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FUPAC- FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE UBERABA CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO LARISSA TEIXEIRA BORGES CONCUBINATO ADULTERINO - DIREITO A PARTILHA DE BENS. UBERABA- MG 2013 LARISSA TEIXEIRA BORGES CONCUBINATO ADULTERINO- DIREITO A PARTILHA DE BENS. Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade Presidente Antonio Carlos de Uberaba – FUPAC, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito. Orientadora: Prof(a). Me. Mônica Cecílio Rodrigues. UBERABA-MG 2013 LARISSA TEIXEIRA BORGES CONCUBINATO ADULTERINO- DIREITO A PARTILHA DE BENS. Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Direito da Faculdade Presidente Antonio Carlos de Uberaba – FUPAC, como requisito parcial para obtenção do título de bacharel em Direito. Aprovada em _____/______/2013. ______________________________________ Professor Orientador. Mônica Cecílio Rodrigues. _______________________________________ Professor Examinador. FUPAC- Faculdade Presidente Antônio Carlos de Uberaba/MG _____________________________________ Professor Examinador. FUPAC- Faculdade Presidente Antônio Carlos de Uberaba/MG AGRADECIMENTOS Agradeço sempre em primeiro lugar a Deus, pois sem fé não chegamos a lugar algum. Ao meu pai Genivaldo Martins Borges, por ser um bom homem. A minha madastra Ana Maria de Oliveira Vieira, por sempre me dar amor e carinho e ao meu padastro Amadeu Pinto Rodrigues Júnior por cuidar da minha mãe com muito afeto. Indo além, agradeço a minha avó materna Eduvirges por puxar minha orelha inúmeras vezes para sempre estudar, pois sem estudo não chegamos a lugar algum. Ao meu avô materno, Astolfo que, por mais que seja teimoso o amo com muito amor. A minha avó paterna Mercina Maria Borges (in memoriam) que hoje se encontra em um lugar melhor, mas que sinto falta diariamente amo a senhora querida vovó. Não poderia esquecer minha querida irmã Isadora Teixeira Borges, que sempre me deu muito trabalho, mas que sem ela não chegaria onde estou, pois com sua ajuda e dedicação, hoje posso dizer que me tornei Bacharel em Direito, curso o qual amo com muita paixão. A minha irmãzinha Ana Júlia Teixeira Pinto Rodrigues, muito levada por sinal, mas que é a fonte da alegria de minha família. Agradeço ao meu amigo Eder Paredes por sempre escutar meus desabafos e me dar bons conselhos. A minha amiga Ariane Bessa que sempre cuidou de mim, só tenho a lhe agradecer pela paciência e pelo carinho. Ao Marcos Vinicius, obrigada por estar comigo todos os dias, desde o primeiro dia de aula. Igor Carneiro, você se tornou um amigo muito especial, que sempre me ajudou a ver o melhor de mim. Esses são os membros do Grupo de Filosofia Germânica Teatral, grupo do qual tenho orgulho de dizer que faço parte, amo vocês e sentirei muita saudade desta nossa longa caminhada. Em especial, agradeço a minha mãe, minha vida, amiga, companheira, e além de tudo MÃE. Se não fosse por ela, nunca chegaria aonde cheguei. Nunca venceria nenhum obstáculo sem seus incentivos. Por tudo que já passei, só tenho a agradecer a você mãe, porque se não fosse por suas broncas, brigas, discussões, não seria quem sou hoje. Tenho orgulho da pessoa que me tornei, graças a você. O meu muito obrigado com todo meu amor. Tudo no mundo começou com um sim. Clarice Lispector. RESUMO O presente trabalho versa sobre o concubinato adulterino, que sempre existiu em todos os tempos, mas é pouco debatido por nossos legisladores e juristas. Ocorre que, com grande frequência, os indivíduos que mantém relações concubinárias, acabam adquirindo certo patrimônio. Porém, nossos legisladores brasileiros apenas conceituam concubinato adulterino como uma relação impedida por ambos ou um dos indivíduos serem casados ou viverem em união estável, e não caracterizaram seus efeitos jurídicos. Desta maneira, será demonstrado que alguns doutrinadores e certos tribunais acreditam que o concubinato possui efeitos jurídicos, principalmente, com relação à partilha de bens adquiridos durante aquela relação impedida. Palavras Chave: concubinato impuro, concubinato adulterino, relação impedida. ABSTRACT This paper deals with the adulterous concubinage, which has always existed in all ages, but is rarely discussed by our legislators and jurists. That occurs with great frequency, individuals who maintains relations concubinárias end up acquiring certain assets. However, our Brazilian legislators only conceptualize concubinage adulterous relationship as an impeded by one or both of the individuals are married or living in a stable, and did not characterize their legal effects. Thus, it will be shown that certain courts and some scholars believe that cohabitation has legal effects, especially with respect to the division of property acquired during that relationship prevented. Key words: impure cohabitation, concubinage adulterous, relationship prevented. LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CF/88 - Constituição Federal de 1988 C.C - Código Civil STF - Supremo Tribunal Federal STJ - Superior Tribunal de Justiça Art. – Artigo C.P- Código Penal SUMÁRIO INTRODUÇÃO................................................................................................................ 9 2 CONCUBINATO E SUA PARTE HISTÓRICA NO BRASIL...................................10 3 DIFERENÇA DE CASAMENTO, UNIÃO ESTÁVEL E CONCUBINATO IMPURO.......................................................................................................................... 15 4 CONCUBINATO ADULTERINO - FAMÍLIA MODERNA..................................... 21 5 CONCUBINATO ADULTERINO - DIREITO A PARTILHA DE BENS............... 26 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 31 REFERENCIAS.............................................................................................................. 32 ANEXO I.......................................................................................................................... 35 INTRODUÇÃO O presente trabalho versa sobre concubinato adulterino, sendo este uma relação entre homem e mulher impedidos de se envolverem. Por ser uma relação impedida, nossos legisladores não caracterizaram seus efeitos jurídicos. Ocorre que, esse tipo de relação não é recente, são relações desde a época de Roma antiga, e nunca foi protegido. Nossa sociedade evoluiu e nossos juristas também. Defendem certos doutrinadores que, nossa sociedade deixou o preconceito de lado e acolheu certas formas de famílias tais como relações entre homossexuais. Assim, já que concordaram com essa evolução, porque não acolher o concubinato adulterino tambémcomo família. É isto que os doutrinadores estão fazendo recentemente: defendendo o concubinato como uma forma de família moderna, e indo além, se esta relação vier a se extinguir deve ser dividido o patrimônio (quando existir) adquirido pelos concubinos durante sua união. O primeiro capítulo mostra toda a evolução do concubinato no Brasil, tanto o puro quanto o impuro, e a evolução de nossa sociedade com a vinda da Constituição Federal de 1988, que aceita várias formas de entidades familiares. Nosso segundo capítulo já demonstra a diferença de casamento, união estável (concubinato puro) e concubinato impuro e suas subdivisões, debatendo-se apenas sobre concubinato adulterino, uma de suas modalidades. Já o terceiro capítulo debate sobre concubinato como uma nova forma de família, onde alguns doutrinadores e tribunais entendem que sim, que como a sociedade evoluiu e deixou de ser menos preconceituosa por aceitar relações homossexuais como entidade familiar, deve-se aceitar também o concubinato como família. Porém, nem todos os tribunais entendem assim. Alguns compreendem que por ser uma relação impedida e afetar o sistema monogâmico, não deve ser aceito concubinato como família e nem mesmo se dividir patrimônio algum. Outros já entendem que não deve ser visto como família, mas sim como se os concubinos fossem sócios, defendidos pelo Direito das Obrigações, conforme súmula do STF. Assim, adentramos ao terceiro capítulo, onde existe esta súmula, entendendo que o concubinato é uma forma de sociedade, e sua partilha ocorre se comprovada que durante esta relação houve patrimônio em comum. O que realmente o presente trabalho visa demonstrar é o sentimento de afeição entre os concubinos, pois nem sempre eles estão juntos pelo desejo carnal, mas sim pelo amor, e com isso acabam adquirindo bens. Desta forma deve ser feito a justiça e dar-lhe a cada concubino o que é seu de direito. 2 CONCUBINATO E SUA PARTE HISTÓRICA NO BRASIL A expressão da palavra concubinato vem do latim concubinatus, 1 ·. No Direito Romano, era visto como a união inferior a do casamento. Explica Barboza Riezo o conceito de concubinato: O concubinato, também chamado de hemigamia, designa união livre entre homem e mulher, de qualquer estado civil (sendo ambos solteiros, a união é denominada de concubinato puro) constitui uma realidade sócio-familiar das mais antigas da história da humanidade 2 . As Constituições Federais anteriores no Brasil (anos 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 1967 e 1969, esta que emendou a Constituição Federal de 1967) não se previa o tema concubinato. Em suas redações, somente vislumbrava-se sobre casamento indissolúvel, protegido pelo Estado. Além destas Constituições citadas, o Código Civil de 1916, também citava e defendia apenas o casamento, visto como modelo patriarcal e hierarquizado, onde o homem comandava a família, consoante seu artigo 233 3 . Por mais que a expressão concubinato não era defendida, nota-se que sempre existiu. O concubinato era tido como a união entre homem e mulher, ambos livres e desimpedidos, que viviam sobre o mesmo teto, mas não por laços matrimoniais, conhecido como concubinato puro ou honesto. Explica Fábio Ulhoa Coelho que houve uma revolução de costumes em 1960, onde muitos jovens passaram a constituir suas famílias sem ocorrer o matrimônio, ou seja, eles viviam por relações concubinárias. Se eles quisessem se casar, poderia, o problema é que eles não queriam. “O casamento era visto por eles como apenas uma simples folha de papel, absolutamente dispensável quando percebida a essência da relação conjugal no afeto, respeito mútuo e companheirismo”4. Porém, era muito difícil equilibrar os interesses mútuos vindos de uma relação concubinária à época, tanto pessoais quanto patrimoniais, pois não existiam normas que protegiam esta relação. Apenas o casamento era defendido pelo ordenamento jurídico, e assim 1 “Comunhão de leito, estado de mancebia, ou seja, a companhia de cama sem aprovação legal”. PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e união estável. 7 ed. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 2004. p. 27. 2 RIEZO, Barbosa. Do Concubinato- Teoria, Legislação, Jurisprudência e Prática. São Paulo: Ed. Lexbook, 1998. p. 7. 3 Art. 233 - O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a colaboração da mulher, no interesse comum do casal e dos filhos. Código Civil de 1.916. 4 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. V. 5. Ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p.121. 11 mostrava sua serventia. Aqueles jovens que se apossaram das relações concubinárias e acabava extinguindo-a saiam prejudicados por não ter a mesma importância como o casamento. Contudo, por ser um número muito grande de pessoas que preferiam manter relações concubinárias ao invés de se casarem, ocorreu uma importância psicológica e emocional, onde estas relações eram aceitas pela sociedade, mas os doutrinadores não as aceitavam, pois não estava prevista no ordenamento jurídico e só se defendia o casamento indissolúvel. Eles não aceitavam pelo fato que não seria “justo” a companheira ter os mesmo direitos do cônjuge, e assim, seria desprezada a família legítima. Para Edgard de Moura Bittencourt, desembargador aposentado do Tribunal de Justiça de São Paulo, por mais que essa união concubinária não estava presente no ordenamento jurídico à época, a mesma deveria ser aceita como família, devendo ser reconhecida como família natural. A união livre pode por isso acarretar, em várias conjunturas, a existência de verdadeira família. A subordinação da mulher e dos filhos, por vezes até dos netos, ao homem que, por esta ou aquela razão, não quis ou não pôde formar sua prole com base matrimonial, vai aos poucos constituindo um agrupamento nas mesmas condições com que o casamento gera a família legal. Esta é a razão por que se pode falar na existência de uma família natural, de modo que não a desconheça o direito 5 . Houve uma evolução no direito de família, onde o STF- Supremo Tribunal Federal constituiu uma súmula em 1964 para preservar o patrimônio entre os conviventes (Súmula 380) e foi além, que se houvesse a extinção desta relação, dependendo de cada caso, a concubina teria direito a indenização por serviços domésticos prestados ao seu companheiro. A posição humana e construtiva do Tribunal de Justiça de São Paulo acabou estendendo-se aos demais tribunais do País, formando uma jurisprudência que acabou adotada pelo Supremo Tribunal Federal, no sentido de que a ruptura de uma ligação more uxório duradoura gerava consequências de ordem patrimonial 6 . Com a nova Constituição Federal de 1988, em seu Capítulo VIII, Seção III, Título VIII, declinou normas de proteção à família, trazendo esta evolução para dentro das normas brasileiras, alterando assim a nomenclatura de concubinato puro para união estável, recebendo o mesmo status do casamento, e obtendo proteção estatal. Com a vinda da união estável, criou-se a Lei nº 8.971, de 29 de dezembro de 1994, onde os companheiros deveriam estar juntos há mais de cinco anos, devendo ser comprovada esta relação, para que assim, se ocorresse o falecimento de um dos companheiros ou se a 5 BITTENCOURT, Edgard de Moura. O Concubinato no Direito. 2 ed. Rio de Janeiro: Ed. Jurídica e Universitária, 1969. p.42. 6 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Volume VI: Direito de Família. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p.532. 12 relação se extinguisse, o companheiro receberia a parte que teria direito. Emseguida, a Lei n° 9.278 de 10 de maio de 1996, instituiu aos companheiros direitos e deveres, além de sua relação ser reconhecida como entidade familiar. Além do concubinato puro, há também o concubinato impuro, ou seja, àquele vindo de uma relação entre um homem e uma mulher, ao contrário das condições do casamento, visto como impedimento matrimonial. O novo Código Civil de 2002 trata de concubinato impuro no artigo 1521 e artigo 1727, não conhecendo estas relações como entidade familiar. Por se tratar de relação não eventual, há certa diferença entre o concubinato impuro, união estável e o casamento. Concubinato impuro é a forma de impedimento para o matrimônio, seja como casamento ou união estável, onde este, analisado pelo Código Civil é tido como relação impedida, que não deveria acontecer. Porém, há uma modalidade de concubinato impuro que necessita de debate, sendo este o concubinato adulterino, caracterizado pelo art. 1727, onde descreve esta relação como não eventual entre o homem e a mulher, impedidos de se casar. Edgard de Moura Bittencourt, no ano de 1969, já definia seu conceito: “É simples fixar-se o conceito de tal união. A ideia de concubinos, presos a outra pessoa por laços matrimoniais válidos, acarretaria a adulterinidade da união livre entre eles”7. Concubinato corresponde às relações não eventuais entre homem e mulher impedidos de se casarem ou constituírem união estável. O que antigamente era chamando de concubinato puro, com a entrada em vigor do Código Reale passou a ser referido como união estável. O antigo concubinato impuro corresponde à mancebia 8 . Fábio Ulhoa Coelho traz ainda que todas as formas inferiores ao casamento eram consideradas relações concubinárias. Uma delas é a relação concubinária adulterina, que sempre existiu, mas que nunca foi defendido. Hoje, concubinato é visto apenas para relações impuras. Desde a entrada em vigor do Código Reale, a expressão “concubinato” deve ser reservada exclusivamente às relações como tal conceituadas pela lei. O que antes era chamado de “concubinato puro”, hoje se chama “união estável”9. Advirta-se, de início, que, contemplada a terminologia união estável e companheiros na legislação mais recente, a nova legislação colocou os termos concubinato e concubinos na posição de uniões de segunda classe, ou aquelas para as quais há impedimentos para o casamento 10 . 7 BITTENCOURT, Edgard de Moura. O Concubinato no Direito. 2 ed. Rio de Janeiro: ed. Jurídica e Universitária, 1969. p. 249. 8 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. V. 5. São Paulo: Saraiva, 2006. p.136. 9 Ob. Cit. p.135. 10 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direto Civil: Direito de Família. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2009. p.37. 13 O C.C de 2002 juntamente com a Constituição Federal de 1988, determina princípios para a proteção legal da família, primeiramente, o princípio da dignidade da pessoa humana, visando à grande preocupação em preservar a entidade familiar. Outros princípios básicos que recaem sobre as relações familiares são: - Princípio da igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges; - Da paternidade responsável; - Do melhor interesse da criança e do adolescente; - Direitos e deveres inerentes à família; - Igualdade entre os filhos. Porém, nem sempre família é sinônimo de casamento e/ou união estável. Há aqueles denominados “filhos ilegítimos”, ou seja, filhos concebidos em uma relação extraconjugal, não recebendo mais tal denominação de acordo com o principio da paternidade responsável. Além disso, os filhos gerados por relacionamento fora do casamento, e os concebidos durante a relação conjugal ou união estável, são igualitariamente protegidos pelo princípio da igualdade entre os filhos. Assim, não há distinção entre os mesmos. Mas nem sempre foi assim. No Código Civil de 1916, não podia reconhecer o filho espúrio, ou seja, o nascimento de uma criança por meio de uma relação adulterina. “Os filhos naturais simples podem ser reconhecidos. Não assim os espúrios”11. Só poderia reconhecer a criança, após a dissolução do casamento, por meio de desquite ou por morte do cônjuge. Assim, os filhos adulterinos seriam reconhecidos quando: a. Os que descendam de homem casado, que fique viúvo ou venha a falecer antes da morte do filho; b. Os que descendam de mulher casada, que fique viúva ou venha a falecer antes da morte do filho, desde que a legitimidade deste, decorrente da presunção legal, seja excluída por sentença judicial; c. Os que descendam de homem casado por matrimônio nulo, por êle [sic] contraído de boa-fé; d. Os que descendam de mulher casado por matrimônio nulo, por ela contraído de boa-fé, desde que a adulterinidade do filho seja proclamada na sentença proferida na ação de contestação de legitimidade, pelo marido proposta; e. Os que descendam de homem casado por matrimônio anulável; f. Os que descendam de mulher casada por matrimônio anulável, desde que, na constância deste, o marido tenha contestado a paternidade; g. Os que descendam de homem casado que se desquitou; h. Os que descendam de mulher casada que se desquitou, desde que o marido tenha contestado a legitimidade do filho, elidiondo a presunção legal da paternidade legítima; e 11 BITTENCOURT, Edgard de Moura. O Concubinato no Direito. 2 ed. Rio de Janeiro: ed. Jurídica e Universitária, 1969. p.15. 14 i. Os que tenham nascido depois da morte de um dos cônjuges ou de decretada a nulidade ou anulação do casamento, ou o desquite, mas que tenham sido concebidos anteriormente 12 . Não deve ser defendido o concubinato apenas pelo simples fato de se gerar filhos durante a relação, mas também pelo fato de constituir patrimônio em conjunto pelos concubinos. Alguns tribunais reconhecem que, em alguns casos, o (a) concubino (a) poderá ter direito a partilha dos bens de seu convivente, visando à proteção das relações patrimoniais. Diante disso, deverá ser analisado cada caso concreto. 12 BITTENCOURT, Edgard de Moura. O Concubinato no Direito. 2 ed. Rio de Janeiro: ed. Jurídica e Universitária, 1969. p.22. 3 DIFERENÇA DE CASAMENTO, UNIÃO ESTÁVEL E CONCUBINATO IMPURO Conforme dispõe o artigo 1.511 do Código Civil vigente no país, “o casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges”. Assim, o casamento é um contrato bilateral realizado entre um homem e uma mulher com o intuito de constituir uma família, amparada pelo Estado 13 . O casamento é descrito pela Lei n° 10.406 de 10 de janeiro de 2002, conhecido como Código Civil Brasileiro, em seu Livro IV, Título I, Subtítulo I, nos artigos 1.511 ao 1.590, trazendo assim os direitos e obrigações existentes entre os cônjuges. A união estável, conhecida também como união de fato, prevista no artigo 1.723 14 do mesmo Código, trata-se de relação entre homem e mulher duradoura e pública com o simples objetivo de constituição de família, como no caso do casamento. A diferença entre os dois dispositivos são as suas formalidades. O casamento ocorre por meio de instituição ou contrato, ou seja, ato formal que possui efeito jurídico imediato, onde ambos os cônjuges possuem obrigações e direitos do que foi pactuado, já a união estável não possui tal preceito e necessita apenas que a relação seja continua e notória perante a sociedade, onde o C.C de 2002 demonstra não haver prazo determinado para que ocorra esta relação. Muito tem se falado sobre a natureza do matrimônio.Parte-se, de início, do estudo de se considerar uma instituição ou contrato 15 . Apontam-se como primeiros elementos impostos para a formação da união estável: a convivência pública, contínua e duradoura de um homem e uma mulher; e o objetivo de constituição de família 16 . Além disso, a união estável pode advir de uma relação homoafetiva, ou seja, casais do mesmo sexo, conforme disposto na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n° 4277 e Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n° 132, julgado e reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal- STF, no qual a união entre casais homoafetivos foi equiparada à união estável e reconhecida como entidade familiar, obtendo os mesmos direitos e deveres de casais heterossexuais, in verbis: 13 Art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Constituição Federal de 1988. 14 Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Código Civil de 2002. 15 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 7 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009. p. 21 16 Ob. Cit. p.912. 16 RE 477554 / MG - MINAS GERAIS RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator(a): Min. CELSO DE MELLO Julgamento: 01/07/2011 Publicação DJe-148 DIVULG 02/08/2011 PUBLIC 03/08/2011 RT v. 100, n. 912, 2011, p. 575-588 Partes ADV.(A/S) : EDITH CRISTINA ALVES DEMIAN ADV.(A/S) : ALEXANDRE VALADARES PASSOS ADV.(A/S) : NOÉ ALEXANDRE DE MELO RECDO.(A/S) : CARMEM MELLO DE AQUINO NETTA REPRESENTADA POR ELIZABETH ALVES CABRAL RECDO.(A/S) : INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO ESTADO DE MINAS GERAIS - IPSEMG RECTE.(S) : EDSON VANDER DE SOUZA Decisão EMENTA: UNIÃO CIVIL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO. ALTA RELEVÂNCIA SOCIAL E JURÍDICO-CONSTITUCIONAL DA QUESTÃO PERTINENTE ÀS UNIÕES HOMOAFETIVAS. LEGITIMIDADE CONSTITUCIONAL DO RECONHECIMENTO E QUALIFICAÇÃO DA UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA COMO ENTIDADE FAMILIAR: POSIÇÃO CONSAGRADA NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (ADPF 132/RJ E ADI 4.277/DF). O AFETO COMO VALOR JURÍDICO IMPREGNADO DE NATUREZA CONSTITUCIONAL: A VALORIZAÇÃO DESSE NOVO PARADIGMA COMO NÚCLEO CONFORMADOR DO CONCEITO DE FAMÍLIA. O DIREITO À BUSCA DA FELICIDADE, VERDADEIRO POSTULADO CONSTITUCIONAL IMPLÍCITO E EXPRESSÃO DE UMA IDÉIA-FORÇA QUE DERIVA DO PRINCÍPIO DA ESSENCIAL DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. PRINCÍPIOS DE YOGYAKARTA (2006): DIREITO DE QUALQUER PESSOA DE CONSTITUIR FAMÍLIA, INDEPENDENTEMENTE DE SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL OU IDENTIDADE DE GÊNERO. DIREITO DO COMPANHEIRO, NA UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA, À PERCEPÇÃO DO BENEFÍCIO DA PENSÃO POR MORTE DE SEU PARCEIRO, DESDE QUE OBSERVADOS OS REQUISITOS DO ART. 1.723 DO CÓDIGO CIVIL. O ART. 226, § 3º, DA LEI FUNDAMENTAL CONSTITUI TÍPICA NORMA DE INCLUSÃO. A FUNÇÃO CONTRAMAJORITÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO. A PROTEÇÃO DAS MINORIAS ANALISADA NA PERSPECTIVA DE UMA CONCEPÇÃO MATERIAL DE DEMOCRACIA CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E PROVIDO 17 . A CF/88 ainda defende como entidade familiar as relações formadas pelos ascendentes, seja a mãe ou o pai, juntamente com seus descendentes 18 . Assim, pode-se verificar que há várias formas de reconhecimento de entidade familiar, menos o concubinato. Existem duas formas de concubinato: o puro e o impuro. O concubinato visto como puro é aquele que advém de relação onde os conviventes são solteiros, viúvos, divorciados ou 17 Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28RE%24%2ESCLA%2E+E+477554 %2ENUME%2E%29&base=basePresidencia&url=http://tinyurl.com/d4woyu3>. Acessado em: 25 jul. 2013 às 10h43min. 18 Art 226,§ 4º- Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes. CF/88. 17 desimpedidos para manter um relacionamento, podendo ser denominado como união estável. Já o concubinato impuro, é a relação tida como impedida, subdividindo-se em: Concubinato incestuoso: caracterizado no art. 1521 do Código Civil de 2002, incisos I ao V e inciso VII, ou seja, é o vínculo afetivo entre ascendentes e descendentes, os afins em linha reta (parentes que adquirimos através da comunhão conjugal, ou seja, parentes do cônjuge ou companheiro, como exemplo o sogro e sogra), adotante e o cônjuge que o adotou, ou o adotado com o filho do adotante, pois são consideradas como irmãos por afinidade. Também são tidas como impedidas as relações afetivas entre irmãos, unilaterais (irmãos do mesmo pai ou da mesma mãe) ou bilaterais (irmãos por parte de pai e de mãe), e os demais colaterais até o terceiro grau (estes podem ser, além dos irmãos, os tios, sobrinhos e primos), e o cônjuge sobrevivente não pode se relacionar com o individuo que cometeu homicídio ou tentativa deste mesmo ato contra seu companheiro ou cônjuge, conforme demonstra o próprio artigo. Art. 1.521. Não podem casar: I - os ascendentes com os descendentes seja o parentesco natural ou civil; II - os afins em linha reta; III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante; IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau inclusive; V - o adotado com o filho do adotante; VI - as pessoas casadas; VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. O doutrinador Caio Mário da Silva Pereira explica que para não confundir o termo concubinato puro com impuro, o legislador decidiu através das normas (C.C 2002) discriminar a união estável de uma relação concubinária: Pretendeu o legislador distinguir a união estável de concubinato. Quis, distinguir o relacionamento estável que atenda os requisitos do art. 1.723, do concubinato identificado como ‘impuro’, ou seja, ‘adulterino, incestuoso ou desleal’, como respectivamente, o de um homem casado, que tenha, paralelamente ao seu lar, outro de fato; o de um pai com sua filha; e o de um concubino formando um outro concubinato 19 . Estes impedimentos matrimoniais ora citados são questões que não necessitam de debate, pois afeta os costumes e a nossa cultura social que não defende o incesto. Além disso, existe a questão genética, onde os filhos advindos desta relação podem nascer com defeitos genéticos. 19 PEREIRA. Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil - Direito de Família - Volume V. 18 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 577. 18 O inciso VI deste mesmo artigo (art. 1521, C.C) demonstra que as pessoas já casadas não podem contrair novamente casamento nem mesmo união estável. Essa relação extramatrimonial é conhecida como concubinato adulterino ou desonesto, quando um ou ambos os concubinos já são casados ou vivem em união estável, e não há nenhuma proteção do Estado para relação concubinária, não sendo reconhecido como entidade familiar. Há uma jurisprudência do STJ- Superior Tribunal de Justiça que explica a diferença entre os termos companheira e concubina, in verbis: (REsp 532.549/RS, Rel. Min. CASTRO FILHO , TERCEIRA TURMA, DJ de 20/06/2005) DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SEGURO. CONSIGNAÇAO EM PAGAMENTO. PRÊMIO. ARTIGOS 1.177 E 1.474 DO CÓDIGO CIVIL DE 1916. VEDAÇAO. Há distinção doutrináriaentre "companheira "e" concubina". Companheira é a mulher que vive, em união estável, com homem desimpedido para o casamento ou, pelo menos, separado judicialmente, ou de fato, há mais de dois anos, apresentando-se à sociedade como se com ele casada fosse. Concubina é a mulher que se une, clandestinamente ou não, a homem comprometido, legalmente impedido de se casar. Na condição de concubina, não pode a mulher ser designada como segurada pelo cônjuge adúltero, na inteligência dos artigos 1.177 e 1.474 do Cód. Civil de 1916. Precedentes. Recurso especial provido por unanimidade 20 . Defende Irineu Antônio Pedrotti que estas relações impedidas são relações livres, onde ambas as partes sabem que existe impedimento para manter uma união, mas não se importam. A união livre e pura pode se verificar quando pessoas não se encontrem impedidas para o casamento, v.g. solteiros, viúvos, separados, divorciados. A união livre e não pura pode se dar quando existir obstáculo matrimonial para um ou ambos dos interessados 21 . Carlos Roberto Gonçalves, não configura o concubinato incestuoso como uma forma de concubinato. Este tipo é visto apenas como incesto, não sendo necessário falar deste por afetar os costumes da sociedade brasileira. Desta forma concubinato é tido apenas como adulterino ou desonesto, onde os concubinos já mantêm outra relação, seja o casamento ou união estável. Então sempre que se falar em concubinato, terá em vista relação extraconjugal conhecida como concubinato adulterino, onde esta é merecedora de debate. Também começou a ser utilizada a expressão “concubinato impuro”, para fazer referência ao adulterino, envolvendo pessoa casada em ligação amorosa com terceiro, ou para apontar os que mantêm mais de uma união de fato 22 . 20 Disponível em: <http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21084400/recurso-especial-resp-973553-mg-2007- 0179376-5-stj/relatorio-e-voto-21084402>. Acessado em: 01 out. 2013 às 17h49min. 21 PEDROTTI, Irineu Antônio. Concubinato União Estável. 5. ed. São Paulo: Leud, 2002. p. 5. 22 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, volume VI: Direito de Família. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p.533. 19 A expressão “concubinato” é hoje utilizada para designar o relacionamento amoroso envolvendo pessoas casadas, que infringem o dever de fidelidade, também conhecido como adulterino 23 . Além de estabelecido no art. 1521 no inciso VI, o concubinato adulterino está previsto no art. 1727 24 , onde demonstra que concubinato advém de uma relação impedida entre homem e mulher, afetando a fidelidade recíproca 25 . Não deve ser confundido concubinato adulterino com bigamia. A bigamia é considerada crime na espera penal, prevista no art. 235 do Código Penal vigente 26 , onde o cônjuge já casado contrai novo casamento com outro indivíduo. O concubinato é a relação extraconjugal entre os concubinos, não se falando em outro casamento. A bigamia só se ajusta ao cônjuge, não sendo aplicado ao companheiro advindo de união estável, pois o “caput” do artigo (art. 235- CP) é claro reconhecendo apenas o indivíduo casado que assumi outro casamento, conforme o doutrinador Guilherme de Souza Nucci explica: A Constituição Federal reconhece a união estável como entidade familiar, para efeito de proteção do Estado, o que não significa que se formem, a partir daí, os laços matrimoniais (art. 226, § 3º, CF). Portanto, o crime de bigamia somente se dá quando o agente, já sendo casado, contrai novo casamento, não sendo suficiente a união estável 27 . Para o doutrinador Arnaldo Rizzardo, concubinato é “a união quando há impedimento para o matrimônio. Desde que se dê a união prolongada, ou a convivência constante, infringindo as disposições que impedem o casamento, transforma-se em adulterina ou espúria a união, formando o concubinato” 28. Fábio Ulhoa Coelho entende que concubinato é visto como uma união livre, onde se caracteriza por três elementos: “diversidade de sexo dos parceiros, existência de impedimento matrimonial ou para a formação de união estável e intenção de criar família” 29, ou seja, não há outro casamento, mas sim uma união extraconjugal de esfera civil, não advindo de pena aos concubinos. 23 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, volume VI: Direito de Família. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p.533. 24 Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. Código Civil 2002. 25 Um dos deveres dos cônjuges. Identificada no Art. nº 1.566, inciso I, do Código Civil. 26 Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Código Penal. 27 NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 5.ed. São Paulo: Ed Revista dos Tribunais. 2005. p. 839. 28 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense. 2009. p. 917. 29 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. V. 5. São Paulo: Saraiva. 2006. p. 138. 20 Diante disso, Maria Berenice Dias demonstra que a sociedade evolui, e que existem outras formas de relacionamentos sem ser o casamento e a união estável, devendo ser visto, como mais importante o sentimento dos indivíduos. E vai além, que se essas outras formas de relacionamento são vistas como entidade familiar, porque não também o concubinato. As pessoas passaram a viver em uma sociedade mais tolerante e, por se sentirem mais livres, buscam a realização do sonho pessoal sem se sentirem premidas a ficar dentro de estruturas pré-estabelecidas e engessadoras. Ocorreu uma verdadeira democratização dos sentimentos, na qual o respeito mútuo e a liberdade individual foram preservados. Nem mais o convívio sob o mesmo teto é exigido para o reconhecimento de uma entidade familiar, bastando para sua configuração um projeto de vida comum 30 . Ocorre que, o concubinato adulterino não surgiu no Século XXI, ele já vem de tempos atrás, e o seu debate, dependendo do caso concreto, é aceito pelos tribunais. Desta forma, as leis brasileiras devem acompanhar a sociedade e evoluir seus conceitos, devendo rever os seus efeitos jurídicos. Concubinato houve em todos os tempos e em todas as civilizações, repercutindo necessariamente na vida jurídica. Se nos ativermos apenas ao nosso Direito, vamos encontrar no Código Filipino disposições que se lhe referiam, para condená-lo, impondo severas punições às “barreganices” de nobres e peões 31. Quando falamos da omissão do legislador envolvemos um aspecto relevante que engloba não só o Código Civil mais a Constituição, com o país que temos hoje de fácil acesso e modificação das leis, já era de tempo do legislador acrescentar os efeitos jurídicos do concubinato 32 . Desta forma, devem-se criar normas ao concubinato, além de instituir seus efeitos jurídicos e identificar esta modalidade de relacionamento, mesmo ela sendo extraconjugal, como entidade familiar, para poder assim ser caracterizado como família. 30 DIAS, Maria Berenice. Adultério, bigamia e união estável: Realidade e Responsabilidade. Disponível em: <http://www.mariaberenice.com.br/uploads/4_-_adult%E9rio%2C_bigamia_e_uni%E3o_est%E1vel_- _realidade_e_responsabilidade.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2013 às 15h30min. 31 PEREIRA. Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil- Direito de Família - Volume V. 18 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010. p. 577. 32 SOARES, Nataliane Oliveira;FREIRE JÚNIOR, Aluer Baptista. O concubinato e uma perspectiva de inclusão constitucional. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 109, fev 2013. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12764>. Acessado em: 11 set. 2013 às 14h45min. 4 CONCUBINATO ADULTERINO- FAMÍLIA MODERNA O que mais se vê nos dias modernos são indivíduos casados, que possui outra família, independente de que haja filhos ou não, onde construiu certo patrimônio com sua concubina, e que entre eles exista afeição recíproca. A CF/88 dita o conceito de entidade familiar como base familiar que possui proteção do Estado 33 . Porém, a restringe apenas para o casamento, a união estável entre um homem e uma mulher 34 , ou a família formada apenas entre pais e seus descendentes. Além disso, deve ser defendido o princípio do pluralismo familiar, sendo reconhecido pelo Estado de que há mutação no âmbito familiar, existindo assim outras modalidades de famílias. Discriminado este princípio, a Constituição Federal prevê e defende estas modificações familiares, e ainda as classificam como entidades familiares. Desta forma há de se analisar como entidade familiar relações que possuem a afeição entre os indivíduos, e não se taxar apenas a estas relações trazidas pela Constituição Federal, pois não é a Legislação que dita às várias formas de famílias do cotidiano. O Direito de família é uma modalidade onde se acompanha as mudanças da sociedade. Ocorreu uma evolução em seu conceito, onde família era sinônimo de casamento e nenhum modo mais. Hoje, família é sinônimo de pluralidade familiar, aceitando várias formas de famílias como: avós com seus netos, pai ou mãe com seus filhos, duas mulheres ou dois homens que adotam uma criança. Na verdade, surge uma nova concepção de família quando tratamos de concubinato, por conseguinte, afeta o Direto de Família, que, aliás, vem sofrendo inúmeras transformações com isso nas últimas décadas. Antes, as características da família eram preservadas, mas hoje com as transformações, foram modificadas, a partir das alterações havidas no meio social. O antigo conceito de família fora dissolvido, e passa a adotar um conceito moderno e diferente, mais amplo e adequado à realidade social, bem como à dinamicidade das relações hoje presenciadas 35 . A família é considerada a célula, a base fundamental da sociedade. Sua existência é, por isso, secular. Talvez, ela possa ser considerada uma das formações mais antigas. Por outro lado- o que parece um contrassenso- também é possível afirmar ser ela aonde plenamente atual. Transcorridas diferentes épocas, a família persistiu. E, assim, exatamente por acompanhar o desenvolvimento social, a família vai se adequando a ele conforme necessário. Em cada momento histórico, novas 33 Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Constituição Federal de 1988. 34 Não se deve esquecer a decisão do STF reconhecendo relações homoafetivas como entidade familiar. 35 SOARES, Nataliane Oliveira; FREIRE JÚNIOR, Aluer Baptista. O concubinato e uma perspectiva de inclusão constitucional. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 109, fev 2013. Disponível em: <http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12764>. Acessado em: 11 set. 2013 às 14h45min. 22 necessidades, novos interesses e, consequentemente, uma peculiar estruturação familiar 36 . Se todas essas modalidades de família são protegidas pelo Estado, por que não o concubinato adulterino. Hoje, podemos dizer que a sociedade “aceita” essas relações extraconjugais, mas a legislação ainda não. Maria Berenice Dias, jurista brasileira, especializada em Direito de Família, demonstra tamanha frieza em que a legislação brasileira lida com o concubinato. A lei emprestava juridicidade apenas à família constituída pelo casamento, vedando quaisquer direito às relações nominadas de adulterinas ou concubinárias. Apenas a família legítima existia juridicamente. A filiação estava condicionada ao estado civil dos pais, só merecendo reconhecimento a prole nascida dentro do casamento 37 . A palavra concubinato carrega consigo o estigma de relacionamento alvo do preconceito. Historicamente, sempre traduziu relação escusa e pecaminosa, quase uma depreciação moral. Pela primeira vez, este vocábulo consta de um texto legislativo (CC 1.727), com a preocupação de diferenciar o concubinato da união estável. Mas não é feliz. Certamente, a intenção era estabelecer uma distinção entre união estável e família paralela, chamada doutrinamente de concubinato adulterino, mas para isso faltou coragem ao legislador 38 . Para a autora, o concubinato deve ser visto como família moderna, onde o C.C apenas se alimenta de seu conceito, não trazendo nenhum dispositivo sobre seus efeitos jurídicos. “Nesse panorama não mais cabe deixar de extrair efeitos jurídicos de um fato que existe, sempre existiu, mas que a justiça se nega a reconhecer: vínculos afetivos mantidos de forma concomitante” 39. Verifica-se que a realidade do mundo moderno é outro do que defende a Constituição de 1988 e o Código Civil Brasileiro de 2002, ou seja, a nova realidade demonstra que as uniões ilegítimas são comuns a cada dia, surgindo com grande efetivação por um simples sentimento: AFEIÇÃO. É o que defende Fábio Ulhoa Coelho, onde o que realmente importa são o amor e a afeição entre os concubinos, e que estes se unem para construir um patrimônio, e, além disso, estabilizar uma família. De pouco adianta a lei proclamar de forma peremptória que determinadas pessoas não podem constituir famílias se elas, movidas pelos seus sentimentos e interesses, acabam se unindo familiarmente. Essas uniões livres não deviam ser ignoradas pelo Direito, porque seus membros merecem a mesma atenção e proteção dispensadas às demais entidades familiares 40 . 36 ALMEIDA, Renata Barbosa de; RODRIGUES JÚNIOR, Walsir Edson. Direito Civil: Famílias. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. p.1. 37 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito de Famílias. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 46. 38 Ob. Cit. p. 163. 39 DIAS, Maria Berenice. Adultério, bigamia e união estável: Realidade e Responsabilidade. Disponível em: <http://www.mariaberenice.com.br/uploads/4_-_adult%E9rio%2C_bigamia_e_uni%E3o_est%E1vel_- _realidade_e_responsabilidade.pdf>. Acessado em: 25 jul. 2013 às 15h30min. 40 COELHO. Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil - Volume 5. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 137. 23 Porém, alguns tribunais criticam a visão do concubinato como entidade familiar, analisando sempre o ordenamento jurídico vigente e julgando o concubinato como forma de relacionamento extraconjugal, paralelo ao casamento e/ou união estável. Para esses tribunais, o concubinato não é matéria para o Direito de Família, não sendo aceito por atingir o sistema monogâmico, ou seja, o de manter uma relação com a mesma pessoa por certo período, e por tal motivo não é visto como entidade familiar. Apelação Cível Nº 70054412564, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 17/07/2013. Ementa: UNIÃO ESTÁVEL. PRESSUPOSTOS. AFFECTIO MARITALIS. COABITAÇÃO. PUBLICIDADE DA RELAÇÃO. PROVA. PRINCÍPIO DA MONOGOMIA 1. Não constitui união estável o relacionamento entretido sem a intenção clara de constituir um núcleo familiar. 2. A união estável assemelha-se a um casamento de fato e indica uma comunhão devida e de interesses, reclamando não apenas publicidade e estabilidade, mas, sobretudo, um nítido caráter familiar, evidenciado pela affectio maritalis. 3. Não é permitido, no nosso ordenamento jurídico, a coexistência de dois casamentos ou de uma união estável paralela ao casamento. 4. Constituiu concubinato adulterino a relação entretida pelo réu e pela autora, pois ele era casado. Inteligência do art. 1.727 do Código Civil. 5. Não comprovada a entidade familiar, nem que a autora tenha concorrido para aquisição de qualquer bem, a improcedência da ação se impõe. Recurso desprovido 41 . Apelação Cível 1.0625.09.097075-1/001- 0970751-06.2009.8.13.0625 (1). Data da publicação da súmula: 24/07/2013. Data de Julgamento: 16/07/2013. Relator(a): Des.(a) Armando Freire. EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - FAMÍLIA - UNIÃO ESTÁVEL - RECONHECIMENTO - IMPOSSIBILIDADE - AUSÊNCIA DE REQUISITO FÁTICO/LEGAL - INTENÇÃO DE CONSTITUIR FAMÍLIA - INOCORRÊNCIA - PROVAS TESTEMUNHAIS - ÔNUS DA PROVA - MANUTENÇÃO DA DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 226, §3º, reconhece a entidade familiar formada pela união estável entre homem e mulher, resguardando-lhe proteção jurídica. A garantia de incondicional tutela jurídica exige a reunião de requisitos legais, quais sejam: convivência contínua, pública, duradoura, com o objetivo de constituir família. Se o conjunto probatório não precisa que o relacionamento havido entre as partes se revestia dos requisitos descritos no artigo 1723, do atual Código Civil, inviável o reconhecimento da união estável 42 . O doutrinador Rodrigo da Cunha Pereira também entende que o concubinato não deve ser visto como família e nem aceito como entidade familiar, por afetar o sistema monogâmico. 41 Disponível em: <http://www.tjrs.jus.br/busca/?q=concubinato&tb=jurisnova&partialfields=tribunal%3ATribunal%2520de%252 0Justi%25C3%25A7a%2520do%2520RS.%28TipoDecisao%3Aac%25C3%25B3rd%25C3%25A3o%7CTipoDe cisao%3Amonocr%25C3%25A1tica%7CTipoDecisao%3Anull%29&requiredfields=&as_q=>. Acessado em: 26 ago. 2013 às 15h21min. 42 Disponível em: <http://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaPalavrasEspelhoAcordao.do?&numeroRegistro=2&totalLinhas =868&paginaNumero=2&linhasPorPagina=1&palavras=concubinato&pesquisarPor=ementa&pesquisaTesauro= true&orderByData=1&referenciaLegislativa=Clique%20na%20lupa%20para%20pesquisar%20as%20refer%EA ncias%20cadastradas...&pesquisaPalavras=Pesquisar&>. Acessado em: 26 ago. 2013 às 15h32min. 24 A amante, amásia- ou qualquer nomeação que se dê à pessoa que, paralelamente ao vínculo do casamento, mantém uma outra relação, uma segunda ou terceira...-, será sempre a outra, ou o outro, que não tem lugar oficial em uma sociedade monogâmica 43 . Explica Maria Berenice Dias que monogamia não deve ser tratada como princípio constitucional, pois a nossa Constituição atual defende os filhos havidos fora do casamento, além de contemplar o pluralismo familiar. Ainda que a lei recrimine de diversas formas quem descumpre o dever de fidelidade, não há como considerar a monogamia como princípio constitucional, até porque a Constituição não a contempla. Ao contrário, tanto tolera a traição, que não permite que os filhos se sujeitem a qualquer discriminação, mesmo quando se trata de prole nascida de relações adulterinas ou incestuosas 44 . Da mesma forma que alguns tribunais compreendem que deve seguir o Ordenamento Jurídico Vigente no país, outros já aplicam os costumes e suas mudanças, demonstrando que o Direito de Família deve evoluir constantemente. Processo: AI 200900010030196 PI, Relator: Des. José Ribamar Oliveira, Julgamento: 25/01/2011, Orgão Julgador: 2a. Câmara Especializada Cível. AGRAVO DE INSTRUMENTO -AÇAO DE ALIMENTOS CONCUBINATO - POSSIBILIDADE -HIPÓTESE CONFIGURADA. A admissão de outros modelos familiares que não o lastreado no casamento é resultado da alteração da base ideológica de sustentação da família. Procura-se hoje considerar a presença do vínculo afetivo e protetivo como fator determinante para a enumeração dos núcleos familiares. Admitida a afetividade como elemento essencial dos vínculos familiares, aqui vista também como a intenção de proteção mútua, resta saber até que ponto os relacionamentos humanos nos quais tal sentimento esteja presente podem vir a ser rotulados de família, sendo, consequentemente, abarcados pelas normas jurídicas que tutelam os indivíduos que a constituem. Nessa linha de raciocínio, o reconhecimento de direitos á alimentos decorrentes de concubinato impuro depende de uma série de requisitos que demonstrem cabalmente a existência de dois relacionamentos (casamento e concubinato) que em praticamente tudo se assemelhem, faltando ao segundo tão-somente o reconhecimento formal. Deve ser levado o efetivo "ânimo" de constituição de uma unidade familiar para fins de proteção mútua e estatal, com suas respectivas variáveis, tais como eventual dependência econômica, tempo de duração da união, existência de filhos, etc 45 . APELAÇÃO Cível Nº 000.254.214-0/00 - COMARCA DE ARAXÁ - APELANTE(S): LUIS CARLOS FERREIRA - APELADO(S): DILENA DALVA DE SÁ - RELATOR: EXMO. SR. DES. ANTONIO CARLOS CRUVINEL. EMENTA: CONCUBINATO ADMITIDO - PENSÃO ALIMENTÍCIA – NECESSIDADE COMPROVADA - ALIMENTOS DEVIDOS - CAPACIDADE DO PENSIONISTA - OBSERVÂNCIA. Tendo ficado demonstrado nos autos a necessidade da pensão alimentícia, em razão de concubinato por quase 20 anos, esta devida, tendo sido observado e respeitado o 43 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e união estável. 7 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. p. 66. 44 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. São Paulo, 2008. p. 60. 45 Tribunal de Justiça do Piauí - Agravo de Instrumento: AI 200900010030196 PI. Disponível em: <http://tj- pi.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/19077566/agravo-de-instrumento-ai-200900010030196-pi-tjpi>. Acessado em: 05 set. 2013 às 21h10min. 25 binômio capacidade e necessidade para fixação. Improvimento do recurso que se impõe 46 . Assim, o que estes tribunais estão tentando demonstrar é o sentimento de afeição entre os concubinos, que acabam adquirindo bens durante essa relação extraconjugal, e que possuem direitos à partilha desses bens, dependendo de cada caso concreto. 46 Acórdão nº 1.0000.00.254214-0/000(1) de TJMG. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, 13 de Maio de 2002. Disponível em: < http://br.vlex.com/vid/-41491814>. Acessado em: 11 set. 2013 às 08h32min. 5 CONCUBINATO ADULTERINO- DIREITO A PARTILHA DE BENS O termo partilha de bens significa a divisão (partilha) do patrimônio de um determinado casal. No casamento essa divisão pode ser escolhida entre os cônjuges através do regime de bens, sendo: - Comunhão parcial: Será dividido o patrimônio adquirido por ambos durante o casamento, sendo denominado de bem comum, onde não se confunde com o bem particular, ou seja, se um dos cônjuges antes do casamento tiver o seu próprio patrimônio, o mesmo não será partilhado com o outro cônjuge. Este regime é o mais apropriado, conforme o Código Civil 47 . Trata-se de regime que atende a certa lógica e dispõe de um componente ético: o que é meu é meu, o que é teu é teu e o que é nosso, metade de cada um. Assim, resta reservada a titularidade exclusiva dos bens particulares e garante a comunhão do que for adquirido duranteo casamento 48 . - Comunhão universal: Tanto os bens particulares, quanto o bem comum, tornam-se um só. Além da comunicação do patrimônio, ocorrerá a partilha das dívidas entre os cônjuges, com suas exceções conforme trata o art. 1667 do Código Civil de 2002 49. - Participação final nos aquestos: Consoante Maria Berenice Dias, “trata-se de regime misto, híbrido, que reclama pacto antenupcial. O regramento é exaustivo (CC 1.672 a 1.686) e tem normas de difícil entendimento” 50. Assim aquestos serão a partilha do bem próprio ou particular de cada cônjuge durante a existência do casamento e mais os bens adquiridos por eles durante o casamento. - Separação de bens: Através de pacto antenupcial, os cônjuges podem optar pela incomunicabilidade de seus bens, conforme art. 1687 51 e 1688 52 do C.C. - Separação obrigatória de bens: De acordo com o Código Civil, será obrigatória a separação de bens quando: Art. 1641, inciso I- quando o casamento se realiza contra a recomendação do legislador de que não devem casar; inciso II- pessoa maior de 70 anos; e inciso III- todos que dependerem de suprimento judicial. 47 Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância do casamento, com as exceções dos artigos seguintes. 48 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito de Famílias. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 218. 49 Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte. 50 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito de Famílias. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 225. 51 Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real. 52 Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial. 27 Maria Berenice Dias ainda explica que no caso da união estável, os conviventes estipulam o regime que desejam, sendo os mesmos do casamento. Da mesma forma do casamento, se não for estipulado nenhum regime será incidido o regime da comunhão parcial de bens. No casamento, os noivos têm [sic] a liberdade de escolher o regime de bens (CC 1.658 a 1.688). Por meio de pacto antinupcial, podem optar entre um dos regimes previamente definidos na lei ou estabelecer o que melhor lhes aprouver, desde que não haja afronta a disposição absoluta da lei (CC 1.655). Na união estável, os conviventes têm [sic] a faculdade de firmar contrato de convivência (CC 1.725), estipulando o que quiserem. Quedando-se em silêncio tanto os noivos (CC 1.640) como os conviventes (CC1.725), a escolha é feita pela lei: incide o regime da comunhão parcial de bens (CC 1.658 a 1.666) 53 . Porém, no caso do concubinato, por ser uma relação impedida, não existe nenhum regime de bens para configurá-la, pois afeta nosso sistema monogâmico. Alguns doutrinadores e jurisprudências aceitam que ocorra a partilha de bens adquiridos durante a relação extraconjugal. Desta forma, para ocorrer sua partilha, como demonstrado abaixo, os tribunais caracterizam concubinato como modalidade do Direito das obrigações, onde ambas as partem celebram um tipo de contrato, sendo denominado de Sociedade de fato. Processo: REsp 47103 SP 1994/0011553-9. Relator(a):Ministro EDUARDO RIBEIRO. Julgamento: 28/11/1994. Órgão Julgador:T3 - TERCEIRA TURMA Publicação:DJ 13.02.1995 p. 2237; LEXSTJ vol. 71 p. 247; REVJUR vol. 214 p. 48; RSTJ vol. 68 p. 368; RT vol. 719 p. 295; DJ 13.02.1995 p. 2237; LEXSTJ vol. 71 p. 247; REVJUR vol. 214 p. 48; RSTJ vol. 68 p. 368;RT vol. 719 p. 295. CONCUBINATO - SOCIEDADE DE FATO - HOMEM CASADO. A SOCIEDADE DE FATO MANTIDA COM A CONCUBINA REGE-SE PELO DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E NÃO PELO DE FAMÍLIA. INEXISTE IMPEDIMENTO A QUE O HOMEM CASADO, ALEM [sic] DA SOCIEDADE CONJUGAL, MANTENHA OUTRA, DE FATO OU DE DIREITO, COM TERCEIRO. NÃO HA COGITAR DE PRETENSA DUPLA MEAÇÃO. A CENSURABILIDADE DO ADULTERIO NÃO HAVERA DE CONDUZIR A QUE SE LOCUPLETE, COM O ESFORÇO ALHEIO, EXATAMENTE AQUELE QUE O PRATICA 54 . Este termo (sociedade de fato) está relacionado a uma sociedade conjugal de fato, ou seja, ocorre a informalidade da relação, onde não há contrato pactuado como o casamento e nem uma união estável, mas há uma relação duradoura e notória de fato, porém impedida, enquadrando-se no art. 981, C.C de 2002 55 . Para a formação de um fundo comum, em qualquer sociedade, com o fim de repartirem-se os ganhos e as perdas que resultarem se requer, como elemento essencial, a affectio societatis, isto é, o ânimo ou a intenção de formar uma 53 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito de Famílias. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p.170. 54 Disponível em: <http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/558553/recurso-especial-resp-47103>. Acessado em: 10 out. 2013 às 12h43min. 55 Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. 28 sociedade, que no direito romano se resumia na expressão animus contrahendo societatis. Destacam-se os seguintes elementos, de marcante presença: - A pluralidade de pessoas, que se unem para constituir patrimônio comum, ou um fundo geral pertencente aos componentes da sociedade. - Onerosidade, consistente na atuação para a obtenção de utilidades ou bens. - A comutatividade, revelada nos direitos e deveres mútuos para o desiderato da formação do patrimônio. - A constituição em vista da pessoa dos contratantes, ou a união intuitu personae . - A consensualidade, definido no mero consenso dos envolvidos na união, sem necessidade de instrumentalizar por escrito o intuito 56 . Desta maneira, para não prejudicar o sistema monogâmico, mas também para não deixar a (o) concubina (o) sem seus direitos a partilha de bens adquiridos durante aquela relação, o STF instaurou a Súmula 380 57 , de 1964, onde demonstrava que se existisse e sendo comprovada a sociedade de fato, através da dissolução judicial, deveria ser partilhado o patrimônio adquirido pelo esforço comum dos “sócios”. REsp 1.170.799-PB, julgado em 3/8/2010- Rel. originário Min. Massami Uyeda, Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi. SOCIEDADE DE FATO. ESFORÇO COMUM. Buscava-se o reconhecimento de sociedade de fato post mortem ao fundamento de que a autora agravada teve longo relacionamento amoroso com o falecido, apesar de ele manter, concomitantemente, casamento válido e preexistente com a agravante. Para tanto, a agravada alude que pretende simplesmente o reconhecimento da sociedade de fato e não, por meio disso, habilitar-se na partilha (que tramita em outra ação). Quanto a isso, é de rigor a aplicação do entendimento já consagrado na jurisprudência do STJ de que a inexistência de prova da aquisição de patrimônio pelo esforço comum é, por si só, suficiente para afastar a configuração da sociedade de fato, visto que tal comprovação é pressuposto para seu reconhecimento. No caso, não há prova de qualquer bem amealhado ao longo do concubinato e, se não há essa prova, quanto mais a comprovação da união de esforços ou colaboração mútua na aquisição de bens cuja existência se ignora. Esse entendimento,entre outros, foi acolhido pela maioria dos integrantes da Turma, enquanto o voto vencido aplicava à hipótese, por analogia, o óbice da Súm. n. 283-STF. Precedentes citados: REsp 1.097.581-GO, DJe 9/12/2009; AgRg no Ag 949-MG, DJ 18/12/1989; REsp 1.648- RJ, DJ 16/4/1990; REsp 45.886-SP, DJ 26/9/1994; REsp 147.098-DF, DJ 7/8/2000; REsp 214.819-RS, DJ 19/5/2003; REsp 486.027-SP, DJ 9/12/2003, e REsp 275.839- SP, DJe 23/10/2008. AgRg no REsp 1.170.799-PB 58 . Deve-se lembrar de que concubinato não se relaciona mais ao termo união estável, onde antes de ser protegida pela Constituição Federal de 1988, a união estável era considerado concubinato honesto e também se enquadrava a esta súmula do STF. Por haver a proteção legal da união estável através da CF/88 e do Código Civil de 2002, demonstrando suas formas de regimes para ocorrer à partilha, hoje esta súmula 380 do STF enquadra-se somente ao concubinato. 56 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p.918. 57 STS Súmula 380 - Comprovação - Existência de Sociedade de Fato - Cabimento - Dissolução Judicial - Partilha do Patrimônio Adquirido pelo Esforço Comum. Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum. 58 Disponível em: <http://nossodireito.wordpress.com/category/informativos-do-stj-comentados/>. Acessado em: 28 set. 2013 às 15h43min. 29 Mesmo que a relação com a ‘outra’ se assemelhe à união estável e constitua, em alguns casos, uma sociedade de fato, passível de partilhamento dos bens adquiridos pelo esforço comum direto, não se pode identificá-la com a união estável 59 . A proteção jurídico-constitucional recai sobre uniões matrimonializadas e relações convivenciais [sic] more uxorio que possam ser convertidas em casamento. Com isso, a união estável perde o status de sociedade de fato e ganha o de entidade familiar, logo não pode ser confundida com a união livre, pois nesta duas pessoas de sexos diferentes, além de não optarem pelo casamento, não têm qualquer intentio de constituir família, visto que, tão- somente, assumiram “relação aberta” ante a inexistência de compromisso (RT, 698:73) 60 . Maria Helena Diniz informa que existiu um projeto de lei onde apresentava uma modificação do art. 1727 do Código Civil, mas que o mesmo não foi aprovado: Reforçará tal idéia [sic] o Projeto de lei n. 6.960/2002 ao propor a seguinte modificação ao art. 1.727: “As relações não eventuais entre homem e mulher, impedidos de casar e que não estejam separados de fato, constituem concubinato, aplicando-se a este, mediante comprovação da existência de sociedade de fato, as regras do contrato de sociedade. Parágrafo único. As relações meramente afetivas e sexuais, entre homem e a mulher, não geram efeitos patrimoniais, nem assistenciais”. Mas o Parecer de Vicente Arruda não a aprova por entender que não acrescenta nenhum elemento novo ao conceito de concubinato, nem aos efeitos patrimoniais dele decorrentes 61 . Explica Maria Berenice Dias, que estas ações para partilhar patrimônio adquirido durante relação extraconjugal são mais frequentes pelas mulheres, e somente terá direito a receber sua parte se o concubinato adulterino for de boa-fé, ou seja, quando a (o) concubina (o) não sabia que seu convivente era casado ou vivia em união estável com outra pessoa. Como as mulheres são vítimas dessas uniões- pois só homens conseguem a façanha de manter duas famílias ao mesmo tempo-, invariavelmente são elas que propõem as ações. Outra estratégia para conseguirem obter alguma coisa é alegar que desconheciam o casamento ou a outra união estável mantida pelo parceiro. Só mediante esse fundamento (ou artifício!) é admitido o concubinato adulterino putativo de boa-fé. Reconhecida a existência de uma sociedade de fato, é determinada a partição patrimonial, mediante a prova da sua colaboração 62 . Contudo, alguns tribunais entendem que deve ser partilhado o patrimônio que a (o) concubina (o) indiretamente ou diretamente ajudou a construir, sendo direito seu receber sua parte com a dissolução da relação ou através do falecimento de seu convivente, mesmo este sabendo que seu concubino possuía outra relação conjugal. Processo: CR -1528972696 SP. Relator(a): Octavio Helene. Julgamento: 04/11/2008. Orgão Julgador: 10º Câmara de Direito Privado. Publicação: 01/12/2008. Sociedade de fato - Caracterização - Concubino casado e não separado de fato da mulher - Irrelevância - Reconhecimento - Contribuição indireta da companheira para 59 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e união estável. 7 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. p. 66. 60 DINIZ. Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 5. Direito de Família. 22 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 354. 61 DINIZ. Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 5. Direito de Família. 22 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. p. 371. 62 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito de Famílias. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 178. 30 a formação do patrimônio - Prova nesse sentido - Direito reconhecido - Sentença mantida - Recurso imprõvidò.[sic] "A jurisprudência do STJ acolhe entendimento no sentido de que, se a concubina, direta ou indiretamente, contribui para a formação do patrimônio, a este faz jus" (REsp. 120.335/RJ - Terceira Turma - Rei. Min. Waldemar Zveiter - dec. 21.05.98 - DJ 24.08.98, p. 71) 63 . Apelação Cível Nº 70029861663, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: José Ataídes Siqueira Trindade, Julgado em 02/07/2009. APELAÇÃO CÍVEL. UNIÃO ESTÁVEL PARALELA AO CASAMENTO. Se mesmo não estando separado de fato da esposa, vivia o réu em união estável com a autora/companheira, entidade familiar perfeitamente caracterizada nos autos, procede o reconhecimento da sua existência, mas com a declaração de que era concomitante ao casamento dele. Sobre os bens dos companheiros, sendo um casado, não há meação da autora, mas sim, devem ser divididos em três partes, cabendo à companheira uma das partes. Precedentes. Apelação parcialmente provida 64 . Processo: 202101-83.2005.8.09.0144. Origem: 5ª CAMARA CIVEL. Fonte: DJ 898 de 08/09/2011. Acordão: 18/08/2011. APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE SEPARAÇÃO DE SOCIEDADE DE FATO E DIVISÃO DE BENS. CONCUBINATO. SOCIEDADE DE FATO. BENS ADQUIRIDOS NA CONSTÂNCIA DA RELAÇÃO CONCUBIÁRIA. REPARTIÇÃO. 1. Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum. (STF, Súmula 380) 2. Diante do lastro probatório não comprovando as alegações do apelante de que os bens foram adquiridos anteriormente à relação concubinária com a outra parte, e de acordo com alegações testemunhais em sentido contrário, a medida que se impõe é a divisão em partes iguais do patrimônio. 3. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA MANTIDA 65 . Há uma sentença da 1ª Vara de Família de Cuiabá, que merece destaque. A juíza Amini Haddad Campos, julgou procedente o direito à partilha de bens durante uma relação concubinária de aproximadamente dezessete anos, e foi além, igualou esta relação com o casamento, conforme certos fragmentos impostos no anexo I 66 . Dessa forma, o que deve ser debatido não é aquela relação extraconjugal “infiel” onde vale apenas a atração física, mas sim, uma relação que, por mais que seja concubinária é uma união de afeto, ao ponto de confiare adquirir patrimônio em conjunto. E sendo assim, a (o) concubina (o) possui direito a receber sua parte daquele determinado patrimônio, mesmo não sendo reconhecida esta relação como entidade familiar. Assim se fará justiça. 63 Disponível em: <http://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2827713/apelacao-com-revisao-cr-2765994600- sp>. Acessado em: 10 out. 2013 às 13h40min. 64 Disponível em: <http://br.vlex.com/vid/-60149148>. Acessado em: 28 set. 2013 às 16 horas. 65 Disponível em: <http://www.tjgo.jus.br/jurisprudencia/showacord.php?nmfile=TJ_2021018320058090144%20_2011081820120 223_115624.PDF>. Acessado em: 02 out. 2013 às 15h37min. 66 Disponível em: <http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Direito/679791.html>. Acessado em: 10 set. 2013 às 14h26min. CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalhou versou sobre uma das modalidades de concubinato impuro: o concubinato adulterino, este tido como relação eventual entre um homem e uma mulher impedidos de se casar, conforme art.1.727 do Código Civil de 2002. Ocorre que, por mais que seja uma relação impedida, os concubinos podem se unir por se amarem e com isso, adquirir patrimônio em comum. Porém, o que se pode indagar é que os legisladores brasileiros não caracterizam os efeitos jurídicos desse tipo de relação, apenas a conceituaram. Dessa forma, alguns doutrinadores e tribunais caracterizaram concubinato como forma de família, demonstrar que o que realmente importa é o sentimento de afeição entre eles, da mesma forma que o casamento e a união estável. Contudo, nem todos os tribunais entendem que essa união é uma forma de família, onde para a maioria seu debate deve advir do Direito das Obrigações, sendo vista como forma de sociedade de fato. Diante do exposto, o que fica demonstrado é que mesmo a maioria dos tribunais não aceitar concubinato como entidade familiar, por afetar o sistema monogâmico, deve-se dividir o patrimônio existente entre eles em comum, por ser um direito de cada concubino, quando esta relação vier a se extinguir. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Renata Barbosa de; RODRIGUES JÚNIOR, Walsir Edson. Direito Civil: Famílias. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. BITTENCOURT, Edgard de Moura. O Concubinato no Direito. 1 V. 2 ed. Rio de Janeiro: Jurídica e Universitária, 1969. COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. V 5. São Paulo: Saraiva, 2006. DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito de Famílias. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 5. Direito de Família. 22 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Volume VI: Direito de Família. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2006. NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2005. PEDROTTI, Irineu Antônio. Concubinato União Estável. 5 ed. São Paulo: Leud, 2002. PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil- Direito de Família - Volume V. 18 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010. PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e união estável. 7 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. RIEZO, Barbosa. Do Concubinato - Teoria, Legislação, Jurisprudência e Prática. São Paulo: Lexbook, 1998. RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direto Civil: Direito de Família. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2009. BRASIL. Código Civil Brasileiro de 1916. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l3071.htm>. Acessado em: 08 set. 2013 às 22h42min. BRASIL. Código Civil Brasileiro de 2002. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406.htm>. Acessado em 22 jul. 2013 às 14h30min. BRASIL. Constituição Federal de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicaocompilado.htm>. Acessado em 10 ago. 2013 às 22h42min. 33 DIAS, Maria Berenice. Adultério, bigamia e união estável: Realidade e Responsabilidade. Disponível em: <http://www.mariaberenice.com.br/uploads/4_adult%E9rio%2C_bigamia_e_uni%E3o_est%E 1vel_-_realidade_e_responsabilidade.pdf>. Acesso em 25 jul. 2013 às 15h30min. SOARES, Nataliane Oliveira; FREIRE JÚNIOR, Aluer Baptista. O concubinato e uma perspectiva de inclusão constitucional. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 109, fev 2013. 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Menciona que a relação era pública, para tanto a autora carreou aos autos fotografias da convivência das partes em momentos do dia-a-dia (inclusive em igrejas), rodeados de familiares e amigos, bem como juntou recortes de jornal contendo
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