movimentação de carga geral sob forma de contêineres de neograneis (produtos siderúrgicos). Há um intenso esforço do Governo do Estado do Ceara para atrair viabilizar implantação de indústrias na área do CIPP ou Complexo Industrial Portuário do Pecem, tais como uma usina siderúrgica uma refinaria de petróleo. Os projetos de expansão das instalações de Pecem, entretanto, aproximam cada vez mais do perfil de um porto comercial, com construção de terminais de múltiplo uso (para embarque de produtos siderúrgicos movimentação de contêineres) terminais especializados para descarregamento de carvão (para usinas termoelétricas para siderúrgica) de embarque de grãos (soja e farelo). Ainda sobre isso, Magalhães (2011) explica que a refinaria de petróleo a ser instalada necessitará da construção de novo terminal, dimensionado adequadamente ao seu perfil, enquanto píer originalmente construído para petroleiros deverá atender uma planta de regaseificasão de Gás Natural Liquefeito (GNL). 14 3.2- Os órgãos de responsabilidade portuária e marítima Seguem abaixo, os principais órgãos de fiscalização e organização dos portos e vias navegáveis nacionais, bem como um resumo de suas subseções e resumo de sua competência: Secretaria de Portos da Presidência da República (SEP/PR): Criada em 2007, a SEP/PR não tem vínculo com o MT, estando relacionada, segundo Silva (2010), diretamente à Presidência da República e contando com status equivalente a um ministério. Uma de suas atribuições é formular as políticas nacionais e executar medidas, programas e projetos em prol do desenvolvimento da infraestrutura dos portos marítimos e terminais sob a sua gestão. Compete, ainda, à SEP/PR a participação no planejamento estratégico, o estabelecimento de diretrizes para sua implantação, a priorização de investimentos e a aprovação dos planos de outorgas dos portos. No Brasil, existem 34 Portos Organizados (PO) na área marítima sob a gestão da SEP/PR. Dessa totalidade, dezesseis Portos encontram-se delegados, concedidos ou têm sua operação autorizada por governos estaduais e municipais; e dezoito Portos são administrados pelas Companhias Docas, sociedades de economia mista, que têm como acionista majoritário o Governo Federal. Destaca- se que os portos fluviais e lacustres não são da competência do SEP/PR, mas sim do MT. Ministério dos Transportes (MT): O MT é o órgão central para a formulação, coordenação e supervisão das políticas nacionais referentes aos transportes rodoviário, ferroviário e aquaviário (marinha mercante, vias navegáveis e portos fluviais e lacustres), além da participação na coordenação dos serviços aeroviários e portuários (exceto marítimos). Em 2007, ainda segundo Silva (2010), com a criação da SEP/PR, o setor portuário marítimo saiu de sua esfera de atuação. Cabe ao MT, ainda, a participação no planejamento estratégico, o estabelecimento de diretrizes, a priorização de 15 investimentos e a aprovação dos planos de outorga (não se aplica aos portos marítimos). Verificou-se, que no período em que os portos estiveram subordinados ao MT, a área portuária recebeu poucos 19 investimentos e ficou delegada a um segundo plano dentro desse ministério que, historicamente, valoriza muito o modal rodoviário. Conselho Nacional de Integração de Políticas de Transportes (CONIT): O CONIT foi criado em 2001, e tem como objetivo a coordenação das diversas políticas setoriais de transporte, propondo medidas para o desenvolvimento do transporte multimodal e buscando harmonizar as políticas de transporte dos governos Federal, Estaduais e Municipais. O CONIT é composto por dez órgãos de governo, dentre eles, o MT e a SEP/PR. Cabe salientar que, desde o seu surgimento, o CONIT teve uma atuação tímida no planejamento e na coordenação da área de transportes do Brasil, o que vem gerando um significativo prejuízo à integração dos transportes no país (Junior, 2013). Agência Nacional de Transportes Aquaviários (ANTAQ): Criada em 2001, a ANTAQ está vinculada ao MT. Como atribuições, pode-se citar: a implantação das políticas formuladas pelo SEP/PR, MT e CONIT; a elaboração do Plano Geral de Outorga Portuária (PGO); celebração e fiscalização de outorgas de autorização dos Terminais Privados; fiscalização direta e restrita das Autoridades Portuárias no âmbito do PO; e a regulação, supervisão e fiscalização das atividades dos setores aquaviário e portuário, com o objetivo de garantir o acesso dos usuários ao serviço com eficiência, segurança, conforto e modicidade de preços de fretes e tarifas (Junior, 2013). 16 Autoridades Portuárias (AP): Destinam-se a administrar e a fiscalizar as operações nos PO. Dentre suas principais atribuições, tem-se: a execução ou fiscalização dos investimentos e manutenção em infraestrutura comum do porto; o planejamento do porto; o arrendamento de instalações portuárias; a pré-qualificação dos Operadores Portuários; e a organização e controle do fluxo de embarcações. No Brasil, há 21 AP para administrar 34 PO na área marítima. Dessas, sete AP estão diretamente vinculadas à SEP/PR, que são as Companhias Docas (sociedades de economia mista, cujo o acionista majoritário é o Governo Federal); e outras AP foram delegadas aos Estados e aos Municípios (descentralização). Cabe ressaltar que a maior parte das Companhias Docas possui passivos expressivos, notadamente dívidas trabalhistas, fiscais e previdenciárias, o que tem inviabilizado a realização dos investimentos necessários para garantir a eficiência dos nossos portos. Além disso, as Companhias Docas têm a função de representar o interesse público na área portuária, diante da diversidade de interesses privados dentro do porto, assim como de ter uma visão geral de todo o processo. Desde 2002, iniciou-se uma tentativa de implantação de um processo de saneamento financeiro das Companhias Docas, mas persistem as dificuldades. Estão sendo implementados processos de melhoria de gestão nas Docas, para que seja viável que elas exerçam com eficiência o papel de AP, ao responder pela organização da vida do porto, por atrair carga e incentivar o desenvolvimento do sistema portuário sob sua gestão (Junior, 2013). Marinha do Brasil (MB): É órgão do Ministério da Defesa (MD), no qual existem quatro órgãos mais ligados à temática dos portos: a Diretoria de Portos e Costas (DPC); as Capitanias dos Portos (CP); o Centro de Hidrografia da Marinha (CHM); e o Centro de Sinalização Náutica Almirante Moraes Rêgo (CAMR). 17 A DPC é um órgão essencialmente normativo, queresponde pela garantia da segurança do tráfego aquaviário. Dessa forma, estabelece normas diversas sobre o tema, dentre elas: o ordenamento do espaço aquaviário; o trânsito de embarcações; e o Serviço de Praticagem. Além disso, cabe à DPC a regulamentação e o apoio à capacitação dos trabalhadores portuários e marítimos. O CHM é um órgão técnico da MB que analisa e aprova os projetos de obras sobre águas e levantamentos batimétricos, assessorando às CP nesse tema. Assim, verificou-se que muito dos levantamentos batimétricos decorrentes dos portos submetidos à dragagem no Programa Nacional de Dragagem Portuária e Hidroviária- 1 (PND-1) apresentaram inconsistências e demoraram a ser aprovados pelo CHM. Além disso, a estrutura de pessoal técnico do CHM, responsável pela análise era reduzida perante a grande demanda de homologações das profundidades requeridas recentemente, ocasionando atraso (Junior, 2013). Comissão Nacional das Autoridades nos Portos (CONAPORTOS): Foi instituída pelo Decreto nº 7.861, de 6 de dezembro de 2012, com a finalidade de integrar e harmonizar as atividades desempenhadas pelos órgãos e entidades públicos nos portos e instalações portuárias, e tem o propósito de reduzir a burocracia. Baseando-se no estudo apresentado pela confederação (2010), o excesso de burocracia nos mais diversos procedimentos legais, principalmente naqueles associados ao comércio exterior de mercadorias, configura-se num dos problemas relevantes da gestão portuária. Os importadores e exportadores sofrem com o excesso de burocracia na liberação das cargas. Há diversos órgãos envolvidos, cada qual responsável por um tipo de documento e por conferências físicas nas mercadorias. Não existe um cadastro único, o que leva a obrigatoriedade de fornecer a mesma informação a todos os órgãos, segundo Oliveira (2011). 18 3.4- A exploração dos portos Terminal de Uso Privado: Criou-se o conceito de Terminal de Uso Privado, que é a instalação portuária explorada mediante autorização e localizada fora da área do PO. Extingue-se a definição de Terminal de Uso Privativo (TUP), que poderia ser localizado fora ou dentro do PO. Ao mesmo tempo, finda com os TUP-E e TUP-M, não havendo mais diferenciação entre cargas (Junior, 2013). Arrendamento e Concessão de Terminal no PO: Os terminais localizados dentro do PO passam a ser arrendados e sob concessão por meio de contrato, precedido de licitação; no antigo processo licitatório o ganhador era aquele que efetuava a maior oferta de pagamento. Agora, adotam-se critérios de forma isolada ou combinada, da maior capacidade de movimentação, da menor tarifa cobrada ou do menor tempo de movimentação de carga (Junior, 2013). Processo Licitatório: Anteriormente, cada AP efetuava a sua licitação isoladamente. Agora, todos os procedimentos licitatórios dos portos e terminais no Brasil ficarão centralizadas pela ANTAQ (Junior, 2013). Autorização de Terminal de Uso Privado: As autorizações dos terminais de uso privado serão precedidas de chamada ou anúncio público, com prazo de trinta dias, para identificar a existência de outros interessados na obtenção da autorização na mesma região e com características semelhantes. Destaca-se nesse processo que o interessado na autorização tem que apresentar o título da propriedade do terreno em que pretende instalar o terminal (Junior, 2013). 19 Prazo de Autorização de Terminal de Uso Privado: O prazo da autorização permanece em 25 anos, sendo prorrogável por períodos sucessivos, desde que cumpridos alguns requisitos: manter a atividade portuária; e que se promova os investimentos necessários para a expansão e modernização das instalações (Junior, 2013). Prazo de Arrendamento e Concessão de Terminal no PO: Os terminais localizados dentro do PO serão arrendados e sob concessão terão prazo de até 25 anos, prorrogados uma única vez, por um período não superior ao originalmente contratado, à critério da SEP/PR, conforme o decreto nº 8.033/13 (Junior, 2013). Figura 3: a “lei dos portos” dita os processos portuários. (Brasil 247) 20 3.5- A lei dos novos portos: lei nº 12.815/13 Com a implementação da “Nova Lei dos Portos” e conforme explicação sucinta de Junior (2013), verifica-se que se pretende fortalecer a política de portos no país, a partir da designação da SEP/PR como o órgão centralizador de todas as decisões finais da área portuária, inclusive com a nova vinculação da ANTAQ e na melhoria da gestão das Companhias Docas. Nesse sentido, busca-se que a SEP/PR tenha uma visão de integração sistêmica sobre os portos de todo o país (marítimos, fluviais e lacustres) e que se padronize procedimentos no setor como: a definição da ANTAQ na centralização das licitações e na regulação/fiscalização de todos os contratos do setor; e a centralização da aprovação dos PDZ e da elaboração do PGO pela SEP/PR. Com a centralização das atribuições, cumpre destacar que, hoje, a SEP/PR possui cerca de 200 funcionários; e a ANTAQ cerca de 180 funcionários (informação verbal).32 Ressalta-se a importância dos políticos para a fiscalização mais direta sobre as ações tomadas no setor portuário, com a exigência de relatório anual da SEP. A determinação da operação dos portos 24 horas, sem um período prévio de divulgação oficial, tanto para adaptação dos órgãos públicos envolvidos, quanto para informação aos usuários, surpreendeu negativamente pelo seu caráter mais midiático do que a preocupação em resolver a questão. Na SRF do Porto de Santos, despachantes e auditores fiscais informaram que não foram avisados com a devida antecedência e que, portanto, não se encontravam preparados na estrutura e na quantidade de funcionários para atender à essa demanda de imediato, alegando que podiam recorrer à Justiça e argumentando que muitas das empresas não estavam aptas para movimentações de madrugada, e que não havia uma infraestrutura adequada em várias unidades portuárias (iluminação imprópria, falta de armazéns e segurança) (Brasil, 2013). 21 4- CONCLUSÃO A importância dos portos nacionais vai muito mais além de um conhecimento básico de que “por lá tudo entra e tudo sai do pais”. Estudado a fundo, vemos todo o empenho de empresas que procuram vencer todos os obstáculos colocados, desnecessariamente, por inúmeros motivos e fatores, para importar e explorar, fazendo isso com atenção (em seu conjunto) a fim de equilibrar a balança comercial brasileira. Ha poucas publicações nesta área no Brasil, o que exige de estudiosos, alunos e profissionais, com interesse nas questões do setor transporte, grande esforço na busca de informações técnicas para conhecimento e aplicação no dia a dia de suas atividades. É necessário que se saia da disputa das empresas de transbordo de quem ganha mais ou de quem lucra menos, para um plano seguro e eficiente, que permita ao Setor Portuário Nacional o real desenvolvimento e uma competitividade que baixe o custo Brasil (este, diga-se, o maior empecilho combinatório encontrado), aumente a eficiência logística, derrube o preço ao usuário final e aqueça de vez a economia. Uma vez que novos estudos e aplicações, principalmente do governo federal, a fim de sanar eminentes agravante do Custo Brasil, teremos portos cada vez mais estruturados e em pleno estado de serviço, aquecendo ainda mais a economia, visto que o Brasil é um pais principalmente exportador, ajudando assim a sua economia a crescer, fazendo com que isso se torne um ciclo vicioso e necessário.22 5- REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS MONIE, F.; VIDAL S. M. S. C. Cidades, portos e cidades portuárias na era da integração produtiva. Revista da Administração Pública, Rio de Janeiro, dezembro de 2006. MAGALHÃES, P. S. B. Transporte marítimo: cargas, navios, portos e terminais. Aduaneiras, São Paulo, 2011. BIRD, James. Seaports and Seaport Terminals. University library, United States of America, 1991. ZERO HORA. Infraestrutura Precária. Editorial, artigos. Porto Alegre, dezembro 2012. BRASIL. Secretaria de Portos da Presidência da República. Disponível em: <http://www.portosdobrasil.gov.br>, 2013. PORTOS, Organizados. Agência Nacional de Transportes Aquaviários. Disponível em: <http://www.antaq.gov.br>, 2013. JUNIOR, A. N. D. Sistema portuário brasileiros. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia) – Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, 2013. Brasil. Decreto nº 8.033, de 27 de junho de 2013. Regulamenta o disposto na Lei no 12.815, de 5 de junho de 2013, e as demais disposições legais que regulam a exploração de portos organizados e de instalações portuárias. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 1º jul. 2013. SILVA, G. L. R. Dificuldades para implementação da Lei de Modernização dos Portos no Brasil. Trabalho de Conclusão de Curso (Curso de Altos Estudos de Política e Estratégia) – Escola Superior de Guerra, Rio de Janeiro, 2010. OLIVEIRA, C. T. D. Modernização dos portos. 5. ed. Aduaneiras, São Paulo, 2011.
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