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14 aula A PROVA DOCUMENTAL


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CURSO DE DIREITO
DIREITO PROCESSUAL DO TRABALHO
Prof. Marcílio Florêncio Mota
profmarciliomota@hotmail.com
DAS PROVAS EM ESPÉCIE – A PROVA DOCUMENTAL
1. Referências legais: arts. 780, 787, 830 e § 1º do 852-H da CLT; 364 a 399 do CPC.
2. Definição: 
Documento é toda expressão material de um fato e que, por essa razão, serve para a sua demonstração em juízo. Etimologicamente, derivando da palavra doceo, documento significa uma coisa que tem em si a virtude de fazer conhecer outra coisa. Em sentido estrito, documento é a expressão escrita de um fato. Em sentido lato ou amplo documento é qualquer expressão material de um fato.
3. Momentos da prova documental:
	3.1. Documentos indispensáveis à propositura da ação: São aqueles indicados pelo autor como geradores do direito pleiteado, seja por representar fato constitutivo de direito ou a sua violação. Se o documento é referido na inicial com essa qualidade ele deve ser colacionado aos autos, sob pena de indeferimento da inicial caso a falta não seja suprida em dez dias – art. 283 e 284. A Súmula 263 
	3.2. Os demais documentos do autor e os documentos do réu: Todos os documentos da causa devem vir com a inicial e a defesa – art. 396 do CPC e art. 787 da CLT. Por outro lado, os documentos da defesa devem acompanhar a defesa, conforme o art. 396 do CPC. No processo do trabalho o regime da audiência única não permite ao réu a colação de documentos fora da defesa.
	3.3. Documentos em outro momento processual e na fase recursal: A juntada de documentos aos autos em momento processual diverso da fase postulatória, ou seja, que não com a inicial e a defesa, só é lícita se os documentos forem novos (formados após aquele momento processual ou apenas agora obtidos), quando destinados a fazer prova de fatos ocorridos depois dos articulados, ou para contrapô-los aos que foram produzidos nos autos – art. 397 do CPC e a Súmula 08 do c. TST, cuja redação é a seguinte:
A juntada de documentos na fase recursal só se justifica quando provado o justo impedimento para sua oportuna apresentação ou se referir a fato posterior à sentença.
4. Espécies
	4.1. Documentos públicos: São os documentos lavrados por escrivão, tabelião ou servidor público. Esses documentos provam a sua formação e os fatos que forem declarados como havidos perante as pessoas que os lavram – art. 364 do CPC. 
	4.2. Documentos particulares: São aqueles que nascem de atividade de particular. Surgem por obra de particular, ou seja, de pessoa que não atua em função de atividade pública ou de registro público. Os documentos particulares fazem prova da declaração em relação àquele que o elaborou. Prova a declaração e o fato narrado em relação ao que obrou o documento. Quando esse documento relata fato, prova a declaração e não o fato declarado – art. 368 do CPC. 
		
4.3. Os documentos originais e as cópias: Originais são os documentos como eles foram produzidos. As cópias são meios mecânicos, eletrônicos ou digitais de reprodução de documentos. A cópia autenticada por tabelião tem a mesma força probante que tiver o documento original e a assinatura reconhecida por tabelião prova a sua aposição perante o mesmo tabelião - art. 369 do CPC. O documento comum a ambos os litigantes presume-se verdadeiro, ainda que em cópia não autenticada, desde que não haja impugnação quanto ao seu conteúdo, conforme a interpretação da jurisprudência. O TST dá, então, interpretação restritiva ao art. 830 da CLT. Por fim, ressaltamos a alteração do art. 830 da CLT em torno da autenticação do documento em juízo e da declaração de autenticidade de documentos pelo advogado. Vejamos o teor da redação atual do art. 830 da CLT:
Art. 830.  O documento em cópia oferecido para prova poderá ser declarado autêntico pelo próprio advogado, sob sua responsabilidade pessoal. 
Parágrafo único.  Impugnada a autenticidade da cópia, a parte que a produziu será intimada para apresentar cópias devidamente autenticadas ou o original, cabendo ao serventuário competente proceder à conferência e certificar a conformidade entre esses documentos.
5. Os documentos sigilosos: extrato de movimentação financeira, declaração de rendas etc.
Os documentos consistentes em movimentação de conta-corrente ou declaração de rendas não devem ser colacionados aos autos em virtude da proteção do sigilo bancário e fiscal. Esses documentos devem, então, ficar acondicionados de modo a que sejam preservados tais direitos e apenas para consulta das partes e dos julgadores do caso.
6. O documento não impugnado
O documento não impugnado, público ou particular, presume-se verdadeiro – art. 372 do CPC – quanto ao autor e aos fatos nele representados, salvo, quanto ao documento particular, se houver prova processual de que ele foi obtido por erro, dolo ou coação. A impugnação deve ser suscitada no prazo que o juiz assinala, muito provavelmente em cinco dias da juntada aos autos do documento. A alegação em grau de recurso, na apelação, requererá a prova da impossibilidade de impugnação no juízo de primeiro grau – art. 517 do CPC. 
7. O desentranhamento de documentos dos autos
O desentranhamento de documentos dos autos ocorre nas seguintes situações: 
Por juntada intempestiva:
No primeiro caso, o documento só deve ser desentranhado dos autos se não houver qualquer controvérsia quanto à intempestividade da colação. Havendo discussão quanto à tempestividade, o juiz deve mantê-lo nos autos, pois o Tribunal poderá interpretar que eles foram tempestivos e que eles são necessários para o julgamento da causa;
b) Por não dizerem respeito aos autos aos quais foi juntado:
A juntada de documentos por equívoco do requerente é sem maiores problemas, em especial se os documentos foram trazidos por quem não freqüenta a relação processual. Se os documentos tiverem sido trazidos por uma das partes, o juízo deve oportunizar a outra a manifestação sobre o pedido de desentranhamento; e
Por pedido de levantamento da parte mediante traslado:
Por fim, o documento original pode ser retirado dos autos se a parte deles necessitar para qualquer fim. No caso, cópia do documento deve substituir a via original. Observamos que conforme regra superada da CLT, art. 780, o desentranhamento só pode ocorrer no final da tramitação do processo. 
8. O incidente de exibição de documento
O documento em poder da parte adversa ou de terceiro pode ter a exibição requerida ao juiz da causa - arts. 355 a 363 do CPC. Assim, o incidente de exibição é o pedido que a parte faz ao juiz para que o seu adversário ou terceiro traga aos autos documento ou coisa que está em seu poder para provar um fato dos autos. O juiz depois de ouvir a parte contrária ou o terceiro decidirá o incidente, inclusive com a possibilidade de reconhecer como verdadeiro o fato que a parte pretendia provar e não pôde porque o documento não veio aos autos. 
9. A requisição de documento à autoridade pública
O juiz pode requisitar às autoridades públicas os documentos de que tiver necessidade. Essas promoverão o envio dos documentos na forma preconizada no art. 399 do CPC. No processo do trabalho é comum a necessidade de documento do INSS e do Ministério do Trabalho e também tem sido comum a fixação pelo juiz de multa à autoridade que retarda a apresentação do documento ou o sonega.
10. O incidente de falsidade documental
A doutrina trabalhista admite o incidente de falsidade documental como ele é previsto no CPC – arts. 390 a 395. A parte contra quem foi produzido documento tem o prazo de 10 (dez) dias para suscitar o incidente de falsidade, que poderá requerer, a depender do defeito apontado ao documento, a realização de prova pericial.