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FUPAC- FACULDADE PRESIDENTE ANTÔNIO CARLOS DE UBERABA 
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LARISSA TEIXEIRA BORGES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCUBINATO ADULTERINO - DIREITO A PARTILHA DE BENS. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
UBERABA- MG 
2013
 
 
LARISSA TEIXEIRA BORGES 
 
 
 
CONCUBINATO ADULTERINO- DIREITO A PARTILHA DE BENS. 
 
 
 
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao 
Curso de Direito da Faculdade Presidente 
Antonio Carlos de Uberaba – FUPAC, como 
requisito parcial para obtenção do título de 
bacharel em Direito. 
Orientadora: Prof(a). Me. Mônica Cecílio 
Rodrigues. 
 
 
 
 
UBERABA-MG 
2013
 
 
 
LARISSA TEIXEIRA BORGES 
 
CONCUBINATO ADULTERINO- DIREITO A PARTILHA DE BENS. 
 
 
 
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado 
ao Curso de Direito da Faculdade Presidente 
Antonio Carlos de Uberaba – FUPAC, como 
requisito parcial para obtenção do título de 
bacharel em Direito. 
 
 
 
Aprovada em _____/______/2013. 
 
 
______________________________________ 
Professor Orientador. 
Mônica Cecílio Rodrigues. 
 
_______________________________________ 
Professor Examinador. 
FUPAC- Faculdade Presidente Antônio Carlos de Uberaba/MG 
 
_____________________________________ 
Professor Examinador. 
FUPAC- Faculdade Presidente Antônio Carlos de Uberaba/MG
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
Agradeço sempre em primeiro lugar a Deus, pois sem fé não chegamos a lugar 
algum. Ao meu pai Genivaldo Martins Borges, por ser um bom homem. A minha madastra 
Ana Maria de Oliveira Vieira, por sempre me dar amor e carinho e ao meu padastro Amadeu 
Pinto Rodrigues Júnior por cuidar da minha mãe com muito afeto. 
Indo além, agradeço a minha avó materna Eduvirges por puxar minha orelha 
inúmeras vezes para sempre estudar, pois sem estudo não chegamos a lugar algum. Ao meu 
avô materno, Astolfo que, por mais que seja teimoso o amo com muito amor. A minha avó 
paterna Mercina Maria Borges (in memoriam) que hoje se encontra em um lugar melhor, mas 
que sinto falta diariamente amo a senhora querida vovó. 
Não poderia esquecer minha querida irmã Isadora Teixeira Borges, que sempre me 
deu muito trabalho, mas que sem ela não chegaria onde estou, pois com sua ajuda e 
dedicação, hoje posso dizer que me tornei Bacharel em Direito, curso o qual amo com muita 
paixão. A minha irmãzinha Ana Júlia Teixeira Pinto Rodrigues, muito levada por sinal, mas 
que é a fonte da alegria de minha família. 
Agradeço ao meu amigo Eder Paredes por sempre escutar meus desabafos e me dar 
bons conselhos. A minha amiga Ariane Bessa que sempre cuidou de mim, só tenho a lhe 
agradecer pela paciência e pelo carinho. Ao Marcos Vinicius, obrigada por estar comigo todos 
os dias, desde o primeiro dia de aula. Igor Carneiro, você se tornou um amigo muito especial, 
que sempre me ajudou a ver o melhor de mim. Esses são os membros do Grupo de Filosofia 
Germânica Teatral, grupo do qual tenho orgulho de dizer que faço parte, amo vocês e sentirei 
muita saudade desta nossa longa caminhada. 
Em especial, agradeço a minha mãe, minha vida, amiga, companheira, e além de 
tudo MÃE. Se não fosse por ela, nunca chegaria aonde cheguei. Nunca venceria nenhum 
obstáculo sem seus incentivos. Por tudo que já passei, só tenho a agradecer a você mãe, 
porque se não fosse por suas broncas, brigas, discussões, não seria quem sou hoje. Tenho 
orgulho da pessoa que me tornei, graças a você. O meu muito obrigado com todo meu amor.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tudo no mundo começou com um sim. 
Clarice Lispector.
 
 
RESUMO 
 
 
O presente trabalho versa sobre o concubinato adulterino, que sempre existiu em 
todos os tempos, mas é pouco debatido por nossos legisladores e juristas. Ocorre que, com 
grande frequência, os indivíduos que mantém relações concubinárias, acabam adquirindo 
certo patrimônio. Porém, nossos legisladores brasileiros apenas conceituam concubinato 
adulterino como uma relação impedida por ambos ou um dos indivíduos serem casados ou 
viverem em união estável, e não caracterizaram seus efeitos jurídicos. Desta maneira, será 
demonstrado que alguns doutrinadores e certos tribunais acreditam que o concubinato possui 
efeitos jurídicos, principalmente, com relação à partilha de bens adquiridos durante aquela 
relação impedida. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Palavras Chave: concubinato impuro, concubinato adulterino, relação impedida.
 
 
 
ABSTRACT 
 
 
This paper deals with the adulterous concubinage, which has always existed in all ages, but is 
rarely discussed by our legislators and jurists. That occurs with great frequency, individuals 
who maintains relations concubinárias end up acquiring certain assets. However, our 
Brazilian legislators only conceptualize concubinage adulterous relationship as an impeded 
by one or both of the individuals are married or living in a stable, and did not characterize 
their legal effects. Thus, it will be shown that certain courts and some scholars believe that 
cohabitation has legal effects, especially with respect to the division of property acquired 
during that relationship prevented. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Key words: impure cohabitation, concubinage adulterous, relationship prevented.
 
 
 
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS 
 
 
CF/88 - Constituição Federal de 1988 
C.C - Código Civil 
STF - Supremo Tribunal Federal 
STJ - Superior Tribunal de Justiça 
Art. – Artigo 
C.P- Código Penal 
 
 
SUMÁRIO 
 
 
 INTRODUÇÃO................................................................................................................ 9 
2 CONCUBINATO E SUA PARTE HISTÓRICA NO BRASIL...................................10 
3 DIFERENÇA DE CASAMENTO, UNIÃO ESTÁVEL E CONCUBINATO 
IMPURO.......................................................................................................................... 15 
4 CONCUBINATO ADULTERINO - FAMÍLIA MODERNA..................................... 21 
5 CONCUBINATO ADULTERINO - DIREITO A PARTILHA DE BENS............... 26 
 CONSIDERAÇÕES FINAIS......................................................................................... 31 
 REFERENCIAS.............................................................................................................. 32 
 ANEXO I.......................................................................................................................... 35
 
 
INTRODUÇÃO 
 
O presente trabalho versa sobre concubinato adulterino, sendo este uma relação entre 
homem e mulher impedidos de se envolverem. Por ser uma relação impedida, nossos 
legisladores não caracterizaram seus efeitos jurídicos. 
Ocorre que, esse tipo de relação não é recente, são relações desde a época de Roma 
antiga, e nunca foi protegido. Nossa sociedade evoluiu e nossos juristas também. Defendem 
certos doutrinadores que, nossa sociedade deixou o preconceito de lado e acolheu certas 
formas de famílias tais como relações entre homossexuais. Assim, já que concordaram com 
essa evolução, porque não acolher o concubinato adulterino tambémcomo família. 
É isto que os doutrinadores estão fazendo recentemente: defendendo o concubinato 
como uma forma de família moderna, e indo além, se esta relação vier a se extinguir deve ser 
dividido o patrimônio (quando existir) adquirido pelos concubinos durante sua união. 
O primeiro capítulo mostra toda a evolução do concubinato no Brasil, tanto o puro 
quanto o impuro, e a evolução de nossa sociedade com a vinda da Constituição Federal de 
1988, que aceita várias formas de entidades familiares. 
Nosso segundo capítulo já demonstra a diferença de casamento, união estável 
(concubinato puro) e concubinato impuro e suas subdivisões, debatendo-se apenas sobre 
concubinato adulterino, uma de suas modalidades. 
Já o terceiro capítulo debate sobre concubinato como uma nova forma de família, 
onde alguns doutrinadores e tribunais entendem que sim, que como a sociedade evoluiu e 
deixou de ser menos preconceituosa por aceitar relações homossexuais como entidade 
familiar, deve-se aceitar também o concubinato como família. 
Porém, nem todos os tribunais entendem assim. Alguns compreendem que por ser 
uma relação impedida e afetar o sistema monogâmico, não deve ser aceito concubinato como 
família e nem mesmo se dividir patrimônio algum. Outros já entendem que não deve ser visto 
como família, mas sim como se os concubinos fossem sócios, defendidos pelo Direito das 
Obrigações, conforme súmula do STF. 
Assim, adentramos ao terceiro capítulo, onde existe esta súmula, entendendo que o 
concubinato é uma forma de sociedade, e sua partilha ocorre se comprovada que durante esta 
relação houve patrimônio em comum. O que realmente o presente trabalho visa demonstrar é 
o sentimento de afeição entre os concubinos, pois nem sempre eles estão juntos pelo desejo 
carnal, mas sim pelo amor, e com isso acabam adquirindo bens. Desta forma deve ser feito a 
justiça e dar-lhe a cada concubino o que é seu de direito. 
 
 
 
2 CONCUBINATO E SUA PARTE HISTÓRICA NO BRASIL 
 
A expressão da palavra concubinato vem do latim concubinatus,
1
·. No Direito 
Romano, era visto como a união inferior a do casamento. Explica Barboza Riezo o conceito 
de concubinato: 
O concubinato, também chamado de hemigamia, designa união livre entre homem e 
mulher, de qualquer estado civil (sendo ambos solteiros, a união é denominada de 
concubinato puro) constitui uma realidade sócio-familiar das mais antigas da história 
da humanidade 
2
. 
 
As Constituições Federais anteriores no Brasil (anos 1824, 1891, 1934, 1937, 1946, 
1967 e 1969, esta que emendou a Constituição Federal de 1967) não se previa o tema 
concubinato. Em suas redações, somente vislumbrava-se sobre casamento indissolúvel, 
protegido pelo Estado. 
Além destas Constituições citadas, o Código Civil de 1916, também citava e 
defendia apenas o casamento, visto como modelo patriarcal e hierarquizado, onde o homem 
comandava a família, consoante seu artigo 233
3
. 
Por mais que a expressão concubinato não era defendida, nota-se que sempre existiu. 
O concubinato era tido como a união entre homem e mulher, ambos livres e desimpedidos, 
que viviam sobre o mesmo teto, mas não por laços matrimoniais, conhecido como 
concubinato puro ou honesto. 
Explica Fábio Ulhoa Coelho que houve uma revolução de costumes em 1960, onde 
muitos jovens passaram a constituir suas famílias sem ocorrer o matrimônio, ou seja, eles 
viviam por relações concubinárias. Se eles quisessem se casar, poderia, o problema é que eles 
não queriam. “O casamento era visto por eles como apenas uma simples folha de papel, 
absolutamente dispensável quando percebida a essência da relação conjugal no afeto, respeito 
mútuo e companheirismo”4. 
Porém, era muito difícil equilibrar os interesses mútuos vindos de uma relação 
concubinária à época, tanto pessoais quanto patrimoniais, pois não existiam normas que 
protegiam esta relação. Apenas o casamento era defendido pelo ordenamento jurídico, e assim 
 
1
 “Comunhão de leito, estado de mancebia, ou seja, a companhia de cama sem aprovação legal”. PEREIRA, 
Rodrigo da Cunha. Concubinato e união estável. 7 ed. Belo Horizonte: Editora Del Rey, 2004. p. 27. 
2
 RIEZO, Barbosa. Do Concubinato- Teoria, Legislação, Jurisprudência e Prática. São Paulo: Ed. Lexbook, 
1998. p. 7. 
3
 Art. 233 - O marido é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a colaboração da mulher, no 
interesse comum do casal e dos filhos. Código Civil de 1.916. 
4
 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. V. 5. Ed. São Paulo: Saraiva, 2006. p.121. 
 
11 
 
mostrava sua serventia. Aqueles jovens que se apossaram das relações concubinárias e 
acabava extinguindo-a saiam prejudicados por não ter a mesma importância como o 
casamento. 
Contudo, por ser um número muito grande de pessoas que preferiam manter relações 
concubinárias ao invés de se casarem, ocorreu uma importância psicológica e emocional, 
onde estas relações eram aceitas pela sociedade, mas os doutrinadores não as aceitavam, pois 
não estava prevista no ordenamento jurídico e só se defendia o casamento indissolúvel. Eles 
não aceitavam pelo fato que não seria “justo” a companheira ter os mesmo direitos do 
cônjuge, e assim, seria desprezada a família legítima. 
Para Edgard de Moura Bittencourt, desembargador aposentado do Tribunal de Justiça 
de São Paulo, por mais que essa união concubinária não estava presente no ordenamento 
jurídico à época, a mesma deveria ser aceita como família, devendo ser reconhecida como 
família natural. 
A união livre pode por isso acarretar, em várias conjunturas, a existência de 
verdadeira família. A subordinação da mulher e dos filhos, por vezes até dos netos, 
ao homem que, por esta ou aquela razão, não quis ou não pôde formar sua prole com 
base matrimonial, vai aos poucos constituindo um agrupamento nas mesmas 
condições com que o casamento gera a família legal. 
Esta é a razão por que se pode falar na existência de uma família natural, de modo 
que não a desconheça o direito 
5
. 
 
Houve uma evolução no direito de família, onde o STF- Supremo Tribunal Federal 
constituiu uma súmula em 1964 para preservar o patrimônio entre os conviventes (Súmula 
380) e foi além, que se houvesse a extinção desta relação, dependendo de cada caso, a 
concubina teria direito a indenização por serviços domésticos prestados ao seu companheiro. 
A posição humana e construtiva do Tribunal de Justiça de São Paulo acabou 
estendendo-se aos demais tribunais do País, formando uma jurisprudência que 
acabou adotada pelo Supremo Tribunal Federal, no sentido de que a ruptura de uma 
ligação more uxório duradoura gerava consequências de ordem patrimonial 
6
. 
 
Com a nova Constituição Federal de 1988, em seu Capítulo VIII, Seção III, Título 
VIII, declinou normas de proteção à família, trazendo esta evolução para dentro das normas 
brasileiras, alterando assim a nomenclatura de concubinato puro para união estável, recebendo 
o mesmo status do casamento, e obtendo proteção estatal. 
Com a vinda da união estável, criou-se a Lei nº 8.971, de 29 de dezembro de 1994, 
onde os companheiros deveriam estar juntos há mais de cinco anos, devendo ser comprovada 
esta relação, para que assim, se ocorresse o falecimento de um dos companheiros ou se a 
 
5
 BITTENCOURT, Edgard de Moura. O Concubinato no Direito. 2 ed. Rio de Janeiro: Ed. Jurídica e 
Universitária, 1969. p.42. 
6
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Volume VI: Direito de Família. 2. ed. São Paulo: 
Saraiva, 2006. p.532. 
12 
 
relação se extinguisse, o companheiro receberia a parte que teria direito. Emseguida, a Lei n° 
9.278 de 10 de maio de 1996, instituiu aos companheiros direitos e deveres, além de sua 
relação ser reconhecida como entidade familiar. 
Além do concubinato puro, há também o concubinato impuro, ou seja, àquele vindo 
de uma relação entre um homem e uma mulher, ao contrário das condições do casamento, 
visto como impedimento matrimonial. 
O novo Código Civil de 2002 trata de concubinato impuro no artigo 1521 e artigo 
1727, não conhecendo estas relações como entidade familiar. Por se tratar de relação não 
eventual, há certa diferença entre o concubinato impuro, união estável e o casamento. 
 Concubinato impuro é a forma de impedimento para o matrimônio, seja como 
casamento ou união estável, onde este, analisado pelo Código Civil é tido como relação 
impedida, que não deveria acontecer. 
Porém, há uma modalidade de concubinato impuro que necessita de debate, sendo 
este o concubinato adulterino, caracterizado pelo art. 1727, onde descreve esta relação como 
não eventual entre o homem e a mulher, impedidos de se casar. 
Edgard de Moura Bittencourt, no ano de 1969, já definia seu conceito: “É simples 
fixar-se o conceito de tal união. A ideia de concubinos, presos a outra pessoa por laços 
matrimoniais válidos, acarretaria a adulterinidade da união livre entre eles”7. 
 
Concubinato corresponde às relações não eventuais entre homem e mulher 
impedidos de se casarem ou constituírem união estável. O que antigamente era 
chamando de concubinato puro, com a entrada em vigor do Código Reale passou a 
ser referido como união estável. O antigo concubinato impuro corresponde à 
mancebia 
8
. 
 
Fábio Ulhoa Coelho traz ainda que todas as formas inferiores ao casamento eram 
consideradas relações concubinárias. Uma delas é a relação concubinária adulterina, que 
sempre existiu, mas que nunca foi defendido. Hoje, concubinato é visto apenas para relações 
impuras. 
Desde a entrada em vigor do Código Reale, a expressão “concubinato” deve ser 
reservada exclusivamente às relações como tal conceituadas pela lei. O que antes era 
chamado de “concubinato puro”, hoje se chama “união estável”9. 
 
Advirta-se, de início, que, contemplada a terminologia união estável e companheiros 
na legislação mais recente, a nova legislação colocou os termos concubinato e 
concubinos na posição de uniões de segunda classe, ou aquelas para as quais há 
impedimentos para o casamento
10
. 
 
7
 BITTENCOURT, Edgard de Moura. O Concubinato no Direito. 2 ed. Rio de Janeiro: ed. Jurídica e 
Universitária, 1969. p. 249. 
8
 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. V. 5. São Paulo: Saraiva, 2006. p.136. 
9
 Ob. Cit. p.135. 
10
 VENOSA, Sílvio de Salvo. Direto Civil: Direito de Família. 9 ed. São Paulo: Atlas, 2009. p.37. 
13 
 
O C.C de 2002 juntamente com a Constituição Federal de 1988, determina princípios 
para a proteção legal da família, primeiramente, o princípio da dignidade da pessoa humana, 
visando à grande preocupação em preservar a entidade familiar. 
Outros princípios básicos que recaem sobre as relações familiares são: 
- Princípio da igualdade de direitos e deveres entre os cônjuges; 
- Da paternidade responsável; 
- Do melhor interesse da criança e do adolescente; 
- Direitos e deveres inerentes à família; 
- Igualdade entre os filhos. 
Porém, nem sempre família é sinônimo de casamento e/ou união estável. Há aqueles 
denominados “filhos ilegítimos”, ou seja, filhos concebidos em uma relação extraconjugal, 
não recebendo mais tal denominação de acordo com o principio da paternidade responsável. 
Além disso, os filhos gerados por relacionamento fora do casamento, e os concebidos 
durante a relação conjugal ou união estável, são igualitariamente protegidos pelo princípio da 
igualdade entre os filhos. Assim, não há distinção entre os mesmos. 
Mas nem sempre foi assim. No Código Civil de 1916, não podia reconhecer o filho 
espúrio, ou seja, o nascimento de uma criança por meio de uma relação adulterina. “Os filhos 
naturais simples podem ser reconhecidos. Não assim os espúrios”11. Só poderia reconhecer a 
criança, após a dissolução do casamento, por meio de desquite ou por morte do cônjuge. 
Assim, os filhos adulterinos seriam reconhecidos quando: 
a. Os que descendam de homem casado, que fique viúvo ou venha a falecer 
antes da morte do filho; 
b. Os que descendam de mulher casada, que fique viúva ou venha a falecer 
antes da morte do filho, desde que a legitimidade deste, decorrente da presunção 
legal, seja excluída por sentença judicial; 
c. Os que descendam de homem casado por matrimônio nulo, por êle [sic] 
contraído de boa-fé; 
d. Os que descendam de mulher casado por matrimônio nulo, por ela contraído 
de boa-fé, desde que a adulterinidade do filho seja proclamada na sentença proferida 
na ação de contestação de legitimidade, pelo marido proposta; 
e. Os que descendam de homem casado por matrimônio anulável; 
f. Os que descendam de mulher casada por matrimônio anulável, desde que, na 
constância deste, o marido tenha contestado a paternidade; 
g. Os que descendam de homem casado que se desquitou; 
h. Os que descendam de mulher casada que se desquitou, desde que o marido 
tenha contestado a legitimidade do filho, elidiondo a presunção legal da paternidade 
legítima; e 
 
11
 BITTENCOURT, Edgard de Moura. O Concubinato no Direito. 2 ed. Rio de Janeiro: ed. Jurídica e 
Universitária, 1969. p.15. 
 
14 
 
i. Os que tenham nascido depois da morte de um dos cônjuges ou de decretada 
a nulidade ou anulação do casamento, ou o desquite, mas que tenham sido 
concebidos anteriormente 
12
. 
 
Não deve ser defendido o concubinato apenas pelo simples fato de se gerar filhos 
durante a relação, mas também pelo fato de constituir patrimônio em conjunto pelos 
concubinos. 
Alguns tribunais reconhecem que, em alguns casos, o (a) concubino (a) poderá ter 
direito a partilha dos bens de seu convivente, visando à proteção das relações patrimoniais. 
Diante disso, deverá ser analisado cada caso concreto. 
 
12
 BITTENCOURT, Edgard de Moura. O Concubinato no Direito. 2 ed. Rio de Janeiro: ed. Jurídica e 
Universitária, 1969. p.22. 
 
 
3 DIFERENÇA DE CASAMENTO, UNIÃO ESTÁVEL E CONCUBINATO 
IMPURO 
 
Conforme dispõe o artigo 1.511 do Código Civil vigente no país, “o casamento 
estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos 
cônjuges”. Assim, o casamento é um contrato bilateral realizado entre um homem e uma 
mulher com o intuito de constituir uma família, amparada pelo Estado
13
. 
O casamento é descrito pela Lei n° 10.406 de 10 de janeiro de 2002, conhecido como 
Código Civil Brasileiro, em seu Livro IV, Título I, Subtítulo I, nos artigos 1.511 ao 1.590, 
trazendo assim os direitos e obrigações existentes entre os cônjuges. 
A união estável, conhecida também como união de fato, prevista no artigo 1.723 
14
 
do mesmo Código, trata-se de relação entre homem e mulher duradoura e pública com o 
simples objetivo de constituição de família, como no caso do casamento. 
A diferença entre os dois dispositivos são as suas formalidades. O casamento ocorre 
por meio de instituição ou contrato, ou seja, ato formal que possui efeito jurídico imediato, 
onde ambos os cônjuges possuem obrigações e direitos do que foi pactuado, já a união estável 
não possui tal preceito e necessita apenas que a relação seja continua e notória perante a 
sociedade, onde o C.C de 2002 demonstra não haver prazo determinado para que ocorra esta 
relação. 
Muito tem se falado sobre a natureza do matrimônio.Parte-se, de início, do estudo 
de se considerar uma instituição ou contrato
15
. 
 
Apontam-se como primeiros elementos impostos para a formação da união estável: a 
convivência pública, contínua e duradoura de um homem e uma mulher; e o objetivo 
de constituição de família
16
. 
 
Além disso, a união estável pode advir de uma relação homoafetiva, ou seja, casais 
do mesmo sexo, conforme disposto na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) n° 4277 e 
Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) n° 132, julgado e 
reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal- STF, no qual a união entre casais homoafetivos 
foi equiparada à união estável e reconhecida como entidade familiar, obtendo os mesmos 
direitos e deveres de casais heterossexuais, in verbis: 
 
13
 Art. 226 - A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. 
 
Constituição Federal de 1988.
 
14
 Art. 1.723. É reconhecida como entidade familiar a união estável entre o homem e a mulher, configurada na 
convivência pública, contínua e duradoura e estabelecida com o objetivo de constituição de família. Código Civil 
de 2002. 
15
 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 7 ed. Rio de Janeiro: Editora Forense, 2009. p. 21 
16
 Ob. Cit. p.912. 
16 
 
RE 477554 / MG - MINAS GERAIS 
RECURSO EXTRAORDINÁRIO. Relator(a): Min. CELSO DE MELLO 
Julgamento: 01/07/2011 
Publicação 
DJe-148 DIVULG 02/08/2011 PUBLIC 03/08/2011 
RT v. 100, n. 912, 2011, p. 575-588 
Partes 
ADV.(A/S) : EDITH CRISTINA ALVES DEMIAN 
ADV.(A/S) : ALEXANDRE VALADARES PASSOS 
ADV.(A/S) : NOÉ ALEXANDRE DE MELO 
RECDO.(A/S) : CARMEM MELLO DE AQUINO NETTA 
REPRESENTADA POR ELIZABETH ALVES CABRAL 
RECDO.(A/S) : INSTITUTO DE PREVIDÊNCIA DOS SERVIDORES DO 
ESTADO DE MINAS GERAIS - IPSEMG 
RECTE.(S) : EDSON VANDER DE SOUZA 
Decisão 
EMENTA: UNIÃO CIVIL ENTRE PESSOAS DO MESMO SEXO. ALTA 
RELEVÂNCIA SOCIAL E JURÍDICO-CONSTITUCIONAL DA QUESTÃO 
PERTINENTE ÀS UNIÕES HOMOAFETIVAS. LEGITIMIDADE 
CONSTITUCIONAL DO RECONHECIMENTO E QUALIFICAÇÃO DA UNIÃO 
ESTÁVEL HOMOAFETIVA COMO ENTIDADE FAMILIAR: POSIÇÃO 
CONSAGRADA NA JURISPRUDÊNCIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
(ADPF 132/RJ E ADI 4.277/DF). O AFETO COMO VALOR JURÍDICO 
IMPREGNADO DE NATUREZA CONSTITUCIONAL: A VALORIZAÇÃO 
DESSE NOVO PARADIGMA COMO NÚCLEO CONFORMADOR DO 
CONCEITO DE FAMÍLIA. O DIREITO À BUSCA DA FELICIDADE, 
VERDADEIRO POSTULADO CONSTITUCIONAL IMPLÍCITO E EXPRESSÃO 
DE UMA IDÉIA-FORÇA QUE DERIVA DO PRINCÍPIO DA ESSENCIAL 
DIGNIDADE DA PESSOA HUMANA. PRINCÍPIOS DE YOGYAKARTA 
(2006): DIREITO DE QUALQUER PESSOA DE CONSTITUIR FAMÍLIA, 
INDEPENDENTEMENTE DE SUA ORIENTAÇÃO SEXUAL OU IDENTIDADE 
DE GÊNERO. DIREITO DO COMPANHEIRO, NA UNIÃO ESTÁVEL 
HOMOAFETIVA, À PERCEPÇÃO DO BENEFÍCIO DA PENSÃO POR MORTE 
DE SEU PARCEIRO, DESDE QUE OBSERVADOS OS REQUISITOS DO ART. 
1.723 DO CÓDIGO CIVIL. O ART. 226, § 3º, DA LEI FUNDAMENTAL 
CONSTITUI TÍPICA NORMA DE INCLUSÃO. A FUNÇÃO 
CONTRAMAJORITÁRIA DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO ESTADO 
DEMOCRÁTICO DE DIREITO. A PROTEÇÃO DAS MINORIAS ANALISADA 
NA PERSPECTIVA DE UMA CONCEPÇÃO MATERIAL DE DEMOCRACIA 
CONSTITUCIONAL. RECURSO EXTRAORDINÁRIO CONHECIDO E 
PROVIDO 
17
. 
 
A CF/88 ainda defende como entidade familiar as relações formadas pelos 
ascendentes, seja a mãe ou o pai, juntamente com seus descendentes
18
. Assim, pode-se 
verificar que há várias formas de reconhecimento de entidade familiar, menos o concubinato. 
Existem duas formas de concubinato: o puro e o impuro. O concubinato visto como 
puro é aquele que advém de relação onde os conviventes são solteiros, viúvos, divorciados ou 
 
17
Disponível em: 
<http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/listarJurisprudencia.asp?s1=%28RE%24%2ESCLA%2E+E+477554
%2ENUME%2E%29&base=basePresidencia&url=http://tinyurl.com/d4woyu3>. Acessado em: 25 jul. 2013 às 
10h43min. 
18
Art 226,§ 4º- Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus 
descendentes. CF/88. 
17 
 
desimpedidos para manter um relacionamento, podendo ser denominado como união estável. 
Já o concubinato impuro, é a relação tida como impedida, subdividindo-se em: 
Concubinato incestuoso: caracterizado no art. 1521 do Código Civil de 2002, incisos 
I ao V e inciso VII, ou seja, é o vínculo afetivo entre ascendentes e descendentes, os afins em 
linha reta (parentes que adquirimos através da comunhão conjugal, ou seja, parentes do 
cônjuge ou companheiro, como exemplo o sogro e sogra), adotante e o cônjuge que o adotou, 
ou o adotado com o filho do adotante, pois são consideradas como irmãos por afinidade. 
Também são tidas como impedidas as relações afetivas entre irmãos, unilaterais (irmãos do 
mesmo pai ou da mesma mãe) ou bilaterais (irmãos por parte de pai e de mãe), e os demais 
colaterais até o terceiro grau (estes podem ser, além dos irmãos, os tios, sobrinhos e primos), e 
o cônjuge sobrevivente não pode se relacionar com o individuo que cometeu homicídio ou 
tentativa deste mesmo ato contra seu companheiro ou cônjuge, conforme demonstra o próprio 
artigo. 
Art. 1.521. Não podem casar: 
I - os ascendentes com os descendentes seja o parentesco natural ou civil; 
II - os afins em linha reta; 
III - o adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do 
adotante; 
IV - os irmãos, unilaterais ou bilaterais, e demais colaterais, até o terceiro grau 
inclusive; 
V - o adotado com o filho do adotante; 
VI - as pessoas casadas; 
VII - o cônjuge sobrevivente com o condenado por homicídio ou tentativa de 
homicídio contra o seu consorte. 
 
O doutrinador Caio Mário da Silva Pereira explica que para não confundir o termo 
concubinato puro com impuro, o legislador decidiu através das normas (C.C 2002) 
discriminar a união estável de uma relação concubinária: 
Pretendeu o legislador distinguir a união estável de concubinato. Quis, distinguir o 
relacionamento estável que atenda os requisitos do art. 1.723, do concubinato 
identificado como ‘impuro’, ou seja, ‘adulterino, incestuoso ou desleal’, como 
respectivamente, o de um homem casado, que tenha, paralelamente ao seu lar, outro 
de fato; o de um pai com sua filha; e o de um concubino formando um outro 
concubinato 
19
. 
 
Estes impedimentos matrimoniais ora citados são questões que não necessitam de 
debate, pois afeta os costumes e a nossa cultura social que não defende o incesto. Além disso, 
existe a questão genética, onde os filhos advindos desta relação podem nascer com defeitos 
genéticos. 
 
19
 PEREIRA. Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil - Direito de Família - Volume V. 18 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2010. p. 577. 
18 
 
O inciso VI deste mesmo artigo (art. 1521, C.C) demonstra que as pessoas já casadas 
não podem contrair novamente casamento nem mesmo união estável. Essa relação 
extramatrimonial é conhecida como concubinato adulterino ou desonesto, quando um ou 
ambos os concubinos já são casados ou vivem em união estável, e não há nenhuma proteção 
do Estado para relação concubinária, não sendo reconhecido como entidade familiar. 
Há uma jurisprudência do STJ- Superior Tribunal de Justiça que explica a diferença 
entre os termos companheira e concubina, in verbis: 
(REsp 532.549/RS, Rel. Min. CASTRO FILHO , TERCEIRA TURMA, DJ de 
20/06/2005) 
DIREITO CIVIL. RECURSO ESPECIAL. SEGURO. CONSIGNAÇAO EM 
PAGAMENTO. PRÊMIO. ARTIGOS 1.177 E 1.474 DO CÓDIGO CIVIL DE 
1916. VEDAÇAO. 
Há distinção doutrináriaentre "companheira "e" concubina". 
Companheira é a mulher que vive, em união estável, com homem desimpedido para 
o casamento ou, pelo menos, separado judicialmente, ou de fato, há mais de dois 
anos, apresentando-se à sociedade como se com ele casada fosse. 
Concubina é a mulher que se une, clandestinamente ou não, a homem 
comprometido, legalmente impedido de se casar. 
Na condição de concubina, não pode a mulher ser designada como segurada pelo 
cônjuge adúltero, na inteligência dos artigos 1.177 e 1.474 do Cód. Civil de 1916. 
Precedentes. 
Recurso especial provido por unanimidade 
20
. 
 
Defende Irineu Antônio Pedrotti que estas relações impedidas são relações livres, 
onde ambas as partes sabem que existe impedimento para manter uma união, mas não se 
importam. 
A união livre e pura pode se verificar quando pessoas não se encontrem impedidas 
para o casamento, v.g. solteiros, viúvos, separados, divorciados. A união livre e não 
pura pode se dar quando existir obstáculo matrimonial para um ou ambos dos 
interessados 
21
. 
 
Carlos Roberto Gonçalves, não configura o concubinato incestuoso como uma forma 
de concubinato. Este tipo é visto apenas como incesto, não sendo necessário falar deste por 
afetar os costumes da sociedade brasileira. Desta forma concubinato é tido apenas como 
adulterino ou desonesto, onde os concubinos já mantêm outra relação, seja o casamento ou 
união estável. Então sempre que se falar em concubinato, terá em vista relação extraconjugal 
conhecida como concubinato adulterino, onde esta é merecedora de debate. 
Também começou a ser utilizada a expressão “concubinato impuro”, para fazer 
referência ao adulterino, envolvendo pessoa casada em ligação amorosa com 
terceiro, ou para apontar os que mantêm mais de uma união de fato 
22
. 
 
 
20
 Disponível em: <http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/21084400/recurso-especial-resp-973553-mg-2007-
0179376-5-stj/relatorio-e-voto-21084402>. Acessado em: 01 out. 2013 às 17h49min. 
21
 PEDROTTI, Irineu Antônio. Concubinato União Estável. 5. ed. São Paulo: Leud, 2002. p. 5. 
22
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, volume VI: Direito de Família. 2 ed. São Paulo: 
Saraiva, 2006. p.533. 
19 
 
A expressão “concubinato” é hoje utilizada para designar o relacionamento amoroso 
envolvendo pessoas casadas, que infringem o dever de fidelidade, também 
conhecido como adulterino 
23
. 
 
Além de estabelecido no art. 1521 no inciso VI, o concubinato adulterino está 
previsto no art. 1727
24
, onde demonstra que concubinato advém de uma relação impedida 
entre homem e mulher, afetando a fidelidade recíproca
25
. 
Não deve ser confundido concubinato adulterino com bigamia. A bigamia é 
considerada crime na espera penal, prevista no art. 235 do Código Penal vigente
26
, onde o 
cônjuge já casado contrai novo casamento com outro indivíduo. O concubinato é a relação 
extraconjugal entre os concubinos, não se falando em outro casamento. 
A bigamia só se ajusta ao cônjuge, não sendo aplicado ao companheiro advindo de 
união estável, pois o “caput” do artigo (art. 235- CP) é claro reconhecendo apenas o indivíduo 
casado que assumi outro casamento, conforme o doutrinador Guilherme de Souza Nucci 
explica: 
A Constituição Federal reconhece a união estável como entidade familiar, para 
efeito de proteção do Estado, o que não significa que se formem, a partir daí, os 
laços matrimoniais (art. 226, § 3º, CF). Portanto, o crime de bigamia somente se dá 
quando o agente, já sendo casado, contrai novo casamento, não sendo suficiente a 
união estável 
27
. 
 
Para o doutrinador Arnaldo Rizzardo, concubinato é “a união quando há 
impedimento para o matrimônio. Desde que se dê a união prolongada, ou a convivência 
constante, infringindo as disposições que impedem o casamento, transforma-se em adulterina 
ou espúria a união, formando o concubinato” 28. 
Fábio Ulhoa Coelho entende que concubinato é visto como uma união livre, onde se 
caracteriza por três elementos: “diversidade de sexo dos parceiros, existência de impedimento 
matrimonial ou para a formação de união estável e intenção de criar família” 29, ou seja, não 
há outro casamento, mas sim uma união extraconjugal de esfera civil, não advindo de pena 
aos concubinos. 
 
23
 GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, volume VI: Direito de Família. 2 ed. São Paulo: 
Saraiva, 2006. p.533. 
24
 Art. 1.727. As relações não eventuais entre o homem e a mulher, impedidos de casar, constituem concubinato. 
Código Civil 2002. 
25
 Um dos deveres dos cônjuges. Identificada no Art. nº 1.566, inciso I, do Código Civil. 
26
 Art. 235 - Contrair alguém, sendo casado, novo casamento: Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. Código 
Penal. 
27
 NUCCI, Guilherme de Souza. Código Penal Comentado. 5.ed. São Paulo: Ed Revista dos Tribunais. 2005. p. 
839. 
28
 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense. 2009. p. 917. 
29
 COELHO, Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil. V. 5. São Paulo: Saraiva. 2006. p. 138. 
20 
 
Diante disso, Maria Berenice Dias demonstra que a sociedade evolui, e que existem 
outras formas de relacionamentos sem ser o casamento e a união estável, devendo ser visto, 
como mais importante o sentimento dos indivíduos. E vai além, que se essas outras formas de 
relacionamento são vistas como entidade familiar, porque não também o concubinato. 
 As pessoas passaram a viver em uma sociedade mais tolerante e, por se sentirem 
mais livres, buscam a realização do sonho pessoal sem se sentirem premidas a ficar 
dentro de estruturas pré-estabelecidas e engessadoras. Ocorreu uma verdadeira 
democratização dos sentimentos, na qual o respeito mútuo e a liberdade individual 
foram preservados. Nem mais o convívio sob o mesmo teto é exigido para o 
reconhecimento de uma entidade familiar, bastando para sua configuração um 
projeto de vida comum 
30
. 
 
Ocorre que, o concubinato adulterino não surgiu no Século XXI, ele já vem de 
tempos atrás, e o seu debate, dependendo do caso concreto, é aceito pelos tribunais. Desta 
forma, as leis brasileiras devem acompanhar a sociedade e evoluir seus conceitos, devendo 
rever os seus efeitos jurídicos. 
Concubinato houve em todos os tempos e em todas as civilizações, repercutindo 
necessariamente na vida jurídica. Se nos ativermos apenas ao nosso Direito, vamos 
encontrar no Código Filipino disposições que se lhe referiam, para condená-lo, 
impondo severas punições às “barreganices” de nobres e peões 31. 
 
Quando falamos da omissão do legislador envolvemos um aspecto relevante que 
engloba não só o Código Civil mais a Constituição, com o país que temos hoje de 
fácil acesso e modificação das leis, já era de tempo do legislador acrescentar os 
efeitos jurídicos do concubinato 
32
. 
 
Desta forma, devem-se criar normas ao concubinato, além de instituir seus efeitos 
jurídicos e identificar esta modalidade de relacionamento, mesmo ela sendo extraconjugal, 
como entidade familiar, para poder assim ser caracterizado como família. 
 
30
 DIAS, Maria Berenice. Adultério, bigamia e união estável: Realidade e Responsabilidade. Disponível em: 
<http://www.mariaberenice.com.br/uploads/4_-_adult%E9rio%2C_bigamia_e_uni%E3o_est%E1vel_-
_realidade_e_responsabilidade.pdf>. Acesso em: 25 jul. 2013 às 15h30min. 
31
 PEREIRA. Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil- Direito de Família - Volume V. 18 ed. Rio de 
Janeiro: Forense, 2010. p. 577. 
32
 SOARES, Nataliane Oliveira;FREIRE JÚNIOR, Aluer Baptista. O concubinato e uma perspectiva de 
inclusão constitucional. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 109, fev 2013. Disponível em: 
<http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12764>. Acessado em: 11 
set. 2013 às 14h45min. 
 
 
4 CONCUBINATO ADULTERINO- FAMÍLIA MODERNA 
 
O que mais se vê nos dias modernos são indivíduos casados, que possui outra 
família, independente de que haja filhos ou não, onde construiu certo patrimônio com sua 
concubina, e que entre eles exista afeição recíproca. 
A CF/88 dita o conceito de entidade familiar como base familiar que possui proteção 
do Estado
33
. Porém, a restringe apenas para o casamento, a união estável entre um homem e 
uma mulher
34
, ou a família formada apenas entre pais e seus descendentes. 
Além disso, deve ser defendido o princípio do pluralismo familiar, sendo 
reconhecido pelo Estado de que há mutação no âmbito familiar, existindo assim outras 
modalidades de famílias. Discriminado este princípio, a Constituição Federal prevê e defende 
estas modificações familiares, e ainda as classificam como entidades familiares. 
Desta forma há de se analisar como entidade familiar relações que possuem a afeição 
entre os indivíduos, e não se taxar apenas a estas relações trazidas pela Constituição Federal, 
pois não é a Legislação que dita às várias formas de famílias do cotidiano. 
O Direito de família é uma modalidade onde se acompanha as mudanças da 
sociedade. Ocorreu uma evolução em seu conceito, onde família era sinônimo de casamento e 
nenhum modo mais. Hoje, família é sinônimo de pluralidade familiar, aceitando várias formas 
de famílias como: avós com seus netos, pai ou mãe com seus filhos, duas mulheres ou dois 
homens que adotam uma criança. 
Na verdade, surge uma nova concepção de família quando tratamos de concubinato, 
por conseguinte, afeta o Direto de Família, que, aliás, vem sofrendo inúmeras 
transformações com isso nas últimas décadas. Antes, as características da família 
eram preservadas, mas hoje com as transformações, foram modificadas, a partir das 
alterações havidas no meio social. O antigo conceito de família fora dissolvido, e 
passa a adotar um conceito moderno e diferente, mais amplo e adequado à realidade 
social, bem como à dinamicidade das relações hoje presenciadas 
35
. 
A família é considerada a célula, a base fundamental da sociedade. Sua existência é, 
por isso, secular. Talvez, ela possa ser considerada uma das formações mais antigas. 
Por outro lado- o que parece um contrassenso- também é possível afirmar ser ela 
aonde plenamente atual. Transcorridas diferentes épocas, a família persistiu. E, 
assim, exatamente por acompanhar o desenvolvimento social, a família vai se 
adequando a ele conforme necessário. Em cada momento histórico, novas 
 
33
 Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Constituição Federal de 1988. 
34
 Não se deve esquecer a decisão do STF reconhecendo relações homoafetivas como entidade familiar. 
35
 SOARES, Nataliane Oliveira; FREIRE JÚNIOR, Aluer Baptista. O concubinato e uma perspectiva de 
inclusão constitucional. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 109, fev 2013. Disponível em: 
<http://www.ambito-juridico.com.br/site/?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=12764>. Acessado em: 11 
set. 2013 às 14h45min. 
22 
 
necessidades, novos interesses e, consequentemente, uma peculiar estruturação 
familiar 
36
. 
 
Se todas essas modalidades de família são protegidas pelo Estado, por que não o 
concubinato adulterino. Hoje, podemos dizer que a sociedade “aceita” essas relações 
extraconjugais, mas a legislação ainda não. Maria Berenice Dias, jurista brasileira, 
especializada em Direito de Família, demonstra tamanha frieza em que a legislação brasileira 
lida com o concubinato. 
 A lei emprestava juridicidade apenas à família constituída pelo casamento, vedando 
quaisquer direito às relações nominadas de adulterinas ou concubinárias. Apenas a 
família legítima existia juridicamente. A filiação estava condicionada ao estado civil 
dos pais, só merecendo reconhecimento a prole nascida dentro do casamento 
37
. 
 
 A palavra concubinato carrega consigo o estigma de relacionamento alvo do 
preconceito. Historicamente, sempre traduziu relação escusa e pecaminosa, quase 
uma depreciação moral. Pela primeira vez, este vocábulo consta de um texto 
legislativo (CC 1.727), com a preocupação de diferenciar o concubinato da união 
estável. Mas não é feliz. Certamente, a intenção era estabelecer uma distinção entre 
união estável e família paralela, chamada doutrinamente de concubinato adulterino, 
mas para isso faltou coragem ao legislador 
38
. 
 
Para a autora, o concubinato deve ser visto como família moderna, onde o C.C 
apenas se alimenta de seu conceito, não trazendo nenhum dispositivo sobre seus efeitos 
jurídicos. “Nesse panorama não mais cabe deixar de extrair efeitos jurídicos de um fato que 
existe, sempre existiu, mas que a justiça se nega a reconhecer: vínculos afetivos mantidos de 
forma concomitante” 39. 
Verifica-se que a realidade do mundo moderno é outro do que defende a Constituição 
de 1988 e o Código Civil Brasileiro de 2002, ou seja, a nova realidade demonstra que as 
uniões ilegítimas são comuns a cada dia, surgindo com grande efetivação por um simples 
sentimento: AFEIÇÃO. 
É o que defende Fábio Ulhoa Coelho, onde o que realmente importa são o amor e a 
afeição entre os concubinos, e que estes se unem para construir um patrimônio, e, além disso, 
estabilizar uma família. 
De pouco adianta a lei proclamar de forma peremptória que determinadas pessoas 
não podem constituir famílias se elas, movidas pelos seus sentimentos e interesses, 
acabam se unindo familiarmente. Essas uniões livres não deviam ser ignoradas pelo 
Direito, porque seus membros merecem a mesma atenção e proteção dispensadas às 
demais entidades familiares 
40
. 
 
36
 ALMEIDA, Renata Barbosa de; RODRIGUES JÚNIOR, Walsir Edson. Direito Civil: Famílias. Rio de 
Janeiro: Lumen Juris, 2010. p.1. 
37
 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito de Famílias. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 46. 
38
 Ob. Cit. p. 163. 
39
 DIAS, Maria Berenice. Adultério, bigamia e união estável: Realidade e Responsabilidade. Disponível em: 
<http://www.mariaberenice.com.br/uploads/4_-_adult%E9rio%2C_bigamia_e_uni%E3o_est%E1vel_-
_realidade_e_responsabilidade.pdf>. Acessado em: 25 jul. 2013 às 15h30min. 
40
 COELHO. Fábio Ulhoa. Curso de Direito Civil - Volume 5. São Paulo: Saraiva, 2006. p. 137. 
23 
 
Porém, alguns tribunais criticam a visão do concubinato como entidade familiar, 
analisando sempre o ordenamento jurídico vigente e julgando o concubinato como forma de 
relacionamento extraconjugal, paralelo ao casamento e/ou união estável. 
 Para esses tribunais, o concubinato não é matéria para o Direito de Família, não 
sendo aceito por atingir o sistema monogâmico, ou seja, o de manter uma relação com a 
mesma pessoa por certo período, e por tal motivo não é visto como entidade familiar. 
Apelação Cível Nº 70054412564, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, Julgado em 17/07/2013. 
Ementa: UNIÃO ESTÁVEL. PRESSUPOSTOS. AFFECTIO MARITALIS. 
COABITAÇÃO. PUBLICIDADE DA RELAÇÃO. PROVA. PRINCÍPIO DA 
MONOGOMIA 1. Não constitui união estável o relacionamento entretido sem a 
intenção clara de constituir um núcleo familiar. 2. A união estável assemelha-se a 
um casamento de fato e indica uma comunhão devida e de interesses, reclamando 
não apenas publicidade e estabilidade, mas, sobretudo, um nítido caráter familiar, 
evidenciado pela affectio maritalis. 3. Não é permitido, no nosso ordenamento 
jurídico, a coexistência de dois casamentos ou de uma união estável paralela ao 
casamento. 4. Constituiu concubinato adulterino a relação entretida pelo réu e pela 
autora, pois ele era casado. Inteligência do art. 1.727 do Código Civil. 5. Não 
comprovada a entidade familiar, nem que a autora tenha concorrido para aquisição 
de qualquer bem, a improcedência da ação se impõe. Recurso desprovido 
41
. 
 
Apelação Cível 1.0625.09.097075-1/001- 0970751-06.2009.8.13.0625 
(1). Data da publicação da súmula: 24/07/2013. Data de Julgamento: 16/07/2013. 
Relator(a): Des.(a) Armando Freire. 
EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - FAMÍLIA - UNIÃO ESTÁVEL - 
RECONHECIMENTO - IMPOSSIBILIDADE - AUSÊNCIA DE REQUISITO 
FÁTICO/LEGAL - INTENÇÃO DE CONSTITUIR FAMÍLIA - INOCORRÊNCIA 
- PROVAS TESTEMUNHAIS - ÔNUS DA PROVA - MANUTENÇÃO DA 
DECISÃO DE PRIMEIRA INSTÂNCIA. 
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 226, §3º, reconhece a entidade 
familiar formada pela união estável entre homem e mulher, resguardando-lhe 
proteção jurídica. A garantia de incondicional tutela jurídica exige a reunião de 
requisitos legais, quais sejam: convivência contínua, pública, duradoura, com o 
objetivo de constituir família. Se o conjunto probatório não precisa que o 
relacionamento havido entre as partes se revestia dos requisitos descritos no artigo 
1723, do atual Código Civil, inviável o reconhecimento da união estável 
42
. 
 
O doutrinador Rodrigo da Cunha Pereira também entende que o concubinato não 
deve ser visto como família e nem aceito como entidade familiar, por afetar o sistema 
monogâmico. 
 
41
 Disponível em: 
<http://www.tjrs.jus.br/busca/?q=concubinato&tb=jurisnova&partialfields=tribunal%3ATribunal%2520de%252
0Justi%25C3%25A7a%2520do%2520RS.%28TipoDecisao%3Aac%25C3%25B3rd%25C3%25A3o%7CTipoDe
cisao%3Amonocr%25C3%25A1tica%7CTipoDecisao%3Anull%29&requiredfields=&as_q=>. Acessado em: 26 
ago. 2013 às 15h21min. 
42 
Disponível em: 
<http://www5.tjmg.jus.br/jurisprudencia/pesquisaPalavrasEspelhoAcordao.do?&numeroRegistro=2&totalLinhas
=868&paginaNumero=2&linhasPorPagina=1&palavras=concubinato&pesquisarPor=ementa&pesquisaTesauro=
true&orderByData=1&referenciaLegislativa=Clique%20na%20lupa%20para%20pesquisar%20as%20refer%EA
ncias%20cadastradas...&pesquisaPalavras=Pesquisar&>. Acessado em: 26 ago. 2013 às 15h32min. 
24 
 
A amante, amásia- ou qualquer nomeação que se dê à pessoa que, paralelamente ao 
vínculo do casamento, mantém uma outra relação, uma segunda ou terceira...-, será 
sempre a outra, ou o outro, que não tem lugar oficial em uma sociedade 
monogâmica 
43
. 
 
Explica Maria Berenice Dias que monogamia não deve ser tratada como princípio 
constitucional, pois a nossa Constituição atual defende os filhos havidos fora do casamento, 
além de contemplar o pluralismo familiar. 
Ainda que a lei recrimine de diversas formas quem descumpre o dever de 
fidelidade, não há como considerar a monogamia como princípio constitucional, até 
porque a Constituição não a contempla. Ao contrário, tanto tolera a traição, que não 
permite que os filhos se sujeitem a qualquer discriminação, mesmo quando se trata 
de prole nascida de relações adulterinas ou incestuosas 
44
. 
 
Da mesma forma que alguns tribunais compreendem que deve seguir o Ordenamento 
Jurídico Vigente no país, outros já aplicam os costumes e suas mudanças, demonstrando que o 
Direito de Família deve evoluir constantemente. 
Processo: AI 200900010030196 PI, Relator: Des. José Ribamar Oliveira, 
Julgamento: 25/01/2011, Orgão Julgador: 2a. Câmara Especializada Cível. 
AGRAVO DE INSTRUMENTO -AÇAO DE ALIMENTOS CONCUBINATO -
POSSIBILIDADE -HIPÓTESE CONFIGURADA. 
 A admissão de outros modelos familiares que não o lastreado no casamento é 
resultado da alteração da base ideológica de sustentação da família. Procura-se hoje 
considerar a presença do vínculo afetivo e protetivo como fator determinante para a 
enumeração dos núcleos familiares. Admitida a afetividade como elemento essencial 
dos vínculos familiares, aqui vista também como a intenção de proteção mútua, resta 
saber até que ponto os relacionamentos humanos nos quais tal sentimento esteja 
presente podem vir a ser rotulados de família, sendo, consequentemente, abarcados 
pelas normas jurídicas que tutelam os indivíduos que a constituem. Nessa linha de 
raciocínio, o reconhecimento de direitos á alimentos decorrentes de concubinato 
impuro depende de uma série de requisitos que demonstrem cabalmente a existência 
de dois relacionamentos (casamento e concubinato) que em praticamente tudo se 
assemelhem, faltando ao segundo tão-somente o reconhecimento formal. Deve ser 
levado o efetivo "ânimo" de constituição de uma unidade familiar para fins de 
proteção mútua e estatal, com suas respectivas variáveis, tais como eventual 
dependência econômica, tempo de duração da união, existência de filhos, etc 
45
. 
 
APELAÇÃO Cível Nº 000.254.214-0/00 - COMARCA DE ARAXÁ - 
APELANTE(S): LUIS CARLOS FERREIRA - APELADO(S): DILENA DALVA 
DE SÁ - RELATOR: EXMO. SR. DES. ANTONIO CARLOS CRUVINEL. 
EMENTA: CONCUBINATO ADMITIDO - PENSÃO ALIMENTÍCIA – 
NECESSIDADE COMPROVADA - ALIMENTOS DEVIDOS - CAPACIDADE 
DO PENSIONISTA - OBSERVÂNCIA. 
Tendo ficado demonstrado nos autos a necessidade da pensão alimentícia, em razão 
de concubinato por quase 20 anos, esta devida, tendo sido observado e respeitado o 
 
43
 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e união estável. 7 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. p. 66. 
44
 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito das Famílias. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais. São Paulo, 
2008. p. 60. 
45
 Tribunal de Justiça do Piauí - Agravo de Instrumento: AI 200900010030196 PI. Disponível em: <http://tj-
pi.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/19077566/agravo-de-instrumento-ai-200900010030196-pi-tjpi>. Acessado 
em: 05 set. 2013 às 21h10min. 
25 
 
binômio capacidade e necessidade para fixação. Improvimento do recurso que se 
impõe 
46
. 
 
 Assim, o que estes tribunais estão tentando demonstrar é o sentimento de afeição 
entre os concubinos, que acabam adquirindo bens durante essa relação extraconjugal, e que 
possuem direitos à partilha desses bens, dependendo de cada caso concreto. 
 
46
 Acórdão nº 1.0000.00.254214-0/000(1) de TJMG. Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais, 13 de Maio 
de 2002. Disponível em: < http://br.vlex.com/vid/-41491814>. Acessado em: 11 set. 2013 às 08h32min. 
 
 
5 CONCUBINATO ADULTERINO- DIREITO A PARTILHA DE BENS 
 
 O termo partilha de bens significa a divisão (partilha) do patrimônio de um 
determinado casal. No casamento essa divisão pode ser escolhida entre os cônjuges através do 
regime de bens, sendo: 
- Comunhão parcial: Será dividido o patrimônio adquirido por ambos durante o 
casamento, sendo denominado de bem comum, onde não se confunde com o bem particular, 
ou seja, se um dos cônjuges antes do casamento tiver o seu próprio patrimônio, o mesmo não 
será partilhado com o outro cônjuge. Este regime é o mais apropriado, conforme o Código 
Civil 
47
. 
Trata-se de regime que atende a certa lógica e dispõe de um componente ético: o que 
é meu é meu, o que é teu é teu e o que é nosso, metade de cada um. Assim, resta 
reservada a titularidade exclusiva dos bens particulares e garante a comunhão do que 
for adquirido duranteo casamento 
48
. 
 
 - Comunhão universal: Tanto os bens particulares, quanto o bem comum, tornam-se 
um só. Além da comunicação do patrimônio, ocorrerá a partilha das dívidas entre os cônjuges, 
com suas exceções conforme trata o art. 1667 do Código Civil de 2002 49. 
- Participação final nos aquestos: Consoante Maria Berenice Dias, “trata-se de 
regime misto, híbrido, que reclama pacto antenupcial. O regramento é exaustivo (CC 1.672 a 
1.686) e tem normas de difícil entendimento” 50. Assim aquestos serão a partilha do bem 
próprio ou particular de cada cônjuge durante a existência do casamento e mais os bens 
adquiridos por eles durante o casamento. 
- Separação de bens: Através de pacto antenupcial, os cônjuges podem optar pela 
incomunicabilidade de seus bens, conforme art. 1687
51
 e 1688
52
 do C.C. 
- Separação obrigatória de bens: De acordo com o Código Civil, será obrigatória a 
separação de bens quando: Art. 1641, inciso I- quando o casamento se realiza contra a 
recomendação do legislador de que não devem casar; inciso II- pessoa maior de 70 anos; e 
inciso III- todos que dependerem de suprimento judicial.
 
47
 Art. 1.658. No regime de comunhão parcial, comunicam-se os bens que sobrevierem ao casal, na constância 
do casamento, com as exceções dos artigos seguintes. 
48
 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito de Famílias. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 218. 
49
 Art. 1.667. O regime de comunhão universal importa a comunicação de todos os bens presentes e futuros dos 
cônjuges e suas dívidas passivas, com as exceções do artigo seguinte. 
50
 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito de Famílias. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 225. 
51
 Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos 
cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real. 
52
 Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos 
rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial. 
27 
 
Maria Berenice Dias ainda explica que no caso da união estável, os conviventes 
estipulam o regime que desejam, sendo os mesmos do casamento. Da mesma forma do 
casamento, se não for estipulado nenhum regime será incidido o regime da comunhão parcial 
de bens. 
No casamento, os noivos têm [sic] a liberdade de escolher o regime de bens (CC 
1.658 a 1.688). Por meio de pacto antinupcial, podem optar entre um dos regimes 
previamente definidos na lei ou estabelecer o que melhor lhes aprouver, desde que 
não haja afronta a disposição absoluta da lei (CC 1.655). Na união estável, os 
conviventes têm [sic] a faculdade de firmar contrato de convivência (CC 1.725), 
estipulando o que quiserem. Quedando-se em silêncio tanto os noivos (CC 1.640) 
como os conviventes (CC1.725), a escolha é feita pela lei: incide o regime da 
comunhão parcial de bens (CC 1.658 a 1.666) 
53
. 
 
 Porém, no caso do concubinato, por ser uma relação impedida, não existe nenhum 
regime de bens para configurá-la, pois afeta nosso sistema monogâmico. Alguns 
doutrinadores e jurisprudências aceitam que ocorra a partilha de bens adquiridos durante a 
relação extraconjugal. 
Desta forma, para ocorrer sua partilha, como demonstrado abaixo, os tribunais 
caracterizam concubinato como modalidade do Direito das obrigações, onde ambas as partem 
celebram um tipo de contrato, sendo denominado de Sociedade de fato. 
Processo: REsp 47103 SP 1994/0011553-9. Relator(a):Ministro EDUARDO 
RIBEIRO. Julgamento: 28/11/1994. Órgão Julgador:T3 - TERCEIRA TURMA 
Publicação:DJ 13.02.1995 p. 2237; LEXSTJ vol. 71 p. 247; REVJUR vol. 214 p. 48; 
RSTJ vol. 68 p. 368; RT vol. 719 p. 295; DJ 13.02.1995 p. 2237; LEXSTJ vol. 71 p. 
247; REVJUR vol. 214 p. 48; RSTJ vol. 68 p. 368;RT vol. 719 p. 295. 
CONCUBINATO - SOCIEDADE DE FATO - HOMEM CASADO. A 
SOCIEDADE DE FATO MANTIDA COM A CONCUBINA REGE-SE PELO 
DIREITO DAS OBRIGAÇÕES E NÃO PELO DE FAMÍLIA. INEXISTE 
IMPEDIMENTO A QUE O HOMEM CASADO, ALEM [sic] DA SOCIEDADE 
CONJUGAL, MANTENHA OUTRA, DE FATO OU DE DIREITO, COM 
TERCEIRO. NÃO HA COGITAR DE PRETENSA DUPLA MEAÇÃO. A 
CENSURABILIDADE DO ADULTERIO NÃO HAVERA DE CONDUZIR A 
QUE SE LOCUPLETE, COM O ESFORÇO ALHEIO, EXATAMENTE AQUELE 
QUE O PRATICA 
54
. 
 
Este termo (sociedade de fato) está relacionado a uma sociedade conjugal de fato, ou 
seja, ocorre a informalidade da relação, onde não há contrato pactuado como o casamento e 
nem uma união estável, mas há uma relação duradoura e notória de fato, porém impedida, 
enquadrando-se no art. 981, C.C de 2002 
55
. 
Para a formação de um fundo comum, em qualquer sociedade, com o fim de 
repartirem-se os ganhos e as perdas que resultarem se requer, como elemento 
essencial, a affectio societatis, isto é, o ânimo ou a intenção de formar uma 
 
53
 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito de Famílias. 5. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p.170. 
54
 Disponível em: <http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/558553/recurso-especial-resp-47103>. Acessado 
em: 10 out. 2013 às 12h43min. 
55
 Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou 
serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. 
28 
 
sociedade, que no direito romano se resumia na expressão animus contrahendo 
societatis. 
Destacam-se os seguintes elementos, de marcante presença: 
- A pluralidade de pessoas, que se unem para constituir patrimônio comum, ou um 
fundo geral pertencente aos componentes da sociedade. 
- Onerosidade, consistente na atuação para a obtenção de utilidades ou bens. 
- A comutatividade, revelada nos direitos e deveres mútuos para o desiderato da 
formação do patrimônio. 
- A constituição em vista da pessoa dos contratantes, ou a união intuitu personae
. 
- 
A consensualidade, definido no mero consenso dos envolvidos na união, sem 
necessidade de instrumentalizar por escrito o intuito 
56
. 
 
Desta maneira, para não prejudicar o sistema monogâmico, mas também para não 
deixar a (o) concubina (o) sem seus direitos a partilha de bens adquiridos durante aquela 
relação, o STF instaurou a Súmula 380
57
, de 1964, onde demonstrava que se existisse e sendo 
comprovada a sociedade de fato, através da dissolução judicial, deveria ser partilhado o 
patrimônio adquirido pelo esforço comum dos “sócios”. 
 REsp 1.170.799-PB, julgado em 3/8/2010- Rel. originário Min. Massami Uyeda, 
Rel. para acórdão Min. Nancy Andrighi. SOCIEDADE DE FATO. ESFORÇO 
COMUM. 
Buscava-se o reconhecimento de sociedade de fato post mortem ao fundamento de 
que a autora agravada teve longo relacionamento amoroso com o falecido, apesar de 
ele manter, concomitantemente, casamento válido e preexistente com a agravante. 
Para tanto, a agravada alude que pretende simplesmente o reconhecimento da 
sociedade de fato e não, por meio disso, habilitar-se na partilha (que tramita em 
outra ação). Quanto a isso, é de rigor a aplicação do entendimento já consagrado na 
jurisprudência do STJ de que a inexistência de prova da aquisição de patrimônio 
pelo esforço comum é, por si só, suficiente para afastar a configuração da sociedade 
de fato, visto que tal comprovação é pressuposto para seu reconhecimento. No caso, 
não há prova de qualquer bem amealhado ao longo do concubinato e, se não há essa 
prova, quanto mais a comprovação da união de esforços ou colaboração mútua na 
aquisição de bens cuja existência se ignora. Esse entendimento,entre outros, foi 
acolhido pela maioria dos integrantes da Turma, enquanto o voto vencido aplicava à 
hipótese, por analogia, o óbice da Súm. n. 283-STF. Precedentes citados: REsp 
1.097.581-GO, DJe 9/12/2009; AgRg no Ag 949-MG, DJ 18/12/1989; REsp 1.648-
RJ, DJ 16/4/1990; REsp 45.886-SP, DJ 26/9/1994; REsp 147.098-DF, DJ 7/8/2000; 
REsp 214.819-RS, DJ 19/5/2003; REsp 486.027-SP, DJ 9/12/2003, e REsp 275.839-
SP, DJe 23/10/2008. AgRg no REsp 1.170.799-PB 
58
. 
 
Deve-se lembrar de que concubinato não se relaciona mais ao termo união estável, 
onde antes de ser protegida pela Constituição Federal de 1988, a união estável era considerado 
concubinato honesto e também se enquadrava a esta súmula do STF. Por haver a proteção 
legal da união estável através da CF/88 e do Código Civil de 2002, demonstrando suas formas 
de regimes para ocorrer à partilha, hoje esta súmula 380 do STF enquadra-se somente ao 
concubinato. 
 
56
 RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. p.918. 
57
 STS Súmula 380 - Comprovação - Existência de Sociedade de Fato - Cabimento - Dissolução Judicial - 
Partilha do Patrimônio Adquirido pelo Esforço Comum. Comprovada a existência de sociedade de fato entre os 
concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum. 
58
 Disponível em: <http://nossodireito.wordpress.com/category/informativos-do-stj-comentados/>. Acessado em: 
28 set. 2013 às 15h43min. 
29 
 
 Mesmo que a relação com a ‘outra’ se assemelhe à união estável e constitua, em 
alguns casos, uma sociedade de fato, passível de partilhamento dos bens adquiridos 
pelo esforço comum direto, não se pode identificá-la com a união estável 
59
. 
 
A proteção jurídico-constitucional recai sobre uniões matrimonializadas e relações 
convivenciais [sic] more uxorio que possam ser convertidas em casamento. Com 
isso, a união estável perde o status de sociedade de fato e ganha o de entidade 
familiar, logo não pode ser confundida com a união livre, pois nesta duas pessoas de 
sexos diferentes, além de não optarem pelo casamento, não têm qualquer intentio de 
constituir família, visto que, tão- somente, assumiram “relação aberta” ante a 
inexistência de compromisso (RT, 698:73) 
60
. 
 
Maria Helena Diniz informa que existiu um projeto de lei onde apresentava uma 
modificação do art. 1727 do Código Civil, mas que o mesmo não foi aprovado: 
Reforçará tal idéia [sic] o Projeto de lei n. 6.960/2002 ao propor a seguinte 
modificação ao art. 1.727: “As relações não eventuais entre homem e mulher, 
impedidos de casar e que não estejam separados de fato, constituem concubinato, 
aplicando-se a este, mediante comprovação da existência de sociedade de fato, as 
regras do contrato de sociedade. Parágrafo único. As relações meramente afetivas e 
sexuais, entre homem e a mulher, não geram efeitos patrimoniais, nem 
assistenciais”. Mas o Parecer de Vicente Arruda não a aprova por entender que não 
acrescenta nenhum elemento novo ao conceito de concubinato, nem aos efeitos 
patrimoniais dele decorrentes 
61
. 
 
Explica Maria Berenice Dias, que estas ações para partilhar patrimônio adquirido 
durante relação extraconjugal são mais frequentes pelas mulheres, e somente terá direito a 
receber sua parte se o concubinato adulterino for de boa-fé, ou seja, quando a (o) concubina 
(o) não sabia que seu convivente era casado ou vivia em união estável com outra pessoa. 
Como as mulheres são vítimas dessas uniões- pois só homens conseguem a façanha 
de manter duas famílias ao mesmo tempo-, invariavelmente são elas que propõem as 
ações. Outra estratégia para conseguirem obter alguma coisa é alegar que 
desconheciam o casamento ou a outra união estável mantida pelo parceiro. Só 
mediante esse fundamento (ou artifício!) é admitido o concubinato adulterino 
putativo de boa-fé. Reconhecida a existência de uma sociedade de fato, é 
determinada a partição patrimonial, mediante a prova da sua colaboração 
62
. 
 
Contudo, alguns tribunais entendem que deve ser partilhado o patrimônio que a (o) 
concubina (o) indiretamente ou diretamente ajudou a construir, sendo direito seu receber sua 
parte com a dissolução da relação ou através do falecimento de seu convivente, mesmo este 
sabendo que seu concubino possuía outra relação conjugal. 
Processo: CR -1528972696 SP. Relator(a): Octavio Helene. Julgamento: 
04/11/2008. Orgão Julgador: 10º Câmara de Direito Privado. Publicação: 
01/12/2008. 
Sociedade de fato - Caracterização - Concubino casado e não separado de fato da 
mulher - Irrelevância - Reconhecimento - Contribuição indireta da companheira para 
 
59
 PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e união estável. 7 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 2004. p. 66. 
60
 DINIZ. Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 5. Direito de Família. 22 ed. São Paulo: Saraiva, 
2007. p. 354. 
61
 DINIZ. Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 5. Direito de Família. 22 ed. São Paulo: Saraiva, 
2007. p. 371. 
62
 DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito de Famílias. 5 ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. p. 178. 
30 
 
a formação do patrimônio - Prova nesse sentido - Direito reconhecido - Sentença 
mantida - Recurso imprõvidò.[sic] "A jurisprudência do STJ acolhe entendimento no 
sentido de que, se a concubina, direta ou indiretamente, contribui para a formação do 
patrimônio, a este faz jus" (REsp. 120.335/RJ - Terceira Turma - Rei. Min. 
Waldemar Zveiter - dec. 21.05.98 - DJ 24.08.98, p. 71) 
63
. 
 
Apelação Cível Nº 70029861663, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, 
Relator: José Ataídes Siqueira Trindade, Julgado em 02/07/2009. 
APELAÇÃO CÍVEL. UNIÃO ESTÁVEL PARALELA AO CASAMENTO. 
Se mesmo não estando separado de fato da esposa, vivia o réu em união estável com 
a autora/companheira, entidade familiar perfeitamente caracterizada nos autos, 
procede o reconhecimento da sua existência, mas com a declaração de que era 
concomitante ao casamento dele. Sobre os bens dos companheiros, sendo um 
casado, não há meação da autora, mas sim, devem ser divididos em três partes, 
cabendo à companheira uma das partes. Precedentes. 
Apelação parcialmente provida 
64
. 
 
Processo: 202101-83.2005.8.09.0144. Origem: 5ª CAMARA CIVEL. Fonte: DJ 898 
de 08/09/2011. Acordão: 18/08/2011. 
APELAÇÃO CÍVEL. AÇÃO DE SEPARAÇÃO DE SOCIEDADE DE FATO E 
DIVISÃO DE BENS. CONCUBINATO. SOCIEDADE DE FATO. BENS 
ADQUIRIDOS NA CONSTÂNCIA DA RELAÇÃO CONCUBIÁRIA. 
REPARTIÇÃO. 1. Comprovada a existência de sociedade de fato entre os 
concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio 
adquirido pelo esforço comum. (STF, Súmula 380) 2. Diante do lastro probatório 
não comprovando as alegações do apelante de que os bens foram adquiridos 
anteriormente à relação concubinária com a outra parte, e de acordo com alegações 
testemunhais em sentido contrário, a medida que se impõe é a divisão em partes 
iguais do patrimônio. 3. RECURSO CONHECIDO E DESPROVIDO. SENTENÇA 
MANTIDA 
65
. 
 
Há uma sentença da 1ª Vara de Família de Cuiabá, que merece destaque. A juíza 
Amini Haddad Campos, julgou procedente o direito à partilha de bens durante uma relação 
concubinária de aproximadamente dezessete anos, e foi além, igualou esta relação com o 
casamento, conforme certos fragmentos impostos no anexo I 
66
. 
 Dessa forma, o que deve ser debatido não é aquela relação extraconjugal “infiel” 
onde vale apenas a atração física, mas sim, uma relação que, por mais que seja concubinária é 
uma união de afeto, ao ponto de confiare adquirir patrimônio em conjunto. E sendo assim, a 
(o) concubina (o) possui direito a receber sua parte daquele determinado patrimônio, mesmo 
não sendo reconhecida esta relação como entidade familiar. Assim se fará justiça. 
 
63
 Disponível em: <http://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2827713/apelacao-com-revisao-cr-2765994600-
sp>. Acessado em: 10 out. 2013 às 13h40min. 
64
 Disponível em: <http://br.vlex.com/vid/-60149148>. Acessado em: 28 set. 2013 às 16 horas. 
65
Disponível em: 
<http://www.tjgo.jus.br/jurisprudencia/showacord.php?nmfile=TJ_2021018320058090144%20_2011081820120
223_115624.PDF>. Acessado em: 02 out. 2013 às 15h37min. 
66
 Disponível em: <http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Direito/679791.html>. Acessado em: 10 set. 2013 às 
14h26min. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
O presente trabalhou versou sobre uma das modalidades de concubinato impuro: o 
concubinato adulterino, este tido como relação eventual entre um homem e uma mulher 
impedidos de se casar, conforme art.1.727 do Código Civil de 2002. 
Ocorre que, por mais que seja uma relação impedida, os concubinos podem se unir 
por se amarem e com isso, adquirir patrimônio em comum. Porém, o que se pode indagar é 
que os legisladores brasileiros não caracterizam os efeitos jurídicos desse tipo de relação, 
apenas a conceituaram. 
Dessa forma, alguns doutrinadores e tribunais caracterizaram concubinato como 
forma de família, demonstrar que o que realmente importa é o sentimento de afeição entre 
eles, da mesma forma que o casamento e a união estável. 
Contudo, nem todos os tribunais entendem que essa união é uma forma de família, 
onde para a maioria seu debate deve advir do Direito das Obrigações, sendo vista como forma 
de sociedade de fato. 
Diante do exposto, o que fica demonstrado é que mesmo a maioria dos tribunais não 
aceitar concubinato como entidade familiar, por afetar o sistema monogâmico, deve-se dividir 
o patrimônio existente entre eles em comum, por ser um direito de cada concubino, quando 
esta relação vier a se extinguir. 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
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Famílias. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2010. 
 
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DIAS, Maria Berenice. Manual de Direito de Famílias. 5 ed. São Paulo: Revista dos 
Tribunais, 2008. 
 
DINIZ, Maria Helena. Curso de Direito Civil Brasileiro. 5. Direito de Família. 22 ed. São 
Paulo: Saraiva, 2007. 
 
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro, Volume VI: Direito de Família. 2 
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Tribunais, 2005. 
 
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PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito Civil- Direito de Família - Volume 
V. 18 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2010. 
 
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Concubinato e união estável. 7 ed. Belo Horizonte: Del Rey, 
2004. 
 
RIEZO, Barbosa. Do Concubinato - Teoria, Legislação, Jurisprudência e Prática. São 
Paulo: Lexbook, 1998. 
 
RIZZARDO, Arnaldo. Direito de Família. 7 ed. Rio de Janeiro: Forense, 2009. 
 
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33 
 
 
DIAS, Maria Berenice. Adultério, bigamia e união estável: Realidade e Responsabilidade. 
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quisarPor=ementa&pesquisaTesauro=true&orderByData=1&referenciaLegislativa=Clique%2
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Disponível em: <http://br.vlex.com/vid/-41491814>. Acessado em 11 set. 2013 às 08h32min. 
 
Disponível em: <http://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/558553/recurso-especial-resp-
47103>. Acessado em: 10 out. 2013 às 12h43min. 
 
Disponível em: <http://nossodireito.wordpress.com/category/informativos-do-stj-
comentados/>. Acessado em: 28 set. 2013 às 15h43min. 
 
Disponível em: <http://tj-sp.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/2827713/apelacao-com-revisao-
cr-2765994600-sp>. Acessado em: 10 out. 2013 às 13h40min. 
 
Disponível em: <http://br.vlex.com/vid/-60149148>. Acessado em: 28 set. 2013 às 16 horas. 
 
34 
 
Disponível em: 
<http://www.tjgo.jus.br/jurisprudencia/showacord.php?nmfile=TJ_2021018320058090144%2
0_2011081820120223_115624.PDF>. Acessado em: 02 out. 2013 às 15h37min. 
 
Disponível em: <http://www.trabalhosfeitos.com/ensaios/Direito/679791.html>. Acessado 
em: 10 set. 2013 às 14h26min. 
 
 
 
ANEXO I 
 
 
PROCESSO N. 30325-71.2008.811.0041 - CÓDIGO Nº 360453 
“A autora, atualmente com aproximados 50 anos (doc. de fls. 26), alega que 
conviveu com o requerido, por 17 (dezessete) anos (ano de 1989 até 2006), sob o mesmo teto 
e em união estável, no município de Juscimeira, conforme declaração registrada em cartório 
(fls. 38), como se casados fossem, sendo que ela trabalhava e auxiliava o requerido na 
manutenção das fazendas. 
Menciona que a relação era pública, para tanto a autora carreou aos autos fotografias 
da convivência das partes em momentos do dia-a-dia (inclusive em igrejas), rodeados de 
familiares e amigos, bem como juntou recortes de jornal contendo

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