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2017 - 07 - 18 Curso Avançado de Processo Civil - Volume 2 - Edição 2016 SEXTA PARTE - RECURSOS CAPÍTULO 28. RECURSO ORDINÁRIO Capítulo 28. RECURSO ORDINÁRIO 28.1. Noções gerais O recurso ordinário é espécie recursal autônoma, ainda que guarde razoável analogia com a apelação. Foi previsto na Constituição Federal (arts. 102, II, e 105, II) e regulamentado pela Lei 8.038/1990 (arts. 30 a 35) e pelo CPC/2015 (arts. 1.027 e 1.028). Na Constituição de 1969 havia previsão do recurso ordinário, no art. 119, II. Com a promulgação da Constituição de 1988, a competência para seu julgamento e as hipóteses de seu cabimento foram alteradas. Antes, a competência era exclusiva do Supremo Tribunal Federal. Depois, foi parcialmente absorvida pelo Superior Tribunal de Justiça, criado pela Constituição de 1988. Isso significa que tanto o STF como o STJ têm competência para analisar e julgar recursos ordinários, em distintas hipóteses (art. 102, II, a, e art. 105, II, b e c, respectivamente). Diferentemente dos recursos especial e extraordinário, o recurso ordinário possui fundamentação livre e devolutividade ampla. Isso quer dizer que, nos limites do pedido recursal, toda a matéria de fato e de direito, que foi ou poderia ter sido analisada pelo tribunal de origem, será apreciada pelo Tribunal Superior. Os recursos especial e extraordinário têm a função específica de assegurar a adequada aplicação das normas federais infraconstitucionais e constitucionais, respectivamente. Por isso, não servem para o reexame de fatos. Já nas hipóteses de cabimento do recurso ordinário, o tribunal a quo atua como primeiro grau de jurisdição - e o tribunal superior pode reexaminar tanto as matérias de direito quanto as de fato, da mesma forma que ocorre na apelação. A interposição do recurso ordinário pode buscar tanto a reforma, quanto a invalidação da decisão impugnada. 28.2. Hipóteses de cabimento Como já destacado, a competência para processar e julgar o recurso ordinário pode ser tanto do Superior Tribunal de Justiça, quanto do Supremo Tribunal Federal. Suas hipóteses de cabimento, contidas nos arts. 102, II, e 105, II, da Constituição Federal, são restritas e específicas. As hipóteses de cabimento atinentes ao processo civil são reiteradas no art. 1.027 do CPC/2015. No que concerne ao processo civil, estão sujeitas ao recurso ordinário: 1) As decisões colegiadas finais denegatórias proferidas por tribunais superiores ou por tribunais locais, em única instância, em mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção.1 A hipótese refere-se aos casos em que os tribunais superiores (STJ, TST, STM e TSE) ou locais (TRFs ou TJs estaduais ou do DF) detêm competência originária para essas específicas ações constitucionais - e que, portanto, julgam-nas "em única instância". Se o mandado de segurança, habeas data ou mandado de injunção é de competência originária de primeiro grau de jurisdição, cabe apelação contra sua sentença, de competência do tribunal local. Se o julgamento desse recurso, no tribunal, for contrário ao autor da ação, nem por isso caberá recurso ordinário, pois, nesse caso, a decisão não foi de "única instância". Também não cabe recurso ordinário contra as decisões das turmas recursais dos Juizados Especiais, seja porque não são tribunais, seja porque não julgam em instância única. A decisão objeto do recurso ordinário precisa ser, no tribunal, do órgão colegiado competente para o julgamento da ação. Ou seja, será um acórdão. Se a ação for rejeitada monocraticamente pelo próprio relator, com ou sem julgamento de mérito, não caberá desde logo o recurso ordinário. Primeiro, deverá ser interposto agravo interno para o órgão colegiado competente (CPC/2015, art. 1.021). Mantida a decisão no colegiado, então caberá recurso ordinário. "Denegatória" é toda a decisão que rejeita a ação, com ou sem julgamento de mérito. Vale dizer, abrange tanto o julgamento de improcedência quanto o pronunciamento que nega resolução de mérito. Nesse caso, o cabimento do recurso ordinário é secundum eventum litis - ou seja, depende do resultado do processo. Apenas se o autor for derrotado será possível a interposição do recurso. Se a ação for julgada procedente, não há recurso ordinário para o réu (que poderá, então, e desde que presentes os pressupostos específicos, interpor recurso especial ou extraordinário). Ocorre, assim, o que a doutrina chama de "assimetria recursal". Foi a própria Constituição que estabeleceu esse tratamento desigual, de modo que não se lhe pode imputar qualquer inconstitucionalidade. De resto, o tratamento assimétrico funda-se em razões justificáveis: as ações constitucionais em questão são especiais garantias em prol do jurisdicionado em face de atos de poder. É preciso atenção em face dessa assimetria. Por exemplo, em um mandado de segurança de competência originária do TJ, se o acórdão final for de improcedência, cabe recurso ordinário para o STJ. Já se for de procedência, cabem, a depender da presença dos demais requisitos específicos, recurso especial e recurso extraordinário para o STJ e STF, respectivamente. Nesses casos, a interposição de recurso especial (ou extraordinário) em lugar do recurso ordinário ou vice-versa seria considerada erro grosseiro, e não permitiria sequer a aplicação do princípio da fungibilidade recursal (STF, Súmula 272: "Não se admite como ordinário recurso extraordinário de decisão denegatória de mandado de segurança"). 2) As sentenças e determinadas decisões interlocutórias de juízes federais de primeiro grau em processos em que for parte Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e Município ou pessoa residente ou domiciliada no País, do outro. Tais ações são de competência originária dos juízes federais de primeiro grau (CF/1988, art. 109, II). Mas, diferente do que normalmente se dá com os processos que tramitam no primeiro grau de jurisdição na Justiça Federal, não cabem, nesses casos, agravo de instrumento nem apelação para o Tribunal Regional Federal. O recurso cabível contra as decisões recorríveis de primeiro grau é o recurso ordinário. Assim, em tais causas, serão objeto de recurso ordinário: (i) as decisões interlocutórias que, na normalidade dos casos, seriam passíveis de agravo de instrumento (art. 1.015, CPC/2015 - o art. 1.027, § 1.º, do CPC/2015 rebatiza essa hipótese de recurso ordinário de "agravo de instrumento dirigido ao STJ"); e (ii) as sentenças. Nessa hipótese, o cabimento recursal é simétrico. Seja qual for a parte sucumbente em face de tais decisões, será admissível a interposição do recurso ordinário. O CPC/2015 determina a aplicação subsidiária das suas regras sobre agravo de instrumento ao recurso ordinário indicado no item i, acima, e das atinentes a apelação ao recurso ordinário referido no item ii - além das normas do regimento interno do STJ, em ambos os casos (art. 1.028, caput e § 1.º). 28.3. Competência No que concerne ao processo civil, ao STF compete o recurso ordinário contra acórdãos denegatórios de mandado de segurança, habeas data e mandado de injunção de competência originária dos tribunais superiores (CF/1988, art. 102, II, a). Ao STJ cabe julgar o recurso ordinário (i) contra acórdãos denegatórios de mandado de segurança, mandado de injunção e habeas data e habeas corpus de competência originária dos TRFs ou dos TJs estaduais ou do DF; (ii) nos processos em que são partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa residente ou domiciliada no País (CF, art. 105, II, b e c). 28.4. Os demais pressupostos de admissibilidade recursal O processamento do recurso ordinário está previsto no art. 1.028 do CPC. Quanto aos requisitos de admissibilidade, deverão ser observadas, no que forem compatíveis, as normas a respeito da apelação (ver cap. 24, acima). Assim, devem ser atendidos os requisitos de legitimidade, interesse,regularidade formal, tempestividade, preparo e ausência de causas impeditivas ou extintivas do direito recursal. Além disso, deve-se respeitar o disposto sobre o recurso ordinário nos regimentos internos do Tribunal Superior para o qual seja dirigido. 28.5. Procedimento Nos casos atinentes ao processo civil aqui examinados, o prazo para a interposição do recurso ordinário é de quinze dias, de acordo com o art. 1.003, § 5.º, do CPC/2015.2 Em relação aos processos envolvendo Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e Município ou pessoa residente no Brasil, de outro, a interposição do recurso ordinário contra a sentença deve atender, naquilo que for compatível, às regras atinentes ao recurso de apelação, além das previstas no regimento interno do STJ (CPC/2015, art. 1.028, caput). Dessa forma, é preciso que o recurso ordinário seja interposto mediante petição dirigida ao juízo federal prolator da decisão recorrida, que determinará a intimação do recorrido para responder ao recurso - oportunidade em que poderá também haver a interposição de recurso adesivo (v. cap. 31). Exaurida a etapa de resposta (que pode ser prolongada se houver recurso adesivo), o recurso ordinário deve ser remetido ao STJ sem nenhum juízo de admissibilidade do juízo a quo. Já se, nesses mesmos processos, o recurso ordinário for interposto contra decisão interlocutória (o chamado "agravo de instrumento para o STJ"), deverão ser observadas as regras do CPC relativas ao agravo de instrumento, além do regimento do STJ (CPC/2015, art. 1.028, § 1.º). O recurso, então, será diretamente interposto perante o STJ. Nas demais hipóteses de cabimento do recurso ordinário (contra acórdão denegatório de mandado de segurança, mandado de injunção e habeas data), o recurso é interposto mediante petição dirigida ao Tribunal a quo (que proferiu a decisão que está sendo impugnada), cabendo ao presidente ou vice-presidente determinar a intimação do recorrido para que apresente suas contrarrazões (art. 1.028, § 2.º, do CPC/2015). Exaurida tal etapa, o recurso ordinário será remetido diretamente ao respectivo tribunal superior (art. 1.028, § 3.º, do CPC/2015). Em todos os casos, a petição deverá estar acompanhada das razões da reforma, que devem ser dirigidas ao STJ. Além disso, deve o recorrente formular o pedido de nova decisão (art. 1.010, III, do CPC/2015), isto é, de reforma ou anulação da sentença recorrida, de forma a delimitar o âmbito de devolutividade do recurso. É preciso que se faça pedido de nova decisão ou de anulação da sentença, e que este pedido seja compatível com os fundamentos trazidos nas razões recursais. O recurso será distribuído no respectivo tribunal superior, designando-se relator. Imediatamente, os autos serão encaminhados ao Ministério Público, para sua manifestação. O prazo é de cinco dias no caso de recurso ordinário contra denegação de mandando de segurança, mandado de injunção ou habeas data (art. 35 da Lei 8.038/1990), e de vinte dias no caso de processo que envolva Estado estrangeiro ou organismo internacional (art. 250 do RISTJ).3 Não incidindo nenhuma das hipóteses de julgamento monocrático do recurso (CPC/2015, art. 932, III a V), o relator pedirá dia para julgamento pelo colegiado, que será incluído em pauta (Lei 8.038/1990, art. 35, parágrafo único). 28.6. Efeitos Os efeitos do recurso ordinário são os mesmos da apelação. Ou seja, uma vez interposto, o recurso ordinário será recebido no efeito devolutivo e, pela regra geral, também no efeito suspensivo (art. 1.012). Naquelas ações em que, se a competência originária fosse do juiz de primeiro grau, a apelação não teria efeito suspensivo automático, o recurso ordinário também não o terá. Nesses casos, o relator poderá excepcionalmente atribuir efeito suspensivo ao recurso ordinário, se houver risco de danos e fundamento recursal relevante (art. 995, parágrafo único). Tratando-se de recurso ordinário manejado contra decisão de improcedência, poderá a parte requerer a antecipação dos efeitos da tutela recursal (efeito "ativo") quando presentes o fumus boni juris e o periculum in mora. A princípio, a competência também será do relator (art. 932, II). No que tange ao efeito devolutivo, esse vigora em toda a sua profundidade. Desta forma, permite-se o conhecimento pelo Tribunal ad quem de matérias que lhe cabe conhecer de ofício, que podem ser conhecidas a qualquer tempo e grau de jurisdição, bem como, ainda que excepcionalmente, a arguição de fatos novos. E conforme o § 2.º do art. 1.027, que faz referência à regra do § 3.º do art. 1.013, nos casos em que reformar decisão terminativa, constatar que a decisão recorrida foi omissa em relação a um dos pedidos ou decretar nulidade de decisão extra petita ou com fundamentação deficiente, estando o processo em condições de imediato julgamento, deve o Tribunal ad quem decidir, desde logo, o mérito da causa. Noções gerais Hipóteses de cabimento - Mandado de segurança, mandado de injunção e habeas data de competência originária de tribunal + teor denegatório + decisão colegiada final - Pronunciamento de juízo singular (de primeiro grau) em ação cujas partes sejam Estado estrangeiro ou organismo internacional, de um lado, e Município ou pessoa residente ou domiciliada no País, de outro Competência STF Art. 102, II, a, da CF/1988 Art. 1.027, I, do CPC/2015 STJ Art. 105, II, b e c, da CF/1988 Art. 1.027, II, do CPC/2015 Demais pressupostos de admissibilidade Requisitos do recurso de apelação, no que couber Legitimidade Interesse Regularidade formal Tempestividade Preparo Ausência de causas impeditivas ou extintivas do direito recursal Regimento Interno do respectivo Tribunal Superior Legitimidade - Exclusiva do impetrante, no writ - Do sucumbente, nas causas internacionais Procedimento Prazo - 15 dias (art. 1.003, § 5.º, do CPC/2015) Petição - razões de reforma e pedido de nova decisão Autoridade a quem é dirigida Distribuição ao tribunal superior Manifestação do Ministério Público Efeitos - Devolutivo - Suspensivo - Profundidade do efeito devolutivo Doutrina Complementar · Alexandre Freitas Câmara (O novo processo..., p. 536) explica que: "Mais evidente ainda é a aproximação entre o recurso ordinário constitucional e a apelação quando se verifica ser também de competência do STJ conhecer de recurso ordinário constitucional nos processos em que são partes, de um lado, Estado estrangeiro ou organismo internacional e, de outro, Município ou pessoa, natural ou jurídica, residente ou domiciliada no Brasil (art. 1.027, II, b). Estes processos são de competência originária dos juízos federais de primeira instância (art. 109, II, da Constituição da República) e, contra a sentença (ou contra as decisões interlocutórias não agraváveis) será admitido recurso ordinário constitucional para o STJ. Como facilmente se percebe, trata-se de uma 'apelação com outro nome', uma apelaçãoconstitucional, que só não é chamada de apelação por não ser submetida a julgamento pelo tribunal de segunda instância (que é, a rigor, o tribunal de apelações), mas ao Superior Tribunal de Justiça. Esta Corte de superposição atua, neste caso, como órgão de segundo grau de jurisdição, julgando a apelação (ainda que chamada por outro nome, recurso ordinário constitucional) e, também, os agravos de instrumento, cabíveis nos casos previstos no art. 1.015 (art. 1.027, § 1.º)". · Araken de Assis (Manual dos recursos, 6. ed., p. 714) leciona que "equipara-se o 'recurso ordinário' do art. 105, II, c, da CF/1988 ao gabarito da apelação e do agravo, respectivamente, tão só em parte. Já se sublinhou o fato de que, no caso de impugnação contra a sentença e existindo sucumbência recíproca, recomenda-se alguma tolerância com o recurso ordinário'adesivo', (...). Todavia, o quórum do julgamento do recurso ordinário se revelará diverso do exigido naqueles recursos. O julgamento do agravo e da apelação, no regime comum, contenta-se com o voto de três juízes (art. 555, caput), formando-se a maioria absoluta para tornar o recorrente vencedor, então, com os votos concordantes de dois juízes. Ao invés, o recurso ordinário é julgado por turma do STJ, composta de cinco integrantes, e as decisões devem ser tomadas por maioria de votos, ou seja, por três ministros (art. 41-A da Lei 8.038/1990). O quórum para o recorrente vencer o recurso ordinário é mais exigente". · Bernardo Pimentel Souza (Introdução aos recursos cíveis e à ação rescisória..., 9. ed., p. 590) comenta que "Ao contrário dos últimos (extraordinário e especial), o recurso ordinário não depende de prequestionamento, porquanto produz efeito devolutivo amplo, o que explica a atuação do Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal como verdadeiras cortes de segundo grau quando julgam recurso ordinário. A título de exemplificação, é possível suscitar pela vez primeira em recurso ordinário a ausência de pressuposto processual e de condição da ação, bem como a ocorrência de decadência, de prescrição, de litispendência e de coisa julgada, tudo independentemente de prévia decisão na Justiça ou Tribunal de origem. O mesmo não ocorre nos recursos extraordinário e especial, os quais dependem de prequestionamento, consoante revelam os enunciados ns. 282 e 356 da Súmula do Supremo Tribunal Federal e o enunciado n. 211 da Súmula do Superior Tribunal de Justiça. Daí a impossibilidade de confusão do recurso ordinário com os recursos extraordinário e especial". · João Francisco Naves da Fonseca (Breves..., p. 2.291) ressalta que: "No CPC de 1973, é controvertida a aplicação em sede de recurso ordinário do § 3.º do art. 515, cujo correspondente parcial no CPC de 2015 é o § 3.º do art. 1.013. Parte da jurisprudência entende que a reforma de decisão terminativa seguida do julgamento direto da causa pelo tribunalad quemtransforma a competência recursal deste em originária, além de configurar usurpação da competência do juízoa quo. Não obstante, o § 2.º do art. 1.027 do CPC de 2015 põe fim a essa polêmica, prestigiando a economia processual e a garantia constitucional da razoável duração do processo (nesse sentido: STJ, RMS 15.877, 1.ª T., rel. Min. Teori Zavascki, j. 18.05.2004, v.u.,DJ21.06.2004; STJ, RMS 17.891, 5.ª T., rel. Min. Laurita Vaz, j. 24.08.2004, v.u.,DJ13.09.2004; STJ, RMS 31.663, 2.ª T. rel. Min. Herman Benjamin, j. 05.10.2010, v.u.,DJe 02.02.2011)". Ainda sobre o juízo de admissibilidade do recurso ordinário nas ações constitucionais: "Novidade importante do CPC de 2015 consiste na eliminação do duplo juízo de admissibilidade recursal,i.e.aquele realizado primeiro pelo órgão que proferiu a decisão impugnada e depois pelo que tem competência para julgar o recurso. Agora - tal como ocorre na apelação e nos recursos extraordinário e especial -, interposto o recurso ordinário nas ações constitucionais e transcorrido o prazo de contrarrazões, os autos serão imediatamente remetidos ao tribunal de superposição competente para julgá-lo". · Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery (Comentários..., p. 2.144) sobre o efeito devolutivo, sustentam que: "Têm plena incidência no recurso ordinário o CPC 1013 caput e §§ 1.º a 3.º. (...) Relativamente ao CPC 1013 § 3.º, o CPC 1027 § 2.º dispõe expressamente sobre a possibilidade de sua aplicação ao regime do recurso ordinário. Isto significa que o tribunal ad quem pode conceder a ordem (HC, MS, MI, HD), isto é julgar o mérito das ações constitucionais, mesmo que o órgão a quo não o tenha feito. Assim, se o writ foi indeferido por carência da ação (CPC 485 VI e 337 XI), ao julgar o ROC pode o tribunal afastar a carência e decidir de plano o mérito, sem necessidade de devolver os autos à instância inferior (CPC 1013 § 3.º). Isto porque os writs constitucionais são processos documentais, onde já deve existir prova prima facie e não se admite dilação probatória. Portanto, as questões submetidas ao tribunal ad quem pelo ROC relativamente aos writs são sempre de direito e, por conseguinte, o processo já deve encontrar-se pronto e maduro para julgamento do mérito". · Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello (Primeiros..., p. 1.487) avaliam que: "A expressão decisão denegatória não é a melhor. Chegou-se a discutir muito sobre o que significa. Seria decisão relativa ao juízo de admissibilidade? Ou ao Juízo de mérito? Hoje se entende que esta expressão abrange tanto a decisão que não admitea ação (em mandado de segurança, por exemplo, por que se entende que não se trata de direito passível de ser demonstrado por meio de prova exclusivamente documental) quanto a que julga a ação improcedente". Enunciados do FPPC N. 208. (Arts. 988, I, 1.010, § 3.º, e 1.027, II, b, CPC/2015) Cabe reclamação, por usurpação da competência do Superior Tribunal de Justiça, contra a decisão de juiz de 1.º grau que inadmitir recurso ordinário, no caso do art. 1.027, II, b. N. 209. (Arts. 988, I, 1.027, II, e 1.028, §§ 2.º e 3.º, CPC/2015) Cabe reclamação, por usurpação da competência do Superior Tribunal de Justiça, contra a decisão de presidente ou vice-presidente do tribunal de 2.º grau que inadmitir recurso ordinário interposto com fundamento no art. 1.027, II, a. N. 210. (Arts. 988, I, 1.027, I, e 1.028, §§ 2.º e 3.º, CPC/2015) Cabe reclamação, por usurpação da competência do Supremo Tribunal Federal, contra a decisão de presidente ou vice-presidente de tribunal superior que inadmitir recurso ordinário interposto com fundamento no art. 1.027, I. N. 357. (Arts. 1.013, 1.014 e 1.027, § 2.º, do CPC/2015) Aplicam-se ao recurso ordinário os arts. 1.013 e 1.014. Bibliografia Fundamental Alexandre Freitas Câmara, O novo processo civil brasileiro, São Paulo, Atlas, 2015; Araken de Assis, Manual dos Recursos, 6. ed., São Paulo: Ed. RT, 2014; Eduardo Arruda Alvim, Direito Processual Civil. 5. ed. rev., atual. e ampl. da obra Curso de Direito Processual Civil. São Paulo: Ed. RT, 2013; Fredie Didier Júnior e Leonardo José Carneiro da Cunha, Curso de direito processual civil, 12. ed., vol. 3., Salvador: JusPodivm, 2014; Humberto Theodoro Júnior, Curso de Direito Processual Civil, 55. ed., Rio de Janeiro: Forense, 2014; Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery, Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo, Ed. RT, 2015; Teresa Arruda Alvim Wambier, Fredie Didier Jr., Eduardo Talamini e Bruno Dantas (coords.), Breves comentários ao Novo Código de Processo Civil, São Paulo, Ed. RT, 2015; _____, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello, Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil: artigo por artigo, São Paulo, Ed. RT, 2015. Complementar Bernardo Pimentel Souza, Introdução aos recursos cíveis e à ação rescisória, 9. ed., São Paulo, Saraiva, 2013; Cândido Rangel Dinamarco, A reforma do Código de Processo Civil, 4. ed., São Paulo, Malheiros, 1998; _______, Instituições de Processo Civil, 7. ed., São Paulo, Malheiros, 2013; José Carlos Barbosa Moreira, Comentários ao Código de Processo Civil, 17. ed., rev. atual., vol. 5., Rio de Janeiro, Forense, 2013; Luiz Alberto Americano, Do recurso ordinário constitucional em matéria civil, Doutrinas Essenciais de Direito Constitucional, vol. 5, p. 697, mai. 2011; Luiz Fux, Curso de direito processual civil, 2. ed., Rio de Janeiro, Forense, 2004; Luiz Guilherme Marinoni e Sérgio Cruz Arenhart, Manual do processo de conhecimento, 12. ed., São Paulo, Ed. RT, 2014; Nelson Nery Júnior, Código de Processo Civil comentado, 14. ed., rev. atual. ampl., São Paulo, Ed. RT, 2014; Nelson Nery Jr. e Rosa Maria de Andrade Nery,Comentários ao Código de Processo Civil, São Paulo, Ed. RT, 2015; Sandro Marcelo Kozikoski, Manual dos Recurso Cíveis, 5. ed., rev. e atual., Curitiba, Juruá, 2012; Teresa Arruda Alvim Wambier, Maria Lúcia Lins Conceição, Leonardo Ferres da Silva Ribeiro e Rogerio Licastro Torres de Mello, Primeiros comentários ao novo Código de Processo Civil: artigo por artigo, São Paulo, Ed. RT, 2015. FOOTNOTES 1 A Constituição ainda prevê recurso ordinário contra acórdãos denegatórios de habeas corpus proferidos em única instância pelos tribunais superiores (de competência do STF - art. 102, II, a) ou em última ou única instância pelos locais (de competência do STJ - art. 105, II, a). Essa hipótese não será aqui examinada por ser tradicionalmente afeita ao processo penal - muito embora possa existir habeas corpus civil (i.e., contra atos praticados em processos civis). © desta edição [2016] 2 O recurso ordinário contra as decisões denegatórias de habeas corpus tem prazo de cinco dias, conforme o art. 33 da Lei 8.038/1990. Ver nota de rodapé 1, acima. 3 No prazo de dois dias, em se tratando de habeas corpus (art. 31 da Lei 8.038/1990). Ver nota de rodapé 1, acima.
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