Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
RESUMO DE DIREITO CIVIL I – JOTA P JR FONTE: PASSEI DIRETO 1 Introdução do Estudo do Direito Civil I Teoria Geral O objetivo do Direito são as relações privadas formadas de um lado, por pessoas e, de outros podem ter (i) – outras pessoas, como é no caso do Direito da Família (ii) – fatos, objeto dos negócios jurídicos, e (iii) – bens ou coisas, que estudaremos no Direito das Sucessões. OBS.: A matéria do Direito Civil é utilizada de forma residual. O CC/02 só trata daquilo que não tenha sido disciplinado por outro ramo do Direito. Ex.: Relação de consumo. O Direito do Consumidor é um “microssistema", com princípios, regras, crimes e Códigos próprios. Embora seja, em última análise, Direito Civil. Às relações de consumo são aplicáveis o CDC, sendo o Código Civil aplicável somente de forma subsidiária. Constitucionalização do Direito Civil Após a 2º Guerra Mundial, o Direito Civil deixa de ser o centro do ordenamento jurídico, dando lugar à constituição. A esse fenômeno se deu o nome de Crise do Direito Civil, cujo efeito mais evidente é a Efeito: Despatrimonialização do Direito Civil. Isto é, aplicação dos direitos fundamentais às relações privadas (“horizontalização”). Com essa “horizontalização”, temos os Novos Paradigmas Civis, quais sejam, a boa-fé, a função social (do contrato e da propriedade) e a isonomia/equilíbrio entre as partes contratantes. Princípios Clássicos Autonomia da Vontade: Pode fazer ou deixar de fazer algo por força da vontade. Personalidade: Todo ser humano é sujeito de direitos e obrigações só por existir. Pacta Sunt Servanda: Os contratos foram feitos por serem cumpridos. Liberdade Negocial: Pode dispor, aceitar deveres ou outorgar direitos. Propriedade individual: Todo ser humano pode, pelo seu trabalho, construir patrimônio e acumular riqueza, como expressão do princípio da personalidade. Lei Material X Lei Processual Material: regula a vida em sociedade, cria direitos e deveres, traz os requisitos de constituição e de exercício de relações jurídicas. Ex.: Direito Civil, Comercial etc. Processual: indica o procedimento para solução de conflitos, concretiza o direito material e impõe meios coercitivos para a satisfação de direitos. Ex.: Direito Processual Civil – CPC. 2 Aplicação da LINDB A LINDB é a Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro¹, cujo relevância é enorme pois traz Normas Gerais de Direito (temporal/vigência e espacial) e as regras de integração e interpretação do direito, a chamada Técnica Jurídica. A Lei no Tempo: Vigência Considera-se vigente a lei apta à produção de efeitos. A regra do art. 1º, caput, LINDB, é que a vigência se dê 45 dias após a sua publicação, salvo disposição em contrário², no entanto, há exceções: A lei entra em vigor na data de sua publicação quando for de pequena repercussão, nos termos do art. 8º, LC 95/98. Extraterritorialidade: 3 meses após a publicação – art. 1° §1º, LINDB. Segundo o Princípio da Vigência Sincrônica, o prazo para início da vigência da lei é uno, para todo território nacional. Fim da vigência³ A lei pode ter sua vigência encerrada em três hipóteses: ab-rogação, que é a integral revogação da lei, derrogação, isto é, a revogação parcial do texto normativo, e a revogação, quando há a perda de vigência da lei. Especificamente quanto à revogação, temos que esse instituto pode se dar de forma expressa/direta, quando a lei posterior expressamente o declara, ou tácita/obliqua, hipótese na qual a lei posterior lhe é incompatível ou substitui a lei antiga, regulando inteiramente a matéria. Vigência ≠ Eficácia Vigência: Existência da lei no ordenamento. Eficácia: Execução da lei. Escala Ponteana Trata-se de uma escala (ou, como chamam alguns, “escada”) idealizada pelo professor Francisco Cavalcanti pontes de Miranda, segundo a qual se pretende demonstrar a gradação da lei pelos planos da existência, da validade e, por último, da eficácia. Os planos são consecutivos e encadeados, de modo que uma lei, para ser validada, deve primeiro ser existente, para só então se aferir sua eficácia: Eficácia Validade Produzir efeitos Existência Estar de acordo com as regras da CF Existir 3 Aspectos da LINDB O Direito é um sistema e, como tal, não admite antinomias (choques), sendo harmônico e uniforme. Quando há colidência de normas, deve-se aplicar o Princípio da Especialidade de modo que, no caso concreto, deve-se aplicar o brocardo latino lex specialis derogat lexis generalis, isto é, lei especial derroga lei geral. Assim, imagine que um contrato de compra e venda tenha um vício de objetos. Para uma mesma ideia, teremos duas leis diferentes regulando a matéria, a depender do caso concreto, de modo que, se for contrato comum, aplicam-se os arts. 441 a 446, CC; se tratar de relação de consumo, incidirão os arts. 18 a 25, CDC. Aplicando-se o art. 2º, caput, e §§ 1º e 2º LINDB temos, portanto, o ordenamento pode ter duas leis que aparentemente com o mesmo objeto sem que haja conflito entre elas, pois o que muda é a hipótese de incidência de cada qual. Conflito de Leis no Tempo Quando nos deparamos com leis que se chocam entre si, devemos aplicar as regras de conflitos legislativo no tempo. Primeiro analisamos a hierarquia das normas devendo se sobrepor a que for de hierarquia mais alta. Sendo leis de mesmo calibre, o segundo critério a ser adotado é o da temporalidade, pois “lei posterior revoga lei anterior”, confirme vide § 1º. Art. 2º, LINDB. Porém, essa regra não se aplica para normas de hierarquias distintas. CRITÉRIO HIERÁRQUICO CONSTITUIÇÃO / 88 X LEI / 2016 LEI / 2000 X LEI / 2016 CRITÉRIO TEMPORAL Repristinação⁴ É o fenômeno pelo qual o fim da vigência de uma lei revogadora restaura o vigor da lei por ela revogada. Assim, imagine que a Lei 1 fora revogada pela Lei 2, e esta, posteriormente revogada pela Lei 3. A menos que a Lei 3 diga expressamente, a revogação da Lei 2 NÂO restaura, não volta a vigência da Lei 1. Ou seja, salvo disposição expressa, não haverá a “repristinação” da Lei 1 pelo simples fato de a Lei 2 ter sido revogada. Revogação Lei 1 - 99 Lei 2 - 2011 Lei 3 - 2016 Não é restaurada, não salvo se a Lei 3 o disser expressamente! (Regra do art. 2º, §3º, LINDB) 4 Efeito repristinatório É um efeito automático da declaração de inconstitucionalidade da lei revogadora, restaurando- se a vigência da lei revogada. Ao ser declarada inconstitucional, a lei é invalida, de modo que não pode produzir efeito. Logo, é por ela revogada jamais tivesse perdido vigência, havendo o que se chama retorno ao status quo ante, ao estado anterior das coisas. Revogação Institucional Lei 1 Lei 2 STF Lei 1 é restaurada! Proibição de descumprimento da lei – Princípios da Obrigatoriedade Art. 3º, LINDB: Ninguém se escusa de cumprir a lei alegando que não a conhece. Nemo jus ignorare censetur. É o que justifica a vacatio legis, período em que a lei permanece sem produzir efeitos, a fim de informar e preparar o cidadão, que está obrigado a cumpri-las. Regras de Interpretação O Direito não admite lacunas, de modo que, mesmo quando houver omissão legislativa, o juiz estará obrigado a decidir. Então, como o juiz exercerá a jurisdição quando não há lei para disciplinar o caso? A resposta está nos métodos de interpretação do Art. 4º, LINDB, que serão escolhidos pelo juiz no caso concreto: Analogia: Consiste em aplicar a um fato disposições legais previstas para situação parecidas, mas nãonecessariamente iguais. Ex.: Greve de servidores públicos. → Diante da ausência de lei regulamentadora, o STF tem aplicado, no que é possível, a ei de greve do setor privado. Costumes: É fonte formal mediata do direito, só podendo ser solução quando não houver lei / ato normativo. Sempre é supletivo. Secumdum legem (De acordo com a lei). É o costume acolhido pela legislação, transformando-se em fonte imediata. Ex.: Separação judicial / divorcio. Praeter Legem (Fora da lei). Trata-se do costume arraigado a uma comunidade, desde que não contrarie a lei. Ex.: Costumes indígenas. Contra Legem (Contra lei). Não é admitido no Direito brasileiro, por mais que se encontre arraigado nos hábitos daquela comunidade. Ex.: Jogo do Bicho. Mesmo comum, não deixa de ser contravenção penal. Princípios Gerais do Direito: São valores genéricos, que servem de orientação para a produção da lei e são universalmente aceitos. Ex.: Boa-fé, dignidade humana, liberdade etc. Equidade: Não está expresso na LINDB. Consiste em decidir o caso concreto de acordo com a regra que distribua a justiça de forma mais equânime, igualitária. Ex.: Art. 413, CC/02 → O juiz pode reduzir o valor da clausula penal no caso de cumprimento parcial da obrigação. Ou seja, 5 embora não esteja no texto legal, a equidade está no espirito do ordenamento jurídico brasileiro. Aplicação da Lei no Espaço Quanto às pessoas Art. 7º, LINDB. → Aplica-se a lei do pais em que for domiciliada a pessoa (física): o Começo e fim da personalidade. o Nome. o Capacidade o Direitos de família. OBS.: Pelo estatuto da pessoa com deficiência (L. 13.146/2015), só os menores de 16 anos são absolutamente incapazes. Quanto aos bens móveis / imóveis Art. 8º, LINDB. → Para qualificar os bens e regular as relações a eles relativas, aplica-se a lei do país em que estiverem situados. Quanto aos bens imóveis no Brasil Art. 12º, § 1º, I, LINDB. → Compete unicamente à autoridade judiciária brasileira conhecer de ações relativas a imóveis situados no Brasil. Obs.: No caso dos bens móveis que o proprietário trouxer, que sejam destinados a transporte para outro lugar? Lei de domicílio do proprietário (Art. 8º, § 1º, LINDB) Quanto aos fatos jurídicos Aplica-se a regra do Art. 9º, LINDB. → “Locus regit actum, ou seja, neste caso, o lugar rege o ato”, de modo que, para qualificar e reger as obrigações, aplica-se a lei do pais em que se constituírem. Atenção: Se a obrigação tiver de ser executada no Brasil, aplica-se a lei nacional quanto às formalidades. Ex.: Escritura pública para compra e venda de bem móvel. Nota: Neste caso a competência é concorrente, não exclusiva da autoridade judiciaria brasileira. Se ambas as partes tiverem domicílios nacionais diferentes, aplica-se a lei do lugar em que residir aquele que fez a proposta (art. 9, § 2º, LINDB). Quanto às sucessões (morte ou ausência) 6 Art. 10, LINDB: aplica-se a lei do país em que era domiciliado o de cujus ou o ausente. OBS.: Para bens de estrangeiros deixados no Brasil, aplica-se a lei brasileira em favor de cônjuge e filhos brasileiros, caso não lhes seja mais favorável a lei pessoal (de domicilio) do falecido. Interpretação e Aplicação das Leis Existem vários métodos de interpretação das leis, mas aqui analisaremos o Método Sistemático, mais difundido na jurisprudência. Esse método busca a significação da norma dentro do sistema jurídico, para harmoniza-la com as outras regras contidas no mesmo todo normativo. Ex.: Normas do Direito Civil, que são regidos pelos princípios do Direito Privado. Nota: Há outros vários métodos de interpretação, mas o “sistema” é o acolhido na forma de método de forma majoritária pela doutrina (autores do Direito) que o fazem acompanhados pela jurisprudência do STJ. Conceitos Importantes Norma ≠ Enunciado normativo Enunciado normativo é o texto literal da lei. Norma é o produto da interpretação do enunciado. Poder Legislativo Norma = Enunciado + Interpretação “Espírito da lei” Poder Judiciário Jurisprudência ≠ Julgado Julgado é a decisão do juiz de 1º grau. Jurisprudência são julgados reiterados dos tribunais. Doutrina É a teoria do Direito formulada pelos autores de obras jurídicas. Aplicação da Lei no Tempo Art. 6º, LINDB → Tempus regit actum, isto é, “o tempo rege o ato”. A lei se aplica aos atos acorridos após o início de sua vigência, a qual encontra limites: Atenção: A vigência da lei, via de regra, acarreta na produção de efeitos ex NUNC. Ex NUNC: Dali para frente. 7 Ex TUNC: Dali para trás. Retroatividade Mínima Em tese, embora não seja a regra, a lei pode ter efeitos retroativos, desde que respeite os limites do art. 6º, LINDB. Ato jurídico perfeito: É aquele já consumado segundo a lei então vigente. Direito Adquirido: Será assim quando já praticados todos os atos exigidos pela lei anterior. Coisa Julgada: São as decisões judiciais das quais não caiba mais nenhum recurso.
Compartilhar