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BRUCELOSE SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA INSTITUTO DE SAÚDE E PRODUÇÃO ANIMAL – ISPA CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA Prof. Andréa Maria Góes Negrão Doença infectocontagiosa, geralmente crônica É uma antropozoonose – doença primária de animais que pode ser transmitida ao homem (acidental) Infecção das células do sistema mononuclear fagocitário Ocorre em várias regiões do mundo Acomete várias espécies animais Causa problemas reprodutivos em animais de produção Acarreta problemas sanitários e grandes prejuízos econômicos à cadeia de carne e leite Definição DOENÇA DE BANG ABORTO CONTAGIOSO ABORTO INFECCIOSO Sinonímia FEBRE ONDULANTE FEBRE DE MALTA FEBRE DO MEDITERRÂNEO Importância Econômica Surtos de abortamentos Distúrbios reprodutivos Queda na produção leiteira - 10 a 25% Queda na produção de carne – 10 a 15% Aumento na taxa de reposição de animais – 30% Morte de bezerros Queda de 15% no nascimento de bezerros Aumento do intervalo entre partos (20 meses) Interrupção de linhagens genéticas Restrições comerciais P E R D A S D I R E T A S Importância Econômica Infecções humanas Custos com diagnóstico e tratamento Internações prolongadas Ausência no trabalho PERDAS INDIRETAS Bactérias do gênero Brucella Morfologia de cocobacilos São Gram negativas Intracelalares facultativas São imóveis Não capsuladas e nem esporuladas São aeróbias e microaerófilas Multiplicam-se nos macrófagos Tem 11 espécies As colônias podem ser lisas ou rugosas Etiologia Crescimento em meio de cultura Crescimento lento: 48 horas a 37° C Meios de cultura suplementados com soro, sangue ou extratos teciduais: ágar brucela, ágar sangue brucela, ágar soro dextrosado, caldo albioni brucela, caldo tripticase soja B. abortus e B. ovis: 5 a 10% CO2 B. ovis B. canis B. neotomae B. abortus B. melitensis B. suis Espécies de Brucella spp B. pennipedialis B. ceti B. microti B01T B02 B. ovis - Buddle - 1953 – Nova Zelândia B. neotomae - Stoenner - 1957 – USA B. canis - Carmichael - 1968 – USA B. melitensis - Bruce - 1887 - Ilha de Malta - 3 biovares B. abortus - Bang - 1897 - Dinamarca - 7 biovares B. suis - Traum - 1914 - USA - 5 biovares Espécies de Brucella spp B. pennipedialis (focas e golfinhos) - Ross - 1994 – Escócia B. ceti (baleias) – Foster – 1996 B. microti (roedores silvestres) – Scholz – 2008 B01T – proposto B. inopinata – Scholz – 2009 B02 – Tiller - 2010 Bactérias Gram negativas Classificação quanto às colônias Brucella abortus Brucella suis Brucella melitensis Colônias Lisas Colônias Rugosas Brucella ovis Brucella canis Parede Celular Gram + Gram - A membrana externa é composta por dupla camada lipídica, a interna constituída por fosfolipídios e a externa por lipopolissacaríde os (LPS ou endotoxina) Peptídioglicano Peptídioglicano Membrana Externa Membrana Plasmática Membrana Plasmática LPS Cadeia O Núcleo Lipídeo A Poli B Glicano PME Lipoproteina Peptidioglicano Fosfolipídios Estrutura do LPS das brucelas É uma endotoxina responsável pela patologia da doença É o sítio imunodominante da bactéria e o responsável pelo desencadeamento da maior parte da resposta imune humoral nas infecções naturais e na desenvolvida após a vacinação com a B19 Também se relaciona com a aderência da bactéria às células do hospedeiro, com a capacidade da brucela de manter-se viva dentro dos fagócitos e com a sua proteção contra a ação dos anticorpos e do sistema complemento. Devido a essas particularidades, acredita- se que a CO seja um importante fator de interação parasita-hospedeiro e que sua ausência resulte em perda de virulência Cadeia O É o sítio imunodominante da bactéria e o responsável pelo desencadeamento da maior parte da resposta imune humoral nas infecções naturais e na desenvolvida após a vacinação com a B19 Também se relaciona com a aderência da bactéria às células do hospedeiro Com a capacidade da brucela de manter-se viva dentro dos fagócitos Proteção contra a ação dos anticorpos e do sistema complemento. Importante fator de interação parasita-hospedeiro e que sua ausência resulte em perda de virulência Colônias Lisas Parede celular – LPS longo – Com cadeia “O” Maior virulência Maior grupo antigênico Características: brilhantes, claras, convexas, emulsificáveis Antígenos de superfície: A e M Colônias Rugosas Parede celular – LPS mais curto – sem cadeia “O” Menor virulência Menor grupo antigênico Características: menos transparentes, superfícies granulares, friáveis ou viscosas, difíceis de destacar Antígenos de superfície: R B. abortus: biovares 1,2 e 3 B. suis: biovar 1 B. ovis B. canis Brucelose Fonte: Carrillo,2009. Brucelas confirmadas no Brasil Resistência Luz solar direta 4 – 5 horas Solo seco 4 dias Solo úmido ______________________66 dias a baixas temperaturas__________________ 151 – 185 dias Fezes 20 dias Dejetos a altas temperaturas 2 – 4 horas Esgoto 8 - 240/700 dias Água potável 5 – 114 dias Água poluída 30 – 150 dias Feto à sombra 180 dias Exsudato uterino 200 dias Leite 17 dias Leite congelado > 800 dias Queijos até 6 meses Manteiga até 4 meses Iogurte até 96 dias Temperatura de 60ºC 10 minutos Temperatura de 71,7ºC 15 segundos Resistência Destruição por desinfetantes Álcool 96oGL Hipoclorito de sódio 5% Hipoclorito de cálcio 5% Formol 3% Fenol 5% Destruição pelo Calor Autoclavação: 120oC por 20 minutos Pasteurização lenta: 65oC por 30 minutos Pasteurização rápida: 72 a 74oC por 15-20 segundos Fervura Fonte: WHO/VPH/84.4. Inativação da Brucella sp Epidemiologia da Brucelose Ocorrência Mundial Países afetados: Países europeus da região mediterrânea, países da África, Oriente Médio, Índia, Ásia Central, América Central e do Sul. Erradicados: Austrália, Canadá, Dinamarca, Finlândia, Holanda, Nova Zelândia, Noruega, Suécia, Reino Unido e Japão. Controlados: EUA, Chile, México Hospedeiros Espécie Hospedeiro Primário Hospedeiro Secundário Acidental B. abortus Bovinos, bubalinos Suínos, cães, ovinos, caprinos, equídeos Homem B. suis Suídeos Bovídeos, cães, ovinos, equídeos, lebres, roedores Homem B. melitensis Caprinos Ovinos, bovídeos, suínos, cães, lhamas, camelos Homem B. ovis Ovinos Suínos - B. canis Canídeos Gatos Homem B. neotomae Rato do deserto ? ? B. ceti Baleias ? ? B. pinnipedialis Focas, golfinhos ? ? B.microti Roedor ? ? B. Inopinata ? ? Homem B02 ? ? Homem FI= Fonte de infecção VE = Via de eliminação VT = Via de Transmissão PE = Porta de Entrada S=Suscetível Animais domésticos, silvestres e oHomem Fonte: Cadeia da transmissão (GUIDO & GRASSO, 2005; ISHIZUKA et al, 2008) Animal infectado Leite, sêmen, restos e anexos fetais, secreções vaginais e fezes Lambedura, olfato, Leite e derivados crus, carne crua, IA, água, forragens, pastagens, fômites e ambientes contaminados Mucosas: digestiva, conjuntiva e pele lesionada Cadeia de Transmissão Transmissão Direta e Indireta: Via oral Via genital Transmissão Fonte de contaminação Fatores que influenciam a manutenção e disseminação de Brucella dentro do rebanho Densidade populacional Tamanho do rebanho Nível de vacinação do rebanho Maternidades individuais Fatores que influenciam a manutenção e disseminação de Brucella inter-rebanhos Aquisição de animais Freqüência de compras Fonte dos animais Histórico dos animais Fatores que influenciam a manutenção e disseminação de Brucella inter-rebanhos Proximidade de Rebanho infectado Valas Riachos Pastos Animais soltos Animais silvestres Veículos Patogenia da Brucelose Oral Respiratório Conjuntivas Genital Pele Linfonodo regional Disseminação Hemática e/ou Linfática Macrófagos Neutrófilos Linfonodos Baço Fígado Medula óssea Sistema reprodutor Articulações Porta de Entrada Patogenia Linfonodos regionais Sistema reprodutor Outros órgãos e tecidos ricos em células do SMF Patogenia Disseminação Livre ou intracelular Articulações, baço, fígado, medula óssea Linfonodos Tecidos das articulações Sistema reprodutor: principalmente útero durante a gestação, placenta, glândulas mamárias Tecidos de Eleição F Ê M E A S Linfonodos Tecidos das articulações Sistema reprodutivo: principalmente testículos – epidídimo – vesículas seminais Tecidos de Eleição M A C H O S Tecidos de Eleição APARELHO LOCOMOTOR Infecções articulares HIGROMAS Bursites Osteoartrites Tenosinuvites Osteoespondilites Fêmeas infectadas são geralmente assintomáticas Período de incubação - 2 semanas a 2 meses ou mais Bactéria eliminada no meio ambiente no periparto Durante incubação a bactéria localiza-se na mucosa local: útero (epitélio trofoblástico), placenta, úbere e linfonodos regionais Sobrevivência e multiplicação em macrófagos (inibição fusão fagossoma-lisossoma) Patogenia Penetração fagocitose monócitos macrófagos Penetração fagocitose monócitos macrófagos Determinantes da Virulência Inibição do fagolisossoma Inibição da resposta inflamatória Fatores proteicos não identificados: sobrevivência em macrófagos Presença de LPS Eritritol Testículo e placenta de bovinos, ovinos, caprinos, suínos e cães (Ausente na mulher e égua) Intensa multiplicação local Lesão piogranulomatosa Patogenia Patogenia do Aborto Lesão Inflamatório- necrótica dos placentomas (união carúncula-cotiledone) – Placentite necrótica Os placentônios ou placentomas são compostos por uma parte fetal, o cotilédone, e uma parte materna, a carúncula (Leiser et al 1998). Comprometimento da circulação materno-fetal Patogenia do Aborto Placentite necrótica - lesão inflamatório-necrótica dos placentomas (união carúncula-cotiledone) Comprometimento da circulação materno-fetal Fêmeas primíparas Fêmeas multíparas ABORTO Natimortos, neonatos fracos Aborto Bezerros fracos Natimortos Tropismo pelo útero de animais prenhes e placenta Placentite necrótica Retenção de placenta Endometrite Infertilidade Doença na fêmea Inflamação aguda do sistema reprodutor Cronificação (assintomática) Doença no macho Testículo Epidídimo Vesículas seminais Ampolas seminais Orquite uni ou bilateral (necrose, fibrose ou pús) Brucelose nos Animais Domésticos Brucelose nos bovinos e bubalinos Principal agente: B. abortus Contaminação: ingestão, sêmen na I.A, inalação Sinais clínicos: abortamento no terço final de gestação, nascimento de bezerros fracos, natimortos, retenção de placenta, repetição de cio, vesiculite, orquite Acarreta infertilidade ou esterilidade em fêmeas e machos Brucelose nos suínos Principal agente: B. suis Contaminação: sêmen, ingestão Sinais clínicos: abortamento em qualquer idade, nascimento de leitões fracos, orquite Artrite, manqueira e paralisia • Esterilidade - infertilidade temporária ou definitiva, tanto em porcas quanto em cachaços. Brucelose nos suínos Brucelose nos ovinos Principal agente: B. ovis Contaminação: venérea Sinais clínicos: abortamento no terço final de gestação, epididimite Brucelose nos caprinos Principal agente: B. melitensis Brasil: B. ovis Contaminação: ingestão Sinais clínicos: abortamento no terço final de gestação, orquite, mastite Brucelose nos caninos Principal agente: B. canis Contaminação: ingestão, sêmen Sinais clínicos: orquite, dermatite escrotal, aborto, morte peri-natal, artrite, infertilidade Tratamento: Doxiciclina - 10 mg/kg – 1 x dia - durante 14 dias Brucelose nos eqüinos Principal agente: B. abortus Contaminação: ingestão de água e pastos contaminados Sinais clínicos: Lesões abscedantes em região cervical, bursas, tendões e articulações – Bursites Popularmente chamado Mal da Cernelha Ocorrência em equinos – diretamente proporcional à endemia no rebanho bovino Brucelose no Homem Doença Ocupacional Grupos de Risco Médicos Veterinários Tratadores de animais Magarefes Trabalhadores de laticínios Laboratoristas Vacinadores Consumidores de produtos de origem animal sem inspeção oficial Patogenicidade para o Homem Brucella melitensis B. suis B. abortus B. canis Brucelose no Homem Contaminação: conjuntiva, lesões, ingestão, inalação Período de Incubação: prolongada > 3semanas Curso longo: vários anos, quando não tratada Sinais clínicos: febre ondulante, cansaço, suores noturnos, dores musculares e articulares, mialgias, artrites, alterações do sono, calafrios, anorexia, depressão “síndrome da fadiga crônica” Brucelose no Homem Menos de 10% dos casos são identificados A incidência varia conforme: Densidade do rebanho Endemia animal Nível socioeconômico Hábitos alimentares Transmissão para o Homem Fonte de Contaminação Fonte de Contaminação Fonte de Contaminação Fonte de Contaminação Fonte de Contaminação Fonte de Contaminação Fonte de Contaminação Transfusão de sangue Transplante de medula óssea Relação sexual Fonte de Contaminação para o Homem A transmissão entre pessoas, embora possível, é um acontecimento bastante raro em brucelose Há casos na literatura de transmissão por meio de: Tratamento da Brucelose Humana Doxiciclina + estreptomicina – 6 semanas ou Doxiciclina + rifampicina – 6 semanas Recaídas inferior a 5% Recaídas de 30% Cotrimoxazol (combinação de trimetoprime sulfametoxazol) – 6 semanas
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