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Crimes contra liberdade sexual

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Dos crimes contra a liberdade sexual
UNINASSAU
DIREITO PENAL 3
A mudança legislativa em 2009
A Lei 12.015 de 07 de agosto de 2009 trouxe inúmeras modificações no presente capítulo do Código Penal, a começar pela nomenclatura. O antigo “Dos crimes contra o costume” deu lugar ao “Dos crimes contra a dignidade sexual”. A mudança se deveu às incansáveis críticas que apontavam o antigo título como ultrapassado, afinal, os delitos em exame não ferem preferencialmente a moralidade de uma sociedade, mas sim a dignidade e a liberdade sexual das vítimas. 
Algumas modificações: unificação dos tipos de estupro e atentado violento ao pudor, a possibilidade de o homem figurar como sujeito ativo do estupro, mudanças no tipo de ação penal cabível para os crimes etc. 
Estupro
“Art. 213.  Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”
- Qualquer ato libidinoso. O que compreende? 
- Não precisa haver contato físico entre vítima e agressor
- A prática de vários atos (conjunção carnal e outros atos libidinosos) é considerado crime único, que poderá ser valorado pelo juiz quando da dosimetria da pena. 
Elementos do delito	
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: qualquer pessoa
Elemento subjetivo: dolo
Consumação: com a prática do ato libidinoso. Antes da mudança, já era difícil encontrar a forma tentada. Agora isso se agrava. Diante de uma tentativa frustrada, poderia se considerar a prática do ato libidinoso? A contravenção de importunação pública ao pudor. 
A impossível tentativa...
2. Em nosso sistema penal, o atentado violento ao pudor engloba atos libidinosos de diferentes níveis, inclusive os toques, os contatos voluptuosos e os beijos lascivos, consumando-se o delito com o contato físico entre o agressor e a vítima. 3. Inadmissível que o Julgador, de forma manifestamente contrária à lei e utilizando-se dos princípios da razoabilidade e da proporcionalidade, reconheça a forma tentada do delito, em razão da alegada menor gravidade da conduta.
(STJ, REsp 1313369 / RS, Ministro OG FERNANDES, DJe 05/08/2013)
Resultados qualificadores
§ 1o  Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos.
§ 2o  Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
- Lesão corporal grave, morte ou qualidade da vítima (maior de 14 e menor de 18). 
Ação penal
Ação pública condicionada: vítimas maiores de 18 anos
Ação pública incondicionada: vítimas menores de 18 anos e se resultar morte ou lesão corporal grave. 
Violação sexual mediante fraude
Art. 215.  Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Parágrafo único.  Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
É o que a doutrina chama de “estelionato sexual”. A vítima é enrolada ou é relativamente alcoolizada. Se a vítima tiver anulada a sua capacidade de resistência, será o delito de estupro de vulnerável. 
Elementos do crime
Sujeito ativo: qualquer pessoa
Sujeito passivo: qualquer pessoa
Elemento subjetivo: dolo
Consumação: com a prática do ato libidinoso, a rigor, oferecendo as mesmas dificuldades do caso de estupro. 
Ação penal
Ação pública condicionada: vítimas maiores de 18 anos
Ação pública incondicionada: vítimas menores de 18 anos. 
Assédio sexual
Assédio sexual Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função." (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
Pena - detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. 
O que caracteriza o delito é a relação de hierarquia ou ascendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função. 
Que relações são essas? 
Aluno x professor; ministro religioso x fiel
Para Nucci, não é possível haver o tipo em questão na relação entre professor e aluno, porque estaria adstrito às relações laborais (emprego, cargo ou função, estes dois últimos, no âmbito da administração pública).
 Para Luís Regis Prado é possível, pois o tipo fala também em ascendência. 
 “PENAL. PROCESSUAL PENAL. ASSÉDIO SEXUAL. TIPICIDADE, ANTIJURIDICIDADE E CULPABILIDADE COMPROVADAS. CONDENAÇÃO.
- Agente que, de modo consciente e voluntário, na condição de professor e orientador de aluna da UFPE, valendo-se de reunião marcada nas dependências da universidade, aproveita o ensejo para acuá-la, apalpando-a em regiões íntimas, constrangendo-a a fazer o mesmo consigo, comete o delito previsto pelo art. 216-A do CPB.
- Tipicidade, antijuridicidade e culpabilidade amplamente comprovadas nos autos, máxime pelos documentos acostados, depoimentos testemunhais e da vítima.
- Decreto condenatório que se impõe. (13ª Vara Criminal da Justiça Federal de Pernambuco)”
Elementos do crime
Sujeito ativo: o superior hierárquico. (Crime próprio)
Sujeito passivo: precisa ser alguém subalterno do autor. 
Elemento subjetivo: dolo
Consumação: há divergência. Seria crime habitual ou se configuraria com um único ato?
 
Ação penal
Ação pública condicionada: vítimas maiores de 18 anos
Ação pública incondicionada: vítimas menores de 18 anos.

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