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Texto 9 - Uréia na Alimentação de Ruminantes


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A URÉIA NA ALIMENTAÇÃO DE RUMINANTES
INTRODUÇÃO
Atualmente é comprovado que o uso da uréia na alimentação e suplementação de rebanhos pode ser feito com vantagem. As pesquisas demonstram que o nitrogênio da uréia pode substituir uma parte considerável no nitrogênio da dieta. A amônia, resultante tanto da hidrólise da uréia como das proteínas verdadeiras, é indistintamente utilizada pelas bactérias do rúmen no processo de síntese dos aminoácidos necessários à produção de suas proteínas.
Existem duas situações típicas para a utilização da uréia. Numa, o fornecimento de uréia visa suprir uma deficiência de proteína da dieta, resultando em melhor desempenho dos animais, situação característica dos períodos de estiagem. Na outra, não existe deficiência de proteína na dieta, sendo que a uréia é utilizada para promover a economia de farelos protéicos, de custo elevado.
2. PROCESSO DE OBTENÇÃO DA URÉIA
A uréia é um composto quaternário, constituído por nitrogênio, oxigênio, carbono e hidrogênio, de cor branca-cristalina, de sabor amargo, com a fórmula:
A uréia é cristalina através do sistema prismático e solúvel em água e álcool.
Quimicamente é classificada como amida, daí ser considerada um composto nitrogenado não protéico.
A síntese industrial da uréia é feita, inicialmente, a partir do gás metano (CH4) que, submetido a uma temperatura superior a 1000 graus centígrados, decompõe-se em hidrogênio (H2), monóxido de carbono (CO) e dióxido de carbono (CO2). Por sua vez, o hidrogênio, junto com o nitrogênio do ar, submetidos à determinada pressão e temperatura, formam a amônia (NH3). Vale lembrar que o ar é muito rico em nitrogênio (79 % de nitrogênio e 21 % de oxigênio). 
3. COMPOSIÇÃO DA URÉIA
O Quadro 1. mostra a composição química da uréia produzida no Brasil.
QUADRO 1. Composição da uréia produzida no Brasil
	Componente 
	%
	Nitrogênio 
Biureto 
Água 
Amônia livre 
Cinza 
Ferro + Chumbo 
	46,400
0,550
0,250
0,008
0,003
0,003
Aqui é incluída uréia alimentar ou pecuária, de coloração branca. O chumbo existente na uréia, quando apresentado neste nível, jamais causará problemas de toxidez aos ruminantes.
A uréia-adubo é mais higroscópica e pode conter nitratos, o que impede a utilização na alimentação animal porque, no organismo animal, os nitratos são reduzidos a nitritos, que se combinam com a hemoglobina, dando metaemoglobina, incapaz de transportar oxigênio.
A uréia alimentar é mais pura, contendo um equivalente protéico de 290 % (46,4 % N x 6,25 = 290 %).
4. UTILIZAÇÃO DA URÉIA PELOS RUMINANTES
O ruminante aproveita a uréia proveniente de duas fontes, uma exógena e outra endógena. A exógena é fornecida através da ração e é produzida sinteticamente a partir de amônia e gás carbônico. A uréia endógena é biossintetizada no fígado através de um processo chamado ciclo da uréia”. A uréia endógena proveniente deste ciclo chega ao rúmen por difusão também de sua parede e através da saliva.
Tanto a uréia endógena quanto a exógena, ao atingir o rúmen do animal, são imediatamente degradadas pela ação da enzima urease, dando origem a gás carbônico e amônia. Este é o produto final da degradação das proteínas naturais, da uréia e de outros compostos nitrogenados não protéicos. Assim, temos:
As bactérias do rúmen (proteína microbiana) passam, por uma digestão química, com hidrólise de sua proteína e liberação dos aminoácidos, que são então absorvidos através das vilosidades intestinais, caindo na circulação sanguínea e sendo utilizados na formação de proteínas em diversas partes do corpo animar. 
Uma parte da amônia livre no fluido ruminal, dependendo de sua concentração e da capacidade, dos microrganismos do rúmen em absolvê-la, atravessa a parede do rúmen, cai na circulação sanguínea e é levada para o fígado, onde é transformada em uréia endógena, dando início a um novo ciclo da uréia, conforme já foi descrito anteriormente. O excesso de uréia é excretado pelos rins via urina. É necessário acrescentar que a difusão pelo epitélio ruminal é a principal via de entrada de uréia endógena no rúmen. A Figura 1. mostra a síntese de proteína no rúmen.
Quando a alimentação do animal é pobre em carboidratos prontamente digeríveis e rica em celulose, hemicelulose e lignina, ocorre que os cetoácidos são formados em velocidade e quantidade limitantes para a síntese de aminoácidos, resultando em perdas de amônia e absorção da mesma no rúmen, com conseqüenciais tóxicas.
A uréia não é capaz de satisfazer completamente a necessidade dos microrganismos do rúmen e dos tecidos do animal em nitrogênio, mas seu valor como fonte de proteína é de considerável importância.
FIGURA 1. Síntese de proteína no rúmen, adaptada de Satter e Rofflér
5. CUIDADOS PARA UTILIZAÇÃO EFICIENTE DA URÉIA
5.1. Composição da Ração
A composição da ração junto à qual é fornecida a uréia tem grande influência sobre seu aproveitamento pelos microrganismos do rúmen. Assim, discutiremos alguns pontos importantes, como os que seguem. -
PROTEÍNAS: O nível de proteína na ração afeta a conversão de nitrogênio não protéico em proteína microbiana. Níveis elevados reduzem acentuadamente a utilização da amônia pelas bactérias do rúmen. Esta redução se inicia, segundo alguns pesquisadores, quando a percentagem de proteína bruta da ração excede a 14 %. Por outro lado, é indispensável a presença de proteína verdadeira, seja de origem animal ou vegetal. Isto porque, além de fornecer aminoácidos pré-formados para a utilização da amônia pelos microrganismos do rúmen, fornece cadeias carbônicas ramificadas utilizadas na síntese de certos aminoácidos. Outro fator importante é a qualidade da proteína que faz parte da ração. Certas proteínas são muito ou pouco degradadas no rúmen. Aquelas que são muito degradadas fornecem grandes quantidades de amônia e, consequentemente haverá excesso da mesma, quando somada à preferível pela uréia. Por esta razão, é preferível uma proteína de baixa solubilidade ou pouco degradada para contribuir para uma melhor utilização da uréia.
CARBOIDRATOS: Os carboidratos da dieta são a principal fonte de energia para os microrganismos do rúmen e seu efeito sobre a eficiência de utilização da uréia depende de sua qualidade e da quantidade na ração. Este é um dos aspectos mais importantes na síntese de proteína microbiana pelos microrganismos do rúmen. Os carboidratos fornecem energia e esqueletos de carbono aos microrganismos, o que é essencial para que ocorra conversão de amónia em proteína microbiana. Entretanto, os vários tipos de carboidratos dos alimentos diferem amplamente nesta função, dado o nível e a taxa de energia que são capazes de liberar. Neste sentido, o amido dos cereais é o mais efetivo, pois sofre elevada degradação no rúmen e em taxas semelhantes a da uréia. Isto significa que libera energia para os microrganismos no mesmo ritmo em que a amónia, proveniente da hidrólise da uréia, que fica disponível no rúmen, o que contribui para seu melhor aproveitamento. Por outro lado, os polissacarídeos estruturais componentes de fração fibrosa das plantas, como a celulose e hemicelulose, são carboidratos de lenta degradação no rúmen e liberam sua energia mais rapidamente do que seria necessário para o aproveitamento eficiente da amónia no rúmen.
ENXOFRE: O enxofre participa da constituição de aminoácidos sulfurados, como cisteína, cistina e metionina. Em certas circunstâncias, a síntese dessesaminoácidos pode ser limitada por deficiência de enxofre na ração. Portanto, quando a ração é pobre neste elemento, a adição do mesmo resulta em maior retenção de nitrogênio. O enxofre apresenta-se em níveis muito baixos nos grãos e nas silagens de grãos e ausente na uréia. 
FÓSFORO: É importante salientar que o fósforo é essencial ao metabolismo energético da população microbiana e do animal ruminante. 
UREASE: A urease é largamente encontrada em plantas, principalmente em certas leguminosas, fermentos e bactérias. O líquido do rúmen apresenta uma alta atividade ureolítica, pelo fato da urease ser produzida por bactérias. A urease é uma enzima extremamente ativa, pois a hidrólise da uréia no rúmen chega a ser quatro vezes maior que a capacidade de utilização da amónia pelos microrganismos do rúmen. Estima-se que o conteúdo do rúmen do bovino adulto pode hidrolisar 2 a 4 kg de uréia em um minuto. Esta alta produção de amónia, além de reduzir a utilização da uréia, pode conduzir a sérios problemas de intoxicação. Vários trabalhos têm sido conduzidos para se obter a diminuição na atividade da urease e uma melhor utilização da uréia. Alguns pesquisadores chegaram a procurar um antibiótico que controle o desenvolvimento das bactérias produtoras de urease, mas até hoje ainda não se tem uma definição para o problema Finalmente, salientamos que a uréia não deve ser incorporada em misturas de alimentos contendo ingredientes que possuam urease, como por exemplo a soja crua, principalmente em presença de umidade, pois a urease iria desdobrar a uréia em amónia, que, além de se perder, também diminuiria a aceitabilidade da ração pelo odor característico.
5.2. Idade dos Animais
A idade mínima do animal ruminante para aproveitar uréia depende do estágio de desenvolvimento do rúmen, que está em função do sistema de desmama adotado. Na desmama precoce, em que o consumo de concentrados e de volumosos de alta qualidade é estimulado desde os primeiros dias de vida, os bezerros podem apresentar rúmen funcional com apenas 6 semanas de idade. Na desmama normal, o leite materno representa o principal alimento do bezerro por um período de 6 a 8 meses e o desenvolvimento do rúmen ocorre mais lentamente, tornando-se funcional somente quando o bezerro tiver 4 a 6 meses de idade.
Portanto, a idade mínima do animal ruminante para aproveitamento da uréia depende do estágio de desenvolvimento do rúmen. Geralmente, não se usa fornecer uréia para animais com menos de 3 meses de idade.
5.3. Nível de Uréia na Alimentação
O fornecimento de uréia para animais ruminantes, para se atingir o máximo de eficiência sem colocar em risco a vida dos animais, deve obedecer às seguintes regras:
O nitrogênio não proteico proveniente da uréia não pode ser maior do que 33 % do nitrogênio total da ração.
A quantidade de uréia não pode ser superior a 1 % da matéria seca da ração.
É sempre conveniente, quando se usam rações alternativas balanceadas com diversos componentes, associar o peso vivo do animal ao nível de utilização de uréia. De modo geral aconselha-se a fornecer, no máximo, 40 g de uréia para cada 100kg de peso vivo por animal por dia. Este limite estabelecido possue uma margem de segurança muito grande. Há casos especiais, principalmente quando se usa amido (cereais) na dieta e o fornecimento é feito parceladamente, durante o dia, em que se podem fornecer até 50g de uréia por 100kg de peso vivo. Resumindo, temos:
Máximo de 40g de uréia/100kg de peso vivo
5.4. Adaptação dos Animais ao Consumo de Uréia
A adaptação é necessária ao fígado do animal, para que ocorra biossíntese da uréia nos níveis desejáveis e ainda aos microrganismos do rúmen, para absorver níveis elevados de amônia, enquanto outras nem a utilizam.
O fornecimento de níveis elevados de uréia a animais não submetidos previamente a adaptação pode resultar em alta concentração de amônia no rúmen e no sangue, reduzindo seu aproveitamento e incorrendo em risco de intoxicação.
Recomenda-se um período de adaptação de 2 a 6 semanas, dependendo do nível e forma de fornecimento de uréia, O esquema indicado é:
• 1ª quinzena: 33 % do total ou 13g/100kg de peso vivo;
• 2ª quinzena: 66 % do total ou 26g/100kg de peso vivo;
• 3ª quinzena: 100 % do total ou 40g/100kg de peso vivo.
Outro esquema de adaptação poderá ser adotado, observando sempre a dosagem inicial para que seja inferior a 14g/100kg de peso vivo, haja vista que já foram constatados em pesquisa casos de intoxicações de animais não adaptados com dosagem de 20g/100 kg de peso vivo.
OBSERVAÇÃO: o fornecimento de uréia deverá ser contínuo, pois os animais perdem a adaptação em 3 dias. Se houver uma interrupção por 3 dias no fornecimento, fazer novamente a adaptação.
5.5. Parcelamento da dose diária de Uréia
Quando se fornecem altos níveis de uréia, é importante fazer um parcelamento da dose diária, para evitar sua concentração no rúmen, reduzindo sua eficiência de utilização.
O desdobramento da quantidade diária de uréia em 2 ou mais vezes resulta em melhor aproveitamento pelos microrganismos do rúmen e em menor risco de intoxicação.
5.6. Intoxicação pela Uréia e seu tratamento
Quando a uréia é consumida em grandes quantidades e em curto espaço de tempo pode provocar intoxicação nos animais. Na intoxicação, o excesso de amônia não é o principal fator, mas sim, quando o pH do rúmen está elevado. Isto porque o carbamato de amônio libera ácido fórmico que, na presença de nitratos e molibdatos, é oxidado a ácido oxálico, sendo este o verdadeiro causador da intoxicação.
Os sintomas de intoxicação causados por excesso de amônia, começam a aparecer quando o nível de nitrogênio amoniacal alcança valores de 1 mg/100 ml de sangue. Quando o pH do rúmen ultrapassa 8, provocado pelo excesso de amônia, há um aumento gradativo dessa solução no sangue. A capacidade do fígado em converter amônia absorvida do rúmen em uréia está em tomo de 84 mg de nitrogênio amoniacal por 100 ml de fluído ruminal.
Os principais sintomas de intoxicação causados pela uréia São:
Respiração difícil;
Salivação excessiva;
Incoordenação motora;
Nervosismo e inquietação;
Tremor muscular, tetania, prostração, convulsão e morte.
Ao diagnosticar, no início, esses sintomas, deve-se proceder da seguinte maneira:
Forçar a ingestão gradativa de 8 ou mais litros de vinagre, a depender da quantidade de uréia ingerida pelo animal. A hidrólise da uréia é mais intensa quando o pH do rúmen é elevado, devido à maior atividade da urease. O ácido acético do vinagre baixa o pH do rúmen, reduzindo a hidrólise da uréia, e se combina com a amônia livre, formando acetato de amônio, Com isso a passagem da amônia por difusão pela parede do rúmen é diminuída.
5.7. Prevenção da intoxicação por Uréia
A intoxicação somente ocorre se houver consumo elevado de uréia em um curto espaço de tempo. Para prevenir a intoxicação e a eventual morte dos animais, devem-se tomar os seguintes cuidados:
Não fornecer alimentos com uréia a animais em jejum, depauperados ou famintos;
Realizar a adaptação dos animais;
Misturar a uréia nos alimentos homogeneizando bem;
Parcelar o fornecimento da dose diária;
Fornecer ao animal alimentos ricos em carboidratos, tais como milho, farinha de arroz, melaço, sorgo, mandioca, etc.;
Mineralizar adequadamente os animais dando especial atenção à suplementação de fósforo e enxofre;
Não fornecer uréia misturada aos alimentos na forma de sopa;
Evitar o acúmulo de água nos cochos e, conseqüentemente, solubilização da uréia, para evitar que seja ingerida em excesso por algum animal sedento;
Não deixar sacos de uréia ou de mistura ao fácil acesso dos animais;
Ter sempre à mão, preventivamente, 20 a 30 litros de vinagre.
6. FORMAS PARA FORNECERA URÉIA
6.1. Uréia em mistura com silagem
O uso da silagem com uréia tem a vantagem de enriquecê-la em proteína, proporcionando melhor desempenho dos animais e economia de concentrados.
A uréia pode ser adicionada á silagem basicamentede duas maneiras:
No momento da ensilagem: Este método tem sido amplamente empregado por várias razões: o consumo de uréia ocorre durante quase todo o dia; o gosto indesejável da uréia é mascarado; a amônia proveniente da hidrólise da uréia combina com os sais orgânicos da silagem, evitando a sua perda e, ainda, como conseqüência, evita o desprendimento de odores indesejáveis dos ácidos. O material a ser ensilado, para ser tratado com uréia, deve estar com 30 a 40 % de matéria seca. A forragem com menos de 30 % de matéria seca resulta em grande perda de uréia por lixiviação. A quantidade recomendada chega até 1 % do material a ser ensilado. Conhecida a capacidade do silo, calcula-se a quantidade necessária de uréia a ser empregada. Para se conseguir maior homogeneidade da uréia a forragem, é recomendável dissolvê-la em água (1kg de uréia para 4 litros de água) e aspergi-la sobre as camadas previamente calculadas. Estas camadas não devem exceder a espessura de 0,5m.
No momento de distribuição: A uréia pode ser misturada à silagem no próprio cocho, homogeneizando bem, antes que os animais tenham acesso. Pode ser aplicada na forma seca ou em solução (1kg de uréia para 4 litros de água), em proporção de até 1 % da forragem.
É conveniente lembrar que para qualquer dos dois métodos adotados, deve-se considerar o consumo de silagem e respeitar os limites máximos (40 a 50 g de uréia/100 kg de peso vivo), além de fazer a adaptação dos animais, conforme já descrito. Além disso, as sobras de silagem nos cochos devem ser descartadas antes de se colocar novo fornecimento, pois a silagem é facilmente atacada por leveduras e fungos indesejáveis, tornando-a inaproveitável. Resumindo, temos:
	No momento da ensilagem:
	Até 1% de uréia
	No momento do arraçoamento:
	Até 1% de uréia
6.2. Uréia em mistura com cana-de-açúcar
A cana-de-açúcar, embora seja pobre em proteína, é uma boa fonte de carboidratos na forma de sacarose, os quais são altamente solúveis no rúmen do animal. Devido a sua boa palatabilidade e ser facilmente consumida pelos animais, mesmo quando misturada com a uréia, ela está presente em quase toda propriedade rural e, ao contrário das outras gramíneas, tem seu valor nutritivo pouco modificado ao longo do período seco do ano.
Os trabalhos de pesquisa mostram que a cana-de-açúcar, adequadamente usada, pode constituir-se em alimento alternativo para o período da seca. Sua utilização nessa época, na suplementação de novilhas, permite continuidade no crescimento, fazendo com que a idade para o primeiro parto seja antecipada.
O preparo da mistura de uréia com cana-de-açúcar é relativamente simples, devendo obedecer às seguintes etapas:
Picar a cana-de-açúcar integralmente, ou seja, caule e folhas;
Para cada 100 kg de cana-de-açúcar picada, usar 500 g de uréia nos 15 primeiros dias e 1000 g posteriormente;
Para se obter uma mistura homogênea de uréia e cana-de-açúcar, é necessário dissolver a uréia em água, na proporção de 4 litros de água para cada 1 kg de uréia;
Adicionar essa solução, de preferência com regador, à cana picada e já distribuída nos cochos. Não há necessidade desses cochos serem cobertos, mas é importante que eles não acumulem água.
Para melhorar a utilização da uréia, tem sido recomendada a adição de enxofre à mistura cana-uréia. O enxofre pode ser fornecido sob a forma de sulfato de amônio, na proporção de nove partes de uréia para uma de sulfato (900g de uréia mais 100g de sulfato de amônio), dissolvidos em água. Resumindo, temos:
	CANA + URÉIA (ATÉ 15 DIAS)
	0,5% de uréia
	CANA + URÉIA (APÓS 15 DIAS)
	 1% de uréia
6.3. Uréia em misturas com outros volumosos
Os alimentos volumosos geralmente possuem baixo teor de proteínas, com excessão dos fenos e forragens de leguminosas. A suplementação com uréia é vantajosa, principalmente quando se aplica em restos de cultura, capins de corte, fenos de gramíneas, bagaço de cana e casca de cereais.
Os níveis recomendados de uréia variam com o teor de umidade do volumoso que será usado. Nos volumosos úmidos, como as silagens, capins de corte e cana, que têm entre 20 a 40 % de matéria seca, recomenda-se aplicar até 1 % de uréia. Nas palhadas de culturas, fenos e cascas de cereais, que possuem entre 70 a 90 % de matéria seca, recomenda-se até 2 % de uréia. Resumindo, temos:
	VOLUMOSOS SECOS (70 a 90% DE MS) (
	ATÉ 2% de uréia
	VOLUMOSOS ÚMIDOS (20 a 40% DE MS) (
	ATÉ 1% de uréia
Deve-se considerar o consumo diário de volumoso por animal para estabelecer qual a proporção de uréia a ser utilizada, logicamente respeitando-se os limites máximos (40 a 50g de uréia/l00 kg de peso vivo) e fazendo adaptação dos animais e parcelamento da dose diária.
Para facilitar a adição da uréia nos volumosos, deve-se fazer sua dissolução em água (dose de uréia para 100 kg de volumoso em 3 a 4 litros de água) e posterior aplicação ao volumoso, por regador. As sobras não consumidas de um dia para o outro devem ser descartadas.
6.4. Uréia em mistura com sal mineral
Bons resultados são obtidos com sal mais uréia quando as pastagens estão secas porém apresentam grande disponibilidade de massa. A pastagem é responsável pelo fornecimento de energia, que muitas vezes ocorre de maneira limitada, pois em geral, no período seco do ano, estão muito maduras e com a fibra lignificada.
Diversas observações destacaram que a proporção de uréia no sal pode chegar gradativamente até 65 % da mistura, sem que ocorra problema de intoxicação.
Segundo a PETROFÉRTIL, o manejo para usar a uréia mais sal mineral é o seguinte:
Nivelar o consumo de sal mineral, administrando-o uma semana antes do início do fornecimento da mistura contendo uréia; Para fazer a adaptação dos animais, proceder conforme o esquema seguinte:
1ª semana: 90kg de sal mineral + 10 kg de uréia;
2ª semana: 75 kg de sal mineral + 25 kg de uréia;
3ª semana: 60 kg de sal mineral + 40 kg de uréia.
Não interromper o fornecimento de uréia, pois em 2 a 3 dias os animais perdem a adaptação;
A mistura uréia/sal mineral deve ser bem preparada, evitando-se a formação de pelotas;
Evitar que se acumule água no cocho;
Evitar encher demasiadamente o cocho;
Colocar uma quantidade necessária para o consumo de uma semana, no período seco, e para 2 ou 3 dias no período chuvoso;
Quebrar periodicamente a crosta formada sobre a mistura e nos cantos dos cochos;
Não fornecer a mistura a animais em jejum, depauperados sedentos ou cansados;
Ter água em abundância, pois o consumo aumenta;
O fornecimento deve ser feito em cochos cobertos, colocados à livre disposição dos animais nos pastos.
Nesse sistema, o fósforo e o enxofre são elementos importantes para o aproveitamento da uréia, devendo-se garantir o seu fornecimento.
Em determinadas regiões onde a umidade relativa do ar é elevada, o endurecimento da mistura uréia mais sal mineral limita seu uso. A causa desse endurecimento é a elevada higroscopiciclade da uréia, bem como a do cloreto de sódio. Para evitar esta situação pode-se adicionar à mistura 20 % de um ingrediente seco, moído, que funcionará como substância antiendurecedora. Como exemplo, temos: farelo de trigo, farelo de arroz, milho desintegrado com palha e sabugo, fubá de milho, raspa de mandioca, palha de feijão moída, pé de milho seco moído, palha de arroz moída, capins secos moídos, bagaço de cana seco moído, serragem de madeira, etc. Resumindo temos:
1ª semana: 90 kg de sal mineral + 10 kg de uréia;
2ª semana: 75 kg de sal mineral + 25 kg de uréia;
3ª semana: 60 kg de sal mineral + 40 kg de uréia.
6.5. Uréia em mistura com melaço
O uso da mistura de melaço com uréia tem boa aceitação pelos animais e tem sido largamente empregada, pois possibilita o aproveitamento dos resíduos agrícolas grosseiros Além disso, a mistura melaço-uréia constitui uma fonte de energia e de nitrogênio para os microrganismos do rúmen, que se multiplicam e passam a promover ataque intenso da fração fibrosa dos volumosos grosseiros, melhorando seu aproveitamento.A mistura melaço-uréia pode ser feita na própria fazenda, na proporção de 9 quilos de melaço para cada 1 quilo de uréia, sem diluir em água, para não fermentar a mistura armazenada. Esta mistura pode ser guardada por muito tempo, sem perder o seu valor.
O fornecimento é feito à livre disposição dos animais, em cochos próprios que possuem uma grade de madeira que fica boiando sobre a mistura. A presença desta grade possibilita ao animal apenas lamber a mistura em pequenas quantidades, mas durante todo o dia.
Para aumentar o consumo de volumosos grosseiros secos, diluir a mistura melaço uréia em água na proporção de 1:1 e aplicar sobre o volumoso, misturando cuidadosamente. Caso não se tenha a mistura melaço-uréia prontamente preparada, pode-se diluir o melaço em água na proporção 1:1, dissolver a uréia na solução e aplicar sobre o volumoso. É importante observar que a solução diluída de melaço é de difícil conservação e, portanto deve ser preparada diariamente.
Ao adotar este processo respeitar os limites de consumo diário de melaço e de uréia (40 a 50 g de uréia/100 kg de peso vivo) e fazer a adaptação em pelo menos 2 semanas. Resumindo, temos: 9 Kg DE MELAÇO + 1Kg DE URÉIA
6.6. Uréia em mistura com concentrados
A utilização da uréia na mistura de concentrados é uma opção de economia, pois permite a substituição de farelos protéicos caros por uréia mais concentrado energético. Uma relação de substituição típica é a seguinte: oito quilos de farelo de soja têm exatamente os mesmos teores da proteína bruta e de energia digestível que sete quilos de milho mais um quilo de uréia.
A proporção de uréia na mistura de concentrados não deve ser superior a 3 %. Acima de 2 % de uréia no concentrado podem causar redução no consumo, pois a uréia é pouco palatável. Também O umedecimento causa redução no consumo do concentrado com uréia, devendo-se evitar seu fornecimento na forma de sopa.
Para estabelecer uma dosagem ideal, evitando consumos excessivos, é necessário considerar o consumo total de concentrado, para estabelecer qual a proporção de uréia na mistura. Resumindo, temos:
URÉIA + CONCENTRADO: ATÉ 2% DE URÉIA
6.7 Cálculo da quantidade de Uréia a ser adicionada
Para qualquer das formas de utilização da uréia citadas anteriormente, deve-se considerar o consumo diário da mistura por animal, para estabelecer a percentagem de uréia a ser utilizada. Além disso, deve-se conhecer o peso do animal para que seja respeitado o limite máximo (40 g/100 kg de PV/animal/dia) de utilização.
Tomamos como exemplo, um bovino de 300 kg de peso vivo, que deverá consumir 2 kg da mistura melaço + uréia. A quantidade máxima que este animal pode ingerir será 120 g (40 g/100 kg PV) por dia.
No Quadro 2, na coluna para consumo de 2 kg de mistura, localizando a linha que corresponde a 120 g de consumo de uréia, encontraremos o valor de 6 %. Esta será a proporção máxima a ser usada na mistura melaço-uréia. Deve-se fazer a adaptação dos animais e seguir as recomendações preconizadas para este tipo de mistura.
QUADRO 2. Uréia consumida pelos animais segundo o consumo de alimento e a % dela na mistura
7. URÉIA NA ALIMENTAÇÃO DE VACAS LEITEIRAS
A uréia pode participar de modo decisivo para viabilizar economicamente a exploração de leite, quer pela capacidade potencial de substituir até 33 % da proteína da dieta, quer pelo fato de favorecer a digestibilidade e aproveitamento de alimentos volumosos grosseiros.
Os rebanhos leiteiros suplementados com misturas contendo uréia, durante o período de seca ou todo o ano, apresentam as seguintes vantagens:
Manutenção ou aumento de peso;
Aumento da produção de leite;
Maior regularidade no cio e redução do intervalo entre partos;
Obtenção de crias mais pesadas;
Redução dos custos na produção de leite;
Maior taxa de natalidade.
As rações contendo uréia tem sido constantemente questionadas como, possivelmente, responsáveis pela menor eficiência reprodutiva de vacas leiteiras. Para verificar a evidência de tal fato, vários trabalhos de pesquisas foram conduzidos e os resultados mostraram que a uréia pode fazer parte da dieta de vacas em lactação e/ou gestação por longos períodos, ou durante toda a vida produtiva do animal, sem causar com isso qualquer efeito deletério.
O limite recomendado de uréia para vacas em lactação produzindo mais de 12 kg de leite por dia, está em tomo de 1,5 % do concentrado. Quando se trata de níveis de produção de leite inferiores a 12 kg por dia, pode-se elevar este limite até 3 %, lembrando que níveis superiores a 2 % do concentrado podem provocar uma redução no consumo, devido a uma piora na palatabilidade da ração. Alguns autores não recomendam níveis de uréia superiores a 120 g por dia para vacas em lactação.
8. URÉIA NA ALIMENTAÇÃO DE CAPRINOS E OVINOS
Nos caprinos e ovinos, como em todos os ruminantes, o uso da uréia deve estar sempre condicionado ao consumo paralelo de alimentos que forneçam proteína verdadeira e energia ao sistema.
A utilização da uréia em mistura com alimentos para os caprinos e ovinos deve ser feita observando as mesmas normas preconizadas para os bovinos e respeitando sempre o nível máximo de uréia na mistura, ou seja, 0,40 g/kg de peso vivo/animal/dia.