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Capítulo 28. RECURSO ORDINÁRIO

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2017 - 07 - 18 
Curso Avançado de Processo Civil - Volume 2 - Edição 2016
SEXTA PARTE - RECURSOS
CAPÍTULO 28. RECURSO ORDINÁRIO
Capítulo 28. RECURSO ORDINÁRIO
28.1. Noções gerais
O recurso ordinário é espécie recursal autônoma, ainda que guarde razoável analogia
com a apelação. Foi previsto na Constituição Federal (arts. 102, II, e 105, II) e
regulamentado pela Lei 8.038/1990 (arts. 30 a 35) e pelo CPC/2015 (arts. 1.027 e 1.028).
Na Constituição de 1969 havia previsão do recurso ordinário, no art. 119, II. Com a
promulgação da Constituição de 1988, a competência para seu julgamento e as hipóteses
de seu cabimento foram alteradas. Antes, a competência era exclusiva do Supremo
Tribunal Federal. Depois, foi parcialmente absorvida pelo Superior Tribunal de Justiça,
criado pela Constituição de 1988. Isso significa que tanto o STF como o STJ têm
competência para analisar e julgar recursos ordinários, em distintas hipóteses (art. 102, II,
a, e art. 105, II, b e c, respectivamente).
Diferentemente dos recursos especial e extraordinário, o recurso ordinário possui
fundamentação livre e devolutividade ampla. Isso quer dizer que, nos limites do pedido
recursal, toda a matéria de fato e de direito, que foi ou poderia ter sido analisada pelo
tribunal de origem, será apreciada pelo Tribunal Superior. Os recursos especial e
extraordinário têm a função específica de assegurar a adequada aplicação das normas
federais infraconstitucionais e constitucionais, respectivamente. Por isso, não servem para
o reexame de fatos. Já nas hipóteses de cabimento do recurso ordinário, o tribunal a quo
atua como primeiro grau de jurisdição - e o tribunal superior pode reexaminar tanto as
matérias de direito quanto as de fato, da mesma forma que ocorre na apelação.
A interposição do recurso ordinário pode buscar tanto a reforma, quanto a invalidação
da decisão impugnada.
28.2. Hipóteses de cabimento
Como já destacado, a competência para processar e julgar o recurso ordinário pode ser
tanto do Superior Tribunal de Justiça, quanto do Supremo Tribunal Federal. Suas
hipóteses de cabimento, contidas nos arts. 102, II, e 105, II, da Constituição Federal, são
restritas e específicas. As hipóteses de cabimento atinentes ao processo civil são reiteradas
no art. 1.027 do CPC/2015.
No que concerne ao processo civil, estão sujeitas ao recurso ordinário:
1) As decisões colegiadas finais denegatórias proferidas por tribunais superiores ou por
tribunais locais, em única instância, em mandado de segurança, habeas data e mandado
de injunção.1
A hipótese refere-se aos casos em que os tribunais superiores (STJ, TST, STM e TSE) ou
locais (TRFs ou TJs estaduais ou do DF) detêm competência originária para essas
específicas ações constitucionais - e que, portanto, julgam-nas "em única instância". Se o
mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção é de competência originária
de primeiro grau de jurisdição, cabe apelação contra sua sentença, de competência do
tribunal local. Se o julgamento desse recurso, no tribunal, for contrário ao autor da ação,
nem por isso caberá recurso ordinário, pois, nesse caso, a decisão não foi de "única
instância". Também não cabe recurso ordinário contra as decisões das turmas recursais
dos Juizados Especiais, seja porque não são tribunais, seja porque não julgam em instância
única.
A decisão objeto do recurso ordinário precisa ser, no tribunal, do órgão colegiado
competente para o julgamento da ação. Ou seja, será um acórdão. Se a ação for rejeitada
monocraticamente pelo próprio relator, com ou sem julgamento de mérito, não caberá
desde logo o recurso ordinário. Primeiro, deverá ser interposto agravo interno para o
órgão colegiado competente (CPC/2015, art. 1.021). Mantida a decisão no colegiado, então
caberá recurso ordinário.
"Denegatória" é toda a decisão que rejeita a ação, com ou sem julgamento de mérito.
Vale dizer, abrange tanto o julgamento de improcedência quanto o pronunciamento que
nega resolução de mérito.
Nesse caso, o cabimento do recurso ordinário é secundum eventum litis - ou seja,
depende do resultado do processo. Apenas se o autor for derrotado será possível a
interposição do recurso. Se a ação for julgada procedente, não há recurso ordinário para o
réu (que poderá, então, e desde que presentes os pressupostos específicos, interpor
recurso especial ou extraordinário). Ocorre, assim, o que a doutrina chama de "assimetria
recursal". Foi a própria Constituição que estabeleceu esse tratamento desigual, de modo
que não se lhe pode imputar qualquer inconstitucionalidade. De resto, o tratamento
assimétrico funda-se em razões justificáveis: as ações constitucionais em questão são
especiais garantias em prol do jurisdicionado em face de atos de poder.
É preciso atenção em face dessa assimetria. Por exemplo, em um mandado de
segurança de competência originária do TJ, se o acórdão final for de improcedência, cabe
recurso ordinário para o STJ. Já se for de procedência, cabem, a depender da presença dos
demais requisitos específicos, recurso especial e recurso extraordinário para o STJ e STF,
respectivamente. Nesses casos, a interposição de recurso especial (ou extraordinário) em
lugar do recurso ordinário ou vice-versa seria considerada erro grosseiro, e não permitiria
sequer a aplicação do princípio da fungibilidade recursal (STF, Súmula 272: "Não se
admite como ordinário recurso extraordinário de decisão denegatória de mandado de
segurança").
2) As sentenças e determinadas decisões interlocutórias de juízes federais de primeiro
grau em processos em que for parte Estado estrangeiro ou organismo internacional, de
um lado, e Município ou pessoa residente ou domiciliada no País, do outro.
Tais ações são de competência originária dos juízes federais de primeiro grau (CF/1988,
art. 109, II). Mas, diferente do que normalmente se dá com os processos que tramitam no
primeiro grau de jurisdição na Justiça Federal, não cabem, nesses casos, agravo de
instrumento nem apelação para o Tribunal Regional Federal. O recurso cabível contra as
decisões recorríveis de primeiro grau é o recurso ordinário.
Assim, em tais causas, serão objeto de recurso ordinário: (i) as decisões interlocutórias
que, na normalidade dos casos, seriam passíveis de agravo de instrumento (art. 1.015,
CPC/2015 - o art. 1.027, § 1.º, do CPC/2015 rebatiza essa hipótese de recurso ordinário de
"agravo de instrumento dirigido ao STJ"); e (ii) as sentenças.
Nessa hipótese, o cabimento recursal é simétrico. Seja qual for a parte sucumbente em
face de tais decisões, será admissível a interposição do recurso ordinário.
O CPC/2015 determina a aplicação subsidiária das suas regras sobre agravo de
instrumento ao recurso ordinário indicado no item i, acima, e das atinentes a apelação ao
recurso ordinário referido no item ii - além das normas do regimento interno do STJ, em
ambos os casos (art. 1.028, caput e § 1.º).
28.3. Competência
No que concerne ao processo civil, ao STF compete o recurso ordinário contra acórdãos
denegatórios de mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção de
competência originária dos tribunais superiores (CF/1988, art. 102, II, a).
Ao STJ cabe julgar o recurso ordinário (i) contra acórdãos denegatórios de mandado de
segurança, mandado de injunção e habeas data e habeas corpus de competência originária
dos TRFs ou dos TJs estaduais ou do DF; (ii) nos processos em que são partes, de um lado,
Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente
ou domiciliada no País (CF, art. 105, II, b e c).
28.4. Os demais pressupostos de admissibilidade recursal
O processamento do recurso ordinário está previsto no art. 1.028 do CPC. Quanto aos
requisitos de admissibilidade, deverão ser observadas, no que forem compatíveis, as
normas a respeito da apelação (ver cap. 24, acima). Assim, devem ser atendidos os
requisitos de legitimidade, interesse,regularidade formal, tempestividade, preparo e
ausência de causas impeditivas ou extintivas do direito recursal. Além disso, deve-se
respeitar o disposto sobre o recurso ordinário nos regimentos internos do Tribunal
Superior para o qual seja dirigido.
28.5. Procedimento
Nos casos atinentes ao processo civil aqui examinados, o prazo para a interposição do
recurso ordinário é de quinze dias, de acordo com o art. 1.003, § 5.º, do CPC/2015.2
Em relação aos processos envolvendo Estado estrangeiro ou organismo internacional,
de um lado, e Município ou pessoa residente no Brasil, de outro, a interposição do recurso
ordinário contra a sentença deve atender, naquilo que for compatível, às regras atinentes
ao recurso de apelação, além das previstas no regimento interno do STJ (CPC/2015, art.
1.028, caput). Dessa forma, é preciso que o recurso ordinário seja interposto mediante
petição dirigida ao juízo federal prolator da decisão recorrida, que determinará a
intimação do recorrido para responder ao recurso - oportunidade em que poderá também
haver a interposição de recurso adesivo (v. cap. 31). Exaurida a etapa de resposta (que
pode ser prolongada se houver recurso adesivo), o recurso ordinário deve ser remetido ao
STJ sem nenhum juízo de admissibilidade do juízo a quo.
Já se, nesses mesmos processos, o recurso ordinário for interposto contra decisão
interlocutória (o chamado "agravo de instrumento para o STJ"), deverão ser observadas as
regras do CPC relativas ao agravo de instrumento, além do regimento do STJ (CPC/2015,
art. 1.028, § 1.º). O recurso, então, será diretamente interposto perante o STJ.
Nas demais hipóteses de cabimento do recurso ordinário (contra acórdão denegatório
de mandado de segurança, mandado de injunção e habeas data), o recurso é interposto
mediante petição dirigida ao Tribunal a quo (que proferiu a decisão que está sendo
impugnada), cabendo ao presidente ou vice-presidente determinar a intimação do
recorrido para que apresente suas contrarrazões (art. 1.028, § 2.º, do CPC/2015). Exaurida
tal etapa, o recurso ordinário será remetido diretamente ao respectivo tribunal superior
(art. 1.028, § 3.º, do CPC/2015).
Em todos os casos, a petição deverá estar acompanhada das razões da reforma, que
devem ser dirigidas ao STJ. Além disso, deve o recorrente formular o pedido de nova
decisão (art. 1.010, III, do CPC/2015), isto é, de reforma ou anulação da sentença recorrida,
de forma a delimitar o âmbito de devolutividade do recurso. É preciso que se faça pedido
de nova decisão ou de anulação da sentença, e que este pedido seja compatível com os
fundamentos trazidos nas razões recursais.
O recurso será distribuído no respectivo tribunal superior, designando-se relator.
Imediatamente, os autos serão encaminhados ao Ministério Público, para sua
manifestação. O prazo é de cinco dias no caso de recurso ordinário contra denegação de
mandando de segurança, mandado de injunção ou habeas data (art. 35 da Lei 8.038/1990),
e de vinte dias no caso de processo que envolva Estado estrangeiro ou organismo
internacional (art. 250 do RISTJ).3
Não incidindo nenhuma das hipóteses de julgamento monocrático do recurso
(CPC/2015, art. 932, III a V), o relator pedirá dia para julgamento pelo colegiado, que será
incluído em pauta (Lei 8.038/1990, art. 35, parágrafo único).
28.6. Efeitos
Os efeitos do recurso ordinário são os mesmos da apelação. Ou seja, uma vez
interposto, o recurso ordinário será recebido no efeito devolutivo e, pela regra geral,
também no efeito suspensivo (art. 1.012). Naquelas ações em que, se a competência
originária fosse do juiz de primeiro grau, a apelação não teria efeito suspensivo
automático, o recurso ordinário também não o terá. Nesses casos, o relator poderá
excepcionalmente atribuir efeito suspensivo ao recurso ordinário, se houver risco de
danos e fundamento recursal relevante (art. 995, parágrafo único).
Tratando-se de recurso ordinário manejado contra decisão de improcedência, poderá a
parte requerer a antecipação dos efeitos da tutela recursal (efeito "ativo") quando
presentes o fumus boni juris e o periculum in mora. A princípio, a competência também
será do relator (art. 932, II).
No que tange ao efeito devolutivo, esse vigora em toda a sua profundidade. Desta
forma, permite-se o conhecimento pelo Tribunal ad quem de matérias que lhe cabe
conhecer de ofício, que podem ser conhecidas a qualquer tempo e grau de jurisdição, bem
como, ainda que excepcionalmente, a arguição de fatos novos.
E conforme o § 2.º do art. 1.027, que faz referência à regra do § 3.º do art. 1.013, nos
casos em que reformar decisão terminativa, constatar que a decisão recorrida foi omissa
em relação a um dos pedidos ou decretar nulidade de decisão extra petita ou com
fundamentação deficiente, estando o processo em condições de imediato julgamento, deve
o Tribunal ad quem decidir, desde logo, o mérito da causa.
Noções gerais
Hipóteses de
cabimento
- Mandado de segurança, mandado de injunção e habeas data de
competência originária de tribunal + teor denegatório + decisão
colegiada final
- Pronunciamento de juízo singular (de primeiro grau) em ação
cujas partes sejam Estado estrangeiro ou organismo internacional,
de um lado, e Município ou pessoa residente ou domiciliada no País,
de outro
Competência
STF         Art. 102, II, a, da CF/1988
                               Art. 1.027, I, do CPC/2015
STJ         Art. 105, II, b e c, da CF/1988
                               Art. 1.027, II, do CPC/2015
Demais pressupostos
de admissibilidade
Requisitos do recurso de apelação, no que couber
Legitimidade
Interesse
Regularidade formal
Tempestividade
Preparo
Ausência de causas impeditivas ou extintivas do direito recursal
Regimento Interno do respectivo Tribunal Superior
Legitimidade
- Exclusiva do impetrante, no writ
- Do sucumbente, nas causas internacionais
Procedimento
Prazo - 15 dias (art. 1.003, § 5.º, do CPC/2015)
Petição - razões de reforma e pedido de nova decisão
Autoridade a quem é dirigida
Distribuição ao tribunal superior
Manifestação do Ministério Público
Efeitos
- Devolutivo
- Suspensivo
- Profundidade do efeito devolutivo
Doutrina Complementar
·          Alexandre Freitas Câmara (O novo processo..., p. 536) explica que: "Mais evidente
ainda é a aproximação entre o recurso ordinário constitucional e a apelação quando se
verifica ser também de competência do STJ conhecer de recurso ordinário constitucional
nos processos em que são partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo
internacional e, de outro, Município ou pessoa, natural ou jurídica, residente ou
domiciliada no Brasil (art. 1.027, II, b). Estes processos são de competência originária dos
juízos federais de primeira instância (art. 109, II, da Constituição da República) e, contra a
sentença (ou contra as decisões interlocutórias não agraváveis) será admitido recurso
ordinário constitucional para o STJ. Como facilmente se percebe, trata-se de uma 'apelação
com outro nome', uma apelaçãoconstitucional, que só não é chamada de apelação por não
ser submetida a julgamento pelo tribunal de segunda instância (que é, a rigor, o tribunal
de apelações), mas ao Superior Tribunal de Justiça. Esta Corte de superposição atua, neste
caso, como órgão de segundo grau de jurisdição, julgando a apelação (ainda que chamada
por outro nome, recurso ordinário constitucional) e, também, os agravos de instrumento,
cabíveis nos casos previstos no art. 1.015 (art. 1.027, § 1.º)".
·          Araken de Assis (Manual dos recursos, 6. ed., p. 714) leciona que "equipara-se o
'recurso ordinário' do art. 105, II, c, da CF/1988 ao gabarito da apelação e do agravo,
respectivamente, tão só em parte. Já se sublinhou o fato de que, no caso de impugnação
contra a sentença e existindo sucumbência recíproca, recomenda-se alguma tolerância
com o recurso ordinário'adesivo', (...). Todavia, o quórum do julgamento do recurso
ordinário se revelará diverso do exigido naqueles recursos. O julgamento do agravo e da
apelação, no regime comum, contenta-se com o voto de três juízes (art. 555, caput),
formando-se a maioria absoluta para tornar o recorrente vencedor, então, com os votos
concordantes de dois juízes. Ao invés, o recurso ordinário é julgado por turma do STJ,
composta de cinco integrantes, e as decisões devem ser tomadas por maioria de votos, ou
seja, por três ministros (art. 41-A da Lei 8.038/1990). O quórum para o recorrente vencer o
recurso ordinário é mais exigente".
·          Bernardo Pimentel Souza (Introdução aos recursos cíveis e à ação rescisória..., 9.
ed., p. 590) comenta que "Ao contrário dos últimos (extraordinário e especial), o recurso
ordinário não depende de prequestionamento, porquanto produz efeito devolutivo amplo,
o que explica a atuação do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal
como verdadeiras cortes de segundo grau quando julgam recurso ordinário. A título de
exemplificação, é possível suscitar pela vez primeira em recurso ordinário a ausência de
pressuposto processual e de condição da ação, bem como a ocorrência de decadência, de
prescrição, de litispendência e de coisa julgada, tudo independentemente de prévia
decisão na Justiça ou Tribunal de origem. O mesmo não ocorre nos recursos
extraordinário e especial, os quais dependem de prequestionamento, consoante revelam
os enunciados ns. 282 e 356 da Súmula do Supremo Tribunal Federal e o enunciado n. 211
da Súmula do Superior Tribunal de Justiça. Daí a impossibilidade de confusão do recurso
ordinário com os recursos extraordinário e especial".
·                  João Francisco Naves da Fonseca (Breves..., p. 2.291) ressalta que: "No CPC de
1973, é controvertida a aplicação em sede de recurso ordinário do § 3.º do art. 515, cujo
correspondente parcial no CPC de 2015 é o § 3.º do art. 1.013. Parte da jurisprudência
entende que a reforma de decisão terminativa seguida do julgamento direto da causa pelo
tribunalad quemtransforma a competência recursal deste em originária, além de
configurar usurpação da competência do juízoa quo. Não obstante, o § 2.º do art. 1.027 do
CPC de 2015 põe fim a essa polêmica, prestigiando a economia processual e a garantia
constitucional da razoável duração do processo (nesse sentido: STJ, RMS 15.877, 1.ª T., rel.
Min. Teori Zavascki, j. 18.05.2004, v.u.,DJ21.06.2004; STJ, RMS 17.891, 5.ª T., rel. Min.
Laurita Vaz, j. 24.08.2004, v.u.,DJ13.09.2004; STJ, RMS 31.663, 2.ª T. rel. Min. Herman
Benjamin, j. 05.10.2010, v.u.,DJe 02.02.2011)". Ainda sobre o juízo de admissibilidade do
recurso ordinário nas ações constitucionais: "Novidade importante do CPC de 2015
consiste na eliminação do duplo juízo de admissibilidade recursal,i.e.aquele realizado
primeiro pelo órgão que proferiu a decisão impugnada e depois pelo que tem competência
para julgar o recurso. Agora - tal como ocorre na apelação e nos recursos extraordinário e
especial -, interposto o recurso ordinário nas ações constitucionais e transcorrido o prazo
de contrarrazões, os autos serão imediatamente remetidos ao tribunal de superposição
competente para julgá-lo".
·          Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery (Comentários..., p. 2.144) sobre o
efeito devolutivo, sustentam que: "Têm plena incidência no recurso ordinário o CPC 1013
caput e §§ 1.º a 3.º. (...) Relativamente ao CPC 1013 § 3.º, o CPC 1027 § 2.º dispõe
expressamente sobre a possibilidade de sua aplicação ao regime do recurso ordinário. Isto
significa que o tribunal ad quem pode conceder a ordem (HC, MS, MI, HD), isto é julgar o
mérito das ações constitucionais, mesmo que o órgão a quo não o tenha feito. Assim, se o
writ foi indeferido por carência da ação (CPC 485 VI e 337 XI), ao julgar o ROC pode o
tribunal afastar a carência e decidir de plano o mérito, sem necessidade de devolver os
autos à instância inferior (CPC 1013 § 3.º). Isto porque os writs constitucionais são
processos documentais, onde já deve existir prova prima facie e não se admite dilação
probatória. Portanto, as questões submetidas ao tribunal ad quem pelo ROC relativamente
aos writs são sempre de direito e, por conseguinte, o processo já deve encontrar-se pronto
e maduro para julgamento do mérito".
·          Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da
Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello (Primeiros..., p. 1.487) avaliam que: "A
expressão decisão denegatória não é a melhor. Chegou-se a discutir muito sobre o que
significa. Seria decisão relativa ao juízo de admissibilidade? Ou ao Juízo de mérito? Hoje
se entende que esta expressão abrange tanto a decisão que não admitea ação (em
mandado de segurança, por exemplo, por que se entende que não se trata de direito
passível de ser demonstrado por meio de prova exclusivamente documental) quanto a que
julga a ação improcedente".
Enunciados do FPPC
N. 208. (Arts. 988, I, 1.010, § 3.º, e 1.027, II, b, CPC/2015) Cabe reclamação, por
usurpação da competência do Superior Tribunal de Justiça, contra a decisão de juiz de 1.º
grau que inadmitir recurso ordinário, no caso do art. 1.027, II, b.
N. 209. (Arts. 988, I, 1.027, II, e 1.028, §§ 2.º e 3.º, CPC/2015) Cabe reclamação, por
usurpação da competência do Superior Tribunal de Justiça, contra a decisão de presidente
ou vice-presidente do tribunal de 2.º grau que inadmitir recurso ordinário interposto com
fundamento no art. 1.027, II, a.
N. 210. (Arts. 988, I, 1.027, I, e 1.028, §§ 2.º e 3.º, CPC/2015) Cabe reclamação, por
usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal, contra a decisão de presidente
ou vice-presidente de tribunal superior que inadmitir recurso ordinário interposto com
fundamento no art. 1.027, I.
N. 357. (Arts. 1.013, 1.014 e 1.027, § 2.º, do CPC/2015) Aplicam-se ao recurso ordinário
os arts. 1.013 e 1.014.
Bibliografia
Fundamental
Alexandre Freitas Câmara, O novo processo civil brasileiro, São Paulo, Atlas, 2015;
Araken de Assis, Manual dos Recursos, 6. ed., São Paulo: Ed. RT, 2014; Eduardo Arruda
Alvim, Direito Processual Civil. 5. ed. rev., atual. e ampl. da obra Curso de Direito
Processual Civil. São Paulo: Ed. RT, 2013; Fredie Didier Júnior e Leonardo José Carneiro da
Cunha, Curso de direito processual civil, 12. ed., vol. 3., Salvador: JusPodivm, 2014;
Humberto Theodoro Júnior, Curso de Direito Processual Civil, 55. ed., Rio de Janeiro:
Forense, 2014; Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery, Comentários ao Código de
Processo Civil, São Paulo, Ed. RT, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr.,
Eduardo Talamini e Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao Novo Código de
Processo Civil, São Paulo, Ed. RT, 2015; _____, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres
da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello, Primeiros comentários ao novo Código
de Processo Civil: artigo por artigo, São Paulo, Ed. RT, 2015.
Complementar
Bernardo Pimentel Souza, Introdução aos recursos cíveis e à ação rescisória, 9. ed., São
Paulo, Saraiva, 2013; Cândido Rangel Dinamarco, A reforma do Código de Processo Civil, 4.
ed., São Paulo, Malheiros, 1998; _______, Instituições de Processo Civil, 7. ed., São Paulo,
Malheiros, 2013; José Carlos Barbosa Moreira, Comentários ao Código de Processo Civil, 17.
ed., rev. atual., vol. 5., Rio de Janeiro, Forense, 2013; Luiz Alberto Americano, Do recurso
ordinário constitucional em matéria civil, Doutrinas Essenciais de Direito Constitucional,
vol. 5, p. 697, mai. 2011; Luiz Fux, Curso de direito processual civil, 2. ed., Rio de Janeiro,
Forense, 2004; Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, Manual do processo de
conhecimento, 12. ed., São Paulo, Ed. RT, 2014; Nelson Nery Júnior, Código de Processo Civil
comentado, 14. ed., rev. atual. ampl., São Paulo, Ed. RT, 2014; Nelson Nery Jr. e Rosa Maria
de Andrade Nery,Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo, Ed. RT, 2015; Sandro
Marcelo Kozikoski, Manual dos Recurso Cíveis, 5. ed., rev. e atual., Curitiba, Juruá, 2012;
Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva
Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello, Primeiros comentários ao novo Código de
Processo Civil: artigo por artigo, São Paulo, Ed. RT, 2015.
FOOTNOTES
1
A Constituição ainda prevê recurso ordinário contra acórdãos denegatórios de habeas corpus
proferidos em única instância pelos tribunais superiores (de competência do STF - art. 102, II, a)
ou em última ou única instância pelos locais (de competência do STJ - art. 105, II, a). Essa hipótese
não será aqui examinada por ser tradicionalmente afeita ao processo penal - muito embora possa
existir habeas corpus civil (i.e., contra atos praticados em processos civis).
© desta edição [2016]
2
O recurso ordinário contra as decisões denegatórias de habeas corpus tem prazo de cinco dias,
conforme o art. 33 da Lei 8.038/1990. Ver nota de rodapé 1, acima.
3
No prazo de dois dias, em se tratando de habeas corpus (art. 31 da Lei 8.038/1990). Ver nota de
rodapé 1, acima.

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