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Gestao da Qualidade Total e Gerenciamento da Rotina final


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Brasília-DF. 
Gestão da Qualidade total e 
Gerenciamento da rotina
Elaboração
Marcelo Moreira Campos
Atualização
Patrícia Duarte
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
QUALIDADE TOTAL ................................................................................................................................. 9
CAPÍTULO 1
DEFINIÇÕES E EVOLUÇÃO HISTÓRICA ...................................................................................... 9
CAPÍTULO 2
AS DIMENSÕES DA QUALIDADE TOTAL ..................................................................................... 18
CAPÍTULO 3
PRINCÍPIOS DE GESTÃO DA QUALIDADE ................................................................................. 24
UNIDADE II
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL .......................................................................................... 30
CAPÍTULO 1
IMPORTÂNCIA DA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS PARA MELHORIA DO SISTEMA DE GESTÃO 
DA QUALIDADE ...................................................................................................................... 30
UNIDADE III
GERENCIAMENTO DA ROTINA .............................................................................................................. 38
CAPÍTULO 1
GERENCIAMENTO DA ROTINA E GERENCIAMENTO PELAS DIRETRIZES ....................................... 38
CAPÍTULO 2
BENCHMARKING ................................................................................................................... 47
CAPÍTULO 3
O MÉTODO 5S ....................................................................................................................... 55
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 74
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos 
conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da 
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que 
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica 
impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de 
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Praticando
Sugestão de atividades, no decorrer das leituras, com o objetivo didático de fortalecer 
o processo de aprendizagem do aluno.
6
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
No mundo contemporâneo, um dos grandes desafios das organizações é a incorporação 
e a inovação da qualidade nos seus processos de trabalho, o que pode gerar um ambiente 
organizacional de maior sustentabilidade e com maior valor agregado. Qualidade 
tornou-se condição de sobrevivência para a organização e deixou de ser somente uma 
vantagem comparativa. A concorrência é ampliada pelo processo de globalização em 
todos os setores da economia e é fator altamente influente na organização, que origina 
demandas constantes e cada vez mais intensas. Percebe-se assim que, para manterem-se 
em um mercado cada vez mais globalizado e competitivo, as organizações precisam 
investir no diferencial “qualidade”. 
Gerenciar a qualidade tornou-se um imperativo e uma estratégia organizacional. Este 
gerenciamento está intimamente ligado ao planejamento estratégico organizacional, 
que abrange uma visão macro de todo o ambiente organizacional, incluindo os modos 
de pensar e agir das pessoas. Dessa forma, a gestão da qualidade total permeia não 
só o ambiente interno da organização, mas também seu ambiente externo, o “todo” 
da organização: funcionários, clientes, fornecedores, parceiros de negócio etc. A busca 
pela excelência, obtida principalmente por meio da implantação de sistemas de gestão 
da qualidade, proporciona que as organizações atendam às novas e contínuas demandas 
dos clientes, oferecendo eficiência operacional nos bens e serviços gerados, suprindo 
essas demandas de maneira superior à dos concorrentes.
O processo histórico recente da evolução da teoria organizacional e das formas de gestão, 
evidenciando a qualidade como recurso fundamental, envolveram as organizações em 
um processo de contínuas mudanças visando à melhoria constante. O fator qualidade, 
em paralelo às mudanças do ambiente social, tecnológico, político e econômico, 
também sofreu mudanças, o que implicou em avanços significativos na área. Novos 
métodos e ferramentas foram desenvolvidos e/ou atualizados, de forma a garantir a 
efetiva aplicação da qualidade nos processos de trabalho. 
Percebe-se, nesse sentido, que a busca por novas e inovadoras práticas de trabalho é 
fator decisivo para que a organização sobreviva e se mantenha competitiva no meio 
em que atua. Nesse sentido, veremos que o benchmarking é um método de gestão que 
auxilia as organizações a buscarem experiências bem-sucedidas de práticas de trabalho 
com seus pares, de forma a implementá-las no seu gerenciamentoda rotina, o que pode 
melhorar significativamente seu desempenho. 
8
Fatores como motivação dos colaboradores, arrumação, redução de desperdícios, 
maior produtividade e o próprio termo “qualidade”, ganharam lugar de destaque entre 
as organizações, e o gerenciamento da rotina fundamenta-se como prioridade em 
mercados cada vez mais competitivos. E métodos de gestão simples (porém complexos 
em sua essência), servem como auxiliares na obtenção da qualidade, como veremos 
no caso do método de gestão 5S, cuja efetivação afeta diretamente o modo de agir e de 
trabalhar das pessoas em suas ações cotidianas.
Este Caderno de Estudos foi elaborado com base em consulta a publicações 
consideradas clássicas e também a publicações diversas, recentes sobre o tema 
qualidade e gerenciamento, com a intenção de servir de base e direcionar seus estudos 
sobre este tema. Portanto, não se trata de um material exaustivo sobre o tema. Ao final 
desta disciplina, iremos perceber o quanto a questão da qualidade e toda a questão de 
gerenciamento que a envolve tem afetado diretamente o desenvolvimento e a própria 
sobrevivência das organizações, além de interferir diretamente na vida das pessoas.
Aproveite essa oportunidade e, para seu maior rendimento, leia os textos indicados 
em alguns capítulos deste Caderno de Estudos. Também está disponibilizada no final 
deste documento, extensa bibliografia sobre o tema, a qual pode auxiliar sobremaneira 
seus estudos sobre os tópicos abordados nesta disciplina. Além disso, busque outras 
informações para aprofundar seus estudos, por meio de leituras e pesquisas a respeito 
do tema qualidade! 
Objetivos
 » Compreender o conceito de qualidade, gestão da qualidade total e seus 
correlatos. 
 » Compreender a importância e o funcionamento de um sistema de gestão 
da qualidade. 
 » Conhecer sobre o gerenciamento da rotina. 
 » Conhecer o benchmarking. 
 » Conhecer o método de gestão 5S. 
 » Compreender a gestão da qualidade total e o gerenciamento da rotina.
9
UNIDADE IQUALIDADE TOTAL
CAPÍTULO 1
Definições e evolução histórica
O que é qualidade?
É difícil de definir o termo qualidade porque abrange muitos aspectos de uma só vez. 
Por exemplo: um produto mais bonito e menos durável possui maior, igual ou menor 
qualidade que um menos atraente, porém com maior durabilidade? Uma questão 
básica a ser resolvida para possibilitar a implantação da gestão estratégica é traduzir 
um conceito tão subjetivo com a qualidade. 
Há vários conceitos e definições de qualidade na literatura especializada 
e áreas afins. Portanto, a melhor maneira para se definir qualidade é 
contextualizá-la na área de atuação do segmento em foco, de acordo 
com o enfoque e a amplitude desse segmento. O termo qualidade 
envolve uma extensão terminológica que dificulta o estabelecimento 
de um conceito único, podendo ser interpretada de modos diferentes, 
dependendo do enfoque e, muitas vezes, da área em que está envolvida 
(engenharia, computação, design, produção, marketing, gestão etc.). 
(QUEIROZ, 1995)
Como pode ser observado no Quadro 1, os gurus da qualidade veem a qualidade de 
forma diferente.
Quadro 1. Gurus da qualidade.
Water A. Shewhart Edward Deming
Criador do controle estatístico da qualidade em 1926. 
Inspeção por amostragem. 
Utilização das chamadas cartas de controle. 
Consciência da importância da gerência no processo da qualidade. 
Ciclo do PDCA. 
10
UNIDADE I │ QUALIDADE TOTAL
Philip B. Crosby Joseph Juran
Qualidade = conformidade como requerimento (conformance to 
requirements).
Efeito Zero (Zero Efects) = fazer certo da primeira vez. 
Qualidade é Grátis.
Trilogia da qualidade: planejamento da qualidade; controle da qualidade 
e melhoria da qualidade. 
Genichi Tanaguchi Armand W. Feigenbaum
Qualidade pertence ao estágio de projeto do produto. 
Desenvolvimento do processo industrial. 
Aplicação de métodos estatísticos para melhoria do produto e do processo. 
Originou o conceito de Controle de Qualidade Total. 
Envolvimento de todas as funções da empresa. 
Custo da qualidade = custo de avaliação + prevenção + falhas. 
Shigeo Shingo Kaoru Ishikawa
Criador do sistema Poka-Yoke (a prova de erro). 
Defeitos são examinados, o sistema de produção é parado e um 
feedback imediato é dado, de forma que a causa raiz do problema seja 
identificada e prevenida.
Diagrama de causa-efeito ou “espinha-de-peixe” (fishbone). 
Círculos de controle pela qualidade. 
Envolvimento de toda a empresa com a qualidade, durante todo o ciclo 
de vida do produto. 
Fonte: Camargo (2008) apud Martinelli (2009). 
Garvin (2002, pp. 48-55), lista cinco abordagens para uma definição mais precisa e 
contextualizada de qualidade, a qual pode-se estender tanto para produtos quanto para 
serviços: (Conforme Figura 1)
 » Abordagem transcendente: trata a qualidade como algo inato ao produto ou 
serviço. Há algo de intemporal e duradouro, uma essência que transcende 
gosto, estilo ou tendências. Alega que qualidade não pode ser definida 
com precisão e sua percepção decorre da experiência. A dificuldade dessa 
abordagem é que ela proporciona pouca orientação prática. 
 » Abordagem baseada no produto: trata a qualidade como uma variável 
precisa, passível de medição, pois pode ser medida pela presença ou 
ausência de atributos mensuráveis. Nesse sentido, as diferenças da 
qualidade, para mais ou para menos, são observadas nas diferenças de 
quantidade de alguns elementos ou atributos possuídos pelo produto 
ou serviço, ou seja, os produtos ou serviços podem ser classificados de 
acordo com a quantidade elementos por eles possuídos. Exemplo: um 
tapete de alta qualidade possui um grande número de nós por centímetro 
quadrado. Há que se observar que melhor qualidade implica em maiores 
custos, ou seja, produtos ou serviços de alta qualidade custam mais caros. 
A despeito da natureza objetiva dessa abordagem, o autor nos mostra que 
ela também possui limitações, pois, entre outros fatores, não consegue 
levar em conta as diferenças de gosto.
 » Abordagem baseada no usuário: esta abordagem parte da premissa de que a 
qualidade está diante dos olhos de quem observa, ou seja, está condicionada 
11
QUALIDADE TOTAL │ UNIDADE I
ao grau que atende às necessidades e conveniências do usuário do produto 
ou serviço, variando de acordo com os desejos e necessidades desses 
usuários. É uma visão pessoal da qualidade, altamente subjetiva. O autor 
afirma também que um problema básico dessa abordagem é que ela iguala 
qualidade à satisfação máxima, embora qualidade e satisfação máxima não 
sejam, de forma alguma, idênticas. Afirma que é preferível um produto que 
maximize a satisfação das necessidades do usuário a outro que satisfaça a 
menos necessidades. Mas esse produto pode não ser necessariamente o 
melhor produto. Depende do ponto de vista do usuário. 
 » Abordagem baseada na produção: trata a qualidade como fator de 
conformidade com as especificações básicas do produto ou serviço, 
determinadas no projeto do mesmo. Qualquer desvio estabelecido no 
projeto ocasionaria uma queda da qualidade e a excelência é equiparada 
ao atendimento das especificações e a fazer certo da primeira vez. Um 
problema dessa abordagem é que seu enfoque básico é interno, ou seja, 
dá-se pouca atenção ao que os usuários entendem como qualidade e o 
foco fica mais restrito à conformidade com as especificações.
 » Abordagem baseada no valor: trata a qualidade em termos de custos e 
preços. Funde as necessidades do usuário às exigências de fabricação, 
misturando dois conceitos relacionados, mas distintos: excelência e valor. 
Um produto ou serviço é de boa qualidade quando oferece desempenho e 
alto grau de conformação a um preço ou custo aceitável.Figura 1. Abordagens de qualidade.
QUALIDADE 
Transcendente Baseada no 
Produto 
Baseada no 
Usuário Baseada no 
ValorBaseada na 
Produção
Fonte: Elaboração do próprio autor. 
Analisando as abordagens listadas na figura anterior, percebemos que estes conceitos 
podem coexistir num mesmo ambiente e que o foco no cliente é o aspecto de destaque. 
Porém, além do foco no cliente, há que se perceber que o conceito de qualidade, no contexto 
contemporâneo, se expandiu fortemente e tem também forte apelo mercadológico e 
12
UNIDADE I │ QUALIDADE TOTAL
organizacional, estando intimamente ligado aos objetivos estratégicos da organização. 
Marshall Junior et al. (2006, p. 15) explicam que qualidade não significa apenas o controle 
da produção, a qualidade intrínseca de bens e serviços, a assistência técnica adequada 
ou o uso de métodos e ferramentas de gestão. Afirmam que, num sentido mais amplo, 
o conceito de qualidade total ou de gestão da qualidade passou a significar modelo de 
gerenciamento que busca a eficiência e a eficácia organizacionais. 
Conforme explicam Marshall Junior et al. (2006, pp. 19-20):
 » Qualidade é um conceito espontâneo e intrínseco a qualquer situação de 
uso de algo tangível, a relacionamentos envolvidos na prestação de um 
serviço ou a percepções associadas a produtos de natureza intelectual, 
artística, emocional e vivencial. Estamos frequentemente avaliando e 
sendo avaliados no ato de gerarmos ou recebermos os elementos que 
compõem a interação e os atos de consumo. 
 » Qualidade total, segundo Oliveira (2007, pp. 195-196) é a capacidade do 
produto ou serviço de atender às necessidades, expectativas e exigências 
dos clientes, internos e externos, envolvendo todas as áreas, atividades e 
pessoas da organização, por meio de um processo de melhoria contínua. 
Segue afirmando que, em sua plenitude, a qualidade total deve considerar 
a melhoria contínua (que define como tornar o processo mais capaz, 
utilizando os recursos disponíveis) e a inovação do processo (que define 
como tornar o processo mais capaz, inserindo recursos atualmente não 
disponíveis). Neste contexto, Campos (2004a, p. 2) explica que o verdadeiro 
critério da boa qualidade é a preferência do consumidor pelo seu produto 
ou pelo seu serviço em relação ao seu concorrente. E essa preferência é 
que, em última análise, garante a sobrevivência da organização.
O fator qualidade começou a ser consolidado nas organizações no período pós-guerra, a 
partir da década de 1950, quando se percebeu a preocupação com a produção contínua 
monitorada, em conformidade com as especificações técnicas e quando também 
começaram a ser disseminados os princípios da gestão pela qualidade total. Nas décadas 
seguintes, o conceito foi ampliado para que as especificações técnicas atendessem às 
necessidades dos clientes, como flexibilidade, atendimento, prazos etc. 
Cerqueira Neto (1993, p. 21) expõe interessante ponto de vista ao explicar que o presente 
da qualidade teve início na década de 1900. Porém, bem mais recentemente, no início 
da década de 1990, com o advento da preocupação com a melhoria contínua dos 
processos gerenciais, o conceito de qualidade atrelou-se intimamente ao planejamento 
estratégico da organização, passando a ser discutida na agenda estratégica do negócio, 
13
QUALIDADE TOTAL │ UNIDADE I
atentando não somente para a satisfação das necessidades dos clientes, mas também 
para todos os processos organizacionais e também do próprio mercado no qual está 
inserida, em busca da excelência do trabalho. Percebe-se, portanto, que, no contexto 
histórico, qualidade é um conceito dinâmico.
Para melhor entender o contexto histórico da evolução do conceito de qualidade, Garvin 
(2002, pp. 3-45) propõe quatro processos principais, divididos em dois momentos:
 » Momento mais antigo, voltado para o ambiente interno da organização: 
inspeção e controle estatístico da qualidade. 
 » Momento mais recente, que contempla, além do ambiente interno, 
variáveis do ambiente externo da organização: garantia da qualidade e 
gestão estratégica da qualidade. 
A qualidade pode ser feita por inspeção quando se acredita que qualidade é algo que 
se inspeciona, por meio de atividades como medir, examinar, ensaiar, verificar uma 
ou mais características de um produto ou serviço e compará-las com os requisitos 
especificados para determinada conformidade (CERQUEIRA NETO, 1993, p. 149). A 
inspeção está inserida no processo de controle estatístico da qualidade que, por sua vez, 
oferece metodologias, fundamentos e técnicas para medir estatisticamente a qualidade 
na produção de produtos ou serviços.
A efetivação da qualidade pode ser alcançada por meio do processo de garantia da 
qualidade que envolve todas as ações planejadas e sistemáticas necessárias para prover 
adequada confiança de que um produto ou serviço atenda aos requisitos definidos 
da qualidade e engloba o processo de controle estatístico da qualidade, que engloba 
o processo de inspeção. Além disso, a gestão estratégica da qualidade é parte da 
função gerencial que determina e implementa a política da qualidade na organização 
(CERQUEIRA NETO, 1993, pp. 148-149). 
Garvin (2002, p. 44) nos apresenta, de forma direta e objetiva, as etapas ou eras da qualidade. 
Quadro 2. As quatro principais eras da qualidade.
Identificação de 
características
Etapa do Movimento da Qualidade
Inspeção. Controle Estatístico da 
Qualidade.
Garantia da Qualidade. Gerenciamento Estratégico da 
Qualidade.
Preocupação básica 
Visão da qualidade
Verificação: 
um problema a ser 
resolvido.
Controle:
um problema a ser 
resolvido.
Coordenação:
um problema a ser resolvido, mas que 
seja enfrentado proativamente.
Impacto estratégico uma 
oportunidade de concorrência.
Ênfase Uniformidade do 
produto.
Uniformidade do produto 
com menos inspeção.
Toda a cadeia de produção, desde o 
projeto até o mercado, e a contribuição 
de todos os grupos funcionais, 
especialmente dos projetistas, para 
impedir falhas da qualidade. 
As necessidades de mercado 
e do consumidor.
14
UNIDADE I │ QUALIDADE TOTAL
Métodos Instrumento de 
medição.
Instrumentos e técnicas 
estatísticas.
Programas e sistemas. Planejamento estratégico, 
estabelecimento de objetivos e 
a mobilização da organização.
Papel dos 
profissionais da 
qualidade
Inspeção, 
classificação, 
contagem e 
avaliação.
Solução de problemas e 
a aplicação de métodos 
estatísticos. 
Mensuração da qualidade, 
planejamento da qualidade e projeto de 
programas. 
Estabelecimento de objetivos, 
educação e treinamento, 
trabalho consultivo com outros 
departamentos e delineamento 
de programas. 
Quem é responsável 
pela qualidade
O departamento de 
inspeção. 
Os departamentos de 
produção e engenharia. 
Todos os departamentos, embora a alta 
gerência só se envolva perifericamente 
com o projeto, o planejamento e a 
execução das políticas da qualidade. 
Todos na empresa, com a 
alta gerência exercendo forte 
liderança. 
Orientação e 
abordagem
“inspeciona” a 
qualidade
“controla” a qualidade “constrói” a qualidade “gerencia” a qualidade
Fonte: Garvin (2002, p. 44).
Entrevista: Vicente Falconi 4/3/2010
Conhecido e respeitado em diversos países, Falconi é o pioneiro da qualidade no 
Brasil, criador e orientador do Instituto de Desenvolvimento Gerencial (INDG) e 
autor de seis livros sobre gestão empresarial, sendo o mais recente O Verdadeiro 
Poder.
Em entrevista exclusiva ao Sinergia, ele fala sobre qualidade total, gestão eficaz 
e revela o segredo do método gerencial adotado por ele em grandes empresas 
e governos.
Sinergia: o senhor é considerado o mais influente consultor do país em gestão 
de empresas e governos.Em sua opinião, o que é uma gestão eficaz?
Falconi: é aquela que entrega um valor superior de margem líquida dentro de 
seu setor. Aquela praticada pelo governo que consegue manter o orçamento 
equilibrado e o maior percentual de investimento sobre o orçamento. Além 
disso, consegue entregar os melhores indicadores de educação (como o ENEM), 
de saúde e segurança. A gestão é julgada pelos resultados!
Sinergia: Qual o segredo do método gerencial e porque ele desperta o interesse 
de tantas empresas?
Falconi: Por volta de 1.600, René Descartes, que propunha a utilização do 
método como a busca da verdade, já dizia que “o bom senso deve ser o bem mais 
abundante deste mundo, pois ninguém deseja ter mais do que o que já possui”. 
O ser humano tem uma tendência de achar que gerenciar uma organização é 
questão de bom senso: basta sentar na cadeira e começar a tomar decisões. No 
passado talvez isto bastasse. Hoje não dá mais. O segredo do método é que ele é 
o caminho detalhado para se tomar decisões na direção certa e que se perenizam 
15
QUALIDADE TOTAL │ UNIDADE I
pela estabilidade dos processos. O método tem que ser ensinado às pessoas não 
só por meio de aulas, mas também “pegando na mão e fazendo junto”.
Sinergia: O método gerencial vem sendo introduzido no setor público brasileiro. 
Esse setor também pode ter uma gestão eficiente?
Falconi: Nossa experiência nesta área nos mostrou que o setor público pode 
ser tão eficiente quanto o privado. Nós todos somos seres humanos iguais 
com as mesmas ambições, os mesmos sonhos. De uns dez anos para cá vem 
aparecendo em nosso País uma nova geração de políticos que já perceberam o 
valor do método e estão utilizando isto em benefício de seu povo.
Sinergia: Como aplicar conceitos de eficiência e melhoria contínua em empresas 
tão diferentes e ao mesmo tempo em governos de variados estados?
Falconi: Se o líder quiser e estiver disposto a investir nas pessoas a revolução 
se dará, qualquer que seja a organização. Temos trabalhado com indústrias, 
bancos, empresas seguradoras, escolas, hospitais, empresas aéreas, ministérios, 
governos estaduais, prefeituras, entre outros. Todos com resultados excelentes e 
com um grande ânimo do pessoal que sente que está aprendendo dia a dia um 
conhecimento que serve para o resto de suas vidas.
Sinergia: Em seu mais novo livro O Verdadeiro Poder o senhor revela que os três 
fatores fundamentais para a obtenção de resultados são: liderança, conhecimento 
técnico e método. Em linhas gerais, em que consistem essas três frentes?
Falconi: Liderança é a atitude das chefias de cuidar das metas e do método 
para atingi-las, de cultivar o desenvolvimento contínuo das pessoas que 
constituem a sua equipe e de desenvolver a cultura certa na empresa de tal 
modo que resultados excelentes possam ser alcançados. Método é o caminho 
para a meta. O método é a sequência de procedimentos que, se seguidos de 
forma disciplinada, resulta em desempenho excepcional. O método possibilita 
ainda a participação organizada de todas as pessoas no trabalho e remando na 
mesma direção. Sendo talvez sua característica mais importante, o método é o 
veículo ideal do aprendizado contínuo das pessoas e da empresa. Finalmente, 
o conhecimento técnico é o conhecimento relativo ao processo de trabalho. 
Se uma pessoa trabalha no setor financeiro ela deve saber tudo sobre finanças, 
se trabalha em marketing deve saber tudo sobre este tema, se trabalha na 
fabricação de aviões deve saber muito sobre fluidodinâmica, trabalho com 
metais leves e materiais compostos leves, entre outros. O conhecimento técnico 
pode ser adquirido buscando no mundo o que existe de melhor naquilo que a 
empresa faz. Todo líder deve se preocupar em tornar disponível para as pessoas 
16
UNIDADE I │ QUALIDADE TOTAL
da empresa o que existe de melhor no mundo em conhecimento técnico. No 
entanto, devo enfatizar um pequeno detalhe: a prática do método é o momento 
ideal para a absorção do conhecimento técnico pela empresa! 
Estas coisas são fáceis de falar e difíceis de fazer.
Sinergia: Existe uma fórmula para conquistar a qualidade total?
Falconi: Sim, existe: muita insistência e percepção de que uma empresa é 
constituída de pessoas que precisam de tempo para aprender. Você usou a 
palavra certa em sua pergunta: “conquistar”. A qualidade total não é como um 
tapete que você compra, instala e pronto. Ela é conquistada por muitos anos de 
esforço e dedicação. Isto, em absoluto, não quer dizer que os resultados só irão 
aparecer no final. Os resultados começam a aparecer logo no quarto ou quinto 
mês e devem ser monitorados, pois o que indica que você está no caminho certo 
são exatamente os resultados que estiverem sendo conseguidos.
Sinergia: Ao longo desses 30 anos de carreira como o senhor avalia a qualidade 
no Brasil hoje?
Falconi: Avalio que estamos no bom caminho. No final da década de 1970 eu e 
o Prof. José Martins de Godoy, ainda como professores da UFMG, sonhávamos 
em poder ajudar o País por meio do ensino da Qualidade Total. Suamos a camisa 
para que isto acontecesse, mas confesso que nunca esperei que conseguíssemos 
chegar aonde chegamos. Creio que conseguimos trazer a prática do método 
para o Brasil e isto só nos anima a lutar ainda mais para que estas conquistas se 
transformem efetivamente em riqueza para o povo.
Sinergia: É possível afirmar que já se criou em nosso país a cultura da qualidade?
Falconi: Nem de longe. Vai levar tempo. Para que uma organização se volte 
de fato para a qualidade total (como satisfação para os stakeholders: clientes, 
acionistas, funcionários e vizinhos) é necessário que certo patamar de 
conhecimento, cultura e disciplina seja alcançado. Não é fácil e esta é a luta da 
maioria das empresas e organizações governamentais no Brasil. Por exemplo: 
para você projetar um produto para o mercado (seja lá uma mercadoria ou um 
serviço) a coisa certa é usar o método QFD (Quality Function Deployment). Ora, 
se você não tem um sistema gerencial com uma excelente rotina operacional e 
um corpo executivo que saiba trabalhar com metas (desde estabelecê-las até 
garantir que foram atingidas) fica difícil. Em minha percepção ainda não existe 
no Brasil uma empresa que esteja, toda ela, num patamar exemplar. Algumas 
melhoram um pouquinho e acham que já está bom. Não persistem. Mas o 
17
QUALIDADE TOTAL │ UNIDADE I
resumo geral, eu diria, é que estamos, no Brasil, num ritmo muito bom. Nossa 
luta já soma 30 anos e os jovens de hoje sabem muito mais do que eu sabia há 
dez anos. Eles são muitos e vão carregar esta missão com mais competência e em 
número muito maior. Eles é que nos levarão à excelência em termos mundiais. 
Tenho fé e esperança nos jovens.
18
CAPÍTULO 2
As dimensões da qualidade total
Garvin percebeu que a qualidade deveria ser pensada como uma combinação 
de várias categorias, às quais ele deu o nome de “dimensões de qualidade”. 
Dentro de cada uma destas categorias os produtos podem ser comparados 
objetivamente e assim pode-se avaliar a qualidade total destes. (QUEIROZ, 1995)
As dimensões da qualidade apresentadas por Garvin (2002, pp. 59-73) são: 
 » Desempenho: refere-se à identificação das características operacionais 
básicas de um produto, combinando elementos das abordagens com base 
no produto e no serviço (usuário). Considera também que os atributos do 
produto e do serviço são mensuráveis e as marcas podem ser classificadas 
com base em pelo menos uma dimensão de desempenho. É uma 
dimensão importante, pois está relacionada à velocidade de atendimento. 
Garvin (2002, p. 61) também destaca que a relação entre desempenho 
e qualidade também é influenciada pela semântica, uma vez que a 
descriçãodo desempenho de um produto inclui termos frequentemente 
associados à qualidade, ao lado de termos que não conseguem dar ideia 
desta associação. Ou seja, os produtos pertencem a diferentes classes de 
desempenho. O autor cita um exemplo interessante sobre a dimensão 
do desempenho em qualidade mostrando que o silêncio de um carro 
rodando é considerado um fator de qualidade daquele carro. O silêncio é 
uma dimensão de desempenho que logo se traduz em qualidade.
Quase sempre é bastante fácil medir o desempenho de produtos, por isso é 
comum classificá-los por esta categoria. Com relação à prestação de serviços isto 
não é tão fácil. Como deverá ser medido o desempenho de um serviço hospitalar? 
Certamente deve-se levar em conta o tempo e o custo de recuperação do doente, 
mas também a eficiência do tratamento médico. (QUEIROZ, 1995)
 » Características: referem-se à identificação das características operacionais 
secundárias que suplementam o funcionamento básico do produto. 
Garvin (2002, p. 62), afirma que as características são afetadas por 
preferências pessoais dos usuários, levando a uma questão de centralismo 
ou de importância para estes. E, neste sentido, conclui que em muitos 
casos, é até difícil separar as características básicas (desempenho) das 
características secundárias do produto. Como exemplos, cita as bebidas 
19
QUALIDADE TOTAL │ UNIDADE I
gratuitas em serviços de bordo de aeronaves ou os sintonizadores 
automáticos em televisões ou a cortesia dos funcionários de um banco ao 
atenderem os funcionários.
Segundo Queiroz (1995), “quando dois produtos/serviços concorrentes possuem o 
mesmo desempenho, são elas que desempatam a escolha. Pode-se notar que a eficiência 
destas características altera muito as preferências individuais dos consumidores”.
 » Confiabilidade: relaciona-se com a consistência de execução de um 
produto ou serviço, refletindo a probabilidade de mau funcionamento de 
um produto ou de ele falhar num determinado período. Para se atestar 
a confiabilidade de um produto, exige-se que o mesmo esteja sendo 
usado durante algum tempo. Portanto, a dimensão da confiabilidade é 
mais relevante para os bens duráveis do que para produtos e serviços de 
consumo imediato. Garvin (2002, p. 63) diz que a razão mais importante 
para confiabilidade em qualidade se deu com a indústria japonesa, cuja 
superioridade nessa dimensão deu-lhe extrema vantagem competitiva 
em relação a outros mercados do mundo. 
Esta dimensão da qualidade torna-se muito importante quando: (QUEIROZ, 1995)
 › a utilização do serviço/produto envolve grandes somas de dinheiro, 
como sistema bancário informatizado;
 › o tempo de reparo é longo e envolve lucros cessantes, como em 
colheitadeiras na época da colheita e equipamento industrial 
indispensável para a produção;
 › a manutenção é cara; 
 › ocorre o envolvimento de vidas humanas, como em transporte aéreo 
(motores de aviões) e equipamentos de mergulho.
 » Conformidade: todos os produtos e serviços envolvem algum tipo de 
especificação. Neste sentido, conformidade é o grau em que o projeto 
e as características operacionais básicas e secundárias dos produtos e 
serviços estão de acordo com padrões preestabelecidos, levando-se em 
conta os limites de variabilidade, ou seja, a faixa permissível de variação 
ou tolerância de desconformidade com as especificações. Percebe-se 
assim que a dimensão da conformidade pode estar associada a técnicas 
de controle de processos ou amostragem. Garvin (2002, p. 64) expõe 
que existem duas abordagens para a conformidade. A primeira refere-se 
20
UNIDADE I │ QUALIDADE TOTAL
a atender às especificações (corrente de pensamento norte-americano) 
e a segunda relaciona a conformidade com o grau de variabilidade 
em torno de uma dimensão estabelecida como meta ou de uma linha 
central (corrente de pensamento japonês). Apesar de cada abordagem 
possuir suas peculiaridades, ambas baseiam-se em dados semelhantes 
para acompanhar a produção. Percebe-se assim que as dimensões 
conformidade e confiabilidade estão intimamente ligadas à abordagem 
da qualidade baseada na produção de bens e serviços.
 » Durabilidade: é a medida da vida útil de um produto, observadas as 
dimensões técnicas e econômicas e, geralmente, deduzida a partir de 
diversos aspectos tangíveis e intangíveis do produto. Sob o ponto de 
vista técnico, durabilidade é o uso proporcionado por um produto até 
ele se deteriorar fisicamente. O conserto é impossível. Sob o ponto de 
vista econômico, durabilidade é entendida no sentido do tempo de vida 
útil do produto ou serviço, que variará com a mudança de gosto do 
mercado consumidor, das tendências, das avaliações pessoais de tempo 
e incômodo, dos preços relativos e das condições econômicas daquele 
momento em que o produto ou serviço está disponível, até mesmo pela 
qualidade dos componentes e dos materiais empregados na confecção do 
produto ou da prestação do serviço. 
Neste caso, é entendida como sendo o uso que se consegue de um produto antes de 
ele se quebrar ou de um serviço antes de se tornar dispensável e a substituição ser 
considerada preferível aos constantes reparos ou trocas de prestadores dos serviços. 
Aqui, mais uma vez, percebe-se a associação da dimensão da confiabilidade, agora com 
a dimensão da durabilidade. 
Os dados de durabilidade devem ser interpretados com cuidado, pois o aumento da vida 
útil do produto ou da continuidade prolongada da prestação dos serviços pode não ser 
devido a aperfeiçoamentos técnicos, ou ao uso de materiais de maior durabilidade ou à 
aplicação de maior qualidade nos serviços prestados, e sim, por exemplo, ao modo como 
o produto foi utilizado ou o serviço foi julgado pelos contratantes, ou até mesmo, porque 
simplesmente houve uma mudança na economia ou no meio-ambiente, forçando novas 
regras para o oferecimento de produtos e serviços. Garvin (2002, p. 68) apresenta que 
a durabilidade é uma área potencialmente fértil para maior diferenciação da qualidade.
 » Atendimento: refere-se à facilidade e à rapidez de reparo do produto 
ou serviço, quando necessários. Em uma análise macro, é a avaliação 
final que os usuários fazem da qualidade do produto ou do serviço. Essa 
avaliação pelo usuário engloba variáveis como tempo de reparo e tempo 
21
QUALIDADE TOTAL │ UNIDADE I
de espera, pontualidade, cortesia, disponibilidade de equipamentos 
substitutos, dentre outros. Algumas dessas variáveis podem ser medidas 
com bastante objetividade e outras refletem as interpretações pessoais do 
usuário que está avaliando o produto ou serviço.
 » Estética: refere-se à aparência de um produto, evidenciando sobremaneira 
a questão de julgamento pessoal e é reflexo das preferências individuais 
do usuário. A dimensão estética é uma dimensão subjetiva e está 
relacionada com as características sensoriais e aparências externas de 
um produto (som, cheiro, sabor, formato do produto), com aquilo que se 
vê, com as sensações despertadas quando se toca e com os sentimentos 
aflorados quando se ouve ou se sente. Garvin (2002, p. 51) afirma que 
quando a qualidade é uma questão de estética, o produto ou serviço deve 
ser considerado estritamente sob o ponto de vista do usuário, pois há que 
se levar em conta as diferenças de gosto.
 » Qualidade percebida: assim como a dimensão estética, a dimensão da 
qualidade percebida é uma dimensão que se refere às percepções subjetivas 
da qualidade que surgem como resultado da imagem que o indivíduo tem 
da organização, do produto ou do serviço, refletidos também na imagem 
da publicidade ou da marca. Sendo assim, um dos principais fatores que 
contribuem para a qualidade percebida é a reputação que o produto ou o 
serviço tem no mercado.
A reputação de uma empresa possui influência decisiva na categoria daqualidade percebida. Um histórico de bons produtos e honestidade para 
com o cliente faz com que aumente a credibilidade desta organização. 
Um fabricante de alimento infantil deve preocupar-se bastante com 
esta dimensão, haja vista a preocupação dos pais com a saúde de seus 
bebês, e o cuidado de oferecer produtos saudáveis. (QUEIROZ, 1995).
As cinco dimensões da qualidade 
dos serviços
O impacto econômico do setor de serviços é evidente depois da passagem das 
economias agrícolas para as industriais e recentemente, das industriais para 
as economias de serviços. Em 2005, 88% de todos os empregos foram criados 
pelo setor de serviços, e para 2020, a projeção é de 90% os empregos gerados 
pelos serviços.
O impacto econômico do setor de serviços é evidente depois da passagem das 
economias agrícolas para as industriais e recentemente, das industriais para as 
22
UNIDADE I │ QUALIDADE TOTAL
economias de serviços. Em 2005, 88% de todos os empregos foram criados pelo 
setor de serviços, e para 2020, a projeção é de 90% os empregos gerados pelos 
serviços. Estes empregos terão os melhores salários, mas dependem de muito 
treinamento para prestarem os melhores serviços, o que por sua vez, os clientes 
ficarão mais satisfeitos, retornam para fazer mais negócios, e ainda contam aos 
amigos sobre a sua experiência positiva.
Todo negócio de serviços precisa definir e medir de maneira proativa a satisfação 
do cliente. Em média, as empresas não ficam sabendo de 96% dos clientes 
insatisfeitos, e para cada queixa recebida, outros 26 clientes têm o mesmo 
problema. Os clientes que têm os seus problemas resolvidos satisfatoriamente 
contam a uma média de cinco pessoas sobre o tratamento recebido. Cerca 
de 13% dos clientes insatisfeitos contam a mais de 20 pessoas. O pior cliente 
é aquele que não reclama, sai mudo, calado e não volta nunca mais. Clientes 
que reclamam têm maior tendência a fazer novos negócios com sua empresa 
do que aqueles que não se queixam: 54 a 70% se o seu problema foi totalmente 
resolvido e 95%, se foi feito com rapidez.
O cliente tem sempre razão? Ou o cliente em 
primeiro lugar?
Para a maioria dos especialistas nem sempre o cliente tem razão, pelos seguintes 
motivos:
 » são ofensivos a tal ponto que diminuem a moral dos empregados;
 » a conta não é mais lucrativa;
 » a reputação deles é tão ruim que a associação com os clientes afeta a 
imagem e a própria reputação da empresa.
A qualidade dos serviços cria uma vantagem competitiva e um excelente 
diferencial no enfrentamento da concorrência. As empresas que são excelentes 
na qualidade da prestação de serviços o conseguem concentrando seus esforços 
nas cinco dimensões da qualidade de serviços:
1. Dimensão dos tangíveis: que enfoca os equipamentos e instalações 
modernas, no forte apelo visual, na boa aparência dos empregados, 
nos materiais associados com o serviços, como folhetos e anúncios de 
forte apelo visual.
2. Dimensão da empatia: que é a capacidade de experimentar os 
sentimentos de outra pessoa como se fossem seus. Empresas empáticas 
23
QUALIDADE TOTAL │ UNIDADE I
sabem o que é ser um cliente da sua própria empresa. Elas procuram 
entender as necessidades básicas do cliente; devem proporcionar aos 
clientes atenção individual; contratar empregados que dão atenção 
personalizada, individualizada; oferecer horários de funcionamento 
que sejam convenientes a todos os clientes.
3. Dimensão da garantia da qualidade dos serviços: da cortesia dedicada 
aos seus clientes e à segurança das suas operações. A dimensão da 
garantia inclui se o comportamento dos empregados da empresa 
inspira confiança aos clientes.
No ambiente de serviços, existem três componentes principais da confiança:
 » a perícia do prestador de serviços;
 » a confiabilidade do prestador de serviços;
 » a preocupação do prestador de serviços pelo cliente.
Para obter êxito, o prestador de serviços deve procurar contar a verdade ao 
cliente, mesmo quando ela dói, deve fornecer toda a informação solicitada, os 
prós e os contras, evitar fazer comentários desagradáveis sobre outros clientes 
e concorrentes, além de ser fidedigno, cortês e atencioso com os seus clientes.
1. Dimensão da rapidez nas respostas: que reflete o compromisso 
da empresa em fornecer serviços no tempo certo, estar sempre 
interessado em ajudar os clientes, prestar prontamente serviços aos 
clientes, querer ajudar, mesmo estando muito ocupado, e informar 
aos clientes exatamente quando os serviços serão realizados.
2. Dimensão da confiabilidade: que reflete a consistência e a fidedignidade 
do desempenho de uma empresa. Os clientes percebem a dimensão 
da confiabilidade quando a empresa promete fazer algo, ela cumpre o 
que prometeu. Se os clientes têm problemas, os empregados mostram 
interesse sincero em solucioná-los, ou quando a sua empresa presta o 
serviço no prazo em que promete.
Rosival Fagundes é consultor do SEBRAE-BA.
Professor universitário, autor dos livros: Empreendedorismo para Jovens e Empreendedorismo e 
Gestão Mercadológica.
<www.rosivalfagundes.com.br>.
E-mail: rosival.fagundes@ba.sebrae.com.br
24
CAPÍTULO 3
Princípios de gestão da qualidade
Os princípios de gestão da qualidade remetem às proposições elementares que 
servem de base para alinhar o que se entende sobre as principais variáveis básicas 
envolvidas em qualidade (campo conceitual) e os pontos que devem ser observados 
ao se produzir qualquer produto ou serviço para ofertá-los aos clientes (campo 
prático). Estão intimamente ligados ao sistema de gestão da qualidade, uma vez que 
sua observação na implementação do sistema pode fornecer subsídios fundamentais 
para se melhorar a eficácia e alcançar os objetivos propostos da organização, além de 
se traduzir diretamente em ganhos de qualidade e competitividade, pois no processo 
de produção do produto ou serviço, o envolvimento estratégico da gerência (nível 
estratégico), os defeitos, as falhas e os erros dos fluxos de trabalho e de processamento 
(níveis operacional e meso) são facilmente identificados e corrigidos antes da utilização 
pelo usuário ou cliente. 
Os princípios possuem grau de importância equivalentes dentro do sistema de gestão 
da qualidade e também do processo ao qual estão inseridos, e, a despeito do grau 
de importância, cada princípio está mais ligado ao campo de percepção objetiva ou 
subjetiva. Os princípios de gestão da qualidade surgiram de estudos e experiências de 
pesquisadores de renome internacional sobre o tema qualidade. Serão apresentados 
e brevemente comentados a seguir os oito princípios de gestão da qualidade, listados 
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR ISO 9000:2005).
1. Foco no cliente: organizações dependem de seus clientes e, portanto, 
convém que entendam as necessidades atuais e futuras do cliente, os seus 
requisitos e procurem exceder as suas expectativas.
Comentário: este princípio evidencia a importância da satisfação do 
cliente em relação aos produtos e serviços ofertados, que deve ser 
perseguida por toda a organização durante o processo de produção dos 
mesmos e tratada de forma individualizada o quanto possível, o que pode 
gerar um processo de fidelização, muito útil à organização. Para tanto, 
deve-se observar, por exemplo, se as metas e objetivos da organização 
estão de acordo com as exigências do mercado consumidor e informar 
estas exigências para toda a organização. Portanto, o gerenciamento 
sistemático das relações com os clientes deve ser observado, garantindo 
o equilíbrio da utilização mais eficaz dos recursos organizacionais com os 
interesses do mercado. 
25
QUALIDADE TOTAL │ UNIDADE I
Assista ao vídeo: Foco no Cliente ou Foco do Cliente de LupercioArthur Hilsdorf 
disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=xSapue7OLSU>
2. Liderança: líderes estabelecem unidade de propósito e o rumo da 
organização. Convém que eles criem e mantenham um ambiente interno, 
no qual as pessoas possam estar totalmente envolvidas no propósito de 
atingir os objetivos da organização.
Comentário: os líderes devem monitorar as ações que focam o futuro 
da organização, incentivar e reconhecer os méritos dos empregados, 
transmitindo confiança, segurança de gestão e responsabilidade. Essas 
atitudes contribuem para a persistência da equipe no alcance das metas 
e objetivos da organização.
3. Envolvimento de pessoas: pessoas de todos os níveis são a essência de uma 
organização, e seu total envolvimento possibilita que as suas habilidades 
sejam usadas para o benefício da organização.
Comentário: percebe-se claramente que a motivação e a valorização 
do trabalho das pessoas são fatores que influenciam diretamente na 
produção mais eficiente e com mais qualidade. É importante que as 
pessoas se sintam parte integrante e ativa dentro da organização e que 
seu trabalho é importante para o alcance das metas, dos objetivos e 
da vantagem competitiva. E não há vantagem competitiva sustentável 
senão através do que a organização sabe (pessoas), a rapidez com que 
aprende (pessoas) e como consegue utilizar o que sabe (pessoas). 
4. Abordagem de processo: um resultado desejado é alcançado mais 
eficientemente quando as atividades e os recursos relacionados são 
gerenciados como um processo. E o que seria um processo?
O conceito mais intuitivo de processo é de transformação. Isto implica em (MARANHÃO, 
2004): 
 » o que será transformado – entrada;
 » a transformação em si – processo; 
 » o resultado da transformação – saída. 
Figura 2. Esquema de um processo.
Transformação
Entrada Saída
Fonte: Barszcz, n.d. (Adaptado)
26
UNIDADE I │ QUALIDADE TOTAL
Comentário: a adoção da gestão por processos auxilia na obtenção de 
melhores resultados, mais previsíveis e coerentes. 
5. Abordagem sistêmica para a gestão: identificar, entender e gerenciar 
processos inter-relacionados como um sistema contribui para a eficácia 
e eficiência da organização no sentido desta atingir os seus objetivos. A 
figura 3 apresenta a estrutura da abordagem sistêmica.
Figura 3. Estrutura da abordagem sistêmica.
Processo A Processo B
R
E
C
S
E
E
RE
Processo CE
C
S
E
E
R
S
Processo D
C
S
E R
E: Entrada 
S: Saída 
R: Recursos 
C: Controles 
Fonte: BVQI, 2007.
Comentário: mais uma vez percebe-se a importância da eficiência e da 
eficácia organizacionais para o alcance dos objetivos e metas da organização. 
O enfoque sistêmico permite a construção de um esquema estruturado 
para harmonizar e integrar ações ou processos, de alta significação, para 
análise e desenvolvimento de atividades no complexo e dinâmico contexto 
das organizações. Por meio das avaliações e medições, permite também 
melhorar continuamente o sistema. 
Neste princípio foi falado sobre eficiência e eficácia, você sabe o significado 
desses dois conceitos e sabe diferenciá-los? 
Qual é a diferença entre eficiência e 
eficácia?
Eficiência e eficácia são dois conceitos muito utilizados na gestão de empresas. 
A eficiência avalia como se faz. Diz-se que uma operação foi realizada de 
forma eficiente quando consumiu o mínimo de recursos na obtenção de 
27
QUALIDADE TOTAL │ UNIDADE I
um determinado resultado. A eficácia avalia até que ponto se alcançou um 
determinado resultado, independentemente da forma como se obteve esse 
resultado.
A eficiência melhora-se otimizando continuamente as operações. Através 
da padronização e especialização, as empresas procuram obter o máximo 
rendimento com o mínimo de recursos (humanos, financeiros, materiais, tempo). 
Para aumentarem a eficiência, as empresas analisam detalhadamente os processos 
medindo recursos e resultados procurando obter ganhos incrementais.
A eficácia mede o grau de atingimento de resultados. Quanto mais eficaz for 
uma tarefa, melhores os resultados. A máxima eficácia é atingida com o alcance 
total dos objetivos.
Por exemplo, se uma fábrica tiver como objetivo produzir quinhentas mesas 
por dia é relativamente simples avaliar se é ou não eficaz na consecução deste 
objetivo: no final de cada dia, teríamos de contar o número de mesas produzidas 
e verificar se atingem as quinhentas unidades. Se sim, a fábrica é eficaz. Se não, 
é ineficaz.
No entanto, avaliar a eficiência da produção desta fábrica poderá ser um pouco 
mais complexo. Teríamos de avaliar a quantidade de recursos consumida. Qual a 
quantidade de madeira consumida, e qual o consumo energético, a quantidade 
de desperdícios, a taxa de defeituosos, o custo total da produção, as máquinas 
e pessoas necessárias para levar a cabo a produção, entre muitos outros fatores.
Para a gestão, é muito importante ser competitivo em termos de eficiência. 
Se uma empresa é mais eficiente do que os seus concorrentes, ela consegue 
normalmente produzir a custos inferiores. Além disso, obtém um grande nível 
de consistência da sua produção, ou seja, produz produtos homogêneos e 
perfeitos, o que conduz a um aumento da satisfação dos seus clientes.
Por outro lado, a gestão não pode perder de vista o atingimento dos seus 
objetivos (a eficácia). De nada serve ser eficiente se não se é eficaz. No nosso 
exemplo, se a empresa for eficiente a produzir apenas cinquenta mesas por dia, 
os seus objetivos de produção ficarão aquém do esperado.
6. Melhoria contínua: convém que a melhoria contínua do desempenho 
global da organização seja seu objetivo permanente.
Comentário: como já vimos anteriormente, a melhoria contínua deve 
ser objetivo de toda a organização, o que permite evidenciar suas 
28
UNIDADE I │ QUALIDADE TOTAL
potencialidades, aproveitar oportunidades e alcançar seus objetivos 
estratégicos. 
Vitaminas Dr. CEP – Ano IV - No 40 - Abril/2007
Disponível em: <http://www.datalyzer.com.br/site/suporte/administrador/info/
arquivos/info71/71.html> 
O que é melhoria contínua?
A busca pela melhoria contínua nas empresas hoje é algo inevitável, como forma 
de evoluir constantemente os processos de trabalho, tendo como retorno a 
economia de tempo, gastos, retrabalho, ou seja, a busca de eficácia dos trabalhos.
A melhoria contínua é baseada no sistema japonês, o Kaizen, o qual traduzido 
para o português quer dizer KAI – mudança e ZEN – bom, ou seja, a mudança 
para melhor. Segundo Massaki Imai idealizador do Kaizen o mesmo significa 
melhoramento contínuo em toda a organização.
A liderança objetivando melhorar cada vez mais seus trabalhos adota este 
princípio no seu dia a dia. Grandes empresas utilizam este processo para 
incentivar a participação de todos os colaboradores no crescimento da empresa 
e também pessoalmente.
O registro da melhoria contínua e o início da 
melhoria continuada
Toda a melhoria nos processos de trabalhos que resultem em facilidade para 
o colaborador, redução de tempo gasto na realização dos trabalhos, redução 
de custos para a empresa ou o aumento da qualidade dos trabalhos é uma 
melhoria e deve ser registrada e divulgada a todos os colaboradores envolvidos 
no trabalho. Assim estes terão conhecimento das alterações e para a empresa 
de forma a motivar outros colaboradores a participar do processo de melhoria.
A melhoria deve ser registrada após ser comprovada sua eficiência ou eficácia 
pelo idealizador ou equipe de trabalho envolvida a fim de se buscar novas 
possibilidades de aplicação/inovação. 
Segundo a consultoria Gartner, que vem divulgando a cultura das medições 
calcadas no ROI (retorno sobre o investimento) e no TCO(custo total de 
propriedade) há cerca de 25 anos, somente empresas que têm métricas 
constantes para quantificar seu ambiente de TI podem identificar resultados 
depois de mudanças. “A isso chamamos plano de melhoria continuada. Como 
29
QUALIDADE TOTAL │ UNIDADE I
o atleta Ben Johnson saberia que melhorou seu tempo se não o cronometrasse 
regularmente? ”, compara Marcio Krug, diretor de negócios para a América Latina 
da Gartner.
Em resumo, a melhoria continuada surge quando os resultados da melhoria 
contínua são registrados e, através da análise destes, são definidas novas 
perspectivas para melhoria da qualidade.
Fonte: <http://www.liderancaserv.com.br/certificacao.htm> e <http://www.itweb.com.br/
solutions/gestao_empresarial/roi/artigo.asp?id=31877>. Acessado em: 28/2/2006. 
7. Abordagem factual para tomada de decisão: decisões eficazes são baseadas 
na análise de dados e informações.
O que nos causa problemas não é o que nós não sabemos, é o que sabemos 
que não é como está. 
Comentário: atuação estratégica, com o envolvimento da alta gerência, é 
planejada e baseada em informações precisas e confiáveis. Para se tomar 
decisões para a ação, deve-se usar métodos de análise de dados válidos 
com a análise baseada em fatos reais.
8. Benefícios mútuos nas relações com os fornecedores: uma organização 
e seus fornecedores são interdependentes, e uma relação de benefícios 
mútuos aumenta a habilidade de ambos em agregar valor.
Comentário: as organizações não existem por si só. Envolvem, entre 
outros, seus empregados, seus gerentes e seus fornecedores. E a relação 
entre todos os envolvidos no processo é fundamental para a sobrevivência 
da organização, além de otimizar custos e recursos. Deve-se estabelecer 
uma linha de comunicação clara, aberta e flexível.
Como percebemos, todos os princípios de gestão da qualidade envolvem variáveis 
tangíveis e intangíveis da organização, englobando atributos mensuráveis ou não, 
preferências pessoais e características intrínsecas ou atribuídas dos produtos e 
serviços. Os princípios da qualidade são forte aliados da gestão da qualidade, uma 
vez que permitem mensurar, de forma mais clara e evidente, o grau de qualidade da 
organização, tendo em vista seu posicionamento competitivo no mercado em que atua. 
30
UNIDADE IISISTEMA DE GESTÃO DA 
QUALIDADE TOTAL
CAPÍTULO 1
Importância da utilização de 
ferramentas para melhoria do sistema 
de gestão da qualidade
O todo é maior que as partes. Com esta célebre frase do filósofo grego Aristóteles (384 - 
322 a.C), iniciamos as discussões desta unidade. Primeiramente, precisamos entender 
o que é um sistema. Sistema remete à ideia de totalidade, de organização. Sendo assim, 
um sistema pode ser considerado o relacionamento organizado e em funcionamento 
entre vários componentes, variáveis ou unidades que formam um todo final. 
O enfoque sistêmico considera as partes como subsistemas e considera seus 
inter-relacionamentos inseridos em um sistema mais amplo e complexo, uma espécie 
de microssistema. Assim, percebemos que um sistema está sempre inserido em um 
sistema mais amplo e mais complexo, e essa amplitude e complexidade é oriunda 
do ponto de vista do observador, do ponto até onde o observador quer “enxergar”. 
Alguns exemplos de sistemas são a sociedade, as organizações, as células, os órgãos do 
corpo humano e o próprio corpo humano. 
D’ascenção (2007) explica que sistema é “um conjunto organizado e complexo, uma 
reunião ou combinação de coisas ou partes, inter-relacionadas e interdependentes, que 
formam uma unidade, visando à realização de um objetivo ou conjunto de objetivos”. 
Segundo a definição clássica de Bertalanffy (2008), um sistema é o conjunto de 
elementos em constante interação. Nesse sentido, Feigenbaum (1994, p. 105) explica 
que um sistema de qualidade seria a combinação da estrutura operacional de trabalho 
de toda a organização, documentada em procedimentos gerenciais e técnicos, para 
direcionamento de ações coordenadas que assegurem a satisfação quanto à qualidade. 
Gestão pode ser entendida como o conjunto das atividades de coordenação da 
organização. Segundo a ABNT NBR ISO 9000:2005 (2005, p. 10), gestão são as 
atividades coordenadas para dirigir e controlar uma organização.
31
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL │ UNIDADE II
A gestão da qualidade total é um conceito oriundo do controle da qualidade total 
japonês, difundido inicialmente na década de 1950 por William Edward Deming 
(1900-1993) e posteriormente por Joseph M. Juran (1904-2008), que preconizou que 
a gestão da qualidade total está baseada na trilogia planejamento, controle e melhoria 
da qualidade. 
No âmbito das organizações, um sistema de gestão é um sistema para estabelecer 
política e objetivos, e para atingir estes objetivos, podendo incluir diferentes sistemas 
de gestão (ABNT NBR ISO 9000:2005, p. 9), como por exemplo um sistema de gestão 
da qualidade. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT NBR ISO 
9000:2005, p. 7), para facilitar o planejamento, a alocação dos recursos, a definição 
dos objetivos complementares e a avaliação da eficácia organizacional, as partes de um 
sistema de gestão poder ser integradas em um sistema de gestão único, utilizando-se 
elementos comuns. 
Um sistema de gestão da qualidade representa parte do sistema de gestão da organização 
e é um sistema de gestão para dirigir e controlar uma organização no que diz respeito 
à qualidade, ou seja, é um sistema de gestão que visa alcançar resultados em relação 
aos objetivos da qualidade da organização (ABNT NBR ISO 9000:2005, pp. 7-9). 
Implantar um sistema de gestão da qualidade pode trazer inúmeras vantagens para a 
organização, pois permite contemplar os atributos e requisitos dos clientes internos e 
externos, com ações programadas para atender plenamente esses atributos e requisitos, 
além de possibilitar a otimização de diversos processos. A implantação de um sistema 
de gestão da qualidade também contribui para a melhoria contínua e manutenção das 
características essenciais dos produtos e serviços da organização. 
Percebemos então que, no âmbito dos sistemas de gestão da qualidade total, qualidade 
pode ser considerada uma estratégia de gestão para ganhos de competitividade e 
inovação tecnológica para a organização.
A abordagem do sistema de gestão da qualidade incentiva as 
organizações a analisar os requisitos do cliente, definir os processos 
que contribuem para a obtenção de um produto que é aceitável para 
o cliente e manter estes processos sob controle. Um sistema de gestão 
da qualidade pode fornecer a estrutura para melhoria contínua com o 
objetivo de aumentar a probabilidade de ampliar a satisfação do cliente 
e de outras partes interessadas. Ele fornece confiança à organização e a 
seus clientes de que ela é capaz de fornecer produtos que atendam aos 
requisitos de forma consistente (ABNT NBR ISO 9000:2005, p. 1).
Um sistema de gestão da qualidade auxilia a organização no estabelecimento no 
posicionamento competitivo de seus produtos e serviços, uma vez que está inserido 
32
UNIDADE II │ SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL
na estratégia central da organização e pode ser considerado um dos meios para atingi-la. 
Lembramos que o posicionamento competitivo, necessário para que os objetivos 
estabelecidos quando da definição da estratégia central sejam atingidos, não exige 
necessariamente um novo produto ou serviço, mas sim, uma nova forma de ofertar esse 
produto ou serviço. Percebe-se, nesse contexto, que a questão da qualidade é essencial 
e indiscutível para este fim. 
Segundo a ABNT (ABNT NBR ISO 9001:2000), “convém que a adoção de um sistema de 
gestão da qualidade seja uma decisão estratégica de uma organização”. O desenvolvimentoe a implementação, bem como a manutenção e a melhoria de um sistema de gestão da 
qualidade deve seguir algumas etapas, capazes de gerar confiança na capacidade dos 
processos e na qualidade de seus produtos, além de fornecer base para melhoria contínua 
e sucesso da organização (ABNT NBR ISO 9000:2005, p. 2). Essas etapas são:
 » determinação das necessidades e expectativas dos clientes e das outras 
partes interessadas;
 » estabelecimento da política da qualidade e dos objetivos da qualidade da 
organização, que proporcionam um foco para direcionar a organização 
(ABNT NBR ISO 9000:2005, p. 3);
 » determinação dos processos e responsabilidades necessários para atingir 
os objetivos da qualidade;
 » determinação e fornecimento dos recursos necessários para atingir os 
objetivos da qualidade;
 » estabelecimento de métodos para medir a eficácia e a eficiência de cada 
processo;
 » aplicação dessas medidas para determinar a eficácia e a eficiência de cada 
processo;
 » determinação dos meios para prevenir não conformidades e eliminar 
suas causas;
 » estabelecimento e aplicação de um processo para melhoria contínua dos 
sistema de gestão da qualidade.
Um sistema de gestão da qualidade pode estar baseado em processos (Figura 4) e, 
após sua implantação, é importante avaliar (para ajustes e adaptações dos processos) e 
controlar (para melhoria contínua e satisfação das necessidades dos clientes) o sistema 
de gestão da qualidade. Segundo a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABN 
NBR ISO 9000:2005, p. 5), a avaliação pode variar no escopo, compreender atividades 
33
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL │ UNIDADE II
de auditoria, análise crítica do sistema e autoavaliações e deve responder a quatro 
questões básicas em relação a cada um dos processos que está sendo avaliado:
 » O processo está identificado e apropriadamente definido?
 » As responsabilidades estão atribuídas?
 » Os procedimentos estão implementados e mantidos?
 » O processo é eficaz em alcançar os resultados requeridos?
Ainda segundo a ABNT (ABN NBR ISO 9000:2005, p. 6) e no escopo do gerenciamento, 
um sistema de gestão da qualidade tem que ter como um de seus objetivos a melhoria 
contínua, o que possibilita a probabilidade de melhorar a satisfação dos clientes e de 
outras partes interessadas no sistema. Propõe as seguintes ações para esta melhoria:
 » análise e avaliação da situação existente para identificar áreas para melhoria;
 » estabelecimento dos objetivos para melhoria;
 » pesquisa de possíveis soluções para atingir os objetivos;
 » avaliação e seleção destas soluções;
 » implementação da solução escolhida;
 » medição, verificação, análise e avaliação dos resultados da implementação 
para determinar se os objetivos foram atendidos;
 » formalização das alterações. 
Figura 4. Modelo de um sistema de gestão da qualidade baseado em processo.
Fonte: ABNT NBR ISO 9000:2005, p. 3.
34
UNIDADE II │ SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL
O aprendizado da gestão
Sistema de Gestão
Vicente Falconi Campos 
A Figura 5 mostra uma forma resumida e bem simplificada de um Sistema 
de Gestão. Observa-se nesta figura que o Sistema de Gestão é constituído 
de duas partes fundamentais, separadas pela linha dupla. A parte inferior é 
constituída de sistemas cujo objetivo é operar a organização. Aí estão o sistema 
de padronização, o controle orçamentário, todo o treinamento operacional, 
a supervisão e a auditorias, as ações corretivas etc. É daí que decorre todo o 
faturamento da empresa. O horizonte de tempo desses sistemas operacionais é 
de um dia, como mostra a figura em seu lado esquerdo. A parte superior da figura 
é constituída de sistemas cujo objetivo é melhorar os sistemas operacionais da 
empresa. Portanto, a parte inferior tem o objetivo de manter os resultados da 
organização em sua posição atual (o que não é pouca coisa) e a parte superior 
visa a melhorar o patamar dos resultados da organização.
A parte superior é ainda dividida em duas outras partes: a Formulação 
Estratégica, cujo horizonte de tempo varia em função do negócio, sendo 
de aproximadamente cinco anos, e o Gerenciamento pelas Diretrizes e o 
Gerenciamento de Projetos, cujo horizonte de tempo é de um ano (estes 
compõem os planos anuais). O Gerenciamento pelas Diretrizes é ainda constituído 
pelo Gerenciamento das melhorias (que não implica em novas tecnologias ou 
novos materiais) e pelo Gerenciamento da Inovação (que implica na renovação 
constante dos produtos e processos empresariais em função das mudanças 
no mercado).
A Formulação Estratégica trata da eficácia da organização, da direção certa. É a 
partir da Formulação Estratégica que as metas da organização são estabelecidas. 
O Gerenciamento pelas Diretrizes e o Gerenciamento de Projetos tratam do 
atingimento das parcelas anuais dessas metas e, com o Gerenciamento da Rotina 
do Trabalho do Dia a Dia, tratam da eficiência da organização. Podemos errar um 
pouco na eficiência, mas um erro na eficácia poderá ser mortal. 
Quando se entende o significado de Sistema de Gestão, pratica-se um 
gerenciamento mais maduro e equilibrado na empresa. Por exemplo, quando a 
empresa se vê diante da oferta de uma técnica nova ou de um provável modismo, 
a atitude certa é fazer as seguintes perguntas: Onde se encaixa essa técnica em 
nosso Sistema de Gestão?; Esse campo do Sistema de Gestão já está coberto em 
nossa empresa?; A nova técnica é melhor ou pior do que a que temos?
35
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL │ UNIDADE II
Se a nova técnica for melhor, então ela é adotada, se não, dispensada. O objetivo 
de um gestor é construir e melhorar continuamente seu Sistema de Gestão.
Figura 5. Sistema de Gestão do INDG.
Fonte do texto e da figura: <http://www.indg.com.br/falconi/request_artigos.asp?id=13>. Acesso em: 6/4/2009. 
O uso de ferramentas da qualidade, auxiliares no planejamento e controle da gestão 
organizacional, permite identificar e entender problemas identificados no sistema 
de gestão da qualidade e nos processos de trabalho da organização, com vistas à 
padronização e melhoria contínua. A melhoria do sistema de gestão da qualidade é um 
processo contínuo e pode sempre ser aperfeiçoada com a aplicação das ferramentas 
da qualidade. Em relação à escolha da ferramenta, deve-se levar em conta a situação 
que se está analisando, o(s) processo(s) que diz(em) respeito àquela situação e 
também o quesito simplicidade operacional, de forma que a aplicação da ferramenta 
efetivamente auxilie na solução do problema identificado, não se tornando “mais um 
problema” a ser resolvido. 
Ferramentas da qualidade são os recursos utilizados na análise, mensuração e proposta 
de resolução de problemas ou fatores de risco atinentes ao desempenho dos processos 
de trabalho, que são as maneiras particulares de realizar um determinado conjunto de 
tarefas, sempre com vistas à melhoria contínua. Alguns exemplos de ferramentas da 
qualidade são o brainstorming, as cartas de controle, o diagrama de causa e efeito, o 
diagrama de dispersão, o fluxograma, o gráfico de Pareto, a matriz GUT e o 5W2H. A 
literatura apresenta outras tantas, com variadas nomenclaturas e aplicações diversas. 
36
UNIDADE II │ SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL
Sendo assim, por não serem o foco de estudo desta disciplina, recomenda-se leituras 
complementares para aprofundar mais sobre as técnicas destacadas e conhecer outras 
não mencionadas neste material. 
Como já percebemos, a questão da melhoria contínua é fator de destaque ao se falar em 
sistemas de gestão da qualidade e vale ressaltar que, para melhor compreensão do tema, 
pode ser entendida sob o aspecto do gerenciamento da melhoria e do gerenciamento 
da rotina.
O gerenciamento da melhoria é de responsabilidadeda alta administração 
e tem como objetivos a sobrevivência e o crescimento do negócio, 
situando-se no nível estratégico. Busca a eficácia organizacional. [...] 
É um método para atingir os objetivos de metas definidos pela alta 
administração através do desdobramento das metas nos diversos níveis 
da empresa. [...] O gerenciamento da rotina é um método de gestão de 
responsabilidade dos colaboradores e busca a eficiência organizacional, 
através da obediência aos padrões de trabalho, para evitar alterações 
ou mudanças que possam comprometer os níveis de qualidade 
estabelecidos. (MARSHALL JUNIOR et al., 2006, pp. 91-92).
Como observamos, o sistema de gestão da qualidade envolve todos os níveis organizacionais 
(operacional, meso e estratégico) e a aplicação das ferramentas da qualidade pode variar 
de acordo com as necessidades desses níveis. 
Não confundir ferramentas de gestão da qualidade com os métodos de gestão, 
que são “auxiliares” para a obtenção da qualidade. São metodologias auxiliares 
porque não foram concebidas exclusivamente para a obtenção da qualidade, mas 
sua aplicação contribui significativamente para tal fim. Marshall Junior et al. (2006, 
p. 115) afirmam que um método de gestão é o conjunto de práticas disponíveis 
para uso no sistema de gestão das organizações e, durante o desenvolvimento 
de suas aplicações é que se utilizam as ferramentas de gerenciamento da 
qualidade. Alguns exemplos desses métodos são o benchmarking, o 5S, o 
Seis Sigma, a reengenharia e o desdobramento da função qualidade (QFD). 
Para contextualização desta disciplina, nas Unidades IV e V veremos com mais 
detalhes dois desses métodos, respectivamente: o benchmarking e o 5S.
Para aprofundar seus conhecimentos sobre o conteúdo visto neste capítulo, 
sugerimos as seguintes leituras:
 » Capítulo 8: Ferramentas para avaliação e melhoria de processos, do 
livro O Processo Nosso de Cada Dia, de Mauriti Maranhão e Maria Elisa 
Bastos Macieira, 2004. 
37
SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE TOTAL │ UNIDADE II
 » Capítulo 6: Ferramentas de gerenciamento, do livro Gestão da 
Qualidade, de Isnard Marshall Junior et al., 2006.
 » Texto: O Aprendizado da Gestão: Gerenciamento de Vicente Falconi 
Campos, disponível em: <<http://www.indg.com.br/falconi/request_
artigos.asp?id=14>. Acesso em: 6/4/2009. 
38
UNIDADE IIIGERENCIAMENTO 
DA ROTINA
CAPÍTULO 1
Gerenciamento da rotina e 
gerenciamento pelas diretrizes
O Gerenciamento da Rotina do Dia a Dia (GRD), segundo o Instituto de Desenvolvimento 
Gerencial (INDG)1, “é a metodologia adequada para habilitar as pessoas da empresa 
na obtenção e manutenção dos melhores resultados de desempenho nos processos 
pelos quais são responsáveis, nos aspectos qualidade, custo, entrega, segurança e meio 
ambiente”. Campos (1994, p. 19) complementa essas informações ao dizer que o GRD 
é a base da gestão da organização, devendo ser conduzido com o máximo de cuidado, 
dedicação, autonomia, prioridade e responsabilidade. 
Estudos desse mesmo Instituto (INDG), explicam a necessidade da aplicação do 
GRD face ao fato de que as pessoas nas organizações, ao exercerem suas atividades 
operacionais, têm que ser as melhores do mundo naquilo que fazem. Explicam bem 
essa questão ao colocarem que a maior parte do trabalho nas organizações é voltada 
para a execução das funções operacionais, mas a capacidade de atingir metas está 
diretamente relacionada com a eficiência e eficácia das funções gerenciais. Ou seja, 
quando o desempenho das funções operacionais não for bem adequado, dificilmente 
as funções gerenciais produzirão resultados eficazes. Segundo Campos (1994, pp. 111; 
162), melhorar é atingir metas e atingir metas é resolver problemas, que, por sua vez, 
são gerados pelas metas de melhoria. 
Campos (1994, pp. 18-19), mostra que o GRD é centrado:
 » na padronização dos processos e do trabalho;
 » na monitoração dos resultados destes processos e sua comparação com 
as metas;
1 Disponível em: <http://www.indg.com.br/grd/definicao.asp> Acesso em: 7/4/2009.
39
GERENCIAMENTO DA ROTINA │ UNIDADE III
 » na ação corretiva no processo a partir dos desvios encontrados nos 
resultados quando comparados com as metas;
 » num bom ambiente de trabalho (5S)2 e na máxima utilização do potencial 
mental das pessoas;
 » na busca contínua da perfeição.
Interessante destacar as explicações de Vanni (2007) sobre gerenciamento da rotina e 
gerenciamento das melhorias:
Há duas maneiras de se gerenciar uma empresa. Num primeiro caso, 
os seus processos estão normais, ou seja, tudo o que foi estabelecido no 
Planejamento está sendo alcançado sem problemas. É o que chamamos 
Gerenciamento da Rotina. Basta monitorar continuamente os processos 
que o resultado alcançado é sempre o mesmo, isto é, a empresa continuará 
produzindo os mesmos produtos, com o mesmo nível de qualidade e 
o mesmo custo. O faturamento e os clientes atendidos são constantes. 
Essa situação é desejável por vários motivos: torna a empresa previsível, 
possibilita o treinamento do pessoal, permite correção de possíveis 
desvios nos processos etc. Pode, porém, provocar séria ameaça de a 
empresa perder a competitividade por permanecer estática. Portanto, 
se o gerenciamento das Rotinas já está estabelecido por um período 
razoável, é necessário introduzir o Gerenciamento das Melhorias, por 
exemplo, implantando novos processos mais produtivos, com redução 
de custos ou novos produtos mais atraentes ao mercado com agregação 
de novas tecnologias. Introduzir melhorias significa alterar os padrões 
estabelecidos no “P” do ciclo PDCA. Sem as melhorias, a empresa pode ser 
atropelada pela concorrência e morrer. Em resumo, o gerenciamento das 
Rotinas é importante por tornar a empresa previsível; e o gerenciamento 
das Melhorias é indispensável, pois torna a empresa competitiva. 
Essas duas maneiras de se gerenciar uma empresa devem ser adotadas 
simultaneamente. (VANNY, 2007, p. 15)
Ressalta-se que o ciclo PDCA (do inglês, Plan, Do, Check, Act, ou seja, planejar, 
executar, verificar e agir corretivamente), é um método gerencial que tem por objetivo 
a manutenção e a melhoria contínua dos processos e está intimamente ligado em todo o 
escopo da qualidade. Corroboram esse entendimento Marshall Junior et al. (2006, p. 88), 
ao explicarem que “o ciclo PDCA é um método gerencial para a promoção da melhoria 
contínua e reflete, em suas quatro fases, a base da filosofia do melhoramento contínuo”. 
2 Estudaremos o Método 5S com mais detalhes na Unidade V. 
40
UNIDADE III │ GERENCIAMENTO DA ROTINA
Continuam explicando que praticando as quatro fases do ciclo PDCA, “de forma cíclica e 
ininterrupta, acaba-se por promover a melhoria contínua e sistemática na organização, 
consolidando a padronização de práticas”. Nesse sentido, Campos (1994, p. 23) afirma 
que o GRD é baseado no método e no humanismo e centrado no controle da qualidade 
(Figura 6).
Figura 6. Mentalidade no gerenciamento da rotina.
Fonte: Campos, 2004b, p. 39.
Destaca-se que, ao gerenciamento da rotina, devem estar atreladas metas e especificidades 
de cada organização, no sentido de se montar um plano de melhoria contínua do GRD 
para a organização. A melhoria contínua é uma necessidade de sobrevivência e uma 
das características mais marcantes do GRD. Campos (2004b, p. 41) nos mostra um 
exemplo de um plano de melhoria do GRD, valendo-se do método 5S. 
Figura 7. Linhas básicas para a melhoria do gerenciamento da rotina.
Fonte: Campos, 2004b, p. 41.
41
GERENCIAMENTO DA ROTINA │ UNIDADE III
O gerenciamento das melhorias é “uma etapa posterior” ao gerenciamento da rotina. 
Segundo Campos (2004b), o gerenciamento das melhorias tem como meta melhorar 
sempre, implicando