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Resumo Direito Penal parte geral

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Resumo de Direito Penal parte geral1
Bloco I
PRIMEIRA PARTE
Do conceito de Direito Penal
Pode-se definir Direito Penal como um conjunto de normas jurídicas que tem por
objeto a determinação de infrações e natureza penal e suas respectivas sanções (penas e
medidas de segurança).
Tem característica principal sua extrema formalidade, por só agir em situações
típicas, antijurídicas e culpáveis e um caráter fragmentário que o distingue de outros
ramos do Direito, só podendo ser invocado quando se esgotam as possibilidades de
solver o lítigio.
Dicotômia objetiva-subjetiva
Direito Penal objetivo são as normas penais criadas pelo legislador para atuarem
em determinadas situações jurídicas. É a própria criação proveniente da vontade estatal
soberana
O subjetivo, por sua vez, está no interior do objetivo e consiste no direito de
castigar e cuja titularidade pertence ao Estado. Este é regulado pelo que estipula o Direito
Penal Objetivo.
Dicotômia substantiva-adjetiva
Direito Penal substantivo são as próprias normas escritas e regulamentos, é o
materialismo do Direito Penal. Já o adjetivo remete ao método de aplicação das normas, é
o Direito processual.
Direito Penal no Estado de direitos sociais
Por fim, deve-se ressaltar que, o Direito Penal tem como função principal proteger
bens relevantes tutelados pelo Estado de forma fragmentária (ultima ratio) e de acordo
com princípios delimitadores da aplicação das normas.
Princípios fundamentais do Direito Penal
1-Legalidade
Proveniente da premissa latina “nullum crimen, nulla poena sine lege” este princípio
diz que nenhum fato pode ser considerado crime e que nenhuma pena criminal pode ser
aplicada sem que antes exista lei que defina o fato como crime e comine sua determinada
1Resumo feito com base nas aulas ministradas pela professora Denise Meneses Gomes, da
Universidade Federal de Roraima, e a doutrina de Cezar Roberto Bitencourt: Tratado de Direito Penal, Vol.
1, parte geral, 22º ed revista e ampliada de 2016. Autor: Ícaro Vitório Viana Braga, aluno do curso de
Bacharelado em Direito da UFRR, 2º Semestre.
sanção. Tem tipificação na CFRB/88 Art5º, inc. XXXIX – não haverá crime sem lei anterior
que defina, nem pena sem prévia cominação legal-.
2 – Reserva Legal
Com tipificação no Art.22,I da CRFB/88 dita que certas matérias de direito devem
ser reguladas por meio de lei formal, no caso, cabe privativamente à União legislar sobre
o Direito Penal.
3 -Taxatividade
Aqui o princípio é aplicado ao legislador que, ao elaborar a lei, deve ser claro e
conciso nas suas palavras de modo a não levar à indeterminação dos tipos penais.
4 - Intervenção Mínima (Ultima ratio)
Limitador do poder incriminador, dita que o Direito Penal só pode criminalizar
condutas que apresentem risco aos bens jurídicos importantes tutelados pelo Estado. Não
pode o Estado punir ações por serem meramente consideradas imorais pela sociedade.
5 – Irretroatividade (Tempus regit actum)
A lei penal, em regra, só atinge condutas realizadas ao tempo de sua eficácia, não
atuando antes ou depois de sua vigência. Contudo, no Direito intertemporal, admite-se
que retroaja a lei penal mais favorável, segundo o Art 5º, XL, da CF.
6 - Adequação Social
Este princípio, orbita no que diz respeito à materialidade da ilicitude no âmbito
social. A exemplo, tem-se o caso da enfermeira que fura a orelha da criança menina com
um brinco como presente para a mãe. Formalmente tem-se uma lesão corporal, mas,
materialmente o comportamento é aceito por se tratar de algo comum na sociedade. Logo
a adequação social é a exclusão Supralegal da tipicidade devido a aceitação do
comportamento pela sociedade.
7 – Insignificância
De início deve-se diferenciar que, condutas de menor potencial ofensivo (Art 98,I
CF) não configuram por si só a insignificância. Esse princípio diz repeito à intensidade ou
extensão da lesão produzida a um bem jurídico, condutas que não chegam a lesar bens
jurídicos tutelados não são tipificadas.
8 – Ofensividade
Não há infração penal sem ao menos a colocação do bem tutelado em risco. Logo,
só podem ser reprimidas pelo Direito Penal aquilo que ofereça efetiva e concreta
possibilidade de, ou, lesão a um bem.
9 – Culpabilidade
Culpabilidade por ser apreendida como um juízo de valor que permite atribuir a
responsabilidade de determinado fato típico à determinada pessoa (capacidade de
culpabilidade, consciência da ilicitude, exigibilidade da conduta), a falta de algum
elemento pode eliminar a aplicação de uma sanção penal. Pode, também, ser admitida
como critério de medição de pena, em consonância com o princípio da individualização da
pena.
10 – Proporcionalidade
Dita que cada crime deve ser punido de acordo com a abrangência de sua lesão,
crimes de menor potencial com penas menores, delitos maiores com mais rigorosidade. A
função desse princípio é, sobretudo, evitar os excessos no que diz respeito a aplicação de
penas maiores que o necessário e a impunidade, no que tange aos delitos mais
agressivos.
Atua lado a lado com o princípio da razoabilidade, sendo o razoável aquilo que tem
aptidão para atingir os objetivos que propõe sem representar excessos.
11 – Humanidade
É o que sustenta que o pode punitivo estatal não pode aplicar sanções que atinjam
a dignidade da pessoa humana ou que lesionem a condição físico-psíquica de
prisioneiros. Em suma, é a vedação da aplicação de penas cruéis e infamantes.
12 – Responsabilidade Subjetiva
Só a crime se a conduta realizada for dolosa ou culposa. Para tanto deve-se fazer
a análise do crime (Fato típico, antijuricidade e culpabilidade), se, dentro do requisito
conduta do fato típico existir dolo ou culpa - esta última modalidade só pode ser aceita se
prevista expressamente - há crime.
Tipicidade formal: Prevista pelo legislador expressamente na lei, é o delito que se
amolda ao fato típico.
Tipicidade material: É a análise da relevância da lesão ao bem protegido no caso
concreto.
SEGUNDA PARTE
Normas penais
Para Binding as normas penais subdividem-se em incriminadoras que definem as
infrações e proíbem (comissivos) ou impõe condutas (omissão), são chamadas de
normas penais em sentido estrito. São compostas por um preceito primário, que
descreve objetivamente a infração penal, e um preceito secundário, que representa a
cominação abstrata mas individualizada da sanção correspondente. Dividem-se no codex
em Parte geral – Art 1 ao 120- e Parte especial – Art 121 e seguintes -.
 E não incriminadoras ou permissivas que estabelecem regras gerais de
interpretação e aplicação das normas penais em sentido estrito de modo a delimitar a
infração e sanção penal correspondente, explicam ou permitem condutas excluindo
tipicidade, ilicitude e culpabilidade. Essas, podem ainda subdividir-se em completas
(quando se tem elemento normativo e valorativo completos) e incompletas (quando falta
o elemento normativo da origem às leis penais em branco, já na ausência do valorativo
surge o tipo aberto).
TIPO ABERTO – Lei ou norma que necessita de complemento valorativo. EX: Art
150 e 312 do CP.
LEI PENAL EM BRANCO – Aquela que necessita de complemento normativo no
preceito, são normas penais incriminadoras. Podem ser homogêneas quando o
complemento também é uma lei EX:Art 237 CP ou heterogêneas quando o complemento
é outro que não lei EX: Art 268 e 269 CP.
Disto, extrai-se que para conceituar certa conduta como crime é preciso antes
realizar o juízo de valor da estrutura do crime. A conduta contrária ao direito deve ser
TÍPICA - com uma conduta dolosa ou culposa quepor meio de um nexo de causalidade
gere (ou não) um resultado e deve ser prevista como contravenção pela lei.
ANTIJURÍDICA - não bastando ser prevista na lei, mas expressamente contrária ao
direito. E CULPÁVEL – com um juízo de valor acerca da atribuição de responsabilidade
da conduta.
Vala ainda relembrar que Binding acreditava que a Lei era o veículo e a norma o
passageiro, ou seja, a lei descreveria o crime e a norma diz o que é ilícito. Por exemplo,
no Art 121 a lei diz o que é a conduta, matar alguém, e a norma proíbe essa mesma
conduta na sociedade, proibindo matar alguém.
TIPO – Descrição da conduta criminosa (elementos), com um núcleo (verbo)
proibindo um fazer (comissão) ou não fazer (omissão).
Pode existir, ainda, crimes comissivos por omissão ou também omissivos impuros
ou impróprios. A exemplo tem-se a mãe que mata o filho por inanição. No caso em
questão deve-se usar o Art 121 “matar alguém” + a norma de extensão do Art 13 do CP.
Fontes do Direito Penal
Podem ser formais (de conhecimento) que é a forma como as leis penais se
apresentam e se subdividem em imediatas como a lei, ou mediatas como os costumes,
jurisprudência, doutrina e princípios gerais do Direito.
Também, pode ser materiais (de produção), sendo o Estado a única fonte, de
acordo como Art 22, I da CF.
Interpretação e integração das leis penais
A interpretação dita autêntica é feita pelo legislador, a judicial, pelo magistrado e,
a doutrinal, pela doutrina. A interpretação jurisprudencial diz respeito ao compilado de
decisões judiciais acerca de um mesmo caso, levando a produção de antecedentes que
podem servir de modelo para casos semelhantes.
A interpretação extensiva é aquela utilizada em frente a leis penais restritas de
modo a ampliar o sentido do texto legal para abranger casos semelhantes, respeitando
sempre o princípio da reserva legal. EX: Art 172 e 176 CP.
A declarativa expressa o sentido linguístico literal do texto interpretado. É
proveniente da concordância entre a interpretação gramatical e lógico-sistemática. É a
coincidência da norma com o sentido exato do preceito, segundo Vicent Ráo.
Já a restritiva, procura reduzir ou limitar o alcance do texto interpretado na
tentativa de encontrar seu verdadeiro sentido, por se tratar de uma exigência jurídica.
A interpretação analógica não diz respeito à analogia por ser da própria vontade
da lei, ordenada por esta, pode ser aplicada aos tipos penais incriminadores e é composta
pela seguinte fórmula: Forma casuística + Cláusula genérica. EX: Art 121 CP, exceto
inciso II, matar alguém… com emprego de veneno (forma casuística)… ou outro meio
cruel (cláusula genérica). Arts 213, 217-A e 28 também servem de exemplo.
Já a analogia não diz respeito à vontade da lei, consiste em fazer aplicável a
norma a um caso semelhante, mas não compreendido nem na letra ou vontade da lei. Por
isso não pode ser aplicada a leis penais incriminadoras, com, a única exceção sendo a
analogia in bonam partem, quando as leis têm suas lacunas integradas ou
complementadas por meio da analogia que visa beneficiar o réu.
Quando a lei se mostrar omissa deve o magistrado recorrer à analogia, costumes e
princípios gerais do Direito. Contudo, costumes e desuso NÃO pode revogar leis,
somente ajudar na sua integração.
TERCEIRA PARTE
Lei penal no tempo
Aqui, trata-se da aplicação das normas penais no tempo. Para tal fim, necessário
foi seguir os princípios da reserva legal e da irretroatividade a fim de evitar arbitrariedades
na aplicação de normas penais. 
No caso da aplicação das leis penais no tempo vigorá o princípio do tempus regit
actum (aplica-se a lei em vigor à época do fato), contudo, essa regra não é absoluta como
pode-se ver nas hipóteses de extratividade de lei penal.
Retroatividade e ultratividade de lei mais benigna
No conflito de leis penais no tempo é necessária a valoração de qual lei se
apresenta mais benéfica ao réu. Lei anterior, quando mais favorável, terá ultratividade, lei
posterior, quando no mesmo contexto, retroagirá.
Em suma toda lei penal, seja qual for sua natureza, que de alguma forma
amplie garantias de liberdade do indivíduo, reduza proibições ou amplie o campo
da licitude penal terá, quando for digna e quando determinado for o caso,
extratividade.
Hipóteses de conflitos de leis penais no tempo
Abolitio criminis (Art 2º CP) – Ocorre quando lei nova deixa de considerar crime
fato anteriormente tipificado como ilícito penal. A abolitio criminis faz desaparecer todos
os efeitos penais da lei (inquerito policial, processo e sentença condenatória caso já
tenha sido decretada), permanecendo os civis.
Novatio legis incriminadora – É o oposto da Abolitio, ocorre quando a lei considera
crime fato anteriormente não incriminado, ou seja, piora a situação do réu.
Novatio legis in pejus – É quando lei posterior de qualquer modo agrave a situação
do réu
Para as duas situações acima, segundo o Art. 5º, XL da CF, não retroagirá
nem ultra-agirá lei penal que agrave a situação do sujeito, seja criando novos tipos
ou agravando os já existentes.
Novatio legis in melius (lex mitior) – Quando lei nova dá ao sujeito tratamento mais
favorável, seja reduzindo pena ou atenuando circunstâncias. Mesmo que a sentença
condenatória encontre-se em fase de execução, prevalece a lex mitior nos temos do Art.
2º do CP.
Tem-se, também, o caso da lex mitior em Vacatio legis. Na concepção de Hungria,
a lei em período de vacação não deixa de ser lei, e, se mais benéfica ao réu, deve ser
aplicada desde logo.
Leis penais intermitentes – Caso que ocorre quando há uma sucessão de leis
penais, e a mais favorável não é nem a leis do tempo do fato nem a última, mas
intermediária. De acordo com os princípios gerais do Direito Intertemporal deve-se aplicar
a lei mais favorável sempre, mesmo se intermediária. Logo, esta lei tem dupla extra-
atividade, podendo retroagir ou ultra agir.
Combinação de leis penais – É o caso do magistrado que identifica aspectos
positivos em uma lei passada e uma lei futura a ocorrência do fato combinando-as em
beneficio do réu. Essas hipóteses dividem opiniões na doutrina a favor e contra da
possibilidade. Com sólido entendimento, o STF, através da súmula 501, vedou tal
possibilidade.
Tipos de crimes no Direito Penal Intertemporal
Crimes instantâneos são aqueles em que a consumação não se alonga no tempo,
acabando naquele momento, é o caso do homicídio. Crimes permanentes são aqueles
que mesmo após efetuada a conduta produz efeitos ao longo do tempo, é o caso do
sequestro que pode levar ao exaurimento do crime. Ainda usando o homicídio como
exemplo, pode-se ter crimes instantâneos de efeitos permanentes quando a conduta
não se protrai no tempo, mas seus efeitos sim. Crime continuado, é a ocorrência de
vários delitos semelhantes em execução ou idênticos somados, somente no período de
30 dias, para a aplicação de uma pena unitária com base no mais grave (semelhança) ou
no primeiro (iguais). É uma ficção jurídica que visa beneficiar o réu, considerando os
demais crimes como continuações do primeiro.
Só há conflito de leis penais no tempo quando lei nova surge após a
consumação do fato e se tem dúvida em qual aplicar.
Segundo o STF, através da súmula 711 pacificou a questão dos crimes
permanentes. Se um crime se prolonga no tempo, não deve-se guiar pela exceção da
ultra atividade da lei e sim usar do tempus regit actum para punir o acusado, mesmo se a
lei ao tempo do fato for mais grave.
Leis excepcionais e temporárias
Essas são leis que vigem por período predeterminado,pois nascem com a
finalidade de regular situações que são transitórias especiais.
Temporárias são aquelas que vem com vigência previamente estabelecidas pelo
legislador, só retroage se prever mesmo conteúdo de lei posterior e for mais benéfica ao
réu, e, em regra são aplicáveis a todos os fatos ocorridos no período de sua vigência.
Excepcionais são leis que surgem devido à situações de estado de calamidade ou
emergência e duram até o mesmo ter fim. Também são aplicáveis a todos os fatos
ocorridos em seu período de vigência.
Ambas as leis acima citadas tem ultra atividade com base no escrito do Art. 3º do
CP.
Tempo do crime
Adota-se, no Direito Penal Intertemporal, para determinar o tempo do crime, a
teoria da atividade, com base no Art. 4º do CP.
Lei penal no espaço
Princípio da territorialidade (REGRA) - Aplica-se a lei penal brasileira aos fatos
praticados no território nacional, independente da nacionalidade do agente ou do bem
jurídico lesado (Art. 5º caput CP)
Princípio da real defesa ou de proteção - Pode-se estender a jurisdição penal do
Estado titular do bem jurídico lesado para além de seus limites terriotorais,
independentemente do local onde o delito foi praticado ou da nacionalidade do agente
infrator (Art. 7º, I, CP)
Princípio da nacionalidade ou personalidade – Aplica-se a lei penal da
nacionalidade do agente, pouco importando o local em que o crime foi praticado.
Personalidade ativa – somente se considera a nacionalidade do autor do delito (Art 7º,II,
b, CP). Personalidade passiva- somente se considera a nacionalidade da vítima do delito
(Art 7º, § 3º CP). Visa complementar o critério da territorialidade.
Princípio da universalidade ou cosmopolita – Aplica-se a lei nacional a todos os
fatos puníveis, sem levar em conta o lugar do delito, a nacionalidade de seu autor ou do
bem jurídico lesado (Art 7º, II, a CP).
Princípio da representação ou da bandeira – Aplica-se a lei do Estado em que
está registrada a aeronave ou embarcação ou cuja bandeira ostenta aos delitos
praticados em seu interior quando houver deficiência legislativa ou desinteresse de quem
deveria reprimir (Art 7º, II, c CP).
Lugar do crime
Foi adotada pelo Ordenamento jurídico brasileiro a teoria da pura ubiquidade,
mista ou unitária, para qual lugar do crime pode ser tanto o lugar da ocorrência da ação
ou omissão, ou, ainda o lugar onde se efetuou o resultado, com tipificação no Artigo 6º do
Codex.
Conflito aparente de normas
É quando são encontrados casos em que uma mesma conduta ou fato podem ser,
aparentemente, regulados por mais de uma norma e a solução para tal deve ser
encontrada através da interpretação, pressupondo a unidade de conduta ou de fato,
pluralidade de normas coexistentes e a relação de hierarquia ou de dependência entre as
normas.
Princípios regentes do conflito aparente de normas.
Princípio da especialidade – Considera-se especial a norma penal que contém
todos os elementos da norma geral acrescidos de mais alguns. Por derradeiro, a
regulamentação especial exclui a geral.
Princípio da subsidiariedade – No caso concreto, deve-se analisar qual norma é
mais adequada, a subsidiaria ou a principal de acordo com o juízo de valor. Entre elas a
relação é a de descrição de graus de violação de um mesmo bem jurídico de forma que a
norma subsidiária e afastada pela aplicabilidade da norma principal.
Princípio da consunção – Consunção ocorre quando um crime é realizado como
meio para a prática de um outro crime com maior potencial ofensivo. Nesse caso, a norma
que pune o crime-meio não é levada em consideração, mas, somente a que pune o crime-
fim, por este ser o de maior potencial dano ao bem jurídico tutelado pelo Estado.
Bloco II
QUARTA PARTE
Teoria do delito
Delito é a ação típica, antijurídica e culpável, submetida a uma cominação penal
adequada e ajustada às condições de dita penalidade.
Requisitos genéricos do crime: Fato típico, antijuricidade e culpabilidade.
Requisitos específicos do crime: Elementares do crime, presentes no tipo penal
incriminador e são próprios de cada crime.
Os requisitos específicos são encontrados através da análise sistemática do
tipo penal (palavras escolhidas pelo legislador).
Classificação das infrações penais
Não há diferença ontológica entre crime e contravenção, a diferenciação é feita
pela natureza da pena privativa. Estas, são chamadas também de crimes anões, de
menor potencial ofensivo e por isso sofrem sanções mais brandas como a prisão simples.
Já aqueles, reclusão e detenção.
Doloso, é o crime no qual o autor quis o resultado ou assumiu o risco de prouzí-lo.
Culposo, por sua vez, quando o agente da causa ao resultado por negligência,
imprudência ou imperícia (Art.18 CP). E o Preterdoloso é o crime cujo resultado ocorre
mais grave do que o pretendido pelo agente, uma lesão corporal que acaba em homicídio,
por exemplo.
Comissão é quando se realiza uma ação positiva visando um resultado ilícito,
fazer o que a lei proíbe. Já a omissão é quando ocorre um não fazer quando a lei o
manda. E existe, ainda, a omissão imprópria ou crime comissivo por omissão, onde a
omissão é o meio pelo qual o agente produz um resultado, não respondendo por esta,
mas pelo resultado decorrente, o que estava juridicamente obrigado a impedir. Nestes
casos deve-se usar a norma de extensão prevista no Art. 13, §2º do CP.
Instantâneo é crime que se esgota coma ocorrência do resultado naquele instante.
Permanente é aquele cuja consumação se prolonga no tempo, dependente da atividade
do agente e só cessa quando este quiser.
Crime material ou de resultado, é o que só ocorre quando consumado resultado
decorrente de sua ação. Já no crime formal, também há a descrição de um resultado,
mas sua ocorrência não é obrigatória para a consumação do delito. Nos de mera
conduta a simples ação ou omissão é o suficiente para consumá-lo. Os habituais, são
delitos compostos pela reiteração de atos que entregam o modo de viver do agente, cada
ato constituindo, individualmente, um indiferente penal.
De dano são aqueles que para a consumação pede-se uma superveniência de um
resultado material que consiste em lesão efetiva do bem jurídico. De perigo é a
possibilidade de risco real que uma superveniência de resultado material pode causar ao
bem jurídico protegido. Há crime de perigo concreto, quando precisa ser comprovado, e
abstrato ou presumido (vetado por ir de encontro com o princípio da ofensividade),
quando se pressupõe a ofensividade.
Crimes unissubjetivos são aqueles que podem ser praticados pelo agente
individualmente, mas, por sua vez, admite concurso de pessoas. Plurissubjetivos são
aqueles em que o delito tem de ser praticado por uma pluralidade de agentes (quadrilha,
rixa).
Unissubsistentes são os crimes que se constituem de um único ato, não
admitindo o fracionamento da conduta, o que, portanto, exclui a possibilidade de tentativa.
Delitos formais e de mera conduta são, em regra, unissubsistentes. Já o oposto, o crime
plurissubsistente, é aquele que pode se desdobrar em vários atos sucessivos, conduta e
resultado separam-se. Em geral, crimes materiais são plurissubsistentes.
Comum, é aquele delito que pode ser praticado por qualquer agente (lesão
corporal, estelionato, furto). Próprio ou especial, é quando se exige determinada
qualidade ou condição pessoal do agente. De mão própria, são aqueles delitos que só
podem ser praticados pelo agente em pessoa, não admitindo interposição de outra
pessoa (falso testemunho, adultério, prevaricação).
No crime próprio, mesmo que a gama de pessoas que podem praticar a ação
seja limitada, o autor pode ordenara outrem que a pratique. Já no de mão própria,
qualquer um pode fazer a ação, desde que se seja pessoalmente, pois aqui não se
admite terceirização de conduta.
Sujeitos e objetos do delito
Ativo é quem pratica total ou parcialmente o fato descrito como crime na norma
penal incriminadora. Passivo é o titular do bem jurídico atingido pela conduta criminosa,
pode ser o ser humano (crimes contra a pessoa), o Estado (crimes contra a Adm Pública),
a coletividade (crimes contra a saúde pública) ou a pessoa jurídica (crimes contra o
patrimônio). Ressalta-se que o ser humano, a sociedade e as pessoas jurídicas são
passivos eventuais enquanto o Estado é passivo constante por determinar a tutela dos
bens jurídicos.
Objeto jurídico é o bem jurídico protegido pelo Direito Penal enquanto o objeto
material é a coisa ou pessoa sobre a qual recai a conduta criminosa.
Da conduta 
Para a corrente causalista mecanicista de Von Liszt a conduta é a ação humana
consciente e voluntária que causa modificação no mundo exterior. A manifestação de
vontade, o resultado e a relação de causalidade são os elementos desse conceito de
ação.
Para a corrente finalista de Hans Welzel, adotada pelo Direito brasileiro, conduta
é a ação humana consciente e voluntária dirigida a um fim. Aqui, o homem pode prever os
resultados de sua conduta.
A conduta, portanto, é composta pelo binômio de vontade e consciência, a
primeira é a intenção de atingir o bem jurídico tutelado, produzindo fins externos e
específicos. Já a segunda, é a noção que o agente tem do que passa ao seu redor, não
sendo, necessariamente a consciência da ilicitude.
O resultado produzido por uma conduta pode ser jurídico, presente em todo tipo
de crime, e é o evento, a lesão ao bem jurídico. Como pode ser naturalístico, presente
somente em crimes materiais, e é a modificação do mundo exterior (morte, perda de
bem).
Casos de exclusão de conduta
Coação física irresistível (vis absoluta): Com tipificação presente no Art. 22 da
codificação penal, ocorre coação física irresistível quando o agente usa de força física
para que outra pessoa aja ilicitamente (vis corporalis), fazendo desta um mero
instrumento, logo, sem vontade, e sem conduta.
Vale diferenciar a vis absoluta da coação moral irresistível (vis compulsiva),
enquanto a primeira exclui a tipicidade da conduta a segunda exclui a
culpabilidade.
Movimentos reflexos: São atos reflexos puramente somáticos que não dependem
da vontade do agente para ocorrer (tosse ou espirro). Não se deve confundí-los com atos
de curto-circuito, pois estes tem elemente volitivo, mesmo que por um breve momento, e
não excluem a conduta.
Estados de inconsciência: São casos em que os atos praticados não são
orientados pela vontade (sonambulismo, embriaguez letárgica e hipnose), porém só são
considerados se comprovados, logo, dependem da análise do caso concreto.
Atipicidade relativa: Quando opera-se uma desclassificação do crime, o delito vira
outro mas não deixa de ser crime (Art 214 que foi incluido no 213).
Atipicidade absoluta: Aconduta não mais se encaixa na tipicidade formal ou
material (matar um cachorro não configura homicídio).
QUINTA PARTE
Tipo
Tipo é “o conjunto dos elementos do fato punível descrito na lei penal. Tem como
função exercer uma função limitadora e individualizadora das condutas humanas
penalmente relevantes.” Nas palavras de Cezar Roberto Bitencourt. Não é o crime, mas a
descrição concreta da conduta, pois, para existir crime tem de se efetuar o juízo de
tipicidade e analisar se a conduta além de típica, é antijurídica e culpável. Tem, como
principal função, identificar o bem jurídico protegido pelo legislador.
Podem ser incriminadores, os quais contém preceito primário e secundário, e, por
função tem criminalizar um fazer ou um não fazer. Ou permissivos ou não
incriminadores, quando permitem um fazer ou não fazer, caso dos Arts. 24 e 25 do CP,
Estado de necessidade, legítima defesa e estrito cumprimento do dever legal.
Elementos do tipo
Elemento objetivo, é aquele que é identificado pela simples percepção sensorial,
referem-se a seres, objetos, animais, coisas ou atos que podem ser percebidos pelos
sentidos. Não diz respeito à vontade do agente, mas por ela está envolvido.
Podem ser descritivos, quando não precisam de juízo de valor e são de claro
entendimento ou normativos, quando deve-se valorar, procurar um sentido. Essa busca
pode ser jurídica quando o sentido é dado pelo próprio direito, ou extrajurídica quando se
recorre a outros meios que não o direito (medicina, economia, física). 
Elemento subjetivo é o dado ou circunstância que pertence ao campo psíquico
espiritual e ao mundo de representação do autor, ou seja, sua vontade. É constituído por
um elemento subjetivo genérico (dolo), implícito em todo crime e sem objetivo
determinado. E pelo elemento subjetivo específico, que caracteriza a vontade específica
do agente em realizar aquele delito. Quando explícito, caracteriza delito de intenção, e
quando implícito, delito de tendência.
Classificação dos tipos
Podem ser estes fechados quando contém somente elementos objetivos e
subjetivos descritivos, como o Art. 121 do CP ou abertos quando contém só elementos
normativos objetivos e subjetivos específicos, como os Arts. 155 e 312 do CP e todos os
crimes culposos.
Básicos são aqueles que contam com a descrição típica fundamental (caput),
derivados os que estão relacionados com as circunstâncias legais especiais, como as
qualificadoras, causas de aumento e de diminuição de pena.
São simples os que tem estrutura mononuclear (verbo+conduta), como os Arts.
155 e 121 do CP. E misto os de estrutura plurinuclear.
Tipo alternativo tem vários núcleos e constitui um só crime independentemente do
número de núcleos que o agente praticou. Cumulativo, é aquele que faz o agente
responder por concurso de crimes independente de quantos praticou.
O tipo derivado pode estar junto do título ou no fim do capítulo.
Nexo de causalidade
É a ligação entre a conduta realizada pelo agente e o resultado final obtido. No
ordenamento jurídico brasileiro se adota a teoria da equivalência dos antecedentes
causais (conditio sine qua non), que dita que tudo anterior ao resultado é relevante e se
equivale para a compreensão da modificação do mundo exterior.
Causa é tudo aquilo que antecede o resultado e contribui para que este ocorra do
jeito que ocorreu. Se retirados os antecedentes do resultado e, mesmo assim, esse for
produzido, exclui-se a causa.
Concausas são causas que concorrem com a conduta do agente,
independentemente. Podem ser absolutas, com subdivisão em pré-existente quando
produz resultado antes do agente agir, concomitante a que produz resultado no momento
em que a conduta do agente ainda se desenvolve e superveniente aquela que produz um
resultado depois da conduta do agente. Como também aceitam ser classificadas como
relativas e subdividem-se em pré-existentes, concomitantes e supervenientes. Esta
última, não pode ser usada para punir o agente, pois nela o resultado era imprevisto e
produziu-se por si mesmo.
Nas concausas absolutamente independentes, não se pune o agente, pois só
responde pelo resultado quem o deu causa (Art. 13 CP). Nas relativamente
independentes, só se pune as pré-existentes e as concomitantes, visto que as
supervenientes produzem resultado imprevisível por si só (Art 13, parágrafo 1º CP).
Tipicidade
Esta é a correspondência entre o fato praticado pelo agente e a conduta descrita
concretamente pelo modelo da lei penal.
Tipicidade formal é a perfeita adequação do fato concreto ao que está previsto na
lei,é feita de forma abstrata. Já a tipicidade material, é a relevância da lesão ou do perig
de lesão ao bem no caso concreto.
Zaffaroni propôs a ideia de tipicidade conglobante a qual é constituída pela fusão
da tipicidade formal, material e a presença da antinormatividade jurídica não exclusiva da
seara penal.
Adequação típica
Pode ocorrer de forma direta ou imediata, quando há perfeita adequação do caso
concreto ao texto legal sem a necessidade de norma de extensão ou de forma indireta
ou mediata, que é a necessidade do uso de outro dispositivo legal (norma de extensão).
As hipóteses para adequação mediata são: omissão imprópria (Art.13 pararágrafo 2º),
tentativa (Art. 14, I) e participação (Art. 29).
Tipo de injusto doloso 
Dolo é consciência e a vontade de realização da conduta descrita em um tipo
penal. É natural, um elemento subjetivo implícito do tipo. Para o Código Penal, Art. 18,
dolo é “quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo”.
Ressalta-se que dolo é a REGRA e culpa a exceção, só se pune por fato
culposo quando expressamente previsto no tipo.
Elementos e características do dolo
Como características do dolo lista-se a abrangência, que é o saber do sujeito ativo
de agir ilicitamente, caso contrário incidiria em erro de tipo. A atualidade, a qual dita que o
agente deve conhecer os elementos constitutivos do ilícito antes (previsão do resultado ou
consciência deste) e durante a prática do ato, não depois. 
De elementos cita-se a consciência que é o saber que está a agir ilicitamente e a
vontade, que existe decorrente da consciência do ilícito, e consiste no querer o resultado
previsto.
Dolo direto ou imediato
Aqui o agente quer o resultado representado como fim de sua ação, a vontade é
dirigida à realização do fato típico.
Pode ser de 1º grau quando a intenção do agente é voltada a determinado
resultado efetivamente perseguido, abrangendo os meios empregados para tal. Aqui,
trata-se do fim diretamente. Ou de 2º grau quando é desejado, por meio da utilização dos
meios necessários, o resultado como uma consequência do uso.
Dolo eventual
Ocorre quando o agente não quer diretamente a realização do tipo, mas aceita-o
como possível ou provável, assumindo o risco de produzir o resultado, não se importando
com a sua ocorrência (Art. 18, I).
Tipo de injusto culposo
Culpa é a inobservância do dever de cuidado objetivo manifestada numa conduta
produtora de um resultado não querido, mas previsível objetivamente. Nas palavras de
Bitencourt, “aqui pune-se uma conduta mal dirigida, destinada a um fim penalmente
irrelevante, quase sempre lícito”.
Elementos do tipo culposo
Tem-se, aqui a inobservância do dever de cuidado objetivo que consiste no
reconhecimento do perigo para o bem jurídico tutelado e preocupar-se com as possíveis
consequências de uma conduta descuidada. A previsibilidade objetiva, que é a previsão
do resultado por uma pessoa de normal discernimento. A ausência de previsão por parte
do agente do fato típico culposo na situação em que se encontrava. O resultado
involuntário ou indesejado pelo agente. O nexo de causalidade entre a conduta
descuidada e a produção do resultado indesejado. E a tipicidade do ato praticado, ou
seja, tem de estar previsto em lei.
Modalidades da culpa
Tem-se imprudência, quando o agente age sabendo dos riscos, é a prática de
uma conduta arriscada ou perigosa de caráter comissivo. É caracterizada plea
intempestividade, precipitação, insensatez ou imoderação do agente, caso do motorista
que insiste em dirigir embriado mesmo sabendo dos riscos.
Negligência, ocorre no agir sem tomar os cuidados necessários, é a falta de
precaução, indiferença do agente que poderia ter adotado as cautelas necessárias mas
não o faz, é não fazer o que deveria ter feito antes da conduta descuidada. Caso do
motorista de ônibus que trafega com as portas abertas sabendo que a condução está
lotada e causa queda de passageiro.
Já a imperícia, é a falta de capacidade, de aptidão, despreparo ou insuficiência de
conhecimentos técnicos para o exercício da arte, profissão ou ofício. Não deve ser
confundida com erro profissional.
Espécies de culpa
Há culpa consciente quando o agente conhece a perigosidade de sua conduta,
prevê um resultado possível mas insiste em agir convicto de que esse não se realizará,
confia em excesso em si mesmo. Já a culpa inconsciente, ocorre quando mesmo sendo
possível a previsão de um resultado, esta não ocorre por descuido, desatenção ou
simples desinteresse do autor da conduta perigosa, o sujeito age sem nem saber que o
que faz é perigoso.
Crime preterdoloso e crime qualificado pelo resultado
Preterdoloso ou preterintencional é o crime cujo resultado vai além da intenção
do agente, é a conduta que inicia dolosamente mas acaba com culpa, há dolo no
antecedente e culpa no consequente. Caso da lesão corporal seguida de morte.
Já o crime qualificado pelo resultado, não deve ser usado como sinônimo de
preterdoloso, pois neste o resultado ulterior que é mais grave deriva involuntariamente da
conduta criminosa, que, por sua vez, lesa um bem jurídico que não contém o bem jurídico
precedentemente lesado. Caso do aborto seguido de morte da gestante.
Para diferenciar de forma simples, o raciocínio é: nunca se conseguirá matar
alguém sem ferir sua integridade física (lesão corporal seguida de morte –
preterdoloso), mas, para matar alguém não necessariamente tem de se fazer um
aborto na pessoa.
Ressalta-se que todo crime preterdoloso é qualificado pelo resultado, mas
nem todo qualificado pelo resultado é preterdoloso, pois pode acabar com dolo ou
com culpa.
SEXTA PARTE
Antijuricidade
Injusto é a forma de conduta antijurídica propriamente dita, é a pertubação no
ordenamento jurídico. Já a antijuricidade é a qualidade dessa forma de conduta, a
contradição que se encontra no ordenamento jurídico. Nas palavras de Jesheck: “A
antijuricidade é a contradição da ação com uma norma jurídica. Injusto é a própria ação
valorada juridicamente.”
Antijuricidade formal: Quando há a violação do dever de atuar ou omitir
estabelecido por uma norma jurídica. (Maioria da doutrina afirma ser esta sinônimo de
tipicidade).
Antijuricidade material: Consiste na ofensa produzida pelo comportamento
humano ao interesse jurídico protegido. (Maioria doutrinária defende ser esta a
antijuricidade propriamente dita).
Na ofensa a um bem jurídico, não permitida por causa de justificação, há o
desvalor do resultado – aqui está presente o elemento objetivo -, enquanto a forma ou
modalidade de concretizar a ofensa constitui o desvalor da ação – aqui o elemento
subjetivo, possibilita diferenciar o dolo da culpa -.
Quando o fato é considerado típico, há indícios que este seja antijurídico, a
não ser que haja causas de exclusão da antijuricidade.
Causas de exclusão de antijuridicidade
Essas, além de impedirem a imposição de pena ao autor do fato típico, converte
esse fato em algo lícito.
Em todas as causas de justificação tem de estar presente o elemento
subjetivo – conhecimento por parte do autor da situação excludente e a vontade de
atuar conforme a forma juridicamente permitida -. 
A presença do elemento subjetivo (animus defendi, para legítima defesa e estado
de necessidade) da causa de justificação afasta o desvalor da ação, pois ele constitui a
atuação conforme o direito.
Quando o fendido consente em excluir a ilicitude a ação praticada pelo agente, há
um causa supra-legal de exclusão da antijuricidade, o consentimento do ofendido, que
é reconhecido através de mecanismo de integração da norma, como os princípiosgerai
do direito, analogia ou costumes. Ressalta-se que essa hipótese só pode ocorrer se, na
análise do caso concreto, o ofendido estiver dispondo bem jurídico alienável.
Causas legais de exclusão
Tem-se o estado de necessidade (Art. 24), quando em situação de perigo atual e
inevitável, não produzido voluntariamente e quando não há o dever legal de enfrentar o
perigo, há colisão de bens jurídicos de distinto valor, sendo um sacrificado em prol do
outro. Exculpante, é o estado de necessidade no qual é sacrificado bem jurídico de maior
valor para salvar um de menor e justificante quando o inverso acontece, se sacrifica o de
menor valor.
O estado de necessidade ocorre mediante termos do comodus dicessus, o
qual dita que o sacrifício de um bem jurídico para salvar outro deve ser feito,
somente, se extremamente necessário, pois se há alternativa menos lesiva, deve-se
utilizá-la.
Já a legítima defesa (Art. 25), é constituída quando, no uso moderado de meios
necessários, repele-se agressão injusta a direito seu ou de outrem. Nas palavras de
Welzel “aquela requerida para repelir de si ou de outrem uma agressão atual e legítima”.
Não se deve confundir estado de necessidade com legítima defesa, naquele
há uma ação, nesta, uma reação, muito embora em ambos há a necessidade de
salvar um bem ameaçado.
Na situação em que a lei impõe determinada conduta e, embora típica não
constituirá ilícito, ainda que cause lesão a um bem jurídico tutelado, tem-se o estrito
cumprimento de dever legal (Art. 23, III). É aplicado a situação permissiva quando são
praticados atos rigorosamente necessários e decorrentes de lei. Caso dos policiais,
seguranças, salva-vidas.
O exercício regular do Direito (Art. 23, III) ocorre quando tal se contiver nos
limites objetivos e subjetivos, formais e materiais impostos pelos próprios fins do Direito.
Caso dos pugilistas ou pessoas que modificam seu próprio corpo.
Em ambas as cláusulas permissivas, o limite do lícito termina onde se inicia
o abuso. No estrito cumprimento do dever legal o comportamento se torna ilícito
quando excessivo e impróprio, no exercício regular do Direito, quando passa a ser
irregular.
Offendiculas
São as defesas predispostas, que, de regra, constituem-se de dispositivos ou
instrumentos (pontas de lança, cercas elétricas ou cachorros) objetivando impedir ou
dificultar a ofensa ao bem jurídico protegido, seja patrimônio, domicílio ou qualquer outro
bem jurídico, desde que seu uso seja moderado. Na sua instalação, é um exercício
regular do Direito, em ação, uma legítima defesa.
SÉTIMA PARTE
Culpabilidade
É um juízo individualizado de atribuição de responsabilidade penal, e representa
uma garantia para o infrator frente aos possíveis excessos do poder punitivo estatal.
Pode, também, ser considerada um instrumento para prevenção de crimes, cumprindo o
papel de aportar estabilidade ao sistema normativo confirmando a obrigatoriedade do
cumprimento de normas por meio do juízo de atribuição de responsabilidade penal.
Elementos da culpabilidade
Entre estes lista-se a imputabilidade penal do agente, capacidade ou aptidão para
ser culpável, este tem de ser maior de idade e não sofrer de nenhuma incapacidade ou
causa de exclusão. A potencial consciência da ilicitude que é o saber por parte do
agente do caráter juridicamente proibido da conduta praticada. E a exigibilidade de
conduta diversa, que é a possibilidade do agente de agir de outro modo na dita situação,
é o que permite a formação do juízo de reprovabilidade.
Excludentes de culpabilidade
Ocorre a inimputabilidade (Art. 26 e 27 CP), que exclui a imputabilidade, quando
o agente não tem uma de suas capacidades, de entendimento ou autodeterminação.
Caso do menor de idade – falta de maturidade para valorar suas ações – e do
mentalmente doente ou não totalmente desenvolvido – não consegue discernir, ou avaliar
os próprios atos -. Há culpabilidade diminuída, redução de pena e não sua exclusão,
quando o agente não possui plena capacidade de entender a ilicitude do fato, são o
caso das psicoses ou transtornos mentais transitórios. 
Exclui a exigibilidade de conduta adversa a coação moral irresistível e a
obediência hierárquica, ambos no Art. 22. A primeira é a eliminação ou redução de
vontade do poder de escolha, ocorre com o vício de vontade do agente por outrem por
meio de ameaças graves e iminentes (se não cumprida a ação, o que coage cumpre a
ameaça em seguida). A segunda, ocorre somente em relações de direito público, elimina
a exigibilidade de conduta diversa, o subordinado cumpre ordens de um superior, desde
que não manifestamente ilegais. Aqui o subordinado age no seu estrito cumprimento
do dever legal desde que não cumpra ordens claramente ilegais, pois não é
obrigado a tanto. Tem o dever de cumprir normas inconveniente e inoportunas, mas
nunca ilegais. No caso de subalternos militares a questão é outra, não se deve obedecer
regras criminosas, já que no âmbito militar, convicções de legalidade de subordinados não
são levadas em conta.
Atenuam a pena, desde que satisfeitos determinados requisitos legais, a emoção e
a paixão (Art. 65, III).
 A embriaguez ou uso de substâncias de efeitos análogos podem tanto excluir
como atenuar a culpabilidade, aquela desde que completa e acidental, provocada por um
caso fortuito (agente não prevê o resultado) ou força maior (agente não pode evitar o
resultado). Quando configurada embriaguez completa e acidental, esta tem de
comprometer a capacidade de discernimento ou autodeterminação do autor para isentá-lo
de pena Art. 28, II, § 1º. A embriaguez habitual e patológica deve ser assemelhada
juridicamente ao estado de doença mental, de acordo com o parágrafo único do Art
26.
Exclui a culpabilidade, proibindo punição de qualquer tipo, o erro de proibição,
quando inevitável, pois com este configura-se o crime sem culpa. Quando evitável, atenua
a pena.
Nos casos de força maior, a culpabilidade é excluída diante da impossibilidade de
se evitar o resultado, já no caso fortuito, pelo motivo de ser imprevisível o resultado.
OITAVA PARTE
Erro de tipo e erro de proibição
O erro de tipo (Art. 20 CP), é a falsa percepção da realidade sobre um elemento
do crime, é a ignorância ou falsa representação de qualquer um dos elementos
constitutivos do tipo penal. É o caso do caçador que atira em uma pessoa e a mata
achando ser um animal, ou seja, se antes afirmava o Art 121 “matar alguém”, esse
alguém foi substituído por animal, o autor agiu com dolo, mas não contra a pessoa, pois
queria matar o animal. Pode ser inevitável, invencível ou escusável quando não
possibilidade de se evitar o erro e de uma maneira ou de outra ocorreria o crime,
excluindo dolo e culpa do auto. Ou evitável, vencível ou inescusável, quando o erro
poderia ser evitado pelo agente, excluindo o dolo, mas incide sobre este a forma culposa
se prevista em lei. 
Pode ser, também acidental, neste caso não excluindo o dolo, uma vez presentes
os elementos volitivos e de cognição. Subdivide-se em erro de objeto (error in objeto),
caso do ladrão que furta televisão de 32 polegadas quando queria uma de 42, ou sobre a
pessoa, quando o agente quer matar seu desafeto mas o confunde com outro alguém e o
mata.
Também é prevista a possibilidade de erro de execução (aberratio criminis), com
relação aos bens jurídicos, quando A quer matar B e desfecha tiros contra este e erra,
acertando somente um veículo atrás de B. Aqui o agente responde por crime subsidiário,
se expresso na forma culposa, e tentativa de homicídio. Erro com relação aos meios de
execução (aberratio ictus), quando o agente sabe que sua vítima/desafetoestá parada
na esquina e desfecha tiros, mas, por erro de pontaria atinge terceiro, respondendo
somente por crime consumado contra a vítima virtual e não a que faleceu. E por fim, tem-
se o erro sobre o nexo causal (aberratio causae), no caso em que o autor erra o meio
para atingir seu fim, caso de A, que visa matar B por afogamento, e o empurra da ponte. B
morre de traumatismo craniano ao bater com a cabeça em uma pilastra da ponte e não de
afogamento como planejado por A. Aqui o agente responde por único crime doloso.
Já o erro de proibição (Art. 21 CP), incide sobre a ilicitude de um comportamento.
O agente acha, por erro, estar agindo licitamente quando na realidade não esta, o objeto
do erro não é a lei nem o fato, mas a ilicitude. Pode ser inevitável, impedindo a aplicação
de qualquer tipo de pena por excluir a culpabilidade ou evitável, onde há punição, mas
com atenuantes.
Pode ser direto quando a total desconhecimento da situação proibitiva, caso do
civil que corta uma árvore para usar de lenha e é penalizado por crime ambiental ou
indireto, que, na situação fática direciona o agente a acreditar que agirá legalmente.
Caso em que A visualiza de sua janela um ladrão furtando um aparelho de som de seu
veículo e, acreditando estar em legítima defesa, desfecha tiros contra este.
NONA PARTE
Crime consumado 
Tem-se o crime consumado (Art. 14, I CP) quando o tipo está inteiramente
realizado, ou seja, consuma-se o crime no momento em que todos os elementos do tipo
objetivo são preenchidos. Em crimes materiais, a consumação ocorre com a produção de
resultado (meta octata) de dano ou perigo descrito no tipo pena. Nos formais, com a
própria ação ou omissão, pois não exige resultado material.
Crime consumado não deve ser confundido com exaurido. Neste, ocorrem
resultados lesivos mesmo após a consumação, como no crime de extorsão mediante
sequestro, que se consuma com o rapto e se exaure com o recebimento do dinheiro.
Crime tentado
Ocorre tentativa (Art. 14, II CP) na realização incompleta do tipo penal, há prática
de ato de execução, mas o sujeito não chega a consumar o delito por circunstâncias
independentes de sua vontade. Há ampliação temporal da figura típica, e a punibilidade
depende de quão violado foi o tipo penal incriminador. É uma causa genérica de
diminuição da pena, fixando como parâmetro de avaliação, o quão próximo o
agente chegou de consumar o delito.
Iter criminis
É o caminho do crime percorrido pelo sujeito ativo para que possa se atingir a
consumação. É dividido em quatro fases, sendo as duas primeiras, em regra, não
puníveis.
A primeira fase, a cogitação, é interna e consiste na elaboração mental da
resolução criminosa, a intenção de cometer um crime, não punível. A segunda fase,
preparação ou atos preparatórios, é o início da exteriorização da sua vontade de
praticar o delito, a procura por meios e instrumentos a serem utilizados para a realização
do tipo, em regra não punível, exceção: Arts. 288 e 291 CP. A terceira fase, execução ou
atos executórios, é a prática do crime em si, realização concreta dos elementos
constitutivos do tipo penal, punível. A quarta e última fase, consumação, ocorre quando
no crime se reúnem todos os elementos previstos no tipo penal, punível (Art. 14,I CP).
Espécies de tentativa
Perfeita ou crime falho, é a tentativa na qual o agente inicia a prática da execução
e pretende atingir a consumação. Passa por todas as fases do iter criminis mas não
consegue efetuar a consumação. Já a imperfeita, ocorre uma interrupção involuntária do
processo, o que impede a consumação. Aqui o agente não passa por todas as fases do
iter criminis.
O Direito Penal não difere as tentativas, mas, na dosimetria da pena, pode
levá-las em consideração. Salvo nos casos previstos em lei (Art. 352 CP), a pena da
tentativa é diminuída de um a dois terços da do crime consumado. CRIMES CULPOSOS,
PRETERDOLOSOS, UNISSUBSISTENTES, OMISSIVOS PUROS, DE ATENTADO E OS
HABITUAIS NÃO ADMITEM TENTATIVA.
Interrupção voluntária do Iter Criminis
No caso em que o agente inicia a realização de uma conduta típica e pode,
voluntariamente, interromper sua execução caracteriza a desistência voluntária, onde o
agente pode prosseguir com o crime mas não quer. Só é possível no caso de tentativa
perfeita. O arrependimento eficaz, ocorre após o agente ter esgotado todos os meios
para realizar o delito mas arrepende-se e evita que o resultado aconteça, pratica atos
voltados a impedir que o resultado ocorra. Não precisa se espontâneo, mas voluntário, e
tem de impedir o resultado, ser eficaz. 
Outras espécies de tentativa
O crime impossível ou tentativa inidônea, é uma espécie de tentativa em que
mesmo após a prática do fato, constata-se que o agente jamais conseguiria consumar o
crime, seja por ineficácia absoluta do meio, ou impropriedade do objeto utilizado para a
realização do crime. Constitui, assim, causa legal de exclusão da tipicidade.
Crime putativo, é aquele que existe só na imaginação do agente, ocorre quando
este supõe estar praticando conduta criminosa quando na verdade o fato não constitui
conduta típica. Nas palavras de Bitencourt “Há, no crime putativo, um erro de proibição às
avessas (o agente imagina proibida uma conduta permitida)”.
Bloco III
DÉCIMA PARTE
Concurso de pessoas
É a consciente e voluntária (teoria da equivalência das condições) participação de
duas ou mais pessoas na mesma infração penal. Uma contribuição causal objetiva e
subjetiva na realização do delito, resguardada pela existência de um nexo causal e liame
subjetivo entre os agentes.
Teorias
Existe no concurso de pessoas três principais teorias, a pluralística, na qual cada
participante responde por crime próprio e a pluralidade de agentes é igual à pluralidade de
crimes, a dualística, onde há um crime para os autores e outro para os partícipes e a
adotada pelo ordenamento jurídico-penal brasileiro, a teoria monística ou unitária (Art.
29 CP), que determina a incidência das sanções de um único crime para todos os
participantes de uma infração mas valorando as condutas daqueles que participam por
meio da distinção da atuação de autores e partícipes, dosando a pena de acordo com a
efetiva participação e eficácia de cada um no delito. Ou seja, na medida da culpabilidade
de cada um, a pena é individualizada.
Requisitos
É necessário a presença de uma pluralidade de participantes e condutas, pois a
participação de cada um e de todos contribuem para o desdobramento do evento mas
com eficácia e formas de atuação diferenciadas, respondendo todos pelo mesmo fato
típico. Os agentes não só tem de contribuir entre si para realizar o delito, mas suas
condutas têm de ter uma relevância causal, eficácia, integrando cada participante na
corrente causal. Deve existir, também, um vínculo subjetivo entre os participantes, ou
seja, cada um tem de ter consciência da participação de uma obra comum. E, por fim, a
existência de um nexo causal entre as condutas, que independentemente de qual forem,
convergem para um mesmo fim.
Autoria
É autor mediato quem realiza o tipo penal servindo-se, para a execução do delito,
de outra pessoa como instrumento. Utilizar-se de inimputável, coação moral irresistível,
obediência hierárquica, erro de tipo ou proibição escusável provocado por terceiro.
Quando no caso concreto, o autor usar de inimputável e este, por sua vez,
quiser, voluntariamente, atingir o mesmo resultado surgirá a modalidade de
concurso denominada impropriamente dito, aparente ou pseudo concurso.
Ocorre autoria colateral, quando dois agentes têm a intenção de obter o mesmo
resultado porém sem um conhecer a vontade do outro, é oagir de vários agentes sem a
reciprocidade consensual. O objetivo pode ser atingido pela ação de somente um deles
(um responde por crime consumado e o outro por tentado) ou por ambos sem o vínculo
subjetivo respondendo ambos por autoria colateral. 
Se ambos atirarem e não for possível determinar quem matou, ambos
respondem por tentativa. Caso um atire e mate a vítima e o outro atirar depois, o
primeiro responde pela consumação e o segundo é absolvido por crime impossível.
No último caso, se ambos atirarem e não for possível determinar o tiro fatal, ambos
serão absolvidos por crime impossível e será determinada autoria incerta, pois na
autoria colateral é indispensável saber quem produziu o que. 
Participação
Em sentido estrito, participação é a realização de uma atividade secundária que
contribui, estimula ou favorece a execução da conduta proibida.
Pode ocorrer por meio de instigação, quando o partícipe atua sobre a vontade do
autor, criando na sua mente a ideia de cometer um crime, espécie de participação moral.
Ou por meio da cumplicidade, que é a participação material, onde o partícipe exterioriza
sua contribuição através de um comportamento ou auxílio.
A participação não tem relevância se o crime não for ao menos tentado. O
partícipe precisa ter consciência de participar na ação principal e no resultado.
Pode ocorrer ainda a participação por omissão, quando a pessoa tinha o dever
de evitar o resultado mas não o faz, como no caso do bombeiro que não combateu o fogo
respondendo por crime de incêndio. E por conveniência, quando a pessoa não tem dever
de evitar o resultado nem vontade que este ocorresse, como é o caso do vendedor que
sabe que seu colega furta do caixa do patrão mas não o denuncia por não exercer a
função de segurança.
Outras formas de concurso
A coautoria em crime culposo é admitida pela doutrina brasileira e ocorre no caso
dos que cooperam na causa, faltando com o dever de cuidado objetivo ou sem a devida
atenção.
Como reflexo da admissão de crimes comissivos da participação através de
omissão, existe, nos crimes omissivos, participação por comissão, caracterizando o
concurso em crime omissivo, que é o caso do paciente que instiga (comissão) o médico
a não comunicar (omissão) às autoridades a presença de enfermidade contagiosa.
Nos casos de multidão delinquente, não é necessária a descrição minuciosa de
cada um dos intervenientes sob pena de inviabilizar a aplicação da lei. Aqueles que
praticarem o crime sob influência de multidão em tumulto poderão ter suas penas
atenuadas (Art. 65, e, CP). E, os promotores, organizadores ou líderes da prática
criminosa ou dirigirem a atividade dos outros, terão suas penas agravadas (Art, 62, I, do
CP).
Ocorre cooperação dolosamente distinta quando há um desvio subjetivo de
condutas, ou seja, a conduta realizada é diferente daquela idealizada. É o caso do autor A
que manda o partícipe, B, dar uma surra em C. Mas B acaba por matar C. A responderá
somente pelo conduta que idealizou, lesão corporal, enquanto B responderá pelo
homicídio.
Participações de menor importância podem ter suas penas diminuídas de um
sexta a um terço (Art. 29, § 1º, do CP).

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